Tudo estava perto do mar no Rio.
Em menos de dez minutos, os dois chegaram no litoral.
Muitos locais estavam iluminados e várias pessoas conversavam na praia.
Luke foi numa loja e comprou algumas coisas antes de carregar Rebecca até um ponto deserto da praia.
Espalhando a toalha que comprou e a colocando nela, Luke perguntou com um sorriso: — Gostaria de um suco?
Rebecca se ajeitou na toalha: — Suco? Me dê uma garrafa de vinho.
Luke assentiu com um sorriso: — Okay. Guaraná ou Jaboticaba? Se não gostar destes, tem goiaba e acerola também.
Olhando para o jovem sorridente, Rebecca finalmente assentiu em resignação: — Tanto faz. Além disso… obrigada.
Luke entregou uma lata de Jaboticaba e também sentou: — Tranquilo. Não é grande coisa.
Os dois ficaram em silêncio por um longo tempo. Segurando uma lanterna na boca, ele começou a examinar os suprimentos médicos que acabou de comprar.
Próximo a ele, Rebecca soluçou algumas vezes. Ele não a perturbou, simplesmente jogou uma grande toalha que comprou sobre os ombros dela para bloquear o vento frio e para ela limpar as lágrimas e nariz.
Após tudo que aconteceu com ela, o máximo que ele podia sentir por ela era simpatia.
Como um detetive da Divisão de Crimes Graves de LA, ele viu muitas tragédias.
Embora o que aconteceu com Rebecca não fosse comum, com certeza não estava nas dez histórias mais trágicas que ouviu.
Além disso, Rebecca não precisava de consolo.
Ela matou seu inimigo com as próprias mãos. Tudo se foi com o vento.
A partir de agora, ela decidiria como queria viver. Mais ninguém poderia tomar essa decisão por ela.
Luke puxou a perna direita dela e limpou rapidamente a ferida antes de enrolar com bandagem: — Okay. Você tem sorte porque a bala só pegou de raspão. A ferida não está ruim. Você ficará bem em alguns dias.
Após um breve silêncio, Rebecca falou de repente: — Suas habilidades de maquiagem são atrozes, Detetive Luke Coulson.
Sem surpresa, Luke comentou com um sorriso: — Você ainda se lembra de mim. Que honra.
Rebecca zombou: — Um jovem que consegue derrubar o X facilmente? Você é o único que consigo pensar sendo capaz de fazer isto.
De certo modo, Rebecca e Luke trabalhavam de forma similar.
Quando adquiriam um alvo, eles não poupariam esforços; eles não precisavam usar muitos truques como reconhecimento fácil ou disfarce.
Fazia meses desde que ela viu Luke e ele disfarçou parcialmente o rosto, então ela não o reconheceu no bar.
Além disso, ela mal pensou nos assuntos na América após vingar sua irmã, muito menos esperava encontrar um oficial de LA no Brasil.
Quando Luke a agarrou e ajudou a evitar os dois ataques do Sr. X, ela só tinha uma leve suspeita.
Depois, quando falou com o Sr. X sobre sua última missão, lembrou-se dele.
No final, quando abriu os olhos e quis ser morta, viu Luke parado silenciosamente atrás do Sr. X.
Foi quando ela entendeu tudo.
Embora não soubesse porque Luke a ajudou, sabia que não podia estar ali para ajudar o Sr. X.
— Por que me salvou? — Esta foi uma pergunta improvisada.
Ponderando por um momento, Luke respondeu: — Porque você é bonita e quero pagar uma bebida?
Rebecca riu: — Detetive Luke, você está mais paquerador que nunca, mas não acredito nisto.
Luke deu de ombros: — A verdade é que sei que poupou minha parceira no prédio de apartamentos e foi injusto da minha parte atirar em você depois. Portanto, estava retribuindo o favor.
Rebecca suspirou: — Não, matei muitas pessoas. Vários podem ter sido inocentes.
— Mas pensou que eram bandidos, certo? — Luke indagou com um sorriso suave. Ele não pensou que ela havia matado tantas pessoas inocentes, ou teria suspeitado da Fraternidade bem antes.
Afinal, ela estava indisposta a agir até quando Luke atirou nela; ela teria definitivamente suspeitado se pedissem para matar outro inocente. O tiroteio no prédio de apartamento demonstrou que Rebecca era uma assassina com princípios.
Ela até estava indisposta a ferir Donald e Selina para fugir e só atirou quando a situação ficou urgente.
É claro, foi uma boa coisa Donald ter sido ferida e não Selina naquela época.
Caso contrário, Luke ainda teria a resgatado esta noite, mas ele a deixaria sofrer primeiro e só a resgataria no último momento.
Luke sempre foi proativo com as pessoas próximas.
Rebecca não sabia o que ele estava pensando, ou teria provavelmente tirado a arma e atirado nele.
Ela simplesmente sorriu amargamente: — Mas eu os matei. Isso é um fato.
Luke pensou por um momento antes de dizer: — Então não se incomode com isto até alguém vir te procurar por vingança. Não se apegue ao passado; viver é o mais importante.
Rebecca ficou perdida: — Mas o que posso fazer mesmo se estiver viva?
Seus pais morreram por causa dela e sua irmã também.
Seus pais adotivos, que poderiam ter sido organizados pela Fraternidade, não a amavam e foram bem nojentos com ela.
Aquele ambiente familiar frio impossibilitava ela de recusar o Sr. X quando veio recrutá-la.
Lembrando do Sr. X e o que disse no final, ela ficou cheia de tristeza.
Ela estaria mentindo se dissesse que não tinha sentimentos pelo Sr. X.
O Sr. X era indiferente, bonito e bem-arrumado.
Ele a tratou como sua família adotiva quando não havia calor e a deu força e dinheiro.
Porém, no final, descobriu que ele estava mentindo em tudo desde o começo. Raiva surgiu em seu coração quando lembrou disso.
Ela não ficou conformada mesmo quando torrou as bolas do Sr. X.
Ela se virou e saltou em Luke de repente: — Você não me ofereceu uma bebida?
Luke achou isso estranho: — Eu não te dei uma? Você não gostou do sabor da Jaboticaba? Então mude para goiaba. Ouvi que é mais doce.
Apesar do humor sombrio, Rebecca riu de suas palavras: — Estou falando sobre o que disse quando me cantou no bar.
Luke coçou a cabeça: — Mas você me falou para guardar e comprar uma soda para garotas da escola.
Rebecca ficou perplexo: — Hã?
Que tipo de pensamento era esse? Este tipo de pessoa poderia arranjar uma namorada?
Ela falou infeliz após um instante sem palavras: — Você pode tirar sua maquiagem? É perturbadora.
Luke achou engraçado.
Checando a hora, ele supôs que não conseguiria brincar na Selva Rebelde esta noite, então limpou o rosto.
Menos de dois minutos depois, seu rosto voltou ao normal, exceto pela sua pele ainda morena.
Rebecca comentou: — Ilumine seu rosto, eu quero ver.
Luke perguntou com um sorriso: — Não me diga que quer se lembrar dele para se vingar depois? — Mas ele não hesitou em mirar a lanterna… abaixo do queixo.
Graças a isso, uma expressão diabólica e distorcida apareceu de repente na frente dela.