“Ei! Anna!” Torres se virou para Anna, quando viu Marco correndo em sua direção: “Você o conhece?”
“… Ele é o líder da Family que eu fazia parte.” A garota encarava o chão, sua voz sem vida.
“Tsk, é um dia importante.” Torres estalou a língua. Olhou em volta e entrou dentro de um beco.
“Anna! Anna!” Marco a chamava enquanto os seguia, ele piscou quando viu Torres dando um enorme sorriso.
“Quem é você e por que está chamando por ela?”
“O-olá! Eu sou Marco. Sou o irmão mais velho da Anna…”
“Ah, então você é o Marco? Eu ouvi muito sobre você. Não é mesmo, Anna?”
“…” Mesmo com a pergunta de Torres, Anna não tirou os olhos do chão.
“… Ela parece um pouco estranha. Ela está doente?” Quando Marco perguntou preocupado, Torres deu um tapinha no ombro da Anna.
“Claro que não. Anna só está cansada porque acabou de acordar. Não é mesmo?”
“Sim.”
“Haha. Anna, faz tempo que você não vê sua família, você deveria cumprimentá-lo com um sorriso.”
“Um sorriso…” Seus olhos vazios foram preenchidos do nada com vida. Ela segurou as mãos de Marco e pulou para cima e para baixo, como se nada tivesse acontecido. “Kyaa! Marco oppa! Há quanto tempo? Uns dois meses?”
“Sim, como anda?” Marco sorriu quando ele viu a Anna que conhecia.
“Sim! Paraíso é ótimo. Os professores são legais e a comida é gostosa! E você consegue ver o quão limpa minhas roupas estão?”
“Claro que sim! Parecem novas. Estou feliz que você está bem.” As dúvidas de Marco começaram a desaparecer.
“Como Max e os outros estão? Pierre continua chorando muito?”
“O mesmo de sempre. Pierre chora bastante porque sente sua falta.”
“Nossa, que chorão… Se eu pudesse sair mais vezes, poderia ir visitá-los.”
Marco balançou a cabeça negativamente. “Não. Estamos felizes se você está feliz. Eu vou dizer para as crianças que você está bem.”
“Sim, por favor.”
Torres interrompeu a conversa deles: “Marco, você disse a algum dos seus irmãos que estava vindo aqui?”
“Huh? Não. Eles estão dormindo.”
“… Sério?” Os lábios de Torres se curvaram para cima. Ele levantou sua mão para o Marco. “Nesse caso…”
“Oh, aqui está você!”
Torres rapidamente puxou sua mão de volta. Ele contorceu seu nariz quando um homem entrou no beco.
‘Óculos escuros com uma máscara e chapéu?’
Um estranho com o rosto completamente coberto caminhou até eles, segurando um guarda-chuva.
“Pelo menos me fale para onde está indo. Por que correu sozinho?”
“Oh… Foi mal. Só fiquei feliz de ver a Anna.”
Torres se intrometeu: “E você é…?”
“Oh, um turista. Me chamo Sonny. Contratei esse cara para ser meu guia local.”
“Sonny… Entendo. Me chamo Torres.”
Os olhos de Seo Jun-Ho brilharam ao ouvir o nome.
‘Ele tem coragem. Me dizendo seu verdadeiro nome.’
Provavelmente acreditava que nunca seria pego.
Seo Jun-Ho levantou sua mão: “Prazer em conhecê-lo, Torres.”
“Sim, é um prazer, Sr. Sonny.” Após apertarem as mãos, Torres olhou para sua palma e então para Seo Jun-Ho perguntando: “Você é um Jogador? Você tem um aperto forte.”
“Nossa, como você sabe? Está certo. Estou no nível 27.” Ele encheu o peito de ar como se estivesse se vangloriando.
“Entendo, nível 27. Você deve ser um excelente Jogador.”
“Sim, pessoas me chamam de gênio o tempo todo, e… Provavelmente eu seja.”
“Ah… Entendo.” Torres sorriu, mas ele estava zoando dele por dentro. Ele já tinha feito sua avaliação.
‘Então ele é nível 27… Dá para ver.’
