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Return of the Frozen Player – Capítulo 70

Feriado Romano (3)

A lua brilhava através do celeiro nas redondezas de Roma. Marco olhava o relógio e batia em uma panela com uma colher.

“Todo mundo, se juntem! Comecem a contar.”

“Hyung, não podemos faltar hoje? Temos visita…” Max olhava para Seo Jun-Ho e resmungou.

“Não. Faz parte das regras.” Marco disse firmemente. As crianças começaram a juntar em sua frente. Eles se sentaram e gritaram seus números.

“Um!”

“Dois!”

“Dezesseis!”

Marco acenou com a cabeça contente, olhando para as crianças sentadas pacientemente igual bebês patos. “Ok, todo mundo aqui. Vocês sabem o que fazer, certo?”

“Pegar as cobertas!”

“Lavar o rosto e escovar os dentes!”

“Rápido, rápido.” Eles se dispersaram para direções diferentes conforme ele dava ordens. Max liderava as crianças que usavam cobertas e roupas velhas para criar uma cama.

“Ei, Deva! Escova seus dentes!”

“Eu não quero!”

“Você vai ficar com cáries. Venha aqui!”

Seo Jun-Ho ria ao ver a criança fugindo. Elas não tinham muito, mas elas não eram infelizes.

“Então…” Ele colocou o casaco e se preparou para sair.

“Para onde você vai tão tarde assim?” Marco perguntou. Ele estava o observando.

Seo Jun-Ho sorriu e bagunçou seu cabelo. “Crianças não precisam saber.”

“… Tire suas mãos de mim. Eu sei que você está indo pegar garotas.” Com um olhar taciturno, Marco o enxotou. “Se você voltar tarde, entre em silêncio. Alguns deles têm sono leve.”

“Vou me lembrar disso.”

“E por que você está usando uma máscara e óculos escuros de noite?”

“Por quê? Quer ver meu rosto tanto assim? Eu te mostro se pedir com educação.”

“Maldito… Vaza!” Ele fez uma careta e mostrou o dedo do meio. Seo Jun-Ho gargalhou e foi embora.

A lua estava brilhante e redondinha, as nuvens estavam finas e o ar noturno estava agradável. Sem mencionar o cheiro de bosta de cavalo.

“Uma noite perfeita para se cruzar a parede.”

Seo Jun-Ho deu um impulso no chão e foi em direção ao coração de Roma. Ele pulava pelos telhados em direção a uma certa cidade.

O Vaticano.

***

A Cidade do Vaticano era um país independente que existia para defender a Cúria Romana. Após os Portais aparecerem e o 2º andar abrir, muitas religiões prevaleceram, mas a igreja Católica permaneceu sendo a maior doutrina.

“Hm. Já está tarde assim…” Um homem de cabelos cinzas se levantava lentamente de seu assento. Ele era o Papa Francio XII que uma vez foi chamado de ‘Sino do Céus’. Ele tinha se aposentado e passava seus dias como o bibliotecário dos arquivos secretos do Vaticano. Seu trabalho era simples; tudo o que ele tinha que fazer era ter certeza que os documentos permaneciam intactos.

A noite já tinha caído e ele se certificou de que ninguém tinha ficado para trás.

‘Eu deveria apagar as luzes agora.’

Francio apertou o interruptor e duas sombras apareceram contra a luz do luar que passava pela janela.

“Parece que temos um convidado inesperado.” Francio murmurou, caminhando em sua direção. O estranho permaneceu com as mãos no bolso e não se moveu. “Quem é você?”

Francio ajustou seus óculos e olhou para o intruso novamente. Seus olhos se arregalaram e ele começou a tremer.

“V-você é…?” Ele nunca esqueceria esses casaco e máscara negros característicos. “Oh, meu Senhor…”

Ele pressionou seu cajado e mancou em direção à pessoa.

“Ouvi dizer que você estava sendo tratado.”

“Meu corpo estava coçando de ficar deitado o tempo todo, então decidi sair mais.”

O homem falava com o antigo Papa como se ele fosse um amigo. Interessantemente, Francio parecia feliz de vê-lo.

“Parece que as preces desse velho servo alcançaram os céus. Eu não sabia se o veria de novo.”

