Participe do nosso grupo no Telegram https://t.me/+hWBjSu3JuOE2NDQx
Considere fazer uma Doação e contribua para que o site permaneça ativo, acesse a Página de Doação.

SSS-Class Suicide Hunter – Capítulo 202

Dragão Negro (1)

Nós fomos para o coração do Mundo dos Sonhos.

— Hahah! Venham, adorem esta Imperatriz!

Atrás de nós, a succubus, que ainda estava imitando a Dama da Seda Dourada, balançou os quadris, mas tentamos ignorá-la enquanto passávamos. Ninguém do nosso grupo queria se envolver com aquilo.

Depois de caminhar por vários minutos, chegamos diante de uma cena estranha. Primeiro de tudo, o céu acima das nossas cabeças tinha se tornado bastante esquisito.

“A lua… tem olhos, meu senhor.”

“Eu sei.”

A lua piscou. Como a Fantasma Faminta disse, a lua cheia possuía olhos. E vermelhos. Estes, de tom carmesim, estavam olhando para nós.

“Vai soar estranho, mas esses olhos são bonitos. Me fazem querer encará-los o tempo todo.” Por alguma razão o meu coração estava palpitando no peito.

A expressão da Fantasma mudou um pouco ao ver a minha reação.

“Hm, uhum. Acho que isso está sendo influenciado pelo subconsciente do senhor. Talvez a lua esteja copiando os olhos da minha senhora….

“Heh? É isso?” Parando pra pensar, pareciam mesmo os olhos da Raviel.

Não dava pra acreditar que uma lua tinha quase roubado o meu coração usando os olhos da minha mulher. Como esperado da minha Duquesa. Da cabeça aos pés, não havia uma parte dela que não fosse sedutora.

A próxima cena que encontramos veio do meu acompanhante.

“Hmm.” Debaixo do céu que nos observava com seus olhos vermelhos, um campo de trigo amarelo se estendia. Nele, fazendeiros capinavam o solo com as suas costas abaixadas.

“………” O rosto do espectro ao meu lado se tornou visivelmente rígido.

Percebi logo o que estava sendo copiado.

“Essa é a vila da Estelle.”

“Sim. É isso mesmo.”

Essa vila tinha sido devastada pelo Império Aegim e as forças aliadas. E esse era o campo de trigo daquela criança que vi nos traumas da Fantasma Faminta.

— Espírito! Espírito!

Alguma coisa estava deitada no chão colorido de amarelo. Uma besta gigante, que tinha pelos azuis. Era um lobo, pra ser preciso. Ele abriu os seus olhos para ver as crianças que se aproximavam.

— Temos um presente pra você!

— Pegamos só as bonitas pra te fazer isso! — Os pequenos da vila ergueram a coroa de flores que tinham feito para o animal.

Entretanto, a cabeça do lobo era grande demais para caber aquilo. As crianças ficaram sem saber o que fazer por um momento antes de decidirem pendurar o ornamento em uma das orelhas da besta. E foi assim que o lobo ganhou um brinco de flores.

— Grrrrr — Aparentemente satisfeito, ele levou as crianças nas suas costas.


A brisa corria, balançando os trigos do campo e carregando a risada das crianças. O som de riso preenchia o vento com felicidade.

“Essa besta é….”

“Meu sonho.” A Fantasma murmurou. “Se eu não tivesse comido Estellle ou me tornado humano e continuado a ser um lobo… isso podia ter acontecido. Então, eu não teria sido reverenciada como uma santa, nem sido amaldiçoada como uma bruxa depois de ter me tornado Estelle. E a vila não teria sido destruída pelo fogo.”

A voz do espectro estava serena. “Isso é besteira.” Calmamente, ela segurou a bainha da sua espada. “Se eu não tivesse devorado um humano, não teria sido capaz de compreender o coração humano. Sou parte de uma raça que apenas entende a presa que consome e digere. Se eu não tivesse a devorado, não teria ganho desejos humanos. Essa cena está cheia de contradições.”

Então, o Fantasma Faminto começou a caminhar no campo de trigo.

O lobo, que ainda estava carregando as crianças, parou os seus passos. Eles entraram em um confronto silencioso. O doppelganger olhava para a sua cópia com olhos frios.

“Pare.” Ela retirou a sua espada e atacou.

Assim que foi cortado pela espada, o lobo derreteu em tinta rosa. Até mesmo as crianças que estavam nas suas costas, os fazendeiros trabalhando e os moradores da vila no fundo, todos derreteram em um instante.

“Nossa…” A única coisa que restou foi o espectro debaixo da lua vermelha.

Lentamente, ela virou a cabeça e olhou para mim. “Vamos continuar, meu senhor.”

“Você é dura. De uma forma ou de outra, essa cena representava a sua felicidade. “

“Com todo respeito, a minha vida não é tão vã a ponto de eu estar interessada em uma contradição tão desilusória. Minhas memórias de quando devorei a carne e bebi o sangue da Estella ainda estão frescas na minha mente, como eu poderia sonhar com qualquer outra coisa?”

