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Re:Zero Kara Hajimeru Isekai Seikatsu – Arco 5 – Capítulo 61

Vítima do Território

Capella levemente inclinou a cabeça em direção ao homem que tagarelava sem descanso empunhando a Espada do Dragão Azul em sua única mão.

Com uma trança longa e preta que caía sobre seu ombro branco e com os braços cruzados como se para destacar e enfatizar seu peito rechonchudo, ela inclinou-se para frente, lançando um olhar hipnotizante para o homem que usava o capacete.

Usar aquele olhar hipnotizante para tentar os olhos de um homem, mesmo sabendo que era uma armadilha, ainda assim deixaria os instintos de um homem selvagem.

No entanto, mesmo com tal estratégia demoníaca, se seria ou não eficaz dependeria do oponente.

Al: “Essa pose é realmente um pouco erótica; mas, se o seu objetivo é me seduzir, é inútil. Para um virgem hardcore… me fazer se sentir atraído por alguém que acabei de conhecer, tem uma dificuldade tão grande que estou praticamente rindo.”

Capella: “Para rebaixar suas próprias palavras frívolas, bem como aquela contenção moderada… Deixando de lado se os objetivos desta adorável senhora se aplicam a você ou não, um homem que~ dá a impressão de não ceder a isso, usando aquele ato de arlequim para induzir descuido em seu oponente, então para que serve essa coisa grossa?”

Al: “Mulheres não deveriam fazer piadas sujas como essa. É verdadeiramente deselegante.”

Capella: “…”

Após a resposta desse homem, o olhar provocante de Capella se transformou em uma expressão de mudez. E essa surpresa se dissipou rapidamente, e Capella riu como se estivesse feliz do fundo do coração.

Capella: “Kyahahaha! O que é isso? Fazendo essa observação na sua idade, com aquele comportamento. A donzela dos seus sonhos vive apenas dentro do seu peito. Você também é uma daquelas pessoas cujo exterior não se ajusta ao seu interior; sem dúvidas, você não é como uma flor em uma estufa? Kya~, que divertido~.”

Al: “Embora eu peça desculpas por interromper seu show, não me faça dizer isso tantas vezes. Não estou de bom humor hoje. Eu não poderia dizer se você me perguntasse quando estou no clima, especialmente hoje, então…”

A atitude de Al tornou-se extremamente complexa e irritada com Capella, que estava batendo os pés.

Um pouco mais além da postura, parecia ser uma forma de insatisfação com essa tarefa do fundo do seu coração. Diferente das duas pessoas acima deles, isso fez Capella ficar cada vez mais incrédula.

Capella: “Não está com disposição, achando isso um incômodo, e não terminando logo tudo isso. Suas palavras estão realmente cheias de contradições. Nesse caso, por que diabos você ainda está na companhia de uma maníaca barulhenta como eu?”

Al: “Que coragem você mesmo dizer isso, maníaca estridente.”

Capella: “Claro que vou dizer. Do ponto de vista desta adorável senhora, em qualquer caso, absolutamente tudo o que existe neste mundo é apenas uma forma de passar o tempo. Todos vocês são, em última análise, objetos desta adorável senhora. O amor da adorável senhora é ilimitado, cheio de misericórdia, porque tudo além de buscar o amor desta adorável senhora é desnecessário… Faça qualquer outra coisa com isso que você gosta.”

Abrindo os braços, Capella riu com a expressão de uma flor venenosa dócil.

Al, que estava olhando para aquele sorriso, largou a lâmina da Espada do Dragão Azul. Torcendo o pescoço para fazer seus ossos estalarem, ele soltou um longo suspiro com um “Ah —”.

Al: “Você é bem diferente dos outros pecados que conheci.”

Capella: “Nossa, você já viu outras carnes corrompidas além da podridão? Aquela carne feminina pervertida que se ressente de seu próprio desejo? Aquele bastardo virgem com um vaso minúsculo? Aquele pirralho miserável de comilança bizarra e com caráter vil? Ou era aquele espírito, doente da cabeça, doente de consciência e doente do pensamento de autoproclamado espírito? Não importa qual deles seja, para considerar companheiros, qualquer um deles são as piores escolhas! Seus pais não te ensinaram isso? Escolha seus companheiros com cuidado.”

Al: “… Infelizmente meus atuais amigos são tipos sobre os quais meus pais me alertaram.”

Capella: “Isso também merece condolências. Mesmo você que é assim, vai abraçar o magnífico amor desta adorável senhora? Tire esse capacete e revele seu rosto, abrace e dedique seu amor a esta adorável senhora!”

Por mais desprezada ou rejeitada que fosse, Capella, que fazia gestos em busca do amor, era o epítome de uma mente que ansiava por amor. Excetuando a noção do amor unilateral mais extremo que, sem consideração pelos outros, saqueava violentamente o amor à força até agora, uma ação que ela tinha se referido por um nome impróprio de amor.

É claro que não existia uma única pessoa que responderia ao seu amor que, em vez de ser chamado e considerado estranho, seria melhor descrito como um completo desrespeito pela natureza humana.

Al ergueu a Espada do Dragão Azul que acabara de abaixar, balançando a cabeça lentamente.

Al: “Minhas desculpas. Fico feliz que você se sinta assim, mas nós dois ainda não nos conhecemos e seria constrangedor se algum boato estranho se espalhasse entre meus amigos. Por favor, aceite minha recusa.”

Capella: “Você dá atenção aos olhares de quem está aos arredores… Você ainda tem muitos aspectos fofos, hein? Esta adorável senhora está em falta nessa situação. – E aqui eu tive a impressão de me despedir de todos os lixos de carnes masoquistas masculinas que gostam de receber ordens das mulheres.”

­Al: “… Ehh?”