“É bom vê-lo mais uma vez. Eu sinto muito também.”

“Haha, estou tão velho assim?” Francio tocava suas rugas no rosto.

“Muito tempo se passou.”

“25 anos, eu acho.”

“… É uma honra vê-lo de novo.” Francio se curvou respeitosamente. Ele não era reservado sobre sua humildade; ele só se sentia mal por não conseguir ficar de joelhos, porque isso era reservado a seu Deus. “Estou envergonhado que fomos nós que vivemos na paz que você e os outros trouxeram.”

“Não precisa. Era isso que queríamos.” Espectro deu de ombros e puxou duas cadeiras. “Sente-se. Eu vim lhe perguntar algo.”

“Ha, eu sou um velho sem qualquer importância. Não sei tanto quanto eu sabia antes.”

“Mas você vai me ouvir, não vai?”

“Mas é claro.” Francio se sentou.

“Você sabe algo sobre o Paraíso?”

“… Paraíso, você diz?” Francio inclinou a cabeça. “Você está falando sobre o Paraíso na Bíblia?”

“Não, é o nome de um lugar. Um tipo de orfanato que cuida de crianças… Já ouviu falar?”

“Infelizmente, não.”

“… Entendo.” Seo Jun-Ho murmurou por debaixo da sua máscara. Assim que Max o contou sobre o Paraíso ele pensou no Francio.

‘Se fosse realmente relacionado ao Vaticano, não teria como ele não saber sobre o lugar.’

Mas ficou aparente que Francio não fazia ideia. Seo Jun-Ho sorriu por debaixo da máscara: “As coisas estão ficando interessantes.”

Quem seria louco o bastante para se passar por padres e sequestrar crianças debaixo do nariz do Vaticano? A única resposta era demônios. Afinal, eles já tinham desistido da sua humanidade.

“Obrigado pela sua ajuda.” Assim que Espectro se levantou, Francio também o fez.

“Perdoe-me por não ser de mais ajuda.”

“Não, você fez o bastante.”

“Hm… Tem alguma outra coisa que esse velho deva saber?”

“Mm…” Após pensar por um segundo, Seo Jun-Ho concordou. “Talvez vá ter um grande incêndio em Roma nos próximos dias, deixe os caminhões de bombeiros a postos.”

***

Marco acordou aos sons da chuva caindo. Ele verificou se seus irmãozinhos e irmãzinhas ainda dormiam.

“Huh?” O homem que tinha saído para pegar garotas tinha caído no sono no meio das crianças.

‘Quando foi que ele voltou? Eu tenho um sono super leve.’

O homem ainda vestia sua máscara e óculos escuros. Marco estalou a língua.

“Sério. Mesmo se eu enlouquecer, não quero chegar a esse nível…”

Ele olhou pela janela, vendo a chuva pingando, eles provavelmente não conseguiriam trabalhar hoje, afinal, não teria muitos turistas por ai.

O homem ao seu lado bocejou e acordou. Coçando sua cabeça, o homem se sentou: “Você acorda cedo.”

“Tanto faz.”

“O que vocês fazem normalmente em dias de chuva?”

“Ficamos em casa.”

“E a comida?”

“Ainda temos restos da pizza. Temos alguns restos de aveia também, então podemos esquentá-la e fazer mingau.”

“…”

Mingau de aveia não parecia muito saboroso (N.T.: EI! É gostoso ok?!). E já que não fazia muito tempo desde que entrou na Caverna das Provações, Seo Jun-Ho estava bastante exigente quando se tratava de comida no momento.

“Venha comigo.”

“Onde?”

“As crianças vão ter algo para comer quando acordarem. Comida de verdade, não mingau de aveia.”

“… Você vai comprar comida pra gente de novo?”

“Não de graça, é claro. Você será meu guia amanhã.” Marco piscou, e rapidamente pegou seu casaco.

“Aonde devemos ir agora? Ou você precisa de tempo para se preparar?” Seo Jun-Ho segurou o riso com seu entusiasmo. Ele até podia tentar agir feito um adulto, mas ainda era apenas uma criança.

***

“Eu nunca comi em um restaurante, mas conheço uns bons lugares.” Marco se vangloriava.

