Eu fechei o diário que o Grande Sábio Inaizu deixou para trás e voltei meus olhos para todas a meu redor.
Todas tinham expressões confusas em seus rostos.
Sei como elas se sentem porque eu também sentia o mesmo.
Porque ninguém jamais teria imaginado que o Grande Sábio fosse alguém com tal carreira.
É claro que todos pensariam que ele teria uma vida mais chamativa, mas acontece que a realidade se provou bastante triste.
Apesar de desejar poder anima-lo, a pessoa em questão não está mais neste mundo.
Se há uma vida após a morte, espero que ele continue saudável.
Contudo, agora sabemos a localização do grimório da magia suprema.
Ao que tudo indica, ele está no porão da mansão.
Mas me lembro que não havia nenhum porão quando investigamos mais cedo.
Com o fato de que não conseguimos encontra-lo por meios normais, poderia ser que há um truque para encontra-lo?
Por que livros de feitiços ou outros itens preciosos sempre têm que ser escondidos de forma tão complicada? Eles não podem apenas ser escondidos em um lugar mais fácil para serem encontrados?
Quando disse isso, Kagane suspirou longamente. Era mesmo necessário que ela pregasse para mim sobre a beleza estilística por trás disso? Bem, isso já acabou.
Beleza estilística o caramba…
Em geral, não é mais importante manter coisas importantes ao alcance do braço? O porquê eles se incomodam em esconder essas coisas de uma maneira tão problemática é demais para mim…
Não podia entender isso já que me faltavam coisas preciosas como essa.
Desde que tenha minhas esposas comigo, estará tudo bem.
De qualquer forma, agora sabemos que o grimório realmente existiu.
Vamos apenas tentar encontrar o caminho para o porão.
—… nós simplesmente não podemos encontra-lo.
Floyd murmurou.
No momento, estamos procurando por uma forma de acessar o porão no primeiro andar.
Como isso levaria um tempo, nos separamos em grupos para procurar.
Se eu escolhesse qualquer uma de minhas esposas para me acompanhar, as outras iriam reclamar, então acabei procurando com Floyd e Siros-san. Minhas esposas foram separadas em grupos de quatro e nós em um grupo de três homens e mais um.
Com Meru, que estava sentada em minha cabeça, procuramos em cada quarto da mansão.
Eu decidi não deixar as Deusas se manifestarem para ajudar a procurar porque Siros-san ainda não estava familiar com nossas circunstâncias.
— Certo. Eu não acho que está neste quarto.
Eu respondi ao murmurou de Floyd.
Na realidade, parecia não haver nada neste quarto.
Nós também ouvimos que outros grupos não encontraram nada.
Então onde está?
No mínimo, espero que haja mais alguma pista.
— … eu examinei o local mais uma vez. Não há nada que pareça algo com o que estamos procurando em lugar nenhum.
— Isto é perturbador. Se soubéssemos com certeza em que quarto ela está, poderíamos fazer alguma coisa. Destruir o andar aleatoriamente só para encontrar o porão não faria nenhum bem.
Floyd e Siros pensaram com rostos apreensivos enquanto continuavam procurando.
Eu também continuei procurando, mas pensei o mesmo.
Incapaz de encontrar qualquer coisa, eu abri o diário do Grande Sábio mais uma vez, esperando que houvesse uma dica que deixei passar.
Enquanto lia o diário, Floyd e Siros-san continuaram a procurar enquanto falavam.
— A propósito, posso ver que você ainda é muito jovem, mas já é um membro “★5” da guilda das livrarias?
— Isso mesmo. Eu só trabalhei duro. Afinal, eu amo tanto livros que não poderia parar de trabalhar assim que comecei.
— Não poderia parar, hã? Acredito que você também ama o cheiro de papel e tinta?
— Também há isso. Eu gosto dos livros como eles são, mas esses outros fatores também ajudam.
— Hoho, entendo.
— Mas após trabalhar neste ramo por tanto tempo, ainda sofro com dores na região lombar de vez em quando.
— Esse trabalho é mesmo tão difícil?
— Sim. Isso não acontece todos os dias, mas coisas como: “Uau, isto é ruim…”, acontecem algumas vezes. Apesar de um livro ser geralmente leve, cuidar de muitos de uma vez é diferente, já que não podemos ser violentos demais e temos que ter cuidado quando lidamos com eles.
… o que diabos esses dois estão falando?
Isso me fazia querer dizer a eles para procurarem com mais atenção, mas como eu já estava ocupado com minha procura, escolhi não fazer isso.
— Portanto, cuidado é necessário… isso é mesmo um problema. A propósito, tem uma coisa que desperta meu interesse.
