Han Sen e Zhou Yumei começaram a atravessar a montanha e, não muito tempo depois, encontraram outro humano. Zhou Yumei quase pulou de alegria.
— Cara mau! Você não pode mais me ameaçar! — Zhou Yumei falou com um tom de deboche para Han Sen, depois de perguntar ao sujeito se havia algum abrigo por perto. Ela então começou a saltitar como uma criança empolgada.
— Quando chegarmos, prepare o valor que você me deve. Tenho aqui a pilha de dívidas, seladas e assinadas. Nem pense em tentar dar um jeitinho para escapar de me pagar! — Han Sen disse friamente.
— Hum! — Zhou Yumei mostrou a língua para Han Sen e se virou emburrada, caminhando na direção do abrigo.
— Vai sair assim? — Han Sen a deteve.
— Ué, o que mais eu deveria fazer? — perguntou Zhou Yumei, com aparente confusão.
— Você pode ir, mas se deixar o Laranjinha em um abrigo, não tem medo de que tentem matar? — disse Han Sen.
— Por que eu deveria me preocupar? Até eu sei que ninguém consegue competir com o Laranjinha… — Zhou Yumei respondeu, enquanto acariciava orgulhosamente a cabeça do bichinho.
— Está sugerindo que vai deixar o Laranjinha sair por aí matando pessoas dentro do abrigo? — Han Sen perguntou.
Zhou Yumei franziu a testa e perguntou: — E o que mais eu posso fazer?
— Posso montar um acampamento aqui, e você pode deixar o Laranjinha ficar. — Han Sen retirou a barraca das mochilas presas ao Rosnador Dourado. Ele armou a barraca e instruiu o Laranjinha, a raposa prateada e a fadinha a ficarem dentro. Todos aqueles que não podiam ser teletransportados ficariam ali.
Em seguida, ele invocou o Príncipe de Aço e ordenou que permanecesse para proteger o acampamento. Se alguém se aproximasse, o Príncipe de Aço poderia negociar com eles para impedir a aproximação.
Se as pessoas não escutassem o que o espírito dissesse, o que acontecesse depois não seria responsabilidade do Han Sen. Se alguém tivesse desejo de morrer, o problema seria dessa pessoa.
Depois de organizar tudo, Han Sen levou Zhou Yumei ao abrigo humano.
Era apenas um abrigo pequeno de nível cavaleiro, pouco conhecido, mas disseram que a algumas centenas de quilômetros dali havia um abrigo muito maior; um abrigo real. Sem dúvida, ele servia como centro para inúmeros outros humanos.
Han Sen e Zhou Yumei estavam com pressa de chegar até lá. Sem parar para perguntar mais informações, seguiram o mais rápido possível para o abrigo, para poderem teletransportar de volta para a Aliança.
Quando retornou, Han Sen ligou para Ji Yanran para avisar que estava bem durante a ausência. Conversaram por um tempo, e Han Sen aproveitou para perguntar sobre o Terceiro Santuário de Deus.
— Me espera no seu quarto. Vou levar a Annie comigo. Esse não é um assunto apropriado para discutirmos pelo comunicador… — Ji Yanran disse, encerrando a chamada.
Pouco depois, Ji Yanran apareceu no quarto do Han Sen acompanhada da Annie.
Após recebê-las na entrada e pedir para que se sentassem, Ji Yanran se virou para ela. — Annie, conte ao Han Sen como está a situação no Terceiro Santuário de Deus.
Annie olhou para Han Sen e falou com uma expressão sombria: — O motivo pelo qual a Aliança impede os Transcendentes de falarem sobre o Terceiro Santuário de Deus é que somos o nível mais baixo dos habitantes daquele lugar. Os verdadeiros mestres do Terceiro Santuário de Deus são os Espíritos. Eles governam tudo por lá.
— Impossível. Não tem um milhão de humanos Transcendentes vivendo lá? — Han Sen ficou chocado com a revelação.
— Sim, tem um milhão. Mas estão perdidos e espalhados pelo Terceiro Santuário de Deus. Encontrar outro humano é raro. Você teria sorte de ver um único humano numa jornada que atravessa dez abrigos. É o mesmo que ganhar na loteria ascender e acabar em um abrigo humano… — explicou Annie, sem emoção.
