— O que você quer? — Annie pensou que Han Sen queria que ela suprimisse a própria força para lutar contra ele, algo que não ligava, porque acreditava que teria uma vitória esmagadora mesmo diminuindo a força.
— Vamos para a sala de treino — Han Sen falou e caminhou até o local citado.
— Agora não posso — Em vez de se mover, Annie só respondeu com indiferença.
— O que foi? Tá com medinho? — Han Sen olhou para ela com sarcasmo.
Annie ignorou isso e respondeu: — Ainda tenho que trabalhar. Te vejo na sala de treino em três horas.
— Ok, vou esperar então. — Han Sen apreciou bastante essa qualidade dela. Ela era mesmo uma boa soldada, que era leal aos deveres.
Han Sen retornou ao seu quarto e pegou o Besouro-Unicórnio, que estava andando por todo canto. Mesmo sem comer ou beber, ele não morreu de fome.
Até tentou alimentar com diferentes coisas, mas não estava interessado em nenhuma comida, então se perguntou como continuava vivo.
Na hora combinada, quando estava na sala de treino, ele viu que Annie tinha trocado o uniforme por um traje branco de combate.
— Vamos começar — ela disse friamente, enquanto observava Han Sen se aproximando.
— O que você quer? — Han Sen ficou parado do lado de fora e não entrou.
— Não era para eu suprimir a minha força para lutar com você? Ficou com medinho agora? — Annie falou com desprezo.
— Quando foi que eu disse isso? Não sou idiota. Mesmo que suprima sua própria força, seus reflexos e visão são pontos que não podem ser reduzidos. Não sou idiota, então por que eu pediria isso? — Han Sen curvou os lábios.
— Então o que é que você quer? — Annie franziu a testa.
— Nós dois aprendemos boxe militar, né? — Han Sen perguntou.
— E? — Annie perguntou.
— É fácil de aprender. Vamos fazer uma batalha falada. Eu falo um movimento e você fala outro. Só vamos usar técnicas de boxe militar. Isso é justo? — Han Sen perguntou.
— Uma luta é focada no reflexo e flexibilidade. Se nós vamos falar os movimentos, como vamos decidir quem é o vencedor? Ficar só falando não é legal — Annie falou franzindo a testa.
— Se é corajosa só topar. Se tiver com medinho, só sair agora e ficar fora do meu caminho no futuro — Han Sen falou com desprezo.
— Ok, vou ver que truques tem na manga. — Annie não acreditava que ele ganharia só usando o mesmo boxe militar.
— Mulheres primeiro. Pode ir. — Han Sen ficou relaxado, já que estava totalmente confiante.
Ele definitivamente ganharia numa batalha falada, porque todos os outros elementos eram descartados e só os movimentos importavam. Era como jogar go, já que as peças eram as mesmas, mas a estratégia era diferente.
A fim de ganhar, a estratégia era chave, e isso era o ponto forte dele. Força, velocidade e reflexos eram menos importantes.
Annie podia ser uma Transcendente, mas uma batalha falada como essa descartava todas as suas vantagens. Por outro lado, Han Sen, que conseguia ver vários movimentos à frente, tinha a vantagem.
— Soco na cabeça! — Annie pensou nisso e falou um movimento de ataque.
— Soco lateral à esquerda da costela. — Han Sen respondeu rapidamente.
— Cotovelada como contra-ataque, virando na esquerda para atacar o seu pescoço. — Annie ficou um pouco desconfortável. Ela nunca tentou fazer os movimentos mentalmente e tinha que pensar por um momento antes de falar algo.
Os dois trocaram 30 movimentos e foi então que ela percebeu que tinha algo errado, porque se viu presa numa situação perigosa.
Todos os movimentos eram os mesmos, mas Annie percebeu que ficou difícil atacar. Após 40 movimentos trocados, ela não conseguia mais pensar num meio de se esquivar dos ataques dele.
— Você perdeu — Han Sen falou com desprezo.
— Só foi uma batalha falada. Se fosse numa real, você nunca teria conseguido isso — respondeu Annie, não querendo aceitar sua derrota.
— Bora ver então. Vamos agir como acabamos de falar, só que nenhum de nós pode usar força desta vez. Só vamos agir do jeito que dissemos — Han Sen se aproximou dela e falou.
— Ok. — Annie não acreditava nisso.
No entanto, quando os dois batalharam como acabaram de falar, Annie acabou encurralada sem poder se esquivar quando chegou a 39 movimentos. A menos que usasse velocidade e força superiores às de Han Sen, ela perderia com toda certeza.
— Que tal? Vai ser uma boa perdedora agora? — Han Sen encarou Annie e falou.
— Esta é a primeira vez que faço isso. Não sou como você que só sabe falar. — Annie não ficou convencida, porque não acreditava que seria inferior ao Han Sen.
— Tudo bem. Vamos fazer de novo. Vou te derrotar até se convencer — Han Sen curvou os lábios e disse.
— Ok, mas vamos falar e agir desta vez. — Annie pensou que perdeu, porque não era boa em imaginar.
— Fechou — Han Sen sorriu e respondeu. Agir não era a parte importante. Contanto que não tivesse força envolvida, Annie ainda seria inferior.
Afinal de contas, todo mundo tinha uma especialidade, a do Han Sen era cálculos. Annie parecia ser do tipo que era boa em movimentos violentos.
O combate recomeçou. No entanto, o resultado não foi diferente das outras vezes. Desta vez, ela perdeu ainda mais rápido, não aguentando mais continuar depois do 35º movimento.
— Está convencida agora? — Han Sen perguntou de novo.
— Não… — Annie mordeu os lábios, incapaz de aceitar o fato que era inferior a ele. Aos seus olhos, era impossível ser inferior a alguém que vivia às custas de uma mulher.
— Então vamos de novo — Han Sen sorriu diabolicamente e disse. Annie queria sofrer, então ele iria realizar o seu desejo.
Ela era tão teimosa, que lutou mais de 30 vezes, mas ainda não ganhou nenhuma. Derrota, derrota e derrota, ela não durou nem mesmo 40 movimentos nenhuma vez.
Ela não usou força nem gastou energia, mas ficou pálida e estava suando. Não conseguia entender por que estava perdendo toda hora usando os mesmos movimentos só com a ordem diferente, sem falar que era de um jeito miserável, até pensou, no início, que conseguiria reverter a situação, contanto que se familiarizasse mais com esse modo de luta. Todas as suas derrotas anteriores foram só porque não estava acostumada, só que a realidade era cruel. Acostumada ou não com o modo de luta, ainda perdia do mesmo jeito.
Annie descobriu que era muito fraca diante do Han Sen com base só em movimentos de artes marciais. Este homem que ela desprezava parecia ser excepcionalmente bom nesse aspecto. Agora Annie tinha percebido que não era párea para ele nesse item.
— Precisamos continuar? — Han Sen sorriu para ela.
— É por isso que fez questão disso, já que estudou esse assunto trivial. Só que, numa luta real, é impossível para você me derrotar. — Annie sabia que tinha perdido, mas não queria admitir.
— Então vamos para uma luta real — Han Sen disse abruptamente.
Obrigado pelo capítulo!