— O que é? Se for algo sobre livrarias, você pode me perguntar qualquer coisa.
— Não, não é sobre livrarias, ou melhor, é sobre o comportamento do próprio Siros-san.
— Meu próprio comportamento?
— Sim. Por exemplo, por que você se refere a gerente com “-sama”?
Oops, ele fez isso.
Isto é algo que eu também precisava ouvir…
— Ah, quanto a isso. Essa não é uma pergunta difícil. Como posso explicar? Falando de modo simples… ela é como uma ditadora. A pessoa que pode ser chamada de governante na livraria onde estou trabalhando, cujo conhecimento a respeito de livros é vasto e detalhado. Não há muitas pessoas no mundo que podem obter o “★ 8”, sem mencionar o “★ Especial”. É como se ela fosse uma existência suprema no mundo dos livros.
— Ho! Então ela é esse tipo de pessoa.
— Sim. Eu tenho problemas algumas vezes, mas isso é por necessidade. Quando a gerente não está trabalhando, ela é muito animada e tem uma personalidade fofa.
— Entendo… em outras palavras, você gosta dela?
Garagashaaa! O som ecoou pela sala.
Removendo meus olhos da leitura do diário e me virando para a fonte do som, vi Siros-san com seus olhos girando fora de controle, ao que parecia, ele derrubou algo que estava segurando em sua mão.
Ele estava completamente estupefato.
Ooi! Floyd, por que você perguntou uma coisa dessas!?
— Qu-qu-qu-quê… por que você está me perguntando isso tão de repente!? Ahahaha! É claro que não! É-é claro que esse não é o caso!
Siros-san. Não adianta. A verdade foi totalmente revelada.
O que isso significa… até aqueles que trabalham em livrarias podem ter esse tipo de sentimento?
É claro! Apesar de ele ser uma pessoa desconhecida, não é de se admirar que todas estavam bem com ele.
Era por isso que todas olharam para ele com olhos gentis… talvez.
Contudo, Siros-san estava muito aborrecido.
Eu ouvi isso, mas talvez não devesse ter ouvido, de qualquer forma, me sinto mal por ele.
— Ah! O clima hoje está mesmo bom.
Siros-san, Siros-san, o Sol está se pondo e já estamos no entardecer; sem mencionar que do lado de fora está nublado.
— Oya? Está nublado do lado de fora… bom, me conte mais sobre seu relacionamento com esta sua gerente.
Pare! Pare já com isso! Não o force mais Floyd!
É óbvio pelo estado de Siros-san!
Esse é um estado que você não deve ficar cutucando!
Talvez, se você mexer mais, você pisará em uma mina!
Não faça isso! Só deixe disso até as emoções dele se acalmarem.
Tenho que fazer algo com isto antes que ele cause algum mal, e preciso fazer agora mesmo!
— Morraaaaaaaaaaaaa!!!
Eu atirei o livro que tinha em minha mão.
… droga. Era o diário do Grande Sábio.
— Ha! Eu sinto intenção assassina!
Floyd desviou do diário do Grande Sábio que voou contra ele.
Você não poderia morrer apenas com isso, poderia?
O livro, que errou Floyd, se encaixou dentro de um espaço vazio na estante de livros.
Nesse momento, um som fraco de clique pôde ser ouvido e a estante se moveu para o lado, revelando um lance de escadas que levava para o que parecia ser o subterrâneo.
— …
— …
— …
Até Floyd estava espantado com isto; todos no quarto só podiam olhar em silêncio.
Quem iria imaginar que tentar machucá-lo nos traria boa sorte…
— Está mesmo aqui. Sendo sincero, pensei que a única forma que nos restava era destruir o chão com magia.
— Como esperado de nosso marido.
— Entendo. Então o diário era a chave.
— O que você quer dizer?
— … por favor, explique.
— É bastante simples. Agora que o verifiquei, o diário carrega uma quantidade mínima de magia, o que provavelmente desempenha o papel de mover a estante de livros. O próprio diário é uma forma de ferramenta mágica.
— Ho. E pensar que ele fez de seu próprio diário uma ferramenta mágica. Combina perfeitamente com um Grande Sábio.
Após as escadas para o porão aparecerem, reuni minhas esposas.
Meru já estava sentada na minha cabeça desde o início. Não havia o que fazer, já que ela ainda é apenas uma criança.
Dormir… dragões crescem enquanto dormem.
Contudo, vai ser complicado manter ela em minha cabeça se ela continuar crescendo…
Sem mencionar que será problemático, e também parecerá esquisito.