— Isso é bem sombrio… — Han Sen falou com um sorriso forçado.
Annie então forçou um sorriso complicado e disse: — Sombrio? Você acha sombrio? Isso não é nem a metade! Quando humanos entram no Terceiro Santuário de Deus, todos são enviados para algum abrigo. Se não caírem em um abrigo humano, sabe onde vão parar, né?
— Abrigos espirituais? Como isso é possível? — Han Sen arregalou os olhos, sem conseguir imaginar tal cena.
No Terceiro Santuário de Deus, até mesmo criaturas comuns poderiam ser Seres Celestiais, e até mesmo os abrigos espirituais mais inferiores estariam abarrotados de espíritos e criaturas. Qualquer humano que chegasse a um lugar assim estaria condenado. Seria impossível resistir a tal poder.
— Agora entendo por que tantas pessoas preferem não ir para o Terceiro Santuário de Deus. Parece uma sentença de morte. Os milhões de Transcendentes que sobrevivem lá devem ser extremamente fortes… — Han Sen comentou, com um sorriso amargo.
— Fortes? De novo, você está enganado. Eles envergonham a raça humana! —Annie falou friamente.
— Por quê? Qual é o problema? — Han Sen ficou com preguiça de pensar no que ela queria dizer, então pediu que explicasse de vez.
— Sobreviver no Terceiro Santuário de Deus só é possível de três jeitos. Primeiro, você pode ser enviado para um abrigo espiritual de baixo nível. Há espíritos e criaturas lá, mas vive se conseguir escapar. Segundo, você pode ser mandado para um abrigo humano e ficar seguro desde o início.
Annie fez uma pausa, depois continuou: — Por mais difícil que seja a primeira opção, a segunda também não é fácil. Abrigos humanos são raros. Comparado aos incontáveis abrigos espirituais, os que os humanos possuem são pouquíssimos. É raro até acabar em abrigos espirituais comuns, já que a maioria foi destruído por Espíritos rivais. Quando são conquistados, não são tomados; são arruinados e deixados para trás. Abrigos inferiores são rapidamente dominados por superiores.
— Você mencionou três possibilidades… — Han Sen franziu a testa, entendendo que a terceira devia ser a mais importante.
— Sim, há outra opção. E é se submeter ao domínio dos Espíritos. Você pode assinar um contrato com eles, jurando lealdade e obediência ao seu comando. É como abrir mão da própria vida… — Annie falou com calma. A reação do Han Sen, no entanto, foi tudo menos calma. Ele ficou horrorizado.
Era por isso que a Aliança não divulgava a situação de lá para os outros. No Terceiro Santuário de Deus, os humanos eram transformados em escravos, na maioria das vezes.
— A única coisa que posso afirmar com certeza é: se você acabar em um abrigo espiritual de nível baixo, parabéns. Você provavelmente vai sobreviver. Eles são inter-raciais, e se assinar um contrato com eles, será tratado como um membro legítimo da sociedade. Só nos abrigos de classes mais altas é que você poderá ser forçado a assinar um contrato de escravidão. E se não puder entregar os recursos que exigem ou os que desejarem quando você chegar, talvez nem lhe concedam a misericórdia de ser um escravo. Eles te matarão sem hesitar.
Annie não falou mais nada, mas Han Sen já começou a compreender a complexidade da situação no Terceiro Santuário de Deus.
Com essa conversa, uma coisa ficou clara para Han Sen. Quando aquele Espírito levou o rinoceronte para o Terceiro Santuário de Deus, devia ter sentido o poder dentro do Han Sen e o marcado. No futuro, provavelmente voltaria para levá-lo também.
Claro, isso era apenas uma marca. Não significava que um contrato de verdade foi assinado. Os contratos só eram firmados quando ambas as partes concordavam.
“Fico me perguntando de que classe é aquele Espírito. Seu nível não deve ser baixo por conseguir vir até o Segundo Santuário de Deus e levar o rinoceronte consigo.” Han Sen pensou, sem querer virar escravo de um Espírito.
— Ainda assim, assinar um contrato com um Espírito não é algo totalmente ruim. Pode haver benefícios nisso — disse Ji Yanran.
— Que tipo de benefícios? — Han Sen perguntou, surpreso.