Ele poderia matá-lo com um dedo. Quando ele estava prestes a parar de dar atenção…
Seo Jun-Ho a recuperou: “Oh, Marco. É essa a pessoa do Paraíso?”
“Sim. Anna está muito bem lá. É um lugar incrível.”
“… Espere, você não disse que era um turista? Como você sabe sobre o Paraíso?” Torres sorria, mas tinha suspeitas em seus olhos.
“Ouvi desse garoto. É uma longa história, certo?”
“Por favor, me conte.” Seo Jun-Ho sorriu. “Foi a uns 15 anos? Eu e meu irmãozinho… Oh, ele é dois anos mais novo que eu e era um pouco mais alto, mas eu era mais forte e sempre ganhava quando lutávamos…”
“Com licença, poderia resumir?” Torres estava ficando irritado com sua enrolação.
“Tsk. Só porque estava chegando na melhor parte… De qualquer forma, eu acredito que meu irmão esteja no Paraíso.”
“Ele não deve estar. Nós não temos nenhum homem adulto no momento.”
“Provavelmente, mas ele deve ter passado por lá no passado. Vocês possuem registros, certo? Gostaria de dar uma olhada.
“…” Eles não tinham. Todas as crianças que iam para o orfanato ou eram mortas ou se tornavam demônios. Torres fez uns cálculos na cabeça.
‘Isso não é bom.’
Se ele mandasse o homem embora assim, a existência do Paraíso poderia ser revelada ao mundo. Pessoas não iriam acreditar em órfãos batedores de carteira, mas elas poderiam acreditar em um Jogador.
“… Claro. Vamos ao Paraíso juntos. Mas posso lhe perguntar algo antes?”
“O que seria?”
“Você não disse a ninguém sobre o Paraíso, disse?”
“Claro que não. Ninguém nem me conhece em Roma.” Seo Jun-Ho disse o que Torres queria ouvir e ele relaxou.
“Ótimo. Vou levá-lo até lá.”
“Minha nossa, você não estava indo para outro lugar?”
“… Meu compromisso foi cancelado.” Ele olhou para o Marco. “Você deveria vir também.”
“Huh? Eu tenho que alimentar as crianças.”
“Você não quer ver seus irmãozinhos? Vai demorar só umas duas horas.”
“Oh, se vai ser só duas horas…” Marco concordou lentamente. Ele queria ver seus rostos. “Eu vou. Está chovendo, então eles devem estar dormindo de qualquer forma.”
“Então vamos indo.” Torres começou a guiá-los e a Rainha Gélida estalou sua língua.
“Contratante, qual és teu plano? Acredito que este homem quer matar a tu e a criança.” Como a Rainha Gélida disse, as intenções de Torres eram evidentes. Ele estava planejando levá-los para o Paraíso e se livrar deles. Era a solução mais simples para o dilema.
Seo Jun-Ho esperou Torres pegar uma distância: “Qualquer um pode ter essa intenção fria.” Ele sussurrou.
Mas… Só até que eles fossem pegos de surpresa.
***
“… Nossa.” Marco estava maravilhado com o lugar atrás dos portões. “Esse é o Paraíso?”
“Haha, sim. Não é grande?”
O parquinho estava cheio de brinquedos. Escorregas, gangorras, campo de futebol, quadra de basquete.
“Quando não está chovendo, fica cheio de crianças.”
“Elas devem amar esse lugar.”
“Mas é claro. Esse é o Paraíso, no fim das contas.” Torres sorriu e abriu o portão. Eles passaram pelo parquinho e se aproximaram de uma grande instalação.
“Nossa, é aqui que elas vivem?”
“Dormitórios, salas de aula, cafeteria e até banheiros tem aqui.”
“Onde estão meus outros irmãos?”
“Eles estão no salão de estudos.” Ele se virou para Seo Jun-Ho. “Eu vou te mostrar o histórico após mostrar o lugar para ele.”
“Claro.”
“Por aqui.” Torres os escoltou pelos corredores explicando a história do Paraíso. “Esse ano é o 20º aniversário desde a fundação do Paraíso.”
“Deve ter uma história bem profunda.”
“Ah, sim. Paraíso foi construída por grandes indivíduos.”