Ela não pode ficar menor usando magia?
Da próxima vez, devo considerar investigar isso.
Meu sonhar acordado foi interrompido por Sarona falando.
— Mas, de qualquer modo, você encontrou a entrada. Normalmente, nem mesmo eu encontraria algo como isso. Como você a encontrou?
Para essa pergunta, só pude murmurar de forma incompreensível.
Não podia apenas dizer as circunstâncias por trás da situação como se não fosse nada demais.
Floyd também reconheceu a situação e escolheu ficar em silêncio, enquanto Siros-san estava olhando para fora pela janela.
Está tudo bem, vamos manter o segredo só entre nós três.
— É que… como posso explicar? Ah, é isso! Eu e Floyd trabalhamos juntos para encontrá-la, foi por isso que tudo correu tão bem…
— De fato. Isso pode mesmo ser considerado o resultado de uma colaboração entre mim e Wazu-sama.
— Por algum motivo, isso soou absurdo…
Como eu não poderia dizer mais nada sobre isso, eu apenas mudei de assunto, — Calma, calma, pelo menos tudo terminou bem. — E assim, Floyd, Siros-san, eu e minhas esposas descemos para o porão.
O porão não era tão amplo como pensei.
No máximo, ele tinha quase o tamanho para duas salas de estar comuns.
Magia ainda estava trabalhando no porão, vendo como tudo parecia limpo. Muitos itens diversos estavam espalhados por todo o chão, a mesa e a parede.
Talvez porque isso fosse o resultado de uma das pesquisas do sábio, havia uma espada com aparência terrível apoiada na parede, e também um frasco contendo o que pensei ser um líquido venenoso na mesa.
Na verdade, aquele líquido com aparência de veneno parecia delicioso para mim.
E, no meio da parede no fundo do porão, estava o grimório.
Um diagrama mágico estava desenhado no chão, e… o livro estava dentro de uma esfera transparente feita de magia.
Esse é o livro onde a magia primordial está escrita?
Algo estava escrito no quadro de madeira que estava ao lado dele.
— … “Aqueles que não são qualificados devem ficar longe”.
Isso era o que estava escrito no quadro.
De acordo com isso, ao que parecia, apenas aqueles que eram qualificados podiam pegar o livro.
Contudo, não havia nenhum registro sobre qualificação no diário. Isso foi adicionado mais tarde?
Mas se alguém é ou não qualificado, com certeza, apenas poucos seriam capazes de usar a magia suprema que o grande sábio deixou para trás.
Espero que um de nós esteja apto…
Bem, vamos descobrir se tocarmos a esfera um por um.
Eu assenti com a cabeça para todos, que responderam com um aceno de cabeça.
Eu segui em frente e tentei tocar o grimório, mas a esfera transparente afastou minha mão.
— Você está bem!?!?
— Você está bem!?!?
— Você está bem!?!?
— Você está bem!?!?
— Você está bem!?!?
— Você está bem!?!?
— Você está bem!?!?
— Sim, está tudo bem. Nada foi arranhado. Foi como uma travessura de criança para mim.
Minhas esposas pareciam ansiosas, então vamos apenas apreciar isso.
Percebi após toca-la que a esfera age como um tipo de barreira que julga a qualificação, e eu não estava capacitado.
Não me sinto particularmente mal com isso, já que acho possível obter isso mesmo assim.
Se eu usasse o poder divino, tal barreira seria apenas uma brincadeira de criança.
Eu poderia retirar a barreira à força, mas o grande sábio pode ter colocado algo com antecedência no caso de algo como isso acontecer, então vamos deixar essa opção como um último recurso.
Aliás, ainda há mais nove pessoas além de mim.
Deve ter alguém entre nós que atende a qualificação do grande sábio.
Não será tarde demais forçar a barreira a se abrir após tentarmos todos os demais antes.
— Não pareço ser qualificado.
Ao mesmo tempo, me afastei do grimório.
Como se soubessem o que deveria ser feito a seguir, minhas esposas, uma a uma, tentaram toca o grimório, mas todas foram rejeitadas pela esfera.
Uuuumu. Acho que isto não está indo bem.
O próximo é Floyd.
Ele tentou com um sorriso em seu rosto, como sempre, mas acabou sendo rejeitado.
O que há com esta coisa? Ela continua nos rejeitando a torto e a direito.
O que em nome de Deus é o requisito para cumprir a qualificação do grande sábio?
E por fim, Siros-san fez sua tentativa.
Como ele viu o que aconteceu conosco, ele tentou tocar o grimório com muito cuidado.
Então, antes que percebesse, a mão de Siros-san atravessou a barreira e agarrou o livro.
