As criaturas na ilha não tinham mais a intenção de lutar entre si. Cada uma delas exerceu toda a força que tinha para subir a colina a fim de arrebatar as sementes antes que as outras pudessem. O pavão era o mais próximo e, com sua capacidade de voo, não poupou tempo para subir lá.
Embora Han Sen realmente quisesse agarrar o lótus, ele foi atrasado pela necessidade de evitar que a raposa prateada saísse por conta própria. Assim, perdeu a chance e chegou tarde demais.
Quando o pavão estava prestes a bicar e engolir a planta de lótus, parecia que uma semente do lótus de cristal de sangue se abriu.
Sendo mais preciso, parecia que os cristais de sangue estavam começando a brotar duas asas translúcidas, tão finas quanto as de uma cigarra. As asas começaram a bater e voar para longe do broto do lótus.
As sementes voadoras de repente se chocaram no rosto do pavão, fazendo a besta gigante recuar, gritando de dor. Depois do leve golpe, bolhas vermelhas e gigantes queimaram seu rosto, de modo que ela continuou a recuar, chilreando em agonia. Em seguida, pegou voo e voou para longe, não voltando mais.
A lagosta parecia ignorar o que havia acontecido com o pavão e, em vez disso, competiu para tomar seu lugar e comer o lótus.
Mas, no segundo seguinte, cristais de sangue voaram novamente e foram para a concha da lagosta.
A lagosta rugiu ensurdecedoramente e decidiu recuar depois de sofrer o golpe. Em um instante, rastejou a todo vapor para longe e pulou de volta no mar.
Han Sen ficou congelado no lugar, vendo que as coisas que pareciam cristais vermelhos não eram realmente sementes de lótus. Eram vespas vermelhas, em forma de pequenas pedras preciosas de rubi. E cada uma delas tinha um ferrão letal.
Han Sen viu as vespas perfurarem a concha da lagosta e as penas do pavão como se não fossem nada. A enorme bolha que emergiu no rosto do pavão indicava o quão venenoso era.
Ver Super Criaturas como o pavão e a lagosta fugirem assustadas fez Han Sen ter calafrios. Agora, ficou feliz por não ter sido capaz de chegar lá antes das outras criaturas. Se tivesse sido atingido por uma daquelas vespas, acabaria muito pior do que elas.
Muitas vespas de cristal de sangue estavam agora voando para fora do lótus. Han Sen não tinha certeza se foi a própria planta que deu origem aos cristais de sangue, ou se uma vespa mãe havia plantado os ovos recentemente. Só que não importava sua origem, porque era claramente uma armadilha cruel e algo que não lhe traria nenhum benefício.
Dezoito vespas agora dispararam do lótus, carregadas por suas asas delicadas. A toxicidade do veneno delas era tão perigosa para uma criatura comum quanto para uma Super Criatura. As consequências de ser picado eram horríveis. No início, uma bolha gigante se formava e depois os ossos se liquefaziam. Por último, o próprio corpo inflava, ficando cada vez maior até explodir como um reservatório de pus e sangue.
Quando as criaturas foram salpicadas com excesso de veneno, seus corpos e rostos ficaram queimados com bolhas enormes, mesmo que o efeito que deu nelas não fosse tão letal quanto uma picada,
— Corra! — Han Sen agarrou a raposa prateada e correu para a praia. As vespas de cristal de sangue eram assustadoramente rápidas, e ele não fazia ideia se seu corpo poderia ou não suportar o ferrão delas.
Sem a luz do pavão, a raposa prateada e a rainha conseguiram abrir os olhos. A fragrância anteriormente agradável tinha ficado mais leve, e parecia que tirou todas as criaturas do atordoamento de antes. Com medo, todas agora fugiam da armadilha vil das vespas.
Com tantas criaturas espalhadas por aí mortas e ensanguentadas, a ilha parecia um pedaço do próprio inferno. O número de mortes de criaturas seria imensurável neste dia.
Duas pessoas e uma raposa correram em direção ao oceano. Nenhuma criatura lutou entre si, ou sequer pensou em atingir os humanos, porque fugir era o único objetivo na mente de todos naquele momento.