“Sério? Quem?” Seo Jun-Ho perguntou do nada.
Torres congelou com a pergunta; a Rainha Gélida riu da cena: “Ele aparenta um cervo aos holofotes. Claro, ele não pode lhe contar. Afinal, todos são demônios cruéis.”
Torres riu sem jeito e continuou: “Bem, a maioria deles não gosta que os outros saibam que são órfãos. Eu não tenho permissão para revelar suas identidades.”
“Então não precisa.”
“Agradeço pela compreensão.” Torres se curvou, voltando a guiá-los, escondendo um olhar de desgosto.
‘Merda, não acredito que tive que me curvar para esse inseto!’
Mas sua humilhação não duraria muito tempo. Ele já tinha ordenado seus subordinados a verificar se ninguém os tinha seguido assim que entraram no Paraíso. Se ninguém seguiu os dois homens, ele iria matá-los imediatamente.
“Quantas crianças têm aqui?”
“217.”
“Você lembra o número exato?”
“Eles são como minhas próprias crianças.”
“Entendo.”
‘Besteira.’ Pensou Seo Jun-Ho.
Ele parou e olhou pela janela do salão de estudo: “O que eles estão fazendo?”
Eles estavam em duas filas, se encarando com armas afiadas. Emanando um desejo por sangue fortíssimo.
“Haha, estão treinando para virarem Jogadores.”
“Diretor!” Um professor veio correndo até eles do outro lado do salão e sussurrou algo no ouvido do Torres.
“Tudo limpo. Checamos até o armazém, mas ele está sozinho.”
“… É mesmo?” Torres sorriu como se tivesse lembrado de algo engraçado e abriu a porta do salão: “Você não compartilharia seu conhecimento a essas crianças como um sunbae?”
“Eu? Eu não sou tão bom assim…”
“Tenho certeza de que as ajudará muito.”
“Bem, se você diz…” Seo Jun-Ho coçou sua cabeça e concordou. Torres o trouxe para dentro e bateu suas mãos.
“Atenção, todos! Por favor recebam… Qual era seu nome mesmo?”
“Sonny.”
“Por favor recebam o Sr. Sonny. Ele é um Jogador ativo e veio aqui ensiná-los um pouco como um sunbae.” Torres lançou um olhar para o professor, que rapidamente guiou as crianças para os bancos. Ao mesmo tempo, dúzias de homens e mulheres entraram pelas portas do salão, carregando armas afiadas.
“… Ei, você não acha que tem algo estranho?” Marco perguntou por detrás de Seo Jun-Ho, engolindo em seco. Ele retornou a pergunta com um sussurro: “Como eu pensei, você é rápido. Você será um bom Jogador.”
“Oi?” Marco não conseguiu ouvi-lo.
Um dos professores caminhou lentamente até Seo Jun-Ho. Seus olhos vermelhos como se fossem começar a derramar sangue a qualquer instante.
“P-porra! S-seus olhos são vermelhos?!” Marco xingou. Ele calou sua boca e olhou ao seu redor. As 200 crianças e 30 professores, todos com olhos vermelhos. “S-se seus olhos são vermelhos…”
“Significa que são demônios.”
Torres sorriu de um assento da audiência. “Você é azarado. Isso não teria acontecido se não tivesse mencionado o Paraíso na minha frente.”
“… Você alimentou as crianças com o sangue do clã dos demônios?”
Torres deu de ombros, abrindo os braços: “O que você acha? Como eles se tornariam demônios de outra forma?”
Seo Jun-Ho soltou um suspiro trêmulo. Todas as criancinhas se tornaram demônios e, provavelmente, nenhuma delas queria se tornar um.
“Elas não devem ter escolhido isso.”
“É claro que não, mas quando uma delas foi morta como exemplo, eles praticamente imploraram para beber o sangue.” Como se ele tivesse lembrado de algo divertido, Torres batia palmas e gargalhava com os ombros tremendo. “Oh, você deveria ter visto! Foi hilário! Elas até lamberam o sangue do chão… Hahahaha! Desesperados para viver.”
“… Espera, o quê?” Com uma expressão chocada, Marco empurrou Seo Jun-Ho de lado. Ele viu nos bancos, rostos familiares.
