Felizmente, a raposa prateada não foi muito teimosa. Apesar de seu desejo pelas sementes, ela ainda pulou nos braços dele quando foi chamada.
Han Sen deu um longo suspiro e fugiu com a Rainha. Eles também não se aproximaram do mar e só se esconderam em um ponto escondido perto da base das colinas.
Pouco depois de saírem, o pássaro que parecia um pavão desceu para o local em que eles estavam antes. A lagosta também chegou no litoral, batendo suas pinças enquanto rapidamente se deslocava para a colina onde o lótus estava.
A guerra pelo lótus havia começado. Depois de observar as sementes, parecia até que o pavão reconheceu o fato de que elas ainda não estavam maduras. Então, em vez de esperar, o pássaro se virou e chilreou para a lagosta.
A lagosta, com suas pinças batendo, rastejou até o pássaro. Parecia que ela não foi nem um pouco atrasada pelo corpo e pelas conchas grandes.
O pavão abriu as asas e pegou voo, expandindo suas fileiras de penas como um leque em uma demonstração de hostilidade. Sob sua plumagem verde, havia uma colagem de ocelos impecáveis que emitiam uma luz azul.
Han Sen se sentiu tonto, quando olhou para os ocelos que decoravam o pavão, e quase sentiu como se fosse desmaiar.
— Não olhe para as luzes azuis — a Rainha falou com os olhos já fechados. Sua luz roxa estava girando dentro dela, significando que já tinha ativado seu bloqueio genético.
Han Sen fez o que ela pediu e também usou as mãos para cobrir os olhos da raposa prateada, mas, ainda assim, a luz azul de alguma forma conseguiu passar pelas pálpebras.
Ele rapidamente se virou e se moveu para se esconder atrás de uma pedra, o que trouxe alívio instantâneo.
A Rainha também se escondeu atrás de uma pedra, e nenhum deles optou por abrir os olhos por nem mesmo um segundo. Por enquanto, só podiam confiar nos ouvidos.
Han Sen usou a Pele de Jade para ativar seu bloqueio genético, pois não exigia que estivesse de olhos abertos. Assim, poderia examinar toda a área e reconstruir toda a cena sem olhar.
A lagosta gigante parecia bêbada enquanto avançava para a esquerda e direita em resposta à luz azul do pavão. Com seu inimigo tão afetado, o pavão encontrou uma abertura para o ataque.
A concha da lagosta era incrivelmente resistente, porque, quando o pavão bicou, o único dano que ela sofreu foi uma marca branca de arranhão.
Han Sen assistiu ao combate com admiração. Podia parecer que a lagosta estava com muita desvantagem, mas sua concha provou ser uma defesa muito resistente, visto que o pavão não conseguia feri-la de jeito nenhum.
Contudo, a luz azul dos ocelos da plumagem do pavão continuou deixando a lagosta tonta. Sem serem capazes de causar danos, ambos pareciam estar em um impasse.
Mas, ainda assim, os dois vieram aqui pelas sementes de lótus. Se o pavão pudesse manter a lagosta suprimida por tempo suficiente para que a planta amadurecesse completamente, poderia rapidamente arrebatar as sementes, devorá-las e voar para longe. Tudo enquanto a lagosta continuava se debatendo como se fosse cega.
— O que devemos fazer? — Han Sen perguntou.
— Não posso fazer nada. A luz azul do pavão deixa os outros tontos. Podemos até fechar os olhos e correr, mas nossas pálpebras não são fortes o suficiente para bloquear por completo a luz. E como vamos lutar contra duas Super Criaturas de olhos fechados? É a mesma coisa que lutar no escuro — a Rainha falou.
No entanto, Han Sen não respondeu, porque subitamente sentiu um cheiro bastante agradável e percebeu que vinha das sementes de lótus.
O lótus estava começando a emitir uma luz vermelha, e uma névoa vermelha saiu dela, mascarando a área. Por mais ameaçador que parecesse, seu cheiro era encantador e forte o suficiente para ser cheirado de todos os cantos da ilha.