O rosto de Siros-san mostrou que ele estava muito surpreso, mas o mesmo valia para todos nós.
Eu deveria aplaudi-lo por isso? Enquanto eu pensava, Floyd já tinha me ultrapassado ao dar a Siros-san um aplauso completo ao dizer: — Parabéns.
Considerando isso uma deixa, todos nós aplaudimos.
— Muito obrigado. É graças a cooperação de todos vocês que fui capaz de obter este grimório.
Siros-san sorriu envergonhado.
Os elogios continuaram por um tempo e assim que isso acabou, perguntei a Siros-san.
— Então, o que exatamente é a magia que está escrita aí?
— Certo. Vou verificar isso agora mesmo.
Dizendo isso, Siros-san abriu o livro e começou a ler.
Boooom!
— Coff! Coff!
— Você está bem? Qual o problema?
— Você está bem? Qual o problema?
— Você está bem? Qual o problema?
— Você está bem? Qual o problema?
— Você está bem? Qual o problema?
— Você está bem? Qual o problema?
— Você está bem? Qual o problema?
Assim que Siros-san leu as palavras… eu literalmente explodi. Mas foi apenas eu quem explodiu.
Uma explosão aconteceu, apesar de não chegar ao ponto em que danificaria seus arredores.
Seja porque o poder foi baixo ou minha resistência era alta demais, eu não fui nem mesmo arranhado, mas meu corpo ainda estava coberto por fuligem preta.
Eu nem sabia o que diabos tinha acontecido.
E não sabia o porquê isso aconteceu apenas comigo.
Após tranquilizar minhas esposas dizendo que estava tudo bem, eu, ainda coberto pela fuligem preta, fiz uma pergunta a Siros-san, que ainda segurava o livro.
— … o que foi que acabou de acontecer?
— … err… espere um segundo, permita-me pedir desculpas primeiro. Eu sinto muito. Aparentemente, esta magia irá se ativar de forma automática se você ler o feitiço enquanto segura o grimório… parece que ela irá detonar qualquer um que atenda certas condições de forma indiscriminada.
— … certas condições?
— Sim… ermm, isso mesmo. Por que Wazu-san e Floyd não leem o grimório para entenderem melhor essas condições?
Eu e Floyd? Então vai ser uma equipe apenas de homens?
Dando uma olhada em Floyd, eu fui até Siros-san após acalmar minhas esposas.
Ele abriu o grimório, assim, eu e Floyd poderíamos ver o conteúdo.
Uma sentença estava escrita no grimório:
“Aqui eu deixo para trás a magia primordial que custou o resto de minha vida para ser criada. A qualificação para usá-la é: ‘um homem sem nenhuma experiência com mulheres’, uma pessoa que, sem sombra de dúvidas, ainda é um homem puro. Ela nunca poderá ser usada por mais ninguém. Se o usuário quebrar a condição acima, ele será informado que não mais é qualificado. A magia será ativada automaticamente se você recitar o feitiço escrito neste livro. O efeito é que um elemento específico irá explodir. Todos os alvos identificados dentro do alcance de efeito, que tem um raio de cinco metros com o grimório como seu centro. O alvo válido e aqueles não qualificados para usar o feitiço são as ‘pessoas satisfeitas’. A seguir, o feitiço a ser invocado é: ‘Ó Deus, atenda minha súplica, nosso inimigo riajuu[1] pode apenas explodir’. Por fim… para a pessoa qualificada. Com esta magia, por favor, mostre o peso de nosso sofrimento (inveja) ao ver esses ‘homens satisfeitos’ para o mundo. … essa é minha última esperança. Grande Sábio Inaizu.”
…
…
— Floyd, sele isto.
— Sim!
Seguindo minha ordem, Floyd usou seu poder divino para selar a magia contida no grimório.
Siros-san também parecia não ter objeções, já que entregou o livro para Floyd.
Mas, que diabos…
Por que você criaria tal magia? Ei, grande sábio?
O que tornava isso ainda mais aterrorizante era a obsessão dele em criar esta magia.
Ele não conseguiu superar… a vez em que foi enganado naquela taberna.
— Para até mesmo selá-la, que tipo de magia era essa?
Sarona, que estava nos observando, fez essa pergunta.
Certo, como vou explicar isso…
Para ser sincero, era difícil dizer, mesmo eu também sendo um homem.
Não sei nem dizer se isso era mesmo uma magia suprema.
— Err…
Em resumo, enquanto deixava Floyd selá-la, voltei para minhas esposas e expliquei mais ou menos que tipo de magia o grande sábio Inaizu criou.