Capella: “Desconsiderar os outros; olhar severamente. Um corpo que pode até ser considerado cheio de sensualidade e violência. Uma estatura mais baixa do que esta adorável senhora atualmente, uma espécie de pele bonita e exposta. Embora as palavras mudem junto com o humor, uma personalidade interior sempre se sustenta com razão e confiança que nunca se torna algo arrogante e sem sentido. Entregando muitas tarefas para subordinados, mas raramente se tornando dependente deles. Não é apreciável, mas também não é desagradável, tanto a posição quanto a mulher.”

Enquanto tagarelava sem parar, a figura de Capella se metamorfoseou.

Ainda mantendo a carne farta, encurtando a altura, as roupas se transformaram em um vestido ousado que revelava seus ombros e costas. Os olhos no rosto mudaram de sonolentos para aguçados; seu olhar aguçado transbordou uma atmosfera de confiança. O que apareceu foi uma linda mulher com longos cabelos dourados soltos.

Associada a alguém da cidade, embora não fosse a aparência de nenhuma pessoa em particular — de algum lugar desconhecido, exalava uma atmosfera semelhante à de uma mulher com quem Al se associava.

Al: “…”

Capella: “Opa, ouro não? No mínimo, as características de uma Lugnica incluiriam cabelos dourados… Nesse caso, hmmmmm vermelho… — não, laranja então.”

Observando as reações sutis de Al, a cor do cabelo de Capella mudou pouco a pouco. Testando preto, marrom, verde, azul, hesitando por um momento quando ficou vermelho e depois laranja.

Com apenas isso, ela assumiu uma impressão ridiculamente semelhante à de uma mulher muito familiar.

Al: “Que arrepiante… Onde você conheceu a nossa princesa?”

Capella: “Nunca a vi, nunca falei com ela e nunca percebi sua existência? Apenas meramente deduzi de suas reações o tipo de mulher de que você gosta. Essa linda senhora é uma mulher que vai dar tudo de si, sabe? Para ser amada por um oponente querido, basta dar tudo.”

Al: “Mesmo que você fale ‘reações’, meu rosto é…”

Capella: “Voz, movimentos, padrões de fala. Ângulo do pescoço e a linha de visão e atitude. A partir dessas características, entendo sua atitude, natureza e preferências.”

Al: “––”

Capella: “Sem deixar faltar nenhuma contradição ou movimento. Colocando todo o seu coração e espírito para ser amado, é assim que esta adorável senhora se dedica totalmente. Esta adorável senhora já se devotou para você totalmente, então… olhe para esta adorável senhora. Olhe apenas para esta adorável senhora. Não olhe para mais ninguém. O rosto, o corpo, a voz, a atitude e os gestos desta adorável senhora! Devem estar totalmente de acordo com às suas preferências!”

Enquanto falava, a voz de Capella — que havia assumido a aparência de Priscilla — tornou-se gradualmente mais áspera. Suas reivindicações eram uma linha reta com desejo de agradar, mas uma linha muito reta se tornaria um amor que perfuraria seu alvo.

Parecia que Al não conseguia nem responder com um aceno de cabeça ou com palavras. Só poderia preparar a vontade de seu corpo com força para lutar contra uma resposta a Capella. Com esta resposta silenciosa, no rosto de Capella cresceu desânimo e desprezo.

Capella: “Você, seu macho egoísta de merda, escória… Com qual aspecto dessa adorável senhora você está insatisfeito~?”

Al: “Não me entenda mal. Eu não gosto e nem desgosto de você. De qualquer forma, está tudo bem… Desculpe, isso é mentira. Como esperado, você é nojenta, então eu realmente não gosto de você.”

Capella: “–Hk! Sua carne masculina apodrecida e inconstante!”

Capella, que pisava no chão, esticou o braço direito que começou a transformar-se do ombro em uma enorme cabeça de um lobo. A cabeça bestial uivando, em velocidades maiores do que um olho poderia processar, voou em direção ao Al congelado. Em um instante, as presas afiadas como lâminas da cabeça do lobo despedaçaram completamente a parte superior do corpo de Al com uma mordida — isso teria acontecido no instante anterior se Al não tivesse voado horizontalmente para escapar das presas caninas que voaram para frente em linha reta.

Capella: “Não pense que você pode escapar apenas com isso!”

Al: “Como se eu tivesse pensado isso! O lado! E então as costas!”

Acima do Al rolando, um poderoso ataque de uma mão atingiu o chão. Um dedo daquelas mãos gigantescas poderia ser comparado à altura de um humano, e ser pego por ela seria como ser pego por uma cobra.

No entanto, esse ataque também foi evitado por Al por meio de saltos. E então a cabeça de lobo, cujas presas pareciam querer esmagar a cintura de Al, voltou e atacou e sendo exatamente interrompido pela Espada do Dragão Azul empunhada atrás de suas costas.

Al: “Uoou, Dona!”

Sem dissipar completamente o ímpeto da besta atacante e manter sua posição defensiva com a Espada do Dragão Azul, o corpo de Al deslizou para frente. A parede de terra ergueu-se do chão, batendo diretamente embaixo do braço direito que se transformou em uma besta.

O lobo, cujo maxilar inferior havia sido atingido, deu um grito e a mudança na massa de seu braço direito levou ao colapso todo o corpo e a forma de Capella.

Vendo isso e tendo se esquivado do forte ataque do braço esquerdo, Al avançou.

Al: “Dona! Este lado também, Dona!”

Capella: “–Hk!”

O Dona que Al lançou incessantemente era do nível mais baixo de magia da terra.

Seja em potência ou em durabilidade como uma parede, ambos estavam perfeitamente alinhados com sua natureza como o nível mais baixo de magia. Mesmo assim, Al ainda confiava nessa magia como sua melhor tática num combate real.

