Shadow Slave – Capítulo  244

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Bem no sopé das montanhas, não precisaram procurar muito por um abrigo adequado. Na verdade, eles poderiam simplesmente acampar ao ar livre.

O mar escuro não conseguia mais alcançá-los.

Enquanto a noite descia e envolvia o mundo no familiar véu de escuridão absoluta, Sunny se ofereceu para ser o primeiro a ficar de vigia. Olhando para baixo na superfície inclinada do terreno rochoso, observou a água negra subindo lentamente da distante floresta carmesim do Labirinto.

Rastejava pela encosta íngreme dos sopés, esforçando-se para devorar o máximo possível deles, mas parava a centenas de metros do local onde o grupo havia montado o acampamento e balançava suavemente, incapaz de se mover mais.

Assim como o colosso sem cabeça não havia conseguido.

Olhando para as ondas impotentes, Sunny finalmente se permitiu acreditar que agora estavam fora da Costa Esquecida.

Ou, mais precisamente, na beira dela. De qualquer forma, o mar amaldiçoado não era mais uma ameaça para eles.

‘Que estranho.’

Sunny se acostumou a viver com o medo constante deste abismo transitório. Mesmo na Cidade Sombria, estava sempre ciente de sua presença opressora. Ninguém estava livre dos pensamentos assustadores sobre o que aconteceria se a aparentemente inabalável muralha da cidade finalmente cedesse e caísse, abrindo caminho para a inundação de escuridão.

Mas agora, estavam a salvo disso.

…Por enquanto.

Com um suspiro, Sunny invocou a Flor de Sangue. Um pingente intrincado em forma de uma bela flor vermelha logo apareceu, pendurado em um fio preto ao redor de seu pescoço. Ele o admirou por alguns momentos e depois escondeu o amuleto sob sua armadura.

Melhor prevenir do que remediar. Relaxar agora não era a ideia mais brilhante.

Sim, os perigos do mar escuro ficaram para trás. Mas ele estava pronto para apostar que escapar das garras da Costa Esquecida não seria tão fácil.

E quem disse que o lugar além deste inferno desolado seria melhor? Com sua sorte, só ia ser pior.

Absorto em pensamentos, Sunny olhou para o mar escuro e esperou.

De manhã, os membros do grupo se prepararam para iniciar a busca. Mas antes que pudessem começar, Nephis de repente os parou e olhou para os picos imponentes envoltos em um véu de névoa.

Havia uma expressão sombria no rosto dela.

Depois de um tempo, Estrela da Mudança ajoelhou-se e pegou uma grande pedra. Esforçando seus músculos, ela a esmagou com o punho e então olhou para os fragmentos com um olhar curioso.

Finalmente, ela jogou os pedaços despedaçados e suspirou.

Alguns segundos depois, Nephis falou em tom pesado:

“…Eu sei onde estamos.”

O que isso deveria significar?

Ecoando seu pensamento, Effie zombou.

“Todos nós sabemos onde estamos, princesa. Na borda sul da Costa Esquecida, a cerca de dois mil quilômetros da Cidade Sombria. Não é?”

Nephis balançou a cabeça e se levantou.

“Quero dizer que sei onde estamos no Reino dos Sonhos.”

Todos congelaram.

“O… o que você acabou de dizer?”

Os membros do grupo encararam-na com os olhos arregalados. As palavras que Estrela da Mudança havia dito atingiram-nos como um raio.

Ela apontou para os picos draconianos e disse, com a voz calma:

“Estamos ao norte das Montanhas Ocas. Tenho certeza disso.”

‘Montanhas… Ocas?’

O nome soava familiar, mas Sunny não conseguia lembrar exatamente onde tinha ouvido isso. Olhando para os outros membros do grupo, notou que todos compartilhavam a mesma expressão — exceto por Caster, que parecia saber algo. Seu rosto empalideceu.

Nephis hesitou por alguns momentos e então explicou:

“A esfera de influência humana nos Reinos dos Sonhos não é muito grande, mas tem se expandido lentamente nos últimos trinta anos. Existem três grandes Cidadelas, a mais próspera delas, Bastião, é governada pelos nobres descendentes do Clã Valor. E várias menores.”

Então, ela fez uma careta.

“Por um tempo, os aliados e vassalos do Clã Valor costumavam conquistar uma Cidadela menor após a outra, expandindo o território humano para o norte. Mas então sua expansão nessa direção estagnou. Porque encontraram as Montanhas Ocas.”

‘Ah… certo. Acho que ouvi isso do professor Julius. A fronteira norte do território humano é um lugar selvagem.’

Sunny franziu a testa.

“Essas… Montanhas Ocas são muito perigosas?”

Estrela da Mudança cerrou os dentes.

“Tão perigoso quanto é possível. Na verdade, além disso. A cadeia de montanhas se estende por milhares de quilômetros, formando uma região inteira por si só. É marcada como uma zona de morte. Até os Santos não voltam de lá com vida.”

Sunny estremeceu. Zonas de morte eram regiões do Reino dos Sonhos povoadas por Criaturas do Pesadelo dos três ranks mais altos – Grande, Amaldiçoado e Profano.

Como nenhum humano havia sobrevivido ao Quarto Pesadelo ainda, enfrentar mesmo o mais fraco deles era uma sentença de morte para qualquer pessoa abaixo do rank de Santo, e mesmo os Santos tinham apenas uma pequena chance de prevalecer contra uma criatura Grande… quanto mais uma Amaldiçoada.

De alguma forma, Sunny conseguiu se tornar uma das poucas pessoas vivas a matar um Grande Demônio. Mas ele havia sobrevivido a esse encontro por pura sorte – se não fosse por sua estranha característica de possuir um Núcleo de Sombra em vez de um Núcleo de Alma, a prole não nascida do Pássaro Ladrão Vil teria roubado sua força vital e o matado na hora.

…E se Nephis estivesse certa, as Montanhas Ocas eram povoadas por muitas criaturas desse calibre e superiores.

Sunny suspirou.

“Então o que você está nos dizendo é que este lugar é ainda pior do que a Costa Esquecida?”

Sem precisar dizer nada, Nephis simplesmente assentiu.

Ele sorriu.

“Faz sentido.”

Ele estava certo, afinal. Escapar da Costa Esquecida era simplesmente impossível.

O único caminho para fora estava no amaldiçoado Pináculo Carmesim, e isso…

Era para lá que estavam indo, querendo ou não.

Com uma expressão sombria no rosto, Sunny encarou os picos irregulares das Montanhas Ocas e disse:

“Então… nós vamos para lá?”

Nephis hesitou por alguns momentos e então respondeu calmamente:

“Vamos esperar que não. Só precisamos chegar até onde o Primeiro Senhor chegou. Isso… isso deve ser perto de onde estamos agora.”

Sunny olhou para ela e assentiu.

“Nesse caso, não vamos perder tempo. Quanto antes voltarmos ao Labirinto, melhor.”

‘Nossa. Eu nunca pensei que estaria impaciente para voltar àquele maldito buraco infernal. A gente nunca sabe o que o futuro reserva, né?’