Vendo que Luke e Selina não acharam grande coisa, Sonia falou num tom ainda mais baixo: — Então, se o QG pedir ajuda com a investigação, é melhor correr para o mais longe possível.
Luke assentiu: — Entendido. Obrigado.
Após sair do departamento de carro, Luke estalou a língua: — Isto é coisa grande. Até a Sonia nos avisou para não nos envolver.
— Elsa falou o mesmo — falou Luke.
Selina: — Okay, então o que faremos?
— Trabalharemos em pequenos casos como de costume — Luke disse casualmente enquanto dirigia.
Os chamados pequenos casos não eram urgentes, mas não eram necessariamente pequenos.
Luke e Selina examinaram a cena do crime e conversaram com os vizinhos como procedimento padrão, antes de irem para casa.
Após almoçar, Luke estava prestes a ir ao aeroporto pegar Claire, quando seu celular tocou.
Luke atendeu e falou algumas palavras, e houve uma expressão conflitante no rosto.
Vestindo uma blusa fina, Selina perguntou: — Qual é o problema?
Luke não sabia se ria ou chorava: — Você terá que pegar a Claire sozinha. Preciso ir treinar.
Selina ficou perdida: — Treinar? É o exercício antiterrorismo?
Geralmente, o treinamento era uma medida provisória diante de certas emergências, ou uma mera formalidade, comumente referenciada como — uma reunião. Recentemente, o departamento enviou a notificação de que os oficiais precisavam participar de um exercício antiterrorismo de último minuto em lotes, mas ainda não era a vez de Luke ou Selina.
Luke respondeu com um sorriso amargo: — Treinamento da academia de polícia.
Selina ficou atordoada: — Você vai ser um professor? Não é cedo demais para isso?
Naturalmente, ela estava dizendo que o rosto dele era muito jovem.
Luke: — Ser um estudante.
Selina: — Você deve estar brincando! Quem possivelmente pode te ensinar?
Luke: — É coisa do Dustin. Ele me falou para preencher a falta do treinamento da academia de polícia, ou não conseguiremos continuar pacificamente assim se formos a Nova York, ou se ficarmos aqui.
Entendendo tudo, Selina assentiu: — Isso faz sentido. Dustin é realmente prestativo.
Luke riu: — Isso mesmo. Após meu treinamento terminar, nós dois faremos o exame de detetive.
— O quê? — Selina ficou pálida.
— Dustin é tão prestativo que não esqueceu do exame de detetive — expressou Luke com um sorriso.
Selina ficou desesperada: — Não estudei. Se eu for, não entregarei um papel em branco?
Luke piscou para ela: — Não esqueça, você ainda precisa obter um diploma de faculdade também.
Selina ficou perplexa por um momento, antes de responder: — Você cuidará disto para mim?
Luke riu e apontou com o queixo para o banco do passageiro: — Não esqueça deste cara. Entregue os materiais a ele e então…
Iluminada, Selina bateu na testa: — Isso mesmo! Posso fazer o Gold Nugget me ajudar a procurar pelas respostas.
Luke assentiu com uma expressão de “a criança está aprendendo”. — Darei uma lista de possíveis perguntas antes do exame. Não será fácil tirar nota máxima, mas você passará em problemas.
Selina: — Querido, você é um gênio.
Após conversar sobre como iam colar, eles saíram de carro.
Selina foi pegar Claire na viatura e Luke foi à academia de polícia fora da cidade no Ford usado.
Los Angeles tinha um dos maiores departamentos de polícia na América e o Departamento do Xerife do Condado de Los Angeles era o quarto maior departamento no condado. Graças ao trabalho duro, uma academia policial foi montada na maior área de Los Angeles, no leste da cidade.
A academia de polícia ficava mais a leste de Monterey Park e levaria quase uma hora para chegar lá da zona oeste de Los Angeles. Naturalmente, Luke não teve tempo de pegar Claire.
No carro, Luke ligou para Catherine para certificar-se de que Claire embarcou no avião e que Robert recebeu o celular via satélite que mandou entregar.
Após dar alguns lembretes a Catherine e trocar algumas farpas com Robert, Luke desligou.
Quando passou pela zona leste de Los Angeles, notou muito mais viaturas nas ruas do que o normal.
Ele também localizou vários policiais à paisana perto do Cemitério Monterey Park e no viaduto.
Ele deu de ombros e simplesmente dirigiu.
Isso era problema do departamento da zona leste, não seu.
Após chegar na academia e mostrar o distintivo, entrou.
O local era bem legal. Havia um parque não muito longe e várias lagoas.
A vida aqui era mais pacífica e confortável que na cidade.
É claro, esse não era o caso para os novatos na academia.
Seus dias não eram fáceis enquanto treinavam por meses e lutavam para serem promovidos como oficiais.
A lei e ordem em Los Angeles estiveram deteriorando nos últimos tempos. No entanto, os jovens com boa educação estavam se tornando menos interessados numa carreira como policial. Por isso, o número de cadetes na academia estava diminuindo.
Por exemplo, o parceiro de Sonia, Alessandro, que era fraco como uma galinha, se tornou um detetive da Divisão de Crimes Graves, apesar do fato de que tinha algumas doenças no registro.
Luke se tornou um detetive aos dezoito anos, mas a Corregedoria não veio atrás dele também.
Havia cada vez menos detetives capazes e a Corregedoria só poderia se render à pressão desta nova situação.
Estacionando na frente do escritório, Luke foi encontrar a pessoa encarregada do treinamento da academia.
Era um homem branco de meia-idade de cabelos cinzas chamado Remick.
Aceitando os documentos e lendo por um momento, ele perguntou estranhamente. — Você já é um detetive de nível três?
A expressão de Luke não mudou ao assentir: — Sim.
Remick estalou os lábios, abaixou os documentos e escreveu uma nota: — Vire à direita após sair deste escritório, saia direto do prédio e apresente-se ao Treinador Peterson com esta nota na maior classe no primeiro andar do prédio dois.
Luke aceitou a nota: — Tudo bem, obrigado. — Ele então saiu.
Remick finalmente fez uma ligação: — Ei, chefe, por que um detetive de nível três veio ao treinamento? Alguém cometeu um erro?
Um momento depois, uma expressão embasbacada apareceu em seu rosto: — Tem certeza disso? Mas… já falei para ele se apresentar para o treinamento…
A pessoa na outra linha não ficou incomodada demais: — Então vá e diga ao treinador sobre as circunstâncias atuais do Detetive Luke. Não o treine como um novato.
Remick: — … Tudo bem, você é o chefe.
Encerrando a ligação, ele murmurou enquanto se levantava: — É sério? Até o treinamento da polícia é uma formalidade agora? Teremos que recorrer a estes pirralhos imaturos para manter LA segura no futuro? O chefe da zona leste vai renunciar; tem certeza de que não vai acabar como ele?
Resmungando internamente sobre seu chefe irresponsável, Remick colocou a capa e saiu do escritório.
Até seu chefe idiota deixar o cargo, ele pelo menos precisava aceitar qualquer ordem de merda do homem.
No lado de Luke, logo encontrou o Treinador Peterson.
Na verdade, ele apareceu numa hora estranha.
Na maior classe, o Treinador Peterson apenas declarou solenemente: — Não existe treinamento especial ou leniência aqui; nenhum erro é permitido. Entendido, cadetes? — Luke abriu a porta naquele exato momento.
Todos os trinta homens na sala olharam para ele antes de voltar o olhar para Peterson.