Formando obstáculos, bloqueando o campo de visão, formando pontos de apoio — exatamente como ele estava fazendo naquele momento.

Al: “Raaaaaaa!”

Uma parede de terra solidamente formada impedia os movimentos dos distantes braços direito e esquerdo estendidos de Capella. Além disso, o próprio corpo de Capella foi agredido por uma parede de terra que obscureceu sua visão frontal.

Então, com os preparativos feitos, Al se ergueu no ar — usando a velocidade e o ímpeto da terra erguendo-se do solo, lançando-se para frente como se tivesse asas.

No instante em que Capella ouviu aqueles gritos, olhou para cima; um flash apareceu em seu pescoço esguio e sua cabeça saiu voando para longe.

A Espada do Dragão Azul cortou o ar.

Um rosto semelhante ao de Priscilla flutuou no ar, e uma quantidade exagerada de sangue jorrou do ferimento. O sangue de Capella tinha um efeito não identificado de algo aparentemente venenoso, sendo essa a própria razão do sofrimento de Crusch.

E mesmo sendo avisado para não absorver o excesso de sangue —

Al: “Quem você pensa que está enganando, sua mentirosa maldita?!”

Pisando na poça de sangue sem clemência, Al estendeu sua Espada do Dragão Azul.

A ponta da lâmina não hesitou nem um pouco em alcançar as costas da Capella sem cabeça, sendo perfurada entre os ossos do peito acrescentando outro ferimento fatal a um oponente que deveria ter morrido. No entanto, ele não poderia parar por aí.

Al: “Pegue isso! El Dona!!”

Varrendo o corpo perfurado, Al voou para frente com um ímpeto — e dessa vez um nível mais alto do que Dona, uma magia de nível El, foi usado utilizando a Espada do Dragão Azul como ponto de lançamento para emergir dentro do corpo de Capella.

Claro que o corpo de Capella foi incapaz de suprimir a massa que se inchou por dentro e se espalhou em uma explosão.

Bang, com um som estúpido como se fosse uma piada, o corpo de Capella despedaçou-se. Mãos e pés se espalharam e voaram para longe, vísceras rosas e vermelho brilhante mancharam totalmente todo o espaço subterrâneo. No ar gelado, os pedaços de carne pareciam até mesmo emanar calor, adquirindo-se finalmente um resultado do qual se podia fugir.

Al: “Aahh… O que você achou disso! Hah, Hah. Nesse ponto, já…”

Com os ombros arfando enquanto tentava recuperar o fôlego, Al falou com Capella, que se transformou em pedaços de carne.

Uma criatura capaz de sobreviver depois de ser destruída até aquele ponto simplesmente não poderia existir. E, em direção à declaração de vitória de Al, não havia nenhuma existência que poderia responder, ou pelo menos não deveria existir.

Capella: “Aaaaaaahhhh. Não importa o que aconteça, as coisas normalmente não irão tão longe.”

Al: “…”

Aquela que recebeu os insultos de repulsa de Al, foi aquela voz ainda dócil mas perversa.

A voz não veio da carne, mas da direção da cabeça que foi inicialmente decepada — em outras palavras, veio do lugar onde a cabeça de Capella havia pousado. A cabeça de Capella, que havia rolado ao cair, permaneceu no chão, enquanto testemunhava alegremente a reação de Al.

Al: “Mandar sua cabeça pelos ares e destruir seu coração não é o suficiente. Isso não seria quebrar muitas regras aqui…”

Capella: “Cabeça voando e coração destruído não representaria nenhum problema para esta adorável senhora… tornar-se cruel repentinamente sem um traço de tolerância é realmente raro. Está adorável senhora, agora, deveria estar te atentando com seu rosto favorito. Poderia ter sido um deslize de olhar? Ou será que você é do tipo que expressa seu amor infligindo dor?”

Antes que Al revelasse seus sentimentos de impotência, a cabeça de Capella se endireitou.

A cabeça decepada moveu-se lentamente, a carne preta que não deveria estar presente se uniu. Formando uma cabeça como um pedestal, a carne trêmula se transformou em membros, superfícies pretas foram escondidas da vista por uma pele branca, voltando… não, transformando-se completamente em uma donzela de cabelos dourados.

Al: “E os pedaços de carne espalhados aqui?”

Capella: “Como são desnecessários, podem se dissolver.”

Al observou com espanto enquanto os pedaços de carne espalhados, que formavam o corpo de Capella, dissolveram-se com um barulho. Os órgãos e membros se transformaram em uma substância como lama negra, borbulhando enquanto desapareciam. Até mesmo o método de como eles desapareceram inspirava repulsa ao ponto de causar fadiga estética.

Capella: “De qualquer forma, sem hesitar, você cortou minha cabeça com extrema raiva. O de cima… parece ter sido uma farsa. Não havia um camarada que ficou incapaz de lutar depois de tomar o sangue desta adorável senhora? Mergulhar assim, não foi assustador absorver meu sangue?”

Al: “Não foi algum tipo de blefe. Embora não soubesse quais as condições precisavam ser preenchidas, saber que ser banhado com isso não seria o fim é algo que já testei. Esquivei como um louco e foi tudo um desperdício.”

Capella: “–? Mas você não demonstrou nem mesmo um traço de tentativa em evitá-lo.”

Al: “Isso é algo que você não poderia saber. Cabeça e o coração, se ambos não funcionarem, da próxima vez aquela cabeça decepada será esmagada. Não importa quantas tentativas sejam necessárias.”

O suspiro extraordinariamente cansado de Al estava ainda mais dolorido do que antes da batalha começar. Isso se devia ao efeito dos truques de Capella. Uma carga estranha que havia sido colocada em seus ombros após o encontro.

Além da transformação e variação, ela possuía uma capacidade regenerativa a ponto de recusar a morte — mesmo com os ataques tipicamente mais fatais na cabeça e no coração sendo ineficazes. Podemos dizer que esse era realmente um monstro genuíno.