— Pensei que poderia colher alguns benefícios daquele troço do lótus; agora vejo o erro que eu estava prestes a cometer! — Han Sen se sentiu um tolo. Quando se virou para dar uma olhada no que estava acontecendo atrás dele, sua mandíbula caiu no chão.
Uma das vespas estava indo na direção deles. Como um meteoro vermelho e ardente, ela estava se aproximando deles a uma velocidade aterrorizante.
— Hora perfeita para ser azarado! Olha o tanto de criaturas ao redor, então por que diabos veio atrás da gente?! — Han Sen agora perdeu todas as esperanças.
O corpo dele se fortaleceu, ardendo com todo o poder e força que tinha. Seu coração bateu como um trovão rítmico. Quando seu sétimo sentido se lançou para um nível totalmente novo, seu sangue começou a ferver.
A rainha notou que Han Sen não era mais lento do que ela e ficou surpresa. Se ele não tivesse desbloqueado o bloqueio genético, era impossível conseguir acompanhá-la.
Contudo, agora não era hora para parar e questioná-lo sobre sua mentira, então só cerrou os dentes e continuou correndo o mais rápido possível.
Enquanto continuavam correndo, ela percebeu que Han Sen estava realmente ganhando velocidade e logo a alcançou. Depois de um tempo, ficou muito à frente, enquanto ela não conseguia acompanhá-lo.
Han Sen também acabou de perceber que sua velocidade tinha aumentado exponencialmente desde que abriu o bloqueio genético.
A Pele de Jade não lhe deu a capacidade de controlar o gelo, mas a quantidade de poder que ganhou parecia maior do que a maioria das pessoas recebia depois de abrir o bloqueio genético.
Porém, sua alegria durou pouco quando notou a vespa vermelha se aproximando cada vez mais.
Han Sen estava certo de que o alvo dela eram os três. Caso contrário, ela não os teria seguido tão longe assim.
Só que não tinha certeza de qual dos três era o alvo principal dela. Será que era ele? A raposa prateada? Ou a Rainha?
— Temos que nos dividir! — Han Sen gritou com a Rainha antes de ir em outra direção.
Como suspeitava, a vespa se virou exatamente na direção dele; seu alvo era de fato Han Sen.
— Se fuder! Ela está mesmo vindo atrás de mim e da raposa prateada. — Mesmo já esperando isso, Han Sen não pôde deixar de reclamar.
As vespas eram muito rápidas. Mesmo com a velocidade altíssima dele, ela agora alcançou Han Sen e fez o seu primeiro ataque. Com todo o seu poder, ele se esquivou enquanto ainda mantinha sua velocidade.
A vespa de cristal de sangue era tão pequena que era difícil acompanhá-la na velocidade em que ambos estavam indo. Se não fosse pelo incrível sétimo sentido do Han Sen, já teria uma bolha enorme no corpo.
Ele teve dificuldade de acompanhar a vespa com os olhos, mas executou o Sutra Dongxuan e usou seus sentimentos para determinar quando e onde a vespa atacaria em seguida. Assim, conseguiu se esquivar de cada ferrão.
A raposa prateada, que ainda estava aninhada no peito dele, ficou muito alerta. Trovões brilharam nos seus olhos, mas, por mais que tentasse, a vespa era rápida demais para ser acertada pelo trovão.
Han Sen não tinha certeza de por mais quanto tempo poderia aguentar. Tudo o que podia fazer era continuar se esquivando a caminho da praia. Ele tinha que entrar no mar, independentemente do que acontecesse. Se outras vespas decidissem se juntar à perseguição, tudo estaria acabado. Não importava o quão proficiente fosse em sentir as localizações dela, esquivar-se de mais delas seria dificílimo.
Mais uma era tudo o que precisava para fazer uma diferença enorme.
Lidando com essa única vespa, Han Sen já estava usando seus talentos incomuns de intuição e julgamento ao máximo. Além disso, também não podia usar seu sétimo sentido para lidar com a vespa agora.
A Rainha já tinha chegado no litoral quando viu Han Sen tendo problema com a vespa. Cerrando os dentes, ela invocou uma faca de arremesso e jogou na direção dele.
Mas era impossível acertar a vespa, que era rápida demais, porque não conseguia rastreá-la.