O pêssego de baixo estava diferente do de cima, porque estava mais para um verde-claro, só estando um pouco avermelhado. Parecia que ainda levaria um tempo para amadurecer.
A legião de serpentes estava ficando ansiosa e irritada. Por causa da impaciência, começaram a se aproximar do pessegueiro, mas bem lentamente. A serpente rosa estava montada na cabeça de uma titanoboa, que voava em círculos devido a sua impaciência. Parecia que queria se lançar sobre o pêssego de cima, que parecia quase maduro. Mas não se lançou, porque hesitou de medo.
O tigre azul, descansando no galho de uma árvore, pulou. Ele caminhou para a frente e ficou de olho na parte superior da árvore, onde o pêssego estava pendurado. Seus olhos brilhavam na cor azul, só que até mesmo essa criatura não ousou se aproximar completamente da árvore.
O grou voou do galho em que estava empoleirado e circulou os céus acima da árvore. Não chegou muito perto do pêssego, apesar de seu desejo óbvio.
O grande urso negro ficou de pé em suas patas traseiras, encarando o pêssego como todos os outros. Também não deu um único passo à frente.
Han Sen observou como todas as criaturas ficaram cada vez mais impacientes. Elas desejavam muito o pêssego, mas ficaram em conflito com um medo que os proibia de seguir em frente. Ele ficou surpreso com a cena, e isso o deixou ainda mais intrigado com a natureza dos insetos. De onde vieram para possuir um poder que assustava até mesmo as super criaturas?
Depois de um tempo, a maravilha do aroma delicioso da fruta atingiu seu auge, e a névoa vermelha emitida pelo pêssego envolveu toda a fruta e começou a se parecer com uma luz sagrada.
O pêssego tinha se tornado transparente, e Han Sen podia ver como era suculento por dentro. A tentação de morder, independentemente da perspectiva de morte subsequente, era real.
Nessa tarde, o pêssego começou a brilhar, e um símbolo composto de luz apareceu na sua superfície. Naquele momento, os insetos ficaram frenéticos e subiram a árvore como uma maré do mar. Elas subiram até o pêssego parecendo uma sombra ou uma nuvem de líquido turvo.
Se olhasse mais de perto, poderia ver os enxames vastos de insetos que se empurravam e espremiam numa tentativa de chegar ao pêssego.
Apesar de ver o pêssego caindo nas mãos dos insetos, as super criaturas ainda hesitaram. Han Sen cerrou os dentes, invocou as asas e o Rex Pontiagudo e foi atrás do pêssego.
O movimento dele foi como a queda do primeiro dominó. A serpente rosa sibilou e saltou em direção ao pêssego, acompanhada da legião de serpentes.
O tigre azul rugiu e correu em direção ao pêssego.
O grou parecia uma flecha descendo do céu, alvejando o pêssego.
O urso negro e o filhote rugiram para o céu e saltaram na direção da árvore.
O medo deles pelos insetos ainda era aparente, mas não estavam dispostos a desistir do pêssego tão facilmente.
Os insetos estavam cientes do Han Sen e das super criaturas que vinham em sua direção, então farfalharam suas asinhas e decolaram como fumaça negra. Eles saíram da casca da árvore como uma nuvem turva, prontos para brigar com as criaturas.
Han Sen brandiu o Rex Pontiagudo Flamejante, e o fogo incinerou os enxames de insetos, que caíram no chão como uma chuva de fogo. Eles não morreram, mas não podiam mais voar.
Porém, existiam muito mais insetos além dos que foram atingidos, e vários se esquivaram do Rex Pontiagudo do Han Sen.
Os insetos eram muito pequenos, então uma arma como o Rex Pontiagudo não poderia bloqueá-los com tanta facilidade.
Subitamente, a raposa prateada regougou no ombro do Han Sen. Um relâmpago prateado incinerou os insetos que estavam vindo atrás do mestre dela.
Han Sen ficou grato pela raposa prateada. Mais uma vez, brandiu o rex pontiagudo para destruir a névoa de insetos e avançou para pegar o pêssego. As outras criaturas fizeram o mesmo. O número de insetos era incompreensível, mas nenhum conseguiu ferir as super criaturas.
Mas, mesmo que Han Sen fosse o primeiro a ir, o grou ainda foi mais rápido, visto que tinha conseguido voar diretamente para o pêssego e usou seu bico para tentar arrancar do galho em que estava preso.
Pang!
Os insetos negros se aglomeraram como uma mão negra e grande e deram um tapa no grou invasor, que foi arremessado por vários metros, de modo que ele levou um momento para se recuperar e se equilibrar no ar.
Os insetos na frente do Han Sen também eram assim. Eles se aglomeraram para formar uma besta negra e tentaram atacá-lo.
Han Sen e a raposa prateada cooperaram para derrubar a besta negra, criada pela aglomeração dos insetos negros. Ele cortou a formação, forçando os insetos a se dividirem, só que se aglomeraram de novo um segundo depois, retomando sua forma bestial e determinados a matar Han Sen.
O mesmo estava acontecendo com os ursos negros. A subida deles foi dificultada pelos insetos negros, por isso se viram incapazes de alcançar o pêssego.
Os insetos negros se aglomeraram para se tornar algum animal voador. E seus números não paravam de crescer, zumbindo por toda parte e atacando todas as criaturas que cobiçavam o pêssego.
Os insetos negros formaram uma mão grande em seguida, que agarrou a árvore. Ela tentou escalar indo em direção aos pêssegos.
O grou não ficou muito feliz depois de levar um tapa. Ele grasnou com raiva e bateu suas asas freneticamente para gerar um tornado assustador. As formas assustadoras de animais formadas pelos insetos e a mão negra que tentava roubar os pêssegos foram sugadas para dentro do tornado.
Os insetos negros foram lançados no tornado e levados para longe. O tornado ficou com uma cor escura. E o número de insetos presentes lá dentro era de dar medo.
O grou então viu sua oportunidade de pegar o pêssego, de modo que acelerou e voou atrás.
Mas antes que o grou pudesse pegar o pêssego com o bico, o som de madeira se quebrando ressoou. Um buraco negro se formou no lado da árvore, e um inseto negro do tamanho de um punho saiu de dentro.
Parecia uma Joaninha-de-sete-pintas, mas sua cabeça era muito maior e totalmente preta. Suas asas brilharam na cor ouro translúcido.
O inseto saiu do buraco e bateu suas asas douradas, gerando uma luz brilhante. Então voou diretamente para a frente do grou, atacando uma de suas asas.
Katcha!
A pele dura e as penas da super criatura foram dilaceradas pelo inseto faminto. O inseto agarrou a asa do grou e cravou seus dentes profundamente na asa com a boca bem aberta.
Um pedaço da asa do grou foi arrancado, expondo os ossos sob o jato de sangue fresco.
O grou gruiu com desespero e bateu as asas o melhor que pôde para criar um vento cortante como uma lâmina, só que não conseguiu fazer nada contra o inseto negro. O vento atingiu o inseto negro com um som como o toque de um sino. Sem se preocupar com o ataque, o inseto cravou de volta nas asas do grou, devorando sua carne.
O grou gruiu de tristeza de novo e bateu as asas para voar mais alto, mas sua subida era lenta por causa da asa dilacerada. Por mais que tentasse, não conseguia escapar do ataque do inseto de asas douradas.
Han Sen ficou paralisado ao ver essa cena. Mas sabia que era a chance que precisava para pegar o pêssego sagrado, e foi exatamente o que fez. O inseto de asas douradas foi atraído para o céu pelo grou, e essa era a melhor chance para pegar o pêssego.