Todavia, difícil de matar não era o mesmo que invencível.

Al: “Existem também métodos como congelar o corpo inteiro para selá-lo, ou algum outro método, como jogá-lo na Grande Cachoeira.”

Capella: “Não me desespero depois de não conseguir matar um oponente, você não é realmente um lixo incorrigível? Mas ter uma motivação é muito bom, você realmente pode fazer isso? Parece que você é bom em truques mesquinhos como se esquivar e escapar, mas não está faltando uma maneira de matar esta adorável senhora?”

All: “De fato, mesmo se eu morresse cem vezes, não seria capaz de matar você. Na verdade, já percorri metade do caminho… Mas você não está esquecendo de algo?”

Al colocou a Espada do Dragão Azul sobre o ombro, e seu capacete fez um ruído metálico. Em seguida, ele apontou sua Espada acima da cabeça de Capella, que seguiu a ponta da lâmina em direção a linha apontada.

Ele estava apontando para a prefeitura — em algum lugar fora dela.

Al: “Você originalmente pretendia atacar nossa base. Também podemos imaginar que sua torre de controle está completamente deserta. O que significa que aqueles que foram atacar a Luxúria voltarão em breve. Contanto que eu continue com essas táticas de ganhar tempo, naturalmente logo seu fim chegará.”

Capella: “––”

Al: “Para sua informação, minhas habilidades são boas suficientes para ganhar tempo, não? Vou tentar todos os meios para mantê-la afastada, para prendê-la aqui. Então, se você quiser correr, sua chance é agora.”

Travar uma batalha contra Capella sozinho, Al usou a chegada iminente de reforços para tentar coagir seu oponente a recuar. Ao ouvir essas palavras, Capella ergueu uma sobrancelha como se estivesse surpresa e, diante de sua atitude questionadora, Al também respondeu com um “hmm?”

Al: “Qual foi dessa sua reação? Mesmo que você tenha alguma reclamação sobre a minha sugestão de agora há pouco…”

Capella: “Você realmente acha mesmo que esta adorável senhora, que veio sozinha em território inimigo, não teria preparado medidas contra as tropas que você enviou?”

Al: “… Hein?”

Capella: “O musculoso Daruma e a espadachim foram colocados ao longo do caminho. Mesmo entre nossos fantoches, aqueles são o bastante para contê-los… Seus reforços podem realmente escapar tão facilmente?”

Al: “Hk!”

Com o desenvolvimento imprevisto, um sol foi emitido por Al, que olhou para o grande buraco acima dele. Como se visse sua expressão através do capacete, Capella continuou com um “a propósito”…

Capella: “O espelho de conversação que você estava usando está selado, sabe? Portanto, mesmo que você tentasse estabelecer contato às pressas com outra pessoa, não poderia e nem seria capaz de entrar em contato com ninguém.”

All: “Como você fez algo assim!?”

Capella: “Parece que esse dispositivo mágico foi criado por uma Bruxa. Rumores sobre essas lendas foram transmitidos há muito tempo no Culto da Bruxa. Incluindo coisas como a interrupção do comprimento de onda do Espelho de Conversação.”

Devido à natureza de seu aborrecimento não ortodoxo, o objetivo que Al havia falado parecia vazio.

Embora Al não tivesse como verificar a verdade através das palavras de Capella, na realidade, os dois que foram enviados da Prefeitura para enfrentar a Luxúria — Willhem e Garfiel —, mais cedo ou mais tarde, entrariam em conflito com suas asseclas. A possibilidade de retornar de uma batalha entre o monstro e um humano era extremamente baixa.

O que queria dizer…

Capella: “Falta um meio para revidar em um momento como esse, isso não é o fim?”

Al: “Bem, eu não iria tão longe a ponto de dizer isso.”

Com a vaga resposta de Al, Capella revelou um leve traço de um pequeno sorriso.

E, no momento seguinte, aquele leve sorriso se derreteu. Mais uma vez, a figura da jovem tornou-se um pedaço amorfo de carne e, assim, a massa de Capella cresceu exponencialmente.

Com um som gorgolejante, o corpo de Capella quebrou os limites da forma humana, crescendo e tornando-se enorme.

Donzela delicada, mulher sedutora, jovem severa, guerreiros sérios — sua carne cresceu e ficou enorme com um impulso ainda invisível; uma risada ecoou no espaço subterrâneo.

E, depois de um momento, o que apareceu foi um dragão negro, cujo corpo se misturou com as sombras.

Al: “… Entendo, vejo que você pode até se tornar um dragão.”

Considerando o fato de não haver divisões de cômodos, o subsolo era muito mais amplo do que a Prefeitura. Contudo, mesmo um espaço grande como este não poderia acomodar o corpo do enorme dragão negro tão facilmente.

Ouvindo a voz baixa de Al, o dragão estreitou seus olhos dourados, e Capella abriu a boca como se fosse responder Al. Dessa boca saiu um sopro abrasador e impiedoso.

Al: “– Hk!”

O sopro das chamas parecia inflamar o próprio ar do subsolo, enquanto uma luz branca avançava em direção a Al.

Um encantamento completamente dominado pelo som estrondoso criou uma parede de terra no âmbito daquela respiração. No entanto, em contraste e diante daquela temperatura avassaladora, a parede não conseguiu montar nem mesmo uma defesa momentânea antes de desmoronar com o calor — embora esse não fosse o propósito de Al.

“Kaa, huu–”

A mandíbula do dragão negro, que havia liberado o fôlego, foi atingida por uma parede de terra que se ergueu repentinamente. A boca que gerou a respiração pesada foi fechada à força e, em vez disso, o dragão queimou a própria garganta com sua chama.