“São todos os lugares em que os moradores locais fazem fila, não é?”

“Isso, você acertou.”

Cada um estava segurando seu próprio guarda-chuva enquanto caminhavam lentamente pela cidade. As ruas estavam mais quietas por conta da chuva.

“Makgeoli e pajeon são perfeitos para dias de chuva…”[1]

“Makgeoli? Pajeon? Que é isso?” Marco perguntou.

“Ah, é um tipo de vinho Asiático e pizza.” Seo Jun-Ho respondeu. “Mostre o caminho, eu vou te seguir.”

“Deixa comigo.” Marco disse confiante. Seo Jun-Ho o seguia enquanto o avaliava.

“Ei, sua forma de andar é bem estável.”

“… Você conseguiu notar isso?” Marco se virou, um pouco surpreso. “Você é um Jogador?”

“Ué, eu não tinha comentado?”

“Não, você não comentou! Ack, faz sentido. Max não seria pego assim tão fácil.” Marco concordou com a cabeça. “Estou treinando para ser um Jogador.”

“É um trabalho difícil, sabe.”

“Eu consigo.” Ele parou por um tempo e olhou para trás na direção do celeiro onde seus irmãos dormiam. “Nós não vamos conseguir sobreviver só roubando carteiras para sempre.”

“Você quer se tornar um Jogador porque eles ganham bastante dinheiro?”

“Essa é a nossa única escolha.” Ele murmurou chateado. “Nós não temos um endereço de orfanato ou guardiões. Quem iria nos contratar? Nós não conseguimos nem empregos de meio período.”

“… Entendo.”

“Eu não gosto de ser chamado de bandido também, mas o que posso fazer quando meus irmãos estão com fome?”

Era um mundo que Seo Jun-Ho não conseguia entender. Sua vida também não era fácil, mas ele cresceu em uma boa casa e viveu pacificamente até o colégio.

“Se eu me tornar um Jogador e fazer muito dinheiro, vou poder tomar conta de todos eles.” Marco fechou suas mãos em forma de punhos.

“Eu ouvi dos padres que no Paraíso tem aulas que nos ensina a virar Jogadores.” Marco olhou em volta e seu rosto ficou ríspido. “Eu só disse para o Max até agora, mas eu vou para o Paraíso com os padres dessa vez.”

“Você vai? E seus irmãos?”

“Os padres disseram que eu só precisaria treinar por um mês mais um menos no Paraíso antes de conseguir minha licença. Quando eu conseguir, vou para um Portal imediatamente para conseguir dinheiro.”

A Rainha Gélida estava ouvindo com calma, então bateu palmas: “Minha Deusa! Que criança admirável!” Ela fez carinho na cabeça do Marco, movida pelas suas palavras.

“Mas que merda. Minha cabeça está coçando do nada.” Claro, ele não sabia o que estava acontecendo. “E… Bem, isso é só meu egoísmo, mas se eu virar um Jogador, posso ficar famoso.”

“Você quer ficar famoso?” Seo Jun-Ho ficou surpreso.

“Pessoas me desprezam e me chamam de ladrão, mas se eu virar um Jogador forte…” Marco olhou para o céu, com seus punhos cerrados. “Um dia, eu posso ser respeitado como o Espectro-nim.”

“… Ei, ele não morreu. Poderia não olhar para o céu como se ele estivesse morto?”

“Bem, não importa. Ele está a oceanos de distância de qualquer forma.”

Em algum momento, eles chegaram ao restaurante: “Se descer esse beco vai ter um restaurante cheio de moradores locais… Huh?” A voz de Marco ficou mais leve. “Aquela é a Anna?”

“Anna?”

“Sim! Ela é da nossa Family, mas ela foi para o Paraíso dois meses atrás!” Ele correu até a garota, sorrindo. “Ei! Anna!”

Seo Jun-Ho levantou um pouco seu guarda-chuva para olhar. Ele viu um menino, uma garota e um homem estrangeiro de meia idade que estava com eles. Seo Jun-Ho curvou seus lábios ao ver o rosto do homem.

“… Te achei.”

Era Torres Milo.


Nota:

[1]. Vinho de arroz Coreano e panqueca de cebolinha. Uma combinação popular.

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