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Release that Witch – Capítulo 819

Uma Dama Graciosa

Olga assentiu para Cinzas, pois já enxergava Maggie como uma das mais poderosas da União das Bruxas. Na mente dela, essa bruxa ainda era uma besta assustadora, cruel e formidável.

— E… E quanto às bruxas que não são afetadas pela Pedra da Retaliação Divina?

A Mulher-Loba sabia que, se o oponente dela usasse uma Pedra da Retaliação Divina, a habilidade dela seria significativamente limitada. Sob tais circunstâncias, ela (Olga) não conseguiria transformar livremente todas as partes do corpo. Se esse oponente fosse outro guerreiro do deserto, estaria tranquilo. No entanto, se fosse alguém tão poderoso quanto Cinzas usando a pedra, seria impossível vencer a luta. A habilidade dela seria inútil frente uma bruxa forte que também usava uma Pedra da Retaliação Divina. Diante disso, ela havia classificado Cinzas como a melhor lutadora entre as bruxas da Cidade de Primavera Eterna.

A Extraordinária ficou em silêncio por um tempo antes de responder:

— Suponha que haja alguém cuja força e velocidade não são inferiores as de uma Extraordinária. Ao mesmo tempo, ela tem um tempo de vida ilimitado e nunca sofrerá das consequências de qualquer ferida, inclusive a dor. Mesmo que sofra ataques fatais, ela conseguirá se recuperar completamente com o tempo. O quão forte você acha que ela é?

Olga ficou atônita.

Por ser uma guerreira experiente, ela estava ciente da importância das habilidades de luta.

Nos Duelos Sagrados, os oponentes mais perigosos não seriam os mais jovens, e sim os guerreiros mais experientes, na casa dos trinta anos. Esses veteranos seriam vistos como a espinha dorsal de cada clã, e eles normalmente se tornariam tutores e supervisores da nova geração de guerreiros. Olga nunca subestimaria guerreiros que não apenas possuíam a força dos jovens, como também a experiência dos mais velhos, tendo vivido inumeráveis situações de vida ou morte. No entanto, quando os guerreiros passavam dos quarenta anos, o corpo deles inevitavelmente ficaria menos ágil, e as lesões e feridas acumuladas durante anos piorariam gradualmente. Independentemente do quão habilidosos fossem, seus movimentos ficariam mais lentos e rígidos.

Olga só estava disposta a melhorar suas habilidades na Cidade de Primavera Eterna porque sabia que lá tinha uma bruxa que conseguia curar todos os tipos de ferimentos. Mas agora parecia que a Região Oeste era mais intrigante do que ela havia imaginado, já que havia uma bruxa invulnerável à dor e que possuía um tempo de vida ilimitado.

Ela acreditava que qualquer pessoa que vivesse tempo o suficiente conseguiria se tornar um guerreiro completo. Só o pensamento de enfrentar tamanha guerreira a fez ficar assustada… Ou melhor, empolgada.

— Realmente tem uma bruxa assim na Cidade de Primavera Eterna? — Olga perguntou, animada.

— Sim, o nome dela é Phyllis. — Cinzas respondeu. — Eu nunca lutei contra ela, mas…

— Mas o quê?

A Extraordinária disse lentamente:

— Um dia, quando eu tava treinando com minha espada no jardim do castelo, ela passou por mim e me deu algumas dicas. Uns dias depois, quando eu treinei seguindo as dicas dela, descobri que meus golpes com a espada realmente haviam ficado melhores. Infelizmente, eu tive que sair da Cidade de Primavera Eterna logo depois disso e perdi a oportunidade de consultá-la novamente.

— Ela realmente só precisou te observar por um tempinho pra te dar essas dicas? — O rabo de Olga balançou mais rápido. Muitos tutores, até mesmo os mais experientes, tinham que trocar alguns golpes com os alunos para detectar os erros e corrigi-los. Era por isso que os grandes clãs construíam salões de treinamento para seus guerreiros. Quanto mais o estudante treinava, menos falhas o tutor encontrava. Cinzas, sem dúvida alguma, era uma excelente lutadora, então a Mulher-Loba acreditava que a bruxa imortal, Phyllis, era uma guerreira poderosíssima, já que havia rapidamente encontrado falhas nas técnicas de Cinzas ao simplesmente observá-la.

Para Olga, Phyllis agora era a melhor lutadora da Cidade de Primavera Eterna. Ela classificou Cinzas como a segunda mais forte, já que ela também estava imune aos efeitos da Pedra da Retaliação Divina. Essa poderosa Extraordinária era sua inspiração. Quanto à bruxa que havia sido abençoada com a vida ilimitada, a Mulher-Loba acreditava que isso era algum milagre criado pelos Três Deuses.

Ramos, Anna, Rouxinol, Phyllis… Tantas lutadoras poderosas… Olga mal podia esperar.

Ela agora estava ainda mais empolgada para visitar a Região Oeste.