Mesmo assim, a chama que o dragão negro cuspiu antes de ser pego ainda continuou a queimar e arder. Em suas costas, que tentava escapar do alcance do calor, a chama verde se aproximou de Al —

Al: “Droga! Dona! Ehh!?

Conjurando encantamentos junto com o fedor do queimado, uma parede de terra de repente bateu ao lado de Al. Usando esse impulso, Al, com o traseiro engolfado em chamas, foi lançado em um curso de água próximo. Então, no instante em que suas costas roçaram a superfície interior do canal, outro encantamento trouxe uma parede de terra, fazendo-o voar para fora da água.

Al: “– Shiii!”

Al completamente encharcado voou da hidrovia. Em instantes, as garras afiadas como navalhas do dragão negro varreram o fundo do rio. Jogando espuma para cima, a parede que tirou Al da água se despedaçou. Embora fosse uma manobra evasiva, o ataque feroz a Al continuou, enquanto ele a evitava infinitamente.

Usando movimentos milagrosos para escapar em um espaço tão pequeno, resistindo os ataques por trás que deveriam ter sido imprevistos, a falta de habilidade de seu corpo foi complementada por sua própria magia, enquanto ele evitava continuamente ferimentos fatais.

“Gyiiiii!”

Al: “Faça, faça, faça, Donaaaa!!”

O dragão negro, agora impaciente, girou seu corpo enorme, ceifando com sua cauda.

Confrontado com este vento forte que desenhou um arco, Al usou vários encantamentos para criar cinco paredes de terra em sua frente — e, depois de reduzir a ameaça desse ataque tanto quanto possível, ele usou a Espada do Dragão Azul para se defender de ferimentos, varreu e atingiu o chão várias vezes para rolar antes de pousar no chão.

Os movimentos dramáticos de rolamento diminuíram o peso em seu corpo, amortecendo o impacto, e Al usou sua Espada do Dragão Azul como muleta para se apoiar. No entanto, o dano não havia sido totalmente evitado.

Em seguida, uma grande quantidade de vômito foi derramado pela abertura na parte inferior de seu capacete.

Al: “Ku, Kuu… droga, do lado da vítima dessa vez… realmente estou sem sorte aqui…!”

Capella: “Mas para mim não parece assim. Considerando suas habilidades, existe uma espécie de estupidez incompreensível em ficar firme com os aliados…”

Em direção a Al, que suspirou com sua situação atual, o dragão negro Capella deu-lhe um elogio bastante incompreensível.

Mesmo de sua perspectiva, a batalha defensiva desesperada de Al tinha uma sensação inexplicável de violação incômoda. Ataques que não deveriam ter sido vistos, perseguições que não deveriam ter sido imaginadas… Al sempre usou sua própria habilidade para sobreviver o maior tempo possível. — Como se há muito tempo ele conhecesse todas essas situações e escolhas.

Porém, nenhum dos dois teve tempo para prosseguir com esses pensamentos ociosos por mais tempo.

Isso porque…

Capella: “… Não é um pouco demais?”

O motivo pelo qual Capella ergueu a cabeça ao dizer aquilo foi por causa das vibrações fracas transmitidas na superfície do solo — sons fatais vindos da Prefeitura que continuamente sofria danos.

A fundação da estrutura, que testemunhou grandes batalhas, sofreu muitos danos, e então a batalha que ocorrera há pouco no subsolo deu na fundação o golpe final. O resultado foi o alargamento gradual do buraco que tinha sido a armadilha para derrubar Capella para baixo, e as rachaduras se espalharam não apenas no chão, mas também por todo o edifício.

O desenvolvimento final depois disso, até mesmo uma criança poderia concluir: colapso.

Al: “Não brinque! Se este território se desfizer, eu realmente morrerei!”

Vendo parte do chão caindo de cima, Al lutou contra a dor e levantou; com passos difíceis, saltou para o curso de água.

Junto com o som da água, seu corpo se distanciava cada vez mais do canal subterrâneo. E então Capella, ao vê-lo partir, manteve a forma do dragão negro enquanto olhava para o teto que desabava gradualmente.

Capella: “Sim, o interesse está murchando. Estou cansada de jogar, então vou esquecer isso.”

Murmurando palavras que pareciam indiferentes, o dragão negro bocejou.

Assim, a visão mais rara do mundo passou despercebida por ninguém, enterrada sob os escombros da arquitetura do prédio em colapso.


??: “— Você.”

Na cena do colapso ecoou um baixo zumbido.

Um som acompanhou o afastamento de escombros, várias pedras ligeiramente maiores rolaram pela montanha de entulho. Graças a esse impacto, a montanha desabou e uma mão branca se projetou de uma abertura causada pelo desabamento.

Como se procurasse por algo, aquele braço esguio atacou apressadamente a montanha de entulho e a fez cair em cascata aos poucos.

E então, alguns minutos depois, finalmente conseguiu libertar-se da montanha em ruínas,  era Ferris, cujas roupas estavam rasgadas.

Felix: “Cof cof.”

Enquanto tossia, Ferris cuspiu grandes quantidades de terra e sangue.

Era sangue ou areia que ficaram presos no espaço entre sua língua e seus dentes? Não importava o que fosse, Ferris não se importava nem um pouco. Nesse momento, ele só queria enxaguar a boca.

Felix: “Eu não esperava que a Prefeitura entrasse em colapso. Não é outra morte por nada…!”

Ferris usou o interior de sua roupa suja para limpar o sangue do rosto. Ao limpar a sujeira daquele jeito, faria com que seu rosto ficasse limpo e fofo.

No meio dessa ruína, que não poderia ser comparada com uma construção de cinco andares há poucos minutos atrás, que agora estava em um estado de esmagar humanos até a morte sem dar qualquer preparação para defesa.

Felix: “Algo assim é… Ah, isso mesmo, Anastasia-sama!”

