Shadow Slave – Capítulo  363

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Num primeiro olhar, o interior da Sala dos Instrutores parecia simples e aconchegante. A maior parte dos móveis era feita de madeira, criando uma atmosfera calorosa e acolhedora. A luz do sol brilhava através das janelas altas, que estavam levemente abertas para deixar entrar o ar frio do inverno.

No entanto, seus olhos se arregalaram um pouco quando Sunny percebeu que toda a madeira ao seu redor era natural, não sintética.

‘Extravagante! Desperdício!’

Percebendo sua expressão, a Mestre Jet sorriu levemente.

“Deixe-me adivinhar, você nunca viu tanta madeira de verdade em um só lugar?”

Sunny hesitou e então assentiu.

“Só no Reino dos Sonhos…”

A jovem sorriu, afastou uma cadeira com o pé e sentou-se em uma das mesas.

“De onde você acha que tudo isso veio?”

Ele olhou ao redor, vendo a Sala dos Instrutores da Academia de uma perspectiva completamente nova, e então sentou-se em silêncio, sem palavras.

A Mestre Jet convocou o menu, fez uma seleção e recostou-se, cansada, esfregando o rosto.

“Acredite ou não, a cadeira em que você está sentado é feita de um titã morto.”

Sunny a encarou, chocado. De repente, ele sentiu um forte impulso de sair da cadeira.

“…O quê?”

Ela riu e fez um gesto ao redor:

“Na verdade, tudo isso. Quando Bastion foi estabelecida pela primeira vez, ela era cercada por uma floresta vasta — e muito faminta. Toda ela era uma criatura do Pesadelo gigante. O Clã Valor passou décadas em guerra com ela, perdendo muitos cavaleiros. No final, a floresta foi destruída, deixando para trás muita madeira de alta qualidade. E aqui estamos nós.”

Sunny coçou a nuca e então bateu cautelosamente na mesa de madeira. A coisa parecia morta, mas ele decidiu permanecer alerta, apenas por precaução.

…Afinal, ela já tinha sido parte de um titã!

Logo, a comida deles chegou. Sunny meio que esperava que fosse entregue por um Eco de verdade, mas, felizmente, foi trazida por um servidor automatizado comum.

Pegando seus pratos do carrinho motorizado, Sunny encarou o banquete à sua frente com olhos selvagens. Havia batatas fritas, feijão assado, carne suculenta assada, uma salada feita de vegetais de verdade, uma tigela de sopa perfumada, vários pedaços de pão assado, manteiga, geleia e até pudim de chocolate de sobremesa.

Foi a visão mais bonita que ele já tinha visto.

Também foi a primeira vez que ele viu algumas dessas coisas na vida real. De repente, a posição de assistente de pesquisa que o Professor Julius havia prometido não parecia tão pouco atraente.

“Uh… por favor, me desculpe…”

Mestre Jet acenou para ele e concentrou-se em sua própria comida. Sem perder tempo com maneiras, Sunny atacou seu café da manhã com o mesmo nível de ferocidade que quando lutava contra Criaturas do Pesadelo.

… Algum tempo depois, com a barriga prestes a explodir, ele empurrou os pratos vazios para longe e recostou-se com um sorriso satisfeito no rosto.

“Ah… isso é vida!”

Mestre Jet olhou para ele com um sorriso seco.

“O que eu disse? É aqui que eles escondem as coisas boas.”

Sunny olhou para os pratos vazios com arrependimento e suspirou.

“Sim. Embora, depois de um ano comendo quase nada além de carne de monstro, eu ficaria satisfeito até mesmo com pasta sintética.”

Seu sorriso diminuiu ao mencionar a comida mais comum nas áreas periféricas.

Enquanto duas xícaras de um belo chá escuro fumegavam à frente deles, Mestre Jet suspirou, então tirou algo do bolso interno de seu uniforme. Era uma pequena caixa de metal com um sensor em sua tampa.

Colocando a caixa na mesa, ela olhou para Sunny e perguntou:

“Você deve estar se perguntando por que eu o visitei, certo?”

Sunny inclinou a cabeça ligeiramente, olhou para a caixa de metal por alguns segundos e respondeu em um tom cauteloso:

“… Sim. Para ser honesto, estou muito curioso.”

Ela assentiu, então sorriu tranquilizadoramente.

“Não fique nervoso. É apenas uma formalidade, e uma muito benéfica, aliás. Coloque o seu dedo no sensor.”

Ele hesitou, então fez como ela havia dito. O sensor zumbiu por meio minuto e, em seguida, uma pequena luz verde acendeu na caixa de metal. Com um clique silencioso, ela destravou.

Mestre Jet abriu a caixa e retirou vários objetos – um comunicador elegante feito de vidro flexível, um chip de memória com o selo do governo gravado em sua superfície e um pequeno distintivo de ferro com duas estrelas gravadas nele.

Empurrando-os em direção a Sunny, ela permaneceu por um momento e depois disse em um tom leve:

“Parabéns, Adormecido Sunless. Você agora é oficialmente um cidadão. E não é de uma simples classificação.”

Suas palavras atingiram Sunny como um martelo. Silencioso, ele olhou para os três objetos à sua frente, sem expressar nem mesmo um traço de emoção.

Um cidadão…

Nos arredores, as pessoas viviam e morriam sonhando em se tornar um dos verdadeiros cidadãos. Aquela simples palavra escondia tanto significado. Acesso a comida adequada, direitos humanos e uma vida melhor. Todas as coisas que nenhum deles realmente tinha.

Ter um futuro.

Muito poucas dessas pessoas tiveram a chance de ouvir a palavra “cidadão” em conexão com seus nomes. Ser pobre e humilde só levava a ficar desamparado e cair no fundo. Raramente levava a subir mais alto, muito menos a atingir o pico.

E aqui estava ele, não apenas se tornando um cidadão, mas pulando todos os degraus e chegando ao ápice da hierarquia social de uma só vez. Não apenas um cidadão e nem mesmo um de alta classificação, mas do mais alto.

“Sétima classificação… não há literalmente nada mais alto.”

Finalmente, sua expressão mudou, ficando sombria. Olhando para o Mestre Jet, ele perguntou em um tom sério:

“Eu entendo que seria feito um cidadão após o despertar. Mas… sétima classificação? Não é um pouco demais?”

O Mestre Jet riu.

“Sunless… você não sabe realmente o que fez, não é?”

Sunny olhou para ela sem humor, e então disse:

“Tenho certeza de que sei, mas por favor, me esclareça.”

Ela balançou a cabeça e suspirou.

“Ouça… de todos os Adormecidos que retornaram do Reino dos Sonhos nos últimos anos, apenas cinco tiveram seus arquivos marcados como SS. E você é um deles.”