Supreme Magus – Capítulo 1141

Sereiano = Merfolk/Merpeople.

Lith assumiu que a estranha criatura era uma fêmea devido a protuberâncias parecidas com seios em seu peito e porque sua constituição era mais esbelta do que aqueles que pareciam machos. Sua voz soava como se ela falasse enquanto borbulhava água, dando um som engraçado.

Todos eles tinham dedos palmados terminando em pequenas garras que, devido às suas cores brilhantes, eram claramente venenosas e barbatanas saindo de suas espinhas e quadris.

“Você não pode conjurar água se o ar estiver muito seco e nem todas as criaturas se alimentam de carne vermelha ou vegetais. Os peixes são necessários para adicionar variedade aos nossos estoques de alimentos e ajudar os humanos a crescer adequadamente.” Com essas palavras, Lith abriu os olhos em choque.

Ele nunca esperaria que um peixe evoluído usaria seus parentes como alimento para outras raças com um sorriso em seus rostos. Protetor rosnava toda vez que via um pelo de lobo e mesmo depois de ter evoluído de um cervo para um Kirin, oferecer veado a Defensor da Vida[1] significava procurar uma surra.

“Pela Grande Mãe, por que você está me olhando de um jeito tão engraçado?” Ela riu novamente, mas agora o gorgolejo havia quase desaparecido, permitindo que ele ouvisse uma voz feminina agradável vindo de sua boca.

“Que tipo de Bestas Imperador vocês são?” Lith inclinou a cabeça em confusão.

Com essas palavras, os indivíduos de escamas azuis olharam Lith como se fosse burro, cego ou ambos. Alguns até riram, chamando-o de diferentes.

“Nós não somos Bestas Imperador.” Ela balançou o cabelo, fazendo Lith se perguntar se sua cor verde-alga era devido à vida nas profundezas ou à sua afinidade com a mana.

‘Provavelmente já estou parecendo um idiota para eles. Agora já era’. Ele pensou.

“Teriantropo, então? Além disso, seu cabelo verde tem algum significado?” Ele perguntou.

A multidão explodiu em gargalhadas, mas desta vez não havia desprezo, apenas hilaridade.

“Cara, eu pensei que você fosse algum tipo de babaca, mas você é tão ignorante quanto um bebê. De que buraco você saiu?” Um homem magro com cabelos ruivos flamejantes ofereceu a Lith um grande peixe no que ele assumiu ser uma oferta de paz após o tratamento rude anterior.

“Eu não chamaria o continente Garlen de buraco, mas devo admitir que nunca vi seus parentes antes.” Lith deu a ele uma pequena reverência como agradecimento e guardou o peixe dentro de sua dimensão de bolso.

Quaisquer que fossem seus convidados, eles olhavam com admiração para o fenômeno, olhando para Lith com respeito e admiração recém-descobertos.

“Você é realmente um dos filhos da Grande Mãe? Quero dizer, seu sereianês[2] é impecável.” Um homem de mais de 2 metros com cabelo roxo na altura dos ombros chamado Zhen perguntou.

“Não, não sou parente de Tyris, mas moro no Reino Grifo.” Lith respondeu, fazendo-os rir novamente.

“Isso é o que ele quis dizer, bobo. Eu sou Khalia e estou feliz por ser seu primeiro sereiano.” Ela colocou a mão no ombro dele enquanto varria o cabelo de uma forma que significava problemas.

Lith não tinha ideia de que o efeito combinado do alfinete de Leegaain que o tornava capaz de falar como um nativo do oceano, sua aparência aparentemente dracônica e a exibição casual de itens mágicos o tornavam bastante atraente para a maioria das espécies.

“Eu sei que parece uma pergunta estúpida, mas o que é um sereiano?” Lith sorriu com os olhos já que sua boca ainda estava coberta de escamas e gentilmente tirou a mão de suas costas.

“Peixes? Habitantes do mar? Sereias? Tenho certeza de que mesmo no Reino eles têm muitas histórias sobre nós.” Khalia deu um passo à frente, entrando no espaço pessoal de Lith.