Com as orelhas de gato apontando para cima, Ferris gritou por aquele nome enquanto olhava ao redor.

Ajudando nessa batalha perigosa e voluntariando-se para passar-se por Crusch, havia Anastasia. Ela enfrentou com sucesso a emboscada contra a Luxúria como previsto embora os resultados só pudessem ser descritos como uma tragédia. Mas um aliado era um aliado.

E, na necessidade de determinar se ela vivia ou morria, também residia uma espécie de obrigação emocional para com Julius.

Felix: “Eu gostaria que ela não fosse diretamente esmagada até a morte…”

Olhando ao redor, ele começou a busca entre os escombros próximos. No momento em que o prédio começou a desmoronar, Ferris e Anastasia estavam na mesma sala.

Se ela tivesse sido pega no colapso repentino sob seus pés, sem qualquer preparação, era provável que tivesse acabado enterrada. Se pelo menos ela não morresse instantaneamente, contanto que estivesse sujeita a magia de cura de Ferris, ela estaria sã e salva.

Felix: “Com apenas uma resposta simples essa busca seria muito mais fácil!”

Os braços delgados de Ferris não eram adequados para qualquer coisa relacionado a busca e resgate.

Embora tratar os feridos fosse a especialidade de Ferris, ele não era adequado para o trabalho que antecedia a cura. Mesmo com a falta de informações recebidas da Luxúria, Ferris sentiu uma sensação de dever sem precedentes e precisamente neste exato momento…

Anastasia: “Ah, Ferris! Você também está são e salvo.”

Felix: “––!”

O som de passos chutando os destroços se aproximou. Ferris, que saltou assustado, virou-se para ver uma figura solitária. Tocando seu cabelo tingido de verde e sorrindo levemente, estava Anastasia, que ele procurou o tempo todo.

Ela se aproximou de Ferris com a bainha de seu vestido, que parecia rígida ao balançar, com passos cuidadosos.

Felix: “Anastasia-sama, você saiu ilesa?”

Anastasia: “Como você pode ver. Na verdade, devíamos estar dizendo isso para você. Ferris, graças a deus você conseguiu sair ileso desse colapso.”

Felix: “Isso é…”

Embora literalmente falando, ele não tenha escapado ileso, Ferris suprimiu sua resposta instintiva. Não havia obrigação de responder qualquer pergunta relacionada, já que não era um tópico agradável. Fechando a boca sem responder, Ferris examinou os escombros ao redor da cena do colapso da prefeitura em frente a Anastasia.

Anastasia: “Dizer aos outros para irem para os outros abrigos com antecedência realmente foi uma decisão muito correta. Isso foi um grande acontecimento.”

Felix: “Um grande acontecimento…”

Anastasia franziu a testa como se estivesse extremamente perturbada, e Ferris também olhou os arredores.

Anastasia chamou isso de “um grande acontecimento”, essa era uma circunstância estranha para ser capaz de dizer isso com tanta paz e tranquilidade. Embora chamar de grande acontecimento não fosse incorreto, parecia que estava faltando um toque de seriedade em sua fala.

Sem mencionar que a causa deste colapso foi precisamente —

Anastasia: “Me parece que a causa de tudo isso seria a batalha subterrânea entre Al e a Luxúria.”

“––”

Anastasia: “Se eles estiverem completamente enterrados, desenterrá-los assim será difícil. Se eles entrarem com sucesso nas vias navegáveis subterrâneas acredito que haveria a possibilidade de escapar com vida…”

É claro que, nesse caso, eles teriam que considerar a possibilidade de que Capella também tivesse sobrevivido.

Como Ferris observou, a capacidade de regeneração de Capella superava a imaginação humana. Ter metade de seu rosto destruído pela magia de Anastasia e não dar o mínimo de consideração para isso era realmente estranho. Assim como a vida de Ferris continuou após a fuga, não deveria ter sido o resultado de alguma constituição não natural.

Felix: “Falando nisso, onde Anastasia-sama aprendeu a usar tanta magia?”

Anastasia: “… Isso, tem alguma coisa a ver com isto?

Felix: “Já que eu soube que você não podia lutar, não pude deixar de ficar surpreso.”

Durante a discussão sobre como distribuir as forças de combate, ela mesma havia dito que não tinha habilidades de combate. Fosse a própria Anastasia ou o espírito artificial que a acompanhava, esse era o caso.

No entanto, se fosse esse o caso, o que era aquela magia que havia arruinado o rosto de Capella?

Al: “— Eu também gostaria de ouvir mais um pouco sobre esse assunto.”

Anastasia: “––”

Anastasia ficou em silêncio em resposta à pergunta de Ferris e, naquele momento, a voz de uma terceira pessoa interrompeu.

Diante dos dois que se viraram, estava o ensopado Al chutando os escombros. Abaixando a cabeça para que a água caísse pela abertura de seu capacete, ele se aproximou.

Anastasia: “Ver você sã e salvo é bom. Foi graças ao salto bem-sucedido na hidrovia?”

Al: “Embora houvesse cerca de três vezes em que eu senti que estava morrendo. Não é como se importasse no final. Mais importante, temos algo para conversar.”

Anastasia olhou para frente para saudar o retorno meritório do cavaleiro, mas Al desembainhou sua Espada do Dragão Azul enquanto falava. Apontando para a ponta da espada, ela também franziu a testa.

Al e Anastasia ficaram frente a frente, e Ferris foi pego entre os dois. Os lugares onde os três estavam formaram um triângulo exato.

Anastasia: “O que exatamente você pretende com isso? Se isso é uma piada, não estou rindo.”

