Shadow Slave – Capítulo  518

Pousando na miasma venenosa do naufrágio antigo, Sunny imediatamente se transformou em uma sombra e deslizou sobre as antigas tábuas de madeira, que há muito tempo estavam cobertas de musgo marrom e vinhas salientes e espinhosas.

Para ser honesto, ele teria preferido se mover pelo navio como um humano. Sunny sabia que ia inalar pelo menos algum veneno enquanto lutava contra o ser que habitava o porão de carga, então ter algum tempo para se acostumar com o efeito debilitante da toxina era melhor do que passar por esse processo no meio da batalha.

Mas ele não podia arriscar ser notado muito cedo. A batalha inteira deveria terminar em apenas alguns momentos, afinal… infelizmente, Sunny tinha pouca esperança de que tudo fosse correr conforme o planejado.

Suas experiências anteriores haviam ensinado a ele que muito poucas coisas realmente ocorriam como planejado.

Recordando o caminho que havia percorrido durante a caçada às moedas de Noctis, Sunny deslizou pelos corredores estreitos. Desta vez, eles eram muito diferentes do que eram antes… afinal, o monstro estava completamente acordado agora.

As vinhas que se espalhavam pelo naufrágio antigo pulsavam e se moviam, lançando nuvens de névoa mortal. O ar estava turvo e cheio de sons perturbadores de algo se movendo além das divisórias de madeira. Era como se Sunny estivesse dentro de um gigante organismo vivo.

Uma célula de vírus que invadiu o naufrágio antigo para matar seu hospedeiro.

…Felizmente, na maior parte, eram principalmente as raízes das vinhas vis. As partes que realmente eram móveis e perigosas estavam longe, atualmente matando a coorte dos Guardiões do Fogo.

Subitamente sombrio, Sunny aumentou sua velocidade e logo chegou aos portões do porão de carga, que estavam dobrados para fora, como se estivessem se esforçando para conter algo que pressionava do outro lado.

Ele conseguia sentir o vasto espaço além do portão e uma sombra massiva da criatura no centro, sua forma expandindo e contraindo ritmicamente, como se estivesse respirando. A cada contração, uma onda de vento quente soprava pelos restos do navio voador.

Ele hesitou por uma fração de segundo e depois reuniu sua determinação.

Não havia tempo a perder.

Gastando uma pequena fração de sua essência para atravessar as sombras mais uma vez, Sunny apareceu no porão de carga… e congelou, ligeiramente atordoado pela terrível visão do Monstro Corrompido.

‘O que… que diabos… é isso?’

O porão de carga era muito grande e preenchido quase que completamente por vinhas espessas e marrons que se estendiam para fora e desapareciam nas brechas da madeira antiga. Todas elas se originavam de uma única fonte… uma vasta massa pulsante de musgo no centro.

No coração da massa, no entanto…

Havia a forma de um humano, com seu corpo torcido em uma terrível convulsão. Sunny não conseguia dizer se o humano era homem ou mulher, vivo ou morto, mas ele tinha certeza de uma coisa… as vinhas que se espalhavam por toda a ilha vinham de dentro da carne daquela criatura.

Elas cresciam a partir da boca do cadáver abominável, dos ouvidos, perfuravam o peito e o abdômen, serpenteavam por debaixo da pele dos braços e pernas. A visão disso era ao mesmo tempo aterrorizante e repugnante, mas, acima de tudo, era… horrendamente errada.

Era como se as vinhas tivessem explodido uma vez a partir do corpo do humano antigo, matando-o, mas também de alguma forma o mantendo vivo e respirando. E enquanto o humano respirasse, as vinhas continuariam a existir e a crescer, absorvendo lentamente o navio antigo, o vale além, toda a Ilha do Naufrágio e, um dia… quem sabe?

‘Aquilo… aquilo é a coisa que eu preciso matar?’

Sunny tinha visto muitos horrores em sua vida e matado sua parcela justa deles, mas não importava o quão experiente e poderoso ele se tornasse, havia coisas que os humanos simplesmente não eram destinados a contemplar calmamente. Encarando a criatura horrenda presa no porão de carga do navio voador, Sunny não perdeu sua compostura ou resolução… mas não pôde deixar de sentir um profundo e gelado medo.

O medo, no entanto, era um convidado bem-vindo… o medo dizia a ele que ainda estava são e tinha alguma medida de humanidade em sua alma. Enquanto Sunny não se rendesse ao medo, estava tudo bem sentir isso de vez em quando.

‘Um golpe… chegar perto, sair das sombras e enfiar a Visão Cruel em seu peito. A chama divina fará o resto.’

Tomando coragem, ele começou a deslizar para frente, tentando atravessar o vasto porão de carga o mais rápido possível.

No entanto, o plano deu errado apenas um momento depois.

Porque assim que Sunny se moveu e muito antes de conseguir chegar perto da terrível criatura, o cadáver de repente abriu os olhos.

Esses olhos estavam vazios, mortos e tão escuros quanto o abismo do Céu Abaixo.

… E eles estavam olhando diretamente para ele, como se a criatura pudesse facilmente perfurar o véu de escuridão e separar a sombra intrusa de todas as outras.

Sunny estava encurralado.

‘N—não pode ser…’

Ele congelou por uma fração de segundo, atordoado pelo fato de que o incrível aumento de furtividade de seu Aspecto foi quebrado com tanta facilidade.

E então, tudo desmoronou.

O primeiro pensamento de Sunny foi recuar e correr o mais rápido que pudesse. Afinal, ele era atualmente uma sombra… e até onde sabia, vinhas espinhosas e veneno não eram capazes de ferir uma sombra.

Mas se ele fizesse isso, os Guardiões do Fogo morreriam.

E mais do que isso, ele estava determinado a matar essa coisa. Ele queria os fragmentos de sombra dela, sua Memória — se houvesse uma — e seus segredos. A terrível criatura precisava morrer para que seus planos prosseguissem sem problemas, para que seu desafio ao Segundo Pesadelo tivesse a maior chance possível de sucesso.

Então, ele não correu.

Em vez disso, Sunny avançou rapidamente, voando em direção à massa pulsante de musgo marrom e vinhas com toda a velocidade que conseguia reunir. Levaria apenas um segundo para alcançar o cadáver horrendo, desde que simplesmente passar pelas sombras bastasse.

No entanto, o anfitrião do naufrágio antigo não permaneceu ocioso.

Inúmeras vinhas se espalhando pelo chão e pelas paredes do porão de carga de repente avançaram, expelindo nuvens de veneno, e mais emergiram da carne despedaçada da criatura antiga.

No entanto, essas vinhas não dispararam contra Sunny em uma tentativa fútil de pegar uma sombra.

Em vez disso, elas voaram para cima, rasgando o casco do navio.

A luz do sol brilhante inundou a ampla abertura, e, ao banir as sombras que povoavam o porão de carga, Sunny foi expulso subitamente de seu abraço seguro, rolando no chão enquanto os espinhos afiados das vinhas mordiam sua carne através do tecido do Manto do Titereiro.

Seus pensamentos estavam em um estado de pânico momentâneo.

‘…Não é bom!’