“Sempre pensei que fossem apenas lendas. Além disso, nessas histórias, vocês são retratados como criaturas com a parte superior do corpo de um humano e a metade inferior de um peixe.” Lith disse.

“Bem, os humanos sempre gostam de mexer com a verdade e geralmente preferimos ficar longe deles.” Disse outra mulher com uma voz amigável, cabelo azul-celeste e uma aparência rechonchuda.

“Somos uma raça orgulhosa, mas nossa magia é uma merda. É a razão pela qual não somos considerados uma das raças principais nem temos um assento no Conselho Desperto.”

“Além da água e da luz, não podemos usar nenhum outro elemento debaixo d’água. O ar cria bolhas ou eletrocuta nossos amigos, fogo e terra não funcionam, e a escuridão ataca até a água, então ela desaparece depois de alguns centímetros.”

“Prazer em conhecê-los. Meu nome é Lith e eu sou um híbrido. Qual é exatamente o seu papel na comunidade e onde moram?” Ele disse.

“Há muito tempo, os elfos governavam a terra, as bestas os céus e os sereianos as águas. Com o tempo, no entanto, a incapacidade dos elfos de Despertar e sua baixa fertilidade os fizeram perder sua supremacia sobre os humanos.” Um homem baixo chamado Mal disse.

“Os magos despertos podem multiplicar seus números tanto pela reprodução quanto por fazer discípulos, enquanto cada elfo morto é uma perda insubstituível. No momento em que as duas espécies entraram em conflito por recursos, os humanos venceram a guerra por atrito.”

“Por causa disso, perdemos nosso lugar na superfície. Não somos como bestas mágicas cujos corpos são tão fortes que as armas normais não causam nenhum dano. Ao contrário dos elfos, os humanos tinham medo de nossa aparência e não estavam dispostos a negociar conosco.”

“Debaixo d’água é impossível minerar cristais ou extrair metais, então nossa única fonte de tais materiais se tornaram navios de carga afundando. Isso até que amuletos e portões dimensionais foram criados.”

“Depois disso, nossa necessidade de vir à superfície para treinar e a falta de recursos nos obrigou a nos esconder debaixo d’água e emergir apenas em zonas seguras protegidas pelos poucos aliados animais que conseguimos fazer.” Mal coçou o cabelo roxo de vergonha.

“O problema é que não temos muito a oferecer às feras, então até os humanos desaparecerem de Jiera, os únicos que nos ajudaram fizeram isso por pura vontade.”

“Agora, no entanto, há muito espaço acima. Atuamos como batedores para Reghia, seguindo os movimentos de migração dos monstros, e fornecemos aos nossos aliados bastante comida e tesouros naturais das profundezas.”

“Em troca, eles negociam magia e minerais conosco, dando ao nosso povo um lugar para ficar. Somos os primeiros a nos mudar para este distrito, mas em breve outros virão.”

“Desculpe, mas não há muitas ilhas desabitadas? Por que não morar lá?” Lith perguntou, percebendo que algo estranho estava acontecendo.

Enquanto seus anfitriões secavam, suas escamas desapareciam, transformando-se na pele macia mais branca que ele já tinha visto. Logo todos os sereianos se transformaram em um bando de albinos nus com olhos vermelhos e cabelos de cores vivas.

‘Bem, pelo menos a parte baixa do corpo da pequena sereia é boa para mais do que apenas peixe frito. Uma coisa é certa. Mesmo que depois de secarem se pareçam com humanos, os sereianos não têm como se misturar entre eles sem mudar de forma.’

Ele pensou enquanto dois de seus olhos fitavam o rosto de Khalia enquanto os outros dois exploravam o resto de seu corpo ágil para fins acadêmicos.

“Isso é o que costumamos fazer para praticar magia, mas feitiços de alto nível, como magia dimensional, exigem laboratórios para serem praticados com segurança. Além disso, mesmo para realizar os trabalhos mais simples com Forja ou ensinar nossos jovens, precisávamos de toneladas de materiais.” disse Khalia.

Notas:

[1] Também pode ser “Pró-vida”, mas não sei se é tão bom. Em inglês é “Lifebringer”.

[2] Merspeak: dialeto sereiano/merfolk. Se acharem que o nome não é lá essas coisas.