Al: “Não estou com humor hoje para brincadeiras. Deixando de lado o irmão com orelhas de gato, por enquanto, eu realmente não posso ficar tranquilo com sua sobrevivência diante dessa destruição. Além disso…”

Anastasia: “Apenas havia planos alternativos. Esconder isso foi de fato minha culpa, mas quanto a isso eu não posso explicar exatamente de forma direta…”

Al: “De fato, pode se dizer que sim. Mas o problema aqui é sua atitude. Conseguindo escapar por pouco do prédio desabado, depois conversando preguiçosa e despreocupadamente com um rosto familiar e amigável no topo das ruínas… pela sua atitude, parece que suas expressões e sentimentos estão completamente fora do lugar e não combinam. Você sabe como chamamos aqueles que falam assim?

Anastasia: “…”

Em relação a Al, que persistiu com uma enxurrada de perguntas, Anastasia parou de responder. No entanto, sua expressão agora congelou em um sorriso malicioso.

E então, um pouco antes de Ferris intervir, Al falou com uma frase esclarecedora definitiva.

Al: “Nós nos referimos a esses tipos de pessoas como ‘bruxas’.”

Anastasia: “… Essa frase realmente não é um pouco excessiva?”

Um tom de resposta incrivelmente filosófico deu a impressão de grande cansaço.

O sorriso astuto desapareceu, o que emergiu depois foi um sorriso vazio que estava presente apenas na aparência. Como se aquele movimento da pele não fosse dirigido para outra pessoa, mas para si mesma, de uma forma autodepreciativa.

Anastasia: “Na minha experiência, a palavra ‘Bruxa’ não é de forma alguma um termo usado para se referir a alguém em sã consciência.”

Al: “Será que você está com a impressão de que estou fazendo uma saudação despreocupada? Sua primeira impressão está correta, raposa vigarista.”

Felix: “O que é isso?”

A impressão de duas pessoas que chegaram a um entendimento — observando Anastasia que havia mudado seu tom habitual e Al, Ferris procurou uma oportunidade para intervir. Al bloqueou a atitude de Ferris com seu ombro esquerdo sem braço, e seu olhar ainda estava fixo na direção de Anastasia.

Al: “É como se ela se parecesse com ela, mas ela ainda é diferente por dentro. Aquela raposa com um caráter perverso pendurado no pescoço… Echidna está dentro dela.”

Echidna: “Isso é o resultado que prioriza a sobrevivência da Ana, só que o resultado acabou assim. Toda essa situação sendo falada com tanta sinceridade abertamente, como se eu tivesse alguma intenção maliciosa, é realmente bastante angustiante.”

Com as palavras hostis de Al, Anastasia (Echidna) revelou uma expressão preocupada ao responder. Então Al pigarreou em seu capacete com um “Hah!”.

Al: “Alguém que substitui o outro não deve falar com um tom tão orgulhoso e justo.”

Echidna: “Substituir ou seja qualquer outra coisa que pensa, é realmente um mal-entendido. De onde veio essa noção?”

Al: “Até mesmo seu sotaque Kararagi falso que tem, fingindo que a falta daquela moça deveria servir como prova. Infelizmente, a natureza de uma ‘Bruxa’ que não pode compreender os humanos foi percebida por mim.”

Felix: “Pare! E aja de maneira correta. Assim, não importa quanto tempo você fale desse jeito, o assunto não progredirá.”

Com as respostas sistematicamente detalhadas de Al a Echidna, Ferris finalmente explodiu.

Embora Al tivesse um certo grau de confiabilidade para obter informações sobre a situação em questão, o que mais importava agora era o caso do corpo de Anastasia. Seu corpo agora, de fato, havia sido assumido por Echidna.

Felix: “Em primeiro lugar, Anastasia-sama está bem? Não é algo como apenas proteger o seu corpo, mas sua consciência foi para outro lugar?”

Echidna: “Esse não é o caso, na verdade. Mesmo que Ana não seja sadia de corpo e alma, isso não serviria. Pois se não fosse assim não havia necessidade de usar a técnica proibida.”

Felix: “Técnica proibida?”

Echidna: “Me refiro a esta condição. Como o portão de Ana é um pouco complexo, ele não pode ser usado sozinho. Mesmo comigo atuando como um procurador, o fardo ainda é incrivelmente pesado. É algo assim.”

Acariciando seu peito magro, Echidna fez a expressão de Anastasia ficar sombria.

Embora Al ainda empunhasse sua espada com um comportamento de intolerância, Ferris forçou um passo e se colocou com força na frente da lâmina enquanto continuava sua conversa com Echidna.

Felix: “Então, por que você fingiu ser Anastasia-sama para falar conosco?”

Echidna: “Não é mais anormal se abster de uma saudação ao ver seu aliado são e salvo? Fingir ser Ana era para evitar que você descobrisse nossas fraquezas. Exatamente como eu disse, o corpo de Ana está bastante instável. Então, eu queria esconder o fato de que ela se tornou uma comigo… mas ainda assim fui vista também.”

Felix: “Julius também… não tem conhecimento dessa habilidade. Afinal, ele nem sabia sobre sua existência antes de todo esse caos. O que você pretende fazer sobre isso?”

Echidna: “Esse é um problema entre Ana, Julius e os Presa de Ferro. Quanto às suas perguntas, não me sinto na obrigação de fazer especulações.”

Tudo havia sido suavizado e compreendido. A sensação de incongruência que Ferris sentiu em Anastasia no topo da montanha de escombros também veio do interior diferente da Echidna, cujas respostas eram insuficientemente intuitivas.

Alinhando-se ao fato de que sua magia tinha sido sua proteção, havia o fato de que o corpo de Anastasia tinha sido efetivamente protegido do prédio colapsando – Com esses dois contrapontos, as dúvidas anteriores de Ferris foram desfeitas.

Felix: “E ainda assim, aquele cara ali ainda dá a impressão de que não vai abaixar a arma?”

Al: “… Tch.”