Concordei com a cabeça. “Sim, você está certa.”

Continuamos a nossa jornada.

No caminho, encontramos os sonhos dos membros do culto e até mesmo de Uburka. O ele do mundo dos sonhos me esmagou enquanto gritava “Ugor!”. Parece que, já que o goblin também estava em contato com os Demônios dos Sonhos, a sua mente estava sendo refletida naquele mundo como as dos outros.

“O centro ainda está muito longe?”

“Não. Estamos quase chegando.” O Fantasma chutou Uburka para o lado e apontou para frente. “Posso sentir uma presença similar a de uma constelação vindo dali.”

Era um lugar cercado por cercas de ferro e coberto de arame farpado. Um Demônio estava sentado em cima dessa cerca. Ele inclinou a cabeça para o lado e soltou um ‘heh’ ao nos ver.

— Vocês conseguiram manter a sanidade dentro desse lugar. Que estranho.

A face da succubus era familiar. Ela parecia bem menor e frágil, mas ainda consegui distinguir de quem era a imagem.

“Mestre Dragão Negro?”

— Uhum. Esse é o nome desse humano. — Ela parecia ter em torno de sete a oito anos. A Mestra Dragão muito jovem ficou de pé. — Não temos um rosto próprio, então irei pegar emprestado a face de um animal para que possamos  conversar. Essa criança é a única que você está disposto a falar com calma, mesmo que tenha sentimentos por eles.

“O que quer dizer?”

— Que você não é controlado pelas suas emoções, nada demais.

Ela olhou por cima do meu ombro. Para Yoo Soo-ha, o Fantasma Faminto, a Dama da Sede Dourada, os quatro Lordes Demônios e os membros do culto que me seguiam.

— Tem bastante convidados, mas não tenho chá pra servir. Me desculpem, mas espero que possam entender a minha situação. Por que trouxe tantas tropas para um pobre lugar e sem nada pra pilhar como esse?

“É você, não a gente, que está tentando saquear as coisas. Não acha? Afinal, vocês cruzaram o oceano pra invadir o continente.”

— É natural para bestas selvagens se tornarem ferozes ao sentir cheiro de sangue.

“Nessa linha, também é natural para o forte bater no mais fraco, então seria mais sábio da sua parte me ouvir..”

— Que medo.

“Quer ficar ainda mais assustada?”

Houve um estrondo quando me aproximei ainda mais dela com o exército atrás de mim. “Acho que está me subestimando só porque força bruta não funciona muito aqui…”

— Humpf. E daí?

“Se o diálogo não funciona com você, então não teremos escolhas a não ser usar outros métodos.”

— Mas que interessante. — A jovem succubus sorriu. — Ficaria grata se pudesse me dizer de que métodos estamos falando.

“Tenho uma habilidade que me permite trazer os mortos de volta à vida. Irei matá-la e trazê-la de volta.”

Eu invoquei a carta [Centenas de Fantasmas Encarnados]. O cartão dourado brilhou acima da minha cabeça.

“Aqueles que são mortos pela minha mão são forçados a obedecer às minhas ordens depois de reviver. Não seria difícil pra mim subjugar todos os demônios do sonho desse jeito.”

Fui recebido com silêncio.

“Acha que estou blefando?” Olhei dentro dos seus olhos. Eu já tinha acabado com os [Evangelistas da Felicidade Eterna] antes, e não tive problemas quanto a isso.

O sorriso da succubus desapareceu do canto da boca.

— Não… não tenho dúvidas sobre a sua sinceridade, porque você, o Rei da Morte, é uma pessoa assustadora. — Também me encarando sem desviar o olhar, ela balançou a cabeça. — É uma pena.

“Uma pena? Do que está falando?”

— Exatamente isso. Mas esse sentimento não é meu; pertence ao dono desse corpo. Afinal, o jeito que você está tentando nos persuadir é baseado na lógica da força.

De repente, ouvimos tiros vindo do outro lado da cerca.

“Meu senhor!”

“Jovem Mestre do Culto!”

O Fantasma Faminto e os Quatro Lordes Demónio me cercaram em um instante, mas não havia nada de errado comigo. Não parecia que eles tinham sido feridos também. A succubus riu da nossa agitação.

— Não se preocupem. Por definição, aqui também é um sonho.

Tiros continuaram a rolar do outro lado da cerca. Quando olhei naquela direção, pude ver um homem e uma criança correndo, como se estivessem sendo perseguidos por alguma coisa.

— O quão profundamente as marcas de uma única experiência podem penetrar em vocês? Quanto mais aprendo, mais surpresa me torno.

O homem continuava a olhar para trás enquanto cobria o corpo da criança com o seu, como se não quisesse que o outro olhasse também.

— Nunca olhe para trás, entendeu?

— Aham.

Foi ouvindo a voz da criança que percebi.

Aquela era a Mestra Dragão Negro quando jovem.

