Supreme Magus – Capítulo 1184

“Pelos deuses!” Isso foi tudo o que quase todo mundo conseguiu dizer.

Até aquele momento, Nalrond sempre acreditara que o ritual permitia que as pessoas buscassem uma audiência com Mogar como um crente faz com seu deus. Que o sangue derramado e a energia mundial do círculo eram uma oferenda do fraco ao forte.

No entanto, o círculo de Quylla provou que séculos de história estavam errados. Era uma conexão mental feita para encontrar Mogar como um igual e o grande número de círculos serviam como um escudo para proteger a sanidade do conjurador.

“Viu? O que são alguns séculos de pesquisa diante de um verdadeiro gênio?” Todos menos Morok, é claro.

Ele aproveitou o momento de espanto para elogiar Quylla e dar-lhe um abraço de parabéns que foi retribuído em vez de ser rejeitado como de costume.

‘Tudo de acordo com o plano.’ Morok pensou enquanto cheirava o cabelo dela, mas tomando cuidado para não ser percebido.

“Pervertido!” Friya quebrou o momento e o empurrou.

“Como assim?” Quylla olhou para a irmã como se ela tivesse enlouquecido.

Morok tinha sido um verdadeiro cavalheiro desde o início da viagem.

“Olha!” Friya apontou acima de sua cabeça, onde sua Projeção de Alma deu-lhe o polegar para cima e gesticulou sugerindo para Morok apalpá-la.

“Cedo demais, cara!” Morok rosnou para a Projeção antes de se virar para Nalrond. “Quando chegamos aqui, você disse que essas coisas não são leitura de mente. Então, como você explica isso?”

“A única coisa que consigo pensar é que, como você geralmente é fiel a si mesmo, sua alma não tem nenhuma mensagem para expressar, exceto os impulsos que você está reprimindo no momento.” Ele respondeu

“Você não poderia ter me dito isso antes?” A Projeção de Morok deu os dedos do meio a Nalrond e desapareceu novamente.

“Não se preocupe, não estou com raiva. Você não pode controlar seus pensamentos mais do que eu posso controlar os meus.” Quylla disse enquanto apontava para sua própria projeção.

“Graças aos deuses! Eu-“

“O importante é você não executá-los. Agora deixa isso pra lá, não podemos demorar mais. Cale a boca e deixe Nalrond se concentrar. Os primeiros círculos estão começando a desaparecer de novo.” Quylla o interrompeu.

Nalrond olhou para o círculo verde esmeralda e lamentou não ter tido tempo ou oportunidade de redesenhar todos eles.

‘Para fazer isso, eu teria não apenas que desperdiçar mais dois dias, mas também significaria usar tanta força vital que talvez eu não tivesse mais forças para executar a etapa final.’ Ele pensou enquanto se sentava de pernas cruzadas dentro do círculo aprimorado de Quylla.

O resto foi fácil. Nalrond só teve que usar a mesma técnica de meditação que usava para atrair a energia do mundo e acelerar a recuperação de seus núcleos gêmeos. A cada respiração, ele podia sentir a Magia Espiritual do círculo e a energia mundial se misturando dentro de seu corpo.

Com sua mente agora livre de pensamentos dispersos, Nalrond podia ver uma luz ofuscante brilhando acima dele através de seus olhos fechados. Ele estendeu sua consciência em direção à luz, assim como havia feito para cruzar a barreira da Margem.

Mais uma vez, inúmeras vozes, sofrimentos e experiências que compreendiam a mente de Mogar agrediram sua consciência, mas graças aos círculos, Nalrond precisou apenas de um pensamento para afastar a pressão mental enquanto esperava por seu anfitrião.

A princípio, a luz estava distante, como o sol em um dia de inverno, mas logo Mogar o notou. De repente, Nalrond se viu cercado por um espaço branco que se estendia até onde a vista alcançava.

Ele estava de pé com os olhos abertos, mas percebeu imediatamente que nada disso acontecia no mundo real. Não havia vestígios de seus companheiros, ele agora usava as mesmas roupas que usava antes da fuga de Alvorada, e o que ele viu só poderia ser explicado com Mogar pregando peças em sua mente.