Com o pedido de Ferris, Al estalou a língua enquanto relutantemente recolocava a Espada do Dragão Azul dentro de sua bainha. Vendo isso, Ferris olhou mais uma vez para seu corpo machucado e espancado.

Com queimaduras e arranhões, dava a impressão de estar realmente ferido.

Felix: “Tudo bem, deixe-me dar uma olhada e logo ficará curado. Uwah, aqui está extremo! Ei, essa barra… é um milagre você não ter morrido.”

Al: “Com a minha habilidade, transformar uma lesão fatal em uma lesão grave é o meu limite. Embora tivesse sido melhor se eu não tivesse perdido a aposta… Bem, tanto faz.”

Felix: “––?”

A palma da mão de Ferris, que inclinou a cabeça, consertou até mesmo o fato de que Al havia se ferido.

Tudo o que se podia dizer era que graças às propriedades curativas das luzes azul e branca, num piscar de olhos, as inúmeras feridas do corpo de Al foram curadas. E tendo confirmado isso, agradeceu a Ferris.

Al: “Eu, assim como a senhorita, acabamos sobrevivendo. Sem dúvidas aquela maldita da Luxúria também deve estar viva. Não se pode ficar tranquilo, nem mesmo com ela soterrada sob os escombros.”

Echidna: “Sobre isso…”

Ao ouvir a voz de Al que avisou, Echidna ergueu a mão. O Espelho de Conversação estava em sua mão, e com a outra mão ele bateu na superfície dele levemente.

Echidna: “Na verdade, até o prédio desabar, o Espelho de Conversação parou de fazer qualquer som.”

Al: “Eu ouvi isso. Luxúria… ou melhor, o Culto da Bruxa? Dentro do Culto parece haver uma forma de incapacitar os dispositivos mágicos. Presumivelmente, isso interrompeu as comunicações com qualquer pessoa de fora.”

Echidna: “Foi o que pensei. Só que, se foi o Arcebispo do Pecado quem provocou essa intervenção, ela já deveria ter escapado.”

Al: “… Falando em círculos.”

Echidna: “Ah, minhas desculpas, é um hábito. Quer dizer que a função do espelho de conversação foi restaurada.”

Ao ouvir essas palavras, Al e Ferris ficaram simultaneamente chocados.

Al ficou surpreso que o Espelho de Conversação já pudesse alcançar outras pessoas. Mas Ferris ficou surpreso com a causa do mau funcionamento do espelho de conversação, e a eliminação da tal possibilidade da causa.

Felix: “O que você quer dizer? A interferência da Luxúria acabou… Isso significa que ela morreu?”

O monstro que incessantemente se gabava de sua capacidade regenerativa morrer soterrado pelos escombros era impossível. E assim como Al havia dito, as três pessoas presentes ainda estavam vivas.

Imaginar que aquele monstro imortal com aquela vitalidade especial morreria assim era realmente difícil de acreditar. Se qualquer outra possibilidade além desta pudesse ser considerada —

Echidna: “Receber uma lesão a ponto de atrapalhar o seu trabalho, ou a própria interrupção tem como objetivo induzir ao nosso descuido…”

Felix: “Isso é um pouco incongruente vindo daquela personagem horrível…”

Echidna: “Certamente, eu concordo com você. Deve ser mais ousado do que apenas se esconder… Como, por exemplo, assumir a forma de um de nós três aqui? Com o original já morto, soterrando completamente sua existência. Essa é precisamente uma tática que a Luxúria gostaria de usar.”

A especulação de Echidna fez Ferris estremecer.

Lembrando que antes do colapso aquele monstro havia assumido uma forma idêntica a Crusch. Tendo assistido diretamente aquela transformação, não havia espaços para dúvidas de que ela era uma imitação, uma farsa. Obviamente, Ferris estava confiante de que seria capaz de ver através dela, mas esses dois eram uma outra questão completamente diferente.

Essa possibilidade fez Ferris se sentir mal. Contudo…

Al: “Não se excite dizendo coisas confusas e desorientadas, que natureza perversa. A falta de reação torna tudo isso óbvio. É claro que ela deu meia-volta e saiu correndo. Ela saiu depois de ficar entediada.”

Echidna: “Dizer algo assim sem fundamento ou razão…”

Al: “Antes de ser esmagado, o monstro parecia ter uma expressão completamente desinteressada. Esse seria o motivo.”

Quem enfrentou Capella até o final foi Al.

Se o oponente fosse outro humano, tal conclusão seria surpreendente, mas se o oponente fosse um Arcebispo do Pecado, os padrões do bom senso não poderiam ser mantidos. Obviamente, mesmo assumindo isso, os cuidados não poderiam ser abandonados. 

Al: “Mais importante. Se o espelho da conversa já está funcionando, o contato com a princesa não poderia ser estabelecido? Isso é o mais importante. Apresse-se e ajude-me a conectar.”

As equipes que saíram da Prefeitura com Espelhos de Conversação foram Wilhelm e Garfiel, Priscilla e Liliana. Originalmente Al, que deveria fazer parte da equipe de Priscilla, por ordem dela permaneceu ali com a equipe. A ideia de querer confirmar a segurança de sua mestra não poderia ter sido mais compreensível.

Echidna: “Entendo. Você não precisa ter tanta pressa… hmm?”

Acalmando Al assim, Echidna, que segurava o Espelho de Conversação nas mãos, franziu a testa.

Assim que Ferris ergueu os olhos com a intenção de perguntar o que havia acontecido ao ver sua reação, o Espelho de Conversação na mão de Echidna gradualmente começou a irradiar um brilho fraco — isso era uma indicação de que uma conexão estava sendo estabelecida com outro espelho de conversa.

E brilhando a partir da luz de dentro do espelho, o reflexo de alguém surgiu, e do outro lado estava —

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