Anna, Finn, Leo, Shu…
“Não… Não… Não pode ser…” Suas expressões não tinham vida, seus olhos queimavam em vermelho como os outros olhos. Marco caiu sobre seus joelhos, chorando. “E-eu os enviei… Eu os empurrei com minhas próprias mãos…”
Anna chorou porque não queria deixar suas irmãs e irmãos.
Finn reclamou que o Max seria o vice-líder se ele saísse.
Leo e Shu, os mais novos.
Ele os mandou embora com as próprias mãos. Marco só queria a felicidade deles.
“Mas… Como…?” Como eles viraram demônios? Por que eles o estavam encarando com aqueles olhos vermelhos?
“Urp… Bleeeghh!” Ele se sentiu doente, estava até vendo estrelas.
Depois de vomitar, Marco lentamente começou a se levantar.
“Seu maldito…!” Antes de Seo Jun-Ho o parar, Marco correu em direção a Torres, mas seu corpo foi jogado no chão. Um dos professores o socou na barriga. Marco se curvou no chão, vomitando de novo.
“Hahaha! Olha ele se contorcendo feito um inseto!” Torres apontou para Anna: “Esse é o seu irmão. O que você acha?”
“…” Ela o encarava gemendo no chão. “Eu… Não acho nada.”
“Kahahahahaha! Isso é hilário!” Torres gargalhou até chorar.
Bang bang.
Marco não conseguia superar sua ira e batia no chão com seus punhos. Sua pele começou a se rasgar e sangrar, mas ele não parava. Ele se sentia patético. Ele não podia nem se vingar de seus irmãos. Mesmo prometendo que ia tomar conta da sua família, ele os forçou a vir para um lugar como esse.
“Você…” Ele encarou Torres, com olhos cheio de veneno.” Espectro-nim vai matar todos vocês.”
“Espectro? Está aí um nome que não ouço a um tempo.”
Torres já admirou o Espectro uma vez. Ele era como uma estrela que um Jogador normal como ele nunca poderia alcançar.
“Muito tempo se passou.”
25 anos se passaram. Tempo mais que suficiente para a glória do Espectro se apagar.
“Mesmo que o Espectro esteja de volta, nenhum demônio tem medo dele.” Era verdade. Nem mesmo Torres tinha medo. Ele era nível 75 e tinha ficado mais forte como um demônio. Ele estava confiante que poderia derrotar Espectro.
“Você… Quando o Espectro-nim vir até você…” Em vez de medo, Marco tremia de frustração.
Seo Jun-Ho se aproximou do garoto: “Dói bastante, não é?”
“Você está realmente me perguntando isso agora…”
“Quando você se tornar um Jogador, vai passar por coisas piores que isso.”
Thump.
Seo Jun-Ho tirou seu casaco e o colocou sobre Marco: “Mesmo que as pessoas que você ama morram na sua frente, você tem que continuar lutando. É isso que significa ser um Jogador.”
“…?” Marco limpou suas lágrimas com as mangas, mas depois que começou a chorar, ele não conseguia parar.
“Se você quer realmente virar um Jogador, então tem que erguer sua arma até mesmo contra um inimigo que não possa derrotar.”
Marco encarou Seo Jun-Ho como se ele estivesse falando nada com nada. Mesmo se ele desconsiderasse as crianças, o número de demônios era acima de 30. Tentar lutar contra eles seria suicídio.
“Você está me dizendo para lugar agora?”
“Se for um Jogador, então você deve. Mas você ainda não é um, então…” Seo Jun-Ho tirou seus óculos escuros, máscara e boné. “Eu vou ajudá-lo dessa vez.”
Ele ergueu sua mão no ar. Alguma coisa apareceu. Era uma máscara negra simples. Sem símbolos ou palavras. Uma máscara simples, mas era a máscara mais famosa do mundo.
“Todos os demônios que eu encontrar serão estrangulados.” Seo Jun-Ho sussurrou enquanto apertava sua máscara. A escuridão a sua volta começou a ondular, ele olhou para os demônios dando um aviso final. “Seus corpos serão a única coisa que restarão.”
A voz do Espectro ecoou pelo salão.