Os dois tinham manchas no corpo e as suas roupas estavam velhas. Água suja tinha encharcado a ponta das suas roupas e as deixado rígidas. Com passos pesados, o par continuou a correr.

[Quando eu tinha sete anos.] Me lembrei da história que a Mestra Dragão tinha me contado no passado. [No mundo exterior, meu pai morreu em uma guerra civil.]

Havia uma abertura pequena na cerca de ferro. O homem empurrou a garotinha através da passagem primeiro. Os tiros estavam cada vez mais se aproximando.

[Eu estava fugindo com os meus pais, e os soldados nos perseguiam. O meu pai ficou pra trás.]

A criança gritou ao passar pelo buraco: — Pai! Pai….

— Não olhe pra trás! Vá na frente! Estarei te seguindo! — O homem a empurrou novamente, e mesmo gritando, a criança obedeceu às suas palavras e se moveu dali.

[Eu continuei a correr sem olhar para trás.]

Depois disso, o homem desapareceu das memórias da Dragão Negro. Entretanto, por fim, ouvi algo caindo atrás dela. E então, a cerca de arames também desapareceu.

Eu podia adivinhar do que aquele som se tratava.

O homem deve ter tentado subir na cerca e atravessar o arame farpado depois de mandar a criança fugir. Mas foi atingido por um tiro, morreu de imediato e caiu no chão. Aquele som devia ser a última coisa que a Mestra Dragão Negro se lembrava do pai.

— Não importa o quão forte você seja, não pode desfazer o irreversível. — A succubus falou em um tom calmo. — Portanto, a melhor maneira é prevenir que uma situação aconteça. Você tem que estar sempre preparado para o pior. É assim que o dono deste corpo pensa. Todas as vezes que ela conhece alguém, já imagina a sua morte. É lamentável.

“Não precisa dizer o que já sei.”

— Hum. Então, você também está ciente que essa pessoa já preveniu oito sequestros e assassinatos contra você?

“O quê…?” A olhei com surpresa.

— Você ganhou poder muito rápido. É normal que um monte de pessoas estejam interessadas em você. Ela impediu e destruiu o quanto fosse necessário, mas a Torre contém espiões do mundo todo.

“…………”

— Se você não for forte o suficiente, não poderá proteger a sua vida ou a das pessoas à sua volta.

Crack. 

A lua no céu do mundo dos sonhos rachou. E então, se partiu em milhares de pedaços.

— Rei da Morte. Já que você é a pessoa mais forte aqui, irei abaixar a minha cabeça por hora. Vou ordenar que aqueles que navegaram através do oceano retornem. Mas você não poderá ficar no continente para vigiar as setes raças para todo o sempre, não é?

O chão debaixo de nós foi se tornando macio até se dissolver em um oceano rosa. Pedaços da lua caiam na água, um após o outro.

— Você foi capaz de nos suprimir hoje, mas não estamos totalmente convencidos por você. Isso é um exemplo de coerção por força.

Um tsunami começou do lugar onde a lua caiu. No momento que a onda nos atingiu, a forma do demônio também começou a ruir.

— Nos vemos numa próxima, Rei da Morte.

E o mundo inteiro dos Sonhos entrou em colapso.


“Rei da Morte-? Você está bem, júnior?”

Ganhei minha consciência de volta, de uma hora pra outra. A Mestra Dragão estava me encarando com uma expressão de ansiedade.

“Sênior?”

“Ótimo.  A luz voltou aos seus olhos.”

Olhei em volta. Não estávamos na cena da selva, no sonho de Uburka. Em vez disso, eu estava deitado no meio da praça da cidade portuária.

“Os demônios dos sonhos….”

“Eles foram embora logo depois que você falou com o cervo. O que aconteceu? Você conseguiu os dissuadir dos seus planos ou não?”

“Por hora, foi um sucesso.” Como se provando as minhas palavras, as pessoas em volta do lugar começaram a acordar uma atrás da outra.

Talvez, porque estavam acordando depois de um longo sono, os seus movimentos estavam desajeitados. Mas felizmente, as suas vidas não pareciam estar correndo nenhum perigo.

“Ahh…” A Mestra Dragão deixou escapar um longo suspiro. “Bom trabalho, não importa como tenha conseguido…”

“Sênior.” Segurei o pulso dela. A mulher inclinou a cabeça enquanto me encarava. “Tenho algo pra te dizer.”

“Por que está tão sério assim do nada…?”

“Eu sou sério.”

Um estranho silêncio reinou entre nós. Inspirei fundo, então olhei diretamente dentro dos seus olhos ao abrir a boca.

“Sênior. Eu… sou um regressor.”


Comentários

5 4 votos
Avalie!
Se Inscrever
Notificar de
guest
1 Comentário
Mais recente
Mais Antigo Mais votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários
HipopotinhoD
Membro
Hipopotinho
4 meses atrás

Tá na hora das revelações

Opções

Não funciona com o modo escuro
Resetar