— As sementes estão prestes a amadurecer! — Han Sen continuou observando a luta entre o pavão e a lagosta, ainda planejando obter as sementes antes de qualquer outro. Ele não podia esperar até que elas ficassem maduras, porque as criaturas se jogariam nela, engolindo todas em uma mordida. Comparado com o tamanho do pavão e da lagosta, as sementes não eram nem grandes o suficiente para ficarem presas nos seus dentes.
A raposa prateada parecia querer pular dos braços do Han Sen a qualquer segundo, e seu desejo ardente pelas sementes de lótus era bem aparente. Porém, quando abriu os olhos para dar uma olhada, rapidamente enterrou a cabeça no peito dele, pois, a luz azul era um impedimento extremo.
Enquanto Han Sen estava se perguntando se deveria ou não se precipitar lá, uma sensação repulsiva tomou conta dele, quando um barulho veio do mar.
— Ainda mais Super Criaturas estão vindo? — ele ficou irritado e perguntou com espanto. Usando seu sétimo sentido, rapidamente examinou o litoral.
Em seguida, Han Sen se assustou muito com o que viu. Por toda a ilha, uma vasta série de criaturas diferentes estavam se aproximando, todas planejando arrebatar as sementes de lótus para si. Havia peixes e camarões gigantes e até moluscos monstruosos. Tinha muitos mais que não conseguia nem descrever.
Um grande grupo de criaturas marchou para o interior da ilha na direção do lótus.
— Puta que pariu?! O que são essas sementes de lótus? O cheiro agradável até fez elas ignorarem a presença da raposa prateada. Desconsiderando a existência das Super Criaturas na ilha, parece que todas têm a intenção de arrebatar as sementes de lótus. — Han Sen ficou muito mais do que surpreso. Sua mente não conseguia pensar em que tipo de substância realmente incitaria tantas criaturas comuns a reunir o tipo de coragem necessária para enfrentar Super Criaturas.
No céu, diversos outros pássaros marinhos e criaturas voadoras apareceram. Sem medo, eles desceram atrás das sementes de lótus, ignorando a presença das Super Criaturas que estavam presas em combate.
Só que todas caíram no chão quando entraram na zona banhada pela luz azul do pavão. Parecia que criaturas comuns não podiam suportá-la.
Mais e mais criaturas chegaram à colina, apenas para morrer assim que chegavam. Algumas foram mortas pela luz, outros vítimas do combate violento entre a lagosta e o pavão. Não demorou muito para que um grande número de corpos se reunisse e construísse uma colina, só que tingida de vermelho.
— Vamos recuar; é muito perigoso aqui — a Rainha disse e começou a se retirar da cena.
Han Sen notou o rápido avanço do amadurecimento das sementes e não queria sair de mãos vazias. Depois de refletir sobre o que fazer por um bom tempo, ele passou a raposa prateada para a rainha. — Tira ela daqui; vou tentar pegar as sementes.
Mas a raposa prateada pulou para longe, não querendo sair também. Seu corpo era incapaz de ficar reto na luz, quase tão intoxicado quanto a lagosta.
Embora a luz não pudesse causar dano na raposa prateada, seria difícil para ela exercer força para subir, arrebatar as sementes e sair.
— Saia daqui. Não se preocupe; Eu vou te dar algumas das sementes depois que eu pegar — Han Sen falou com a raposa prateada.
Mas não o ouviu ou era muito teimosa para sair. Ela queria pegar as sementes de lótus, apesar da sua incapacidade.
Han Sen agarrou a raposa prateada e a forçou a voltar. Estava se comportando como quase qualquer outra criatura, desistindo de tudo o que podia para pegar as sementes de lótus.
O pavão e a lagosta ainda estavam presos no conflito turbulento. Se qualquer outra criatura tentasse subir a colina, elas seriam mortos no meio da batalha deles. Ganhar as sementes de lótus seria um prêmio muito difícil.
De repente, de dentro do lótus, uma luz brilhante explodiu. Era vermelha e disparou um feixe para o céu, expandindo-se como o broto de uma flor em si. O cheiro agradável se espalhou por todo o mar, incitando ainda mais criaturas a virem e lutarem por ele.
O lótus amadureceu.