Minhas esposas entenderam o cerne da questão e não pareceram ser contra o selamento.
Contudo, Kagane, que aparentemente enxergou tudo, murmurou: — Não importa para que mundo você vai, não importa que tipo de pessoa exista, sempre haverá algo desse tipo…
Após passarmos a noite na mansão, partimos no dia seguinte, já que não havia mais nada para fazer no local.
A magia primordial que o grande sábio Inaizu deixou para trás foi selada.
Apesar de ainda ser possível ler o que estava escrito naquele grimório, Floyd fez com que a magia não se ativasse mais.
Eu pensei em queimar tudo, mas então fui lembrado de que Siros-san estava procurando por este livro para sua gerente.
Não sei se uma mulher pode usá-lo, mas mesmo que ela acabe sendo incapaz de usar o livro, acho que está tudo bem entrega-lo.
Aliás, só estávamos ajudando Siros-san, então era melhor não interferimos mais.
A explicação sobre o porquê a magia não poder ser usada foi deixada para Siros-san.
— … bom, a gerente-sama é uma bibliófila[2], então acho que está tudo bem usar isso como um companheiro de leitura.
Dizendo isso, Siros-san guardou o grimório junto ao diário do grande sábio.
Como não tenho nenhum uso para o diário além de lê-lo de novo, eu o entreguei para o bibliotecário.
— Muito bem, estou verdadeiramente agradecido pela assistência que me deram. Para ser honesto, não acho que teria sido possível se eu estivesse sozinho. Talvez eu deva dar a vocês uma recompensa? Mas, infelizmente, não tenho nada grande o bastante preparado no momento.
— Não me importo. Já que isso não interferiu com nossa rota de viagem e foi divertido.
— Eu aprecio muito isso. Mas posso te prometer que se você visitar nossa livraria no futuro, vamos lhe servir da melhor forma possível.
— Ee. Vou esperar ansioso por isso.
Siros-san e eu apertamos as mãos com um sorriso em nossos rostos.
Enquanto isso, minhas esposas atrás de mim estavam engajadas em uma discussão acalorada sobre que tipo de livros de contos elas deviam comprar para nossos futuros filhos.
… vocês não estão indo rápido demais?
— Muitíssimo obrigado. Vou aguardar com expectativa por sua visita.
Após apertar a mão de Floyd, Siros-san se despediu e partiu.
Eu observei sua figura desaparecendo ao longe, então me voltei para minhas esposas.
— Já sei. Livros ilustrados que descrevem a beleza da natureza não seriam o melhor?
— Livros românticos para deixar as crianças gentis e amáveis.
— Um livro ilustrado com uma princesa fofa também é bom, não é?
— Não, crescer com livros ilustrados retratando batalhas será melhor.
— … uma história heroica. Não negociável.
— Sobre bruxos! Ou sobre pessoas reencarnadas! Não, amor entre irmãos!
— Não será bom crescer com livros ilustrados sobre homens-fera?
… isso ainda vai continuar? Isso ainda não acabou? Siros-san.
Enquanto acariciava Meru, que estava em minha cabeça, eu suspirei.
— Vamos indoooo!
Minhas esposas pararam de discutir assim que gritei e elas instantaneamente tomaram suas posições (se preparando para a partida de pedra, papel e tesoura) para decidir quem iria caminhar comigo.
Até as vencedoras estarem decididas, brinquei com Meru e entrei em uma breve discussão com Floyd a respeito do Grande Sábio Inaizu.
E após algum tempo…
Com Sarona se agarrando a meu braço esquerdo e Naminissa no meu direito, continuamos nossa lua-de-mel.
Nota do autor (Nahaato)
Obrigado por ler até agora.
Não sei quando será, mas estive pensando sobre os eventos posteriores pouco a pouco, ficarei contente se você puder lê-los até o fim.
Notas:
[1] Riajuu é uma pessoa bem-sucedida ou realizada. É uma expressão normalmente usada por Otakus para demonstrar sua inveja por casais.
[2] A bibliofilia, segundo o verbete de Aurélio Buarque de Holanda, consiste na arte de colecionar livros, tendo em vista circunstâncias especiais ligadas à sua publicação. Popularmente, denominamos de “bibliófilo” aquele que costumar ler com muita frequência. O historiador português João José Alves Dias define um bibliófilo simplesmente como “aquele que ama os livros”. Não se deve confundir a bibliofilia com a bibliomania, que consiste em uma desordem obsessivo-compulsiva em que a pessoa passa a adquirir livros desenfreadamente, não necessariamente com intenção de lê-los, trazendo complicações para sua vida.