A pessoa à sua frente parecia exatamente com Nalrond. A única diferença entre eles era que o cabelo do doppelganger era das seis cores dos elementos.

“O que você quer?” Mogar perguntou com uma voz que soava como se um homem e uma mulher tivessem falado em uníssono.

“Saudações, Grande Mãe.” Nalrond fez uma reverência, incapaz de suportar o peso de um olhar tão poderoso. “Meu nome é-“

“Eu sei exatamente quem você é. Um humano que veio em busca de respostas. Não desperdice meu tempo com formalidades porque elas não têm nenhum significado para mim. Todas as boas maneiras do mundo não teriam me impedido de destruí-lo se você não despertasse minha curiosidade.” Mogar o interrompeu

“Não sou humano. Sou um híbrido!” Nalrond encontrou forças para olhar para o doppelganger graças à raiva que tais palavras provocaram.

“Você está realmente tentando me corrigir?” Mogar riu. “Você sabe que os poucos que conseguem me conhecer, sempre me dão a aparência da pessoa ou da coisa que eles mais gostam?”

“Agora me diga, quem mais além de um ser humano pode ser tão arrogante para me ver como eles mesmos? Tyris me viu como a mãe que ela nunca conheceu. Baba Yaga como a escrava que ela falhou em salvar. O Cavaleiro da Alvorada como sua mãe.”

“Somente os humanos não podem pensar além de sua própria pele.” O rancor nas palavras de Mogar e o horror que assaltava sua mente fez Nalrond cair de joelhos.

“Você deu uma audiência para Dawn também? Você a ajudou a escapar?” Ele perguntou.

“São essas as suas perguntas?” Ver um sorriso tão cruel em seu próprio rosto quase quebrou o foco de Nalrond.

Rachaduras apareceram no espaço ao redor deles e o ar ficou pesado demais para respirar. As fissuras deixaram entrar mais da essência de Mogar do que ele poderia suportar, levando-o lentamente à loucura.

“Não, não são.” Nalrond cerrou os dentes e deixou a raiva de lado.

À medida que sua mente se tornava mais estável, o mesmo acontecia com o espaço ao seu redor, até que todas as rachaduras e a pressão mental que elas causavam desaparecessem.

‘Já perdi muito tempo e não sei quanto mais aguento. Agora, minha vingança não é uma prioridade. Isso só comprometeria meu foco.”

“Por que eu não deveria receber o Dia Brilhante?” Mogar disse como se ela tivesse acabado de ler sua mente.

“Se lembra do que sua amiga inteligente disse? Nossa comunhão não tem nada a ver com superstição. Alvorada abriu uma conexão mental comigo assim como você e como ela não me deu nenhum motivo para me livrar dela, eu ouvi as divagações dela. Assim como estou fazendo agora.”

“Quanto à fuga de Dawn, ela não precisava da minha ajuda para isso. Ela sabia que era apenas uma questão de tempo até que alguém estúpido o suficiente a libertasse. Ela estava mais interessada em coisas como superar a fraqueza dos mortos-vivos à luz do sol.”

“O que você disse a ela?” Nalrond tentou mudar de forma por causa da raiva, lutando contra a tentação de rasgar a cabeça de seu sósia. No entanto, nada aconteceu.

“Essa é a sua pergunta?” Mogar repetiu.

“Por que você continua me perguntando isso se você vai me responder de qualquer maneira?” O estresse daquela conversa fez o espaço rachar novamente até que ele conseguiu se acalmar.

‘Mogar está fazendo isso de propósito. Eles querem que eu encerre a conexão ou morra e, até agora, eu mordi a isca como um idiota.’ Nalrond notou que a pressão em sua mente crescia a cada segundo que passava.

Quanto mais Mogar se concentrava nele, menos os círculos mágicos que seus companheiros haviam preparado conseguiam afastar o dilúvio de energia mundial e com ele o peso total da consciência do planeta.