Cinzas pareceu ler a mente da Mulher-Loba e sorriu. Em vez de pôr um fim à conversa, ela colocou a mão no ombro de Olga e disse lentamente:

— A propósito, eu esqueci de te dizer. Tem mais de cem bruxas como Phyllis na Cidade de Primavera Eterna.

— O quê?

A Princesa Olga do Clã Chama Selvagem ficou atônita e começou a ponderar: — Mais de cem bruxas com vida infinita? Os Três Deuses fizeram tantos milagres assim?

— Qual é! — Cinzas sorriu. — Você ainda tem um longo caminho a percorrer. Você nunca vai ter que se preocupar em achar uma boa oponente lá.

Além de Cinzas, Olga ocasionalmente se encontrava com Andrea. Ela havia presenciado o poder assustador do Arco-longo Mágico dessa bruxa loira. Embora nunca tivesse lutado contra ela, Olga pensava o mesmo que Cinzas. Andrea era uma nobre, assim como o Rei de Castelo Cinza. Eles eram farinha do mesmo saco. A Mulher-Loba sempre se sentiu distante de Andrea, como se as duas vivessem em mundos diferentes.

Tudo o que ela (Andrea) fazia tinha um toque de graciosidade, seja enquanto conversava com os outros ou quando observava o mar à distância. Ao observá-la, Olga começou a se sentir inferior como mulher.

A Princesa Olga decidiu tomar a iniciativa e dizer olá para Andrea quando ninguém estivesse por perto. A bruxa loira a cumprimentou calmamente, não mostrando a simpatia e hospitalidade que a Lady Lua Argêntea mostrava.

No entanto, quando Olga fez a pergunta que Cinzas não conseguiu responder, Andrea de repente ficou entusiasmada.

A bruxa loira disse:

— Quanto a essa pergunta… Claro que Cinzas não conseguiria lhe responder. Aquela bárbara nem consegue contar até cem direito. Ela não faz a mínima ideia do que é administrar uma cidade. As políticas de Sua Majestade são muito complicadas. Eu tive que ler várias vezes para entender a lógica por trás. — Ela parou por um momento e depois perguntou: — Mas você tem certeza que quer que eu lhe explique? Entender essa lógica é mais difícil do que lutar.

— Sim. — Olga assentiu com a cabeça seriamente. — Meu pai costuma dizer que há uma verdade para tudo. Aprender novas coisas em outras áreas também pode ser benéfico para minhas habilidades de combate.

Baboseira pura… — Andrea revirou os olhos e suspirou levemente.

— Certo, eu vou lhe explicar. Se o rei comprasse Água Negra com moedas de ouro, como você sugeriu, a Cidade de Primavera Eterna teria que gastar parte de sua riqueza para conseguir o que quer, não é?

— Todo o comércio neste mundo funciona desse jeito. — Olga confirmou.

— Então vamos supor que o rei continue comprando Água Negra durante vinte anos. No fim, ele não veria mudanças no reino, exceto a perda de um grande número de moedas de ouro.

— Perda? — A Mulher-Loba ficou surpresa. — Por que você chama isso de perda? Perda não seria o que ele gastou para conquistar o deserto e recrutar os Mojins?

— Claro que não. — Andrea ajeitou o cabelo, agachou-se e começou a desenhar no chão com um graveto. — Agora que os imigrantes Mojins foram integrados ao Reino de Castelo Cinza, quaisquer gastos que eles façam circularão de volta para a economia do reino. Isso porque todas as coisas que eles precisam virão da Cidade de Primavera Eterna. Logo, uma hora ou outra, o dinheiro que eles terão voltará para as mãos de Sua Majestade num processo conhecido como “fluxo circular de renda”[1]. Durante esse processo, o total de riqueza circulando no reino aumentará gradualmente e, no final, alcançará um número que o rei nunca teria alcançado se comprasse Água Negra diretamente. Para conseguir isso, Sua Majestade só precisa investir nesse estágio inicial, mas até mesmo esse investimento inicial não pode ser considerado uma perda, já que a riqueza está circulando pelas cidades do reino. Entendeu?


[1] – O fluxo circular de renda ou fluxo circular é um modelo da economia em que os principais movimentos são representadas como fluxos de dinheiro, bens e serviços, etc. entre agentes econômicos. Os fluxos de dinheiro e bens trocados em um circuito fechado correspondem em valor, mas correm na direção oposta. A análise circular do fluxo é a base das contas nacionais e, portanto, da macroeconomia.

A ideia do fluxo circular já estava presente no trabalho de Richard CantillonFrançois Quesnay desenvolveu e visualizou este conceito no chamado Tableau Économique. Desenvolvimentos importantes do quadro de Quesnay foram os esquemas de reprodução de Karl Marx no segundo volume do Capital: Crítica da Economia Política, e a Teoria Geral do Emprego, Juros e Dinheiro, de John Maynard Keynes.

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