Yeon-woo tirou sua máscara na frente deles sem hesitar. Poderia ter sido por causa da influência do álcool, mas ele não tinha nenhum arrependimento. Era a primeira vez que ele mostrava seu rosto para eles por vontade própria.
Edora sorriu com um aceno de cabeça e Phante olhou para Yeon-woo em surpresa. “Asas Celestiais…?”
Yeon-woo começou a contar sua história a eles. Conforme o fazia, suas emoções queimavam de raiva dentro dele, mas ele não mostrava nenhum sinal por fora, Yeon-woo falava como se a história fosse de outra pessoa.
Phante foi o primeiro a quebrar o silêncio. Ele deu um soquinho em seu peito como se estivesse furioso e até bateu o copo na mesa. Os olhos de Edora tremiam enquanto ouvia, percebendo que a situação era mais séria do que ela esperava. No entanto, ela só disse, “E o nosso pai? Ele sabe disso?”
Yeon-woo balançou a cabeça. “Eu nunca contei a ele.”
“Você acha que é justo ele não saber pelo que o seu discípulo passou?” Phante pulou de seu assento. “Não pode ficar assim.”
“O que você vai fazer?”
“Por que está me perguntando isso?! Agora você é um membro da nossa tribo. Os seus problemas são problemas da tribo. O líder da tribo não pode ficar sentado aproveitando a vida e tomando chá enquanto um de nós está passando por tudo isso!”
Parecia que ele iria sair correndo, mas antes que Yeon-woo pudesse pará-lo, Edora gritou. “Sente-se, seu imbecil!”
“O-Oi? Você me chamou de imbecil?”
Edora esteve tentando se comportar de um jeito mais recatado na frente de Yeon-woo há algum tempo, mas ela não conseguiu se controlar. Phante ficou chocado, mas Edora continuou gritando com ele, “Sim, eu chamei! Você realmente acha que o nosso pai não sabe de nada?”
Phante calou a boca. O Rei Marcial gostava de fingir que não se importava com o que acontecia do lado de fora da vila, mas seus olhos e ouvidos estavam sempre abertos. Phante não podia negar que seu pai era esperto, além disso, sua mãe, a Médium Psíquica, estava sempre ao lado dele.
“Você não entendeu? O nosso pai está dando ao Oraboni a chance de voar com suas próprias asas. Ele o está protegendo dos inimigos.”
Phante de repente ficou sóbrio e se largou em seu assento de novo. Ele abaixou seu copo. Sua irmã tinha tanto juízo que ele não tinha ideia do porquê ele era tão impulsivo.
“Nosso pai sabe que o Oraboni vai sair do ninho algum dia. Ele também quer ver o Oraboni acabar com as coisas com as próprias mãos.”
Phante concordou. Ele conhecia Yeon-woo o suficiente para saber que não era o tipo de pessoa que ficaria escondido na tribo. De repente, Phante ficou curioso. Por que Yeon-woo, que nunca dizia uma palavra sobre seu passado, resolveu contar todas essas coisas para eles? Ele encarou Yeon-woo intensamente, como se estivesse pressionando-o para dizer mais.
Yeon-woo entendeu a pergunta nos olhos de Phante enquanto dava mais um gole na bebida. O líquido desceu queimando sua garganta, mas ao invés de ficar bêbado, ele se sentia alerta e acordado.
“Eu…” Yeon-woo contou a eles o que ele esteve suprimindo por tanto tempo. “…quero que vocês se tornem minhas asas.”
“Asas?” Phante olhou sem expressão para Yeon-woo. Mas Yeon-woo podia ver o entusiasmo queimando nos olhos de Phante, porque ele gostava desse tipo de coisa.
Yeon-woo apertou seus punhos e continuou. “Sim, asas. Como eu disse, o que vou fazer no futuro pode ser inútil, já que quero lutar contra a Torre em si. Por isso é difícil para mim pedir ajuda para vocês. Além disso, a tribo…”
“Hyung.” Phante começou a limpar a orelha como se estivesse entediado e cortou o que Yeon-woo estava dizendo.
“O quê?”
Puff! A cera de ouvido no dedo de Phante saiu voando quando ele a assoprou com um sorriso. “Em horas assim, você só precisa dizer uma coisa.”
Yeon-woo estava confuso.
“Diga ‘me ajudem’.”
Yeon-woo ficou em silêncio.
“E eu estava aqui me perguntando por que você parecia tão sério. Você sempre foi seco e frustrante, mas agora percebi que você também tem muitas coisas para dizer, huh? Hehehe.” Phante riu, seus ombros chacoalhando. Edora concordou enquanto olhava para Yeon-woo. Ele ouviu a voz dela ecoando em sua cabeça de novo: ‘Eu quero compartilhar o seu fardo.’
Yeon-woo fechou seus olhos em silêncio. Ele só tinha mais uma coisa para dizer aos irmãos. “Obrigado.” Fazia tempo que ele se sentia assim. A melhor coisa que ele fez desde que entrou no Tutorial foi se encontrar com esses dois.
Phante coçou o nariz. Seu nariz tinha ficado vermelho, talvez por causa do álcool ou de vergonha. Ele engoliu o resto da sua bebida. “Heh! Você não precisa se preocupar com mais nada. O meu pai vai tomar conta da tribo mesmo que a gente não esteja por perto. E quem se importa se outra pessoa tomar o meu lugar como herdeiro? Posso dar o lugar sem problemas.” Só Phante poderia dizer algo assim com um sorriso brincalhão. “Além disso, homens precisam ter a coragem para lutar contra o mundo! Haa! Parece tão foda quando digo isso!”
“Mas eu sou uma garota,” Edora disse brincando.
“Hm? Por que você é uma garota agora?”
“Você quer morrer?”
“O seu querido Oraboni está vendo.”
“Vamos conversar mais tarde.”
“Hahaha! Vamos conversar agora, irmãzinha!”
Phante caiu na gargalhada quando viu a cara feia de Edora. Edora cerrou os dentes e prometeu a si mesma que faria ele pagar quando todos estivessem sóbrios. Ela olhou de volta para Yeon-woo com um rosto calmo. “Mas, Oraboni, o que você está planejando agora? Você deve ter tocado nesse assunto por um motivo.”
Yeon-woo concordou com a cabeça. “Estou planejando criar um clã.”
Os olhos deles se arregalaram.
“Um clã?”
“Entendi, você quer estabelecer uma organização primeiro.”
“Bom, essa é a parte mais importante. Só podemos continuar avançando depois de criarmos uma base.”
“Hehehe, então somos os membros fundadores?” Phante riu se divertindo.
“Mas temos um número pequeno de membros e vai ser difícil de se fundar um clã se não estivermos preparados. O que vamos fazer sobre isso?”
“Hm.” Phante fechou o bico.
“Tornem-se fortes o suficiente para que nós não sejamos esmagados, independentemente de quem tente nos enfrentar.”
“Você está dizendo pra gente ficar forte para não sermos uma vergonha para você? Isso machucou um pouco o meu orgulho.” Phante se levantou, seus olhos brilhando como se estivessem em chamas. “Mas isso é uma coisa boa. Não quero ser um peso morto. Você pediu para eu me tornar suas asas, mas talvez eu me torne os seus dentes. Você também precisa se esforçar ou eu posso acabar te engolindo.”
Já que tinham terminado de beber, Phante se virou e foi embora. Edora se curvou para Yeon-woo e seguiu atrás de Phante. Sentado sozinho, Yeon-woo bebeu o resto da sua bebida. Quando colocou o copo na mesa, ele fez um barulho alto.