— Está tudo bem? — A Rainha olhou com medo para a ferida nas costas dele, que foram cortadas do ombro à cintura, ficando completamente abertas. O corte era tão profundo que sua coluna ficou visível.
Tinha outra ferida sangrando no pescoço dele, só que, por sorte, não era tão profunda a ponto de tocar o osso ou a traqueia. Ele provavelmente teria sido decapitado se o corvo conseguisse cortar mais fundo.
As feridas eram assustadoras, mas a perda de sangue não era muito grave, visto que a Pele de Jade permitia controlar o corpo, enquanto o Mantra da Heresia o fluxo sanguíneo. Ele provavelmente teria morrido por perda de sangue se não fosse por causa dessas Artes de Hiper Gene.
— Posso aguentar — Han Sen falou com os dentes cerrados. Suas costas estavam em agonia, e ele sabia que sua coluna estava ferida, mas não estava tão ruim, por sorte. Se tivesse sido um segundo mais lento na hora de pular, sua coluna teria sido retalhada e nada poderia ter salvado sua vida.
A Rainha pegou alguns medicamentos da mochila e aplicou nas feridas dele, o que fez Han Sen gritar de dor.
Em seguida, um som estridente soou. O corvo preto, emaranhado e contido pelas videiras, não parecia tão temível quanto antes. As pontas delas eram pontudas e perfuraram profundamente o corpo do corvo. As videiras pareciam vivas, como se estivessem sedentas pelo sangue do corvo; elas começaram a ficar em um tom profundo de vermelho, conforme absorviam o sangue.
As videiras secas se retorceram com vigor renovado e começaram a crescer ainda mais do que antes.
Cuá! Cuá!
O corvo preto crocitou duas vezes. Seu corpo se contorceu e se retorceu, enquanto suas plumas de penas caíam como neve. Com muito esforço, o corvo se libertou do agarro das videiras e voou com medo; indo embora definitivamente.
Han Sen congelou quando viu isso, porque não esperava que o corvo fosse forte o suficiente para escapar das garras das videiras.
Depois que o corvo escapou, as videiras da cabaça recuaram, envolvendo os ossos como antes. Elas, que ficaram vermelhas, agora ficaram amarelas como antes, só que muitas começaram a brotar folhas verdes.
A cabaça na mão dele continuou pulsando, e essa sensação não desapareceu como antes. Han Sen a segurou, sem saber se existia ou não vida dentro dela.
Se contivesse algo como as vespas de cristal de sangue, preferia descartá-la agora. Mas não estava disposto a largar um tesouro em potencial ainda, já que não tinha certeza.
Além do pulso estranho, nada em particular se destacava. Enquanto a tocava, seus olhos se desviaram para as penas do corvo que agora cobriam o chão.
Vieram apenas da sua plumagem externa, também não caiu uma grande quantidade, apenas cerca de 30. Cada pena tinha cerca de 30 centímetros. Ele estendeu a mão para agarrar uma e seus olhos brilharam.
As penas pretas pertenciam a uma Super Criatura e não pareciam normais. Em vez de serem usadas para o voo, pareciam mais como armas que o corvo poderia empregar.
Cada pena era como aço, e era assustador simplesmente segurar.
— O corvo deixou um tesouro no fim. — Han Sen pediu para a Rainha juntar todas as penas pretas para ele.
Depois de uma contagem precisa, havia trinta e seis; um número que poderia ser dividido igualmente. Han Sen considerou a possibilidade de criar um leque com as penas, já que cada uma tinha o mesmo tamanho.
As costas dele estavam com uma dor angustiante, quando olhou para a Rainha e disse: — Que tal você testar a solidez das penas?
A Rainha assentiu, então sacou sua Espada de Alma de Besta de Linhagem Sagrada e cortou uma das penas com um golpe direto. Nada. Não deixou nem mesmo um arranhão nela.
— Isso é mesmo bom! — Han Sen parecia feliz. Se conseguisse modificar as penas de uma certa maneira, seria capaz de criar um novo tipo de dardo. Assim, poderia matar uma Super Criatura usando as penas na balestra do pavão.
— Que tal dividirmos igualmente? Dezoito penas para cada — Han Sen sugeriu.
— Essas penas vão ser inúteis para mim. Pode ficar com tudo. — A Rainha passou todas as penas para ele.
Mais cedo, ela notou a estranha balestra que Han Sen tinha usado para disparar na mula da nuvem vermelha. Estranhamente, parecia bem semelhante ao Pavão de Olhos Pretos. Por causa disso, começou a se perguntar se era a Alma de Besta dele.
Han Sen certamente não admitiria nada sobre esse assunto, logo, a Rainha não perguntou. Dessa forma, o motivo para querer as penas só poderia ser para criar dardos, que, juntamente da balestra, podia servir para matar Super Criaturas, então preferiu não falar nada e simplesmente deu todas as penas de imediato.
Han Sen olhou com estranheza para ela ao aceitar todas as penas.
Ele percebeu pelo olhar dela que estava desconfiando da sua nova balestra, mas ela não disse uma palavra sobre isso. Simplesmente deu todas as penas, o que o deixou confuso.
— Temos que sair enquanto o corvo fugiu. Se a mula retornar, vai ser difícil escaparmos com você impossibilitado de correr por causa dos ferimentos — a Rainha falou isso, pegou Han Sen e o apoiou na descida pelo resto da montanha.
Han Sen estava sendo carregado nas costas dela e se sentiu incrivelmente privilegiado e bem cuidado, pois essa foi a primeira vez que alguém o ajudou dessa maneira, mas ainda achou estranho ser carregado.
Por sorte, não surgiram mais perigos durante a jornada, então conseguiram descer a montanha sem interrupções. A Rainha invocou uma montaria de elefante e levou Han Sen para o abrigo mais próximo para que pudesse retornar à Aliança e se recuperar. Suas feridas eram gravíssimas, de modo que não se recuperaria mais rápido apenas com medicamentos.
Porém, ele não retornou à Aliança. Afinal, tinha a raposa prateada, que era melhor do que qualquer poção ou remédio que a Aliança pudesse fornecer. Portanto, não existia motivo para retornar.
Han Sen continuou pensando na cabaça também e não queria voltar para a Aliança ainda, porque não queria deixá-la sem vigilância.
Assim, foi direto para a raposa prateada, que imediatamente se aproximou dele para lamber suas feridas. Era sempre estranho ver as feridas se fecharem a cada lambida dada. Até mesmo os ossos danificados foram endireitados, com os cortes cicatrizando.
Enquanto as feridas dele se recuperavam, a Rainha reservou outro quarto para que pudessem ficar lá temporariamente. Depois de sair do quarto, Han Sen pegou a cabaça e a apresentou à raposa prateada, para que ela pudesse determinar se era bom ou ruim.
A raposa prateada examinou a cabaça e olhou com estranheza. Continuou observando de perto, circulando e farejando a cabaça de todas as maneiras possíveis.
Han Sen olhou por um tempo também. Só que, logo depois, a raposa prateada se virou e foi dormir no tapete.
— Ei, é melhor você me dizer o que é essa coisa. — Pelo comportamento dela, não sabia dizer se a cabaça era uma coisa boa ou ruim.
Contudo, a raposa prateada apenas permaneceu dormindo no tapete, ignorando as ordens do mestre. Han Sen parou de falar, porque sabia que ela não era humana, de modo que não entenderia o léxico complexo da linguagem humana.
Tecnicamente foi a segunda vez que ajudaram ele assim, já que aquela mulher que carregou ele na neve ajudou tbm. Mas ele não precisava naquela hora kkkkkk