‘Me perdoe, Ripha. Não consigo mudar o passado, mas posso prometer não te decepcionar de novo.’ Silverwing enxugou as lágrimas e estudou a torre com a Visão da Vida.
Nenhuma de suas defesas tinha sido ativada e a maior parte da energia que a torre absorvia do solo estava focada em uma única sala.
“Comando de Sobreposição de Emergência. Senha: Loka, branco, legado, morte, Menadion.” Lochra suspirou de alívio quando a torre reconheceu o velho código e abriu as portas para ela.
Uma vez lá dentro, ela se tornou invisível e inaudível, checando os quartos um por um para estimar o nível de ameaça de seus potenciais inimigos.
‘Mas que droga? Como a torre de Menadion se tornou uma Sororidade Desperta?’ Mesmo só tendo visto Tista e Phloria, os outros quartos pertenciam claramente a mulheres.
‘Bem, a boa notícia é que elas são só crianças fracas. Não deve demorar muito pra colocar um pouco de bom senso nelas. A notícia ainda melhor é que sendo todas garotas, elas não devem ter abusado de–, ai, merda!’
Todas as esperanças de Silverwing se tornaram pó quando ela abriu a porta para o quarto de Lith e viu Solus dormindo na mesma cama que o Wyrmling e o abraçando. O fluxo estável de energia vindo tanto de Lith quanto do gêiser de mana fizeram Solus assumir a forma humanoide depois que ela perdeu a consciência.
O corpo de Lochra queimou com mana e fúria, iluminando o quarto semelhante a um sol branco enquanto as ondas de mana que ela liberava junto com sua aura faziam seu manto agitar e bater como se ela estivesse no meio de uma tempestade.
A luz e o barulho repentinos acordaram Solus que imediatamente ativou os Protocolos de Emergência, pronta para arrebentar o intruso antes que ele pudesse dar outro passo. Isso até que o núcleo da torre reportou a ela o código de sobreposição que Silverwing havia ativado, permitindo a Solus reconhecer seu inimigo.
“Tia Loka? É realmente você?” Ela disse enquanto Silenciava o quarto e cobria os olhos de Lith com uma capa de escuridão para não interromper seu descanso.
Essas palavras detiveram a mão e o feitiço que Silverwing estava prestes a lançar para matar o maldito doente que tinha escravizado sua doce e inocente afilhada.
“Elphyn? Você ainda se lembra de mim?” A sala mergulhou de volta na escuridão enquanto ela avançava, levantando Solus no ar como se ela fosse uma criança pequena antes de abraçá-la e beijar sua cabeça repetidamente.
“Na verdade não. Eu só li o registro da torre. Sinto muito, mas perdi a maior parte das minhas memórias. Não tenho nenhuma lembrança de você ou do papai. Mal me lembro da mamãe e não faço ideia de quem Elphyn pode ser. Meu nome é Solus.” Ela disse enquanto escapava do abraço esquisito da estranha.
“O que quer dizer com ter perdido suas memórias? O que aquele doente fez com você?” Lochra apontou para o Wyrmling com mana suficiente em seu dedo indicador para transformar a torre em uma cratera.
“Lith salvou a minha vida, foi isso o que ele fez.” Solus se colocou entre os dois. “Eu esperei por séculos para que alguém me encontrasse depois que a mamãe morreu. Com o tempo a torre enfraqueceu tanto que, pra sobreviver, eu tive que fazer sacrifícios.”
“Qual a sua desculpa para ter esquecido de mim até agora?” Os olhos de Solus brilhavam, com a raiva e com toda a mana que ela conseguia reunir.
Suas palavras atingiram Silverwing como um soco no estômago, fazendo-a perceber o quão louca ela parecia aos olhos de Elphyn.
“Sinto muito, Epphy.” Lochra baixou o braço, fazendo o possível para conter os séculos de arrependimentos que estavam a segundos de fazê-la explodir em lágrimas.
“No momento em que tentei entrar em contato com Ripha, sua runa de contato já havia desaparecido. Tentei encontrar a torre, mas essa maldita coisa falhou comigo.” Ela mostrou a Solus o Desbravador e sua agulha que ainda girava como uma hélice.
“Sua mãe me deu para o caso de algo acontecer com ela. Era para me guiar até a torre, mas só percebi agora que está quebrado. Visitei todos os gêiseres de mana que conhecia, mas nunca encontrei nenhum rastro seu.”
“Eu achei que a mesma pessoa que matou Ripha também matou você e pegou a torre. Eu nunca parei de procurar por você. Por que você acha que eu vim para Jiera?” Tudo, desde seu tom até seu batimento cardíaco, parecia sincero, fazendo Solus baixar a guarda.
“Você está dizendo que nem mesmo você sabe quem matou a mamãe?” Solus ficou pasma.
“Ninguém sabe. Caso contrário, todos os Despertos em Mogar os teriam caçado para colocar as mãos no legado de Ripha. Ou sua mãe morreu junto com seu inimigo, ou ela escondeu a torre tão bem que nem seu assassino nem eu conseguimos encontrá-la.”
“Deuses, você deve ter tantas perguntas. Especialmente sobre seu pai.” Silverwing disse.
“Qual era o nome dele e ele também era um mago ou só um pintor?” Solus perguntou.
“Pela Grande Mãe, como você pode saber que seu pai era pintor, mas não se lembra do nome dele?” Silverwing finalmente entendeu que a memória de Solus estava tão danificada quanto a torre.
Ela havia falado com preocupação sincera, mas a expressão de dor de Solus com essas palavras fizeram Lochra sentir como se seu coração estivesse sendo espremido em um torno.
“Sinto muito, Epphy, não queria ser tão insensível. Primeiro, vou responder a todas as suas perguntas e depois você vai me explicar o que aconteceu com você. Combinado?”
“Combinado.” Solus ofereceu sua mão, recebendo outro abraço sufocante.
“O nome do seu pai era Threin. Ele era apenas um pintor que não praticava magia exceto o que precisava para seu trabalho e para cuidar de você. Ele aprendeu magia de água para poder desenhar exatamente como imaginava, magia de luz para tratar suas cólicas de bebê e magia negra para mantê-la limpa.” Silverwing riu com a memória.
“Como mamãe e papai se conheceram?” Solus perguntou.
“Seu pai era um esquisito e sua mãe pior ainda. Nenhum dos dois ligava muito para status social ou etiqueta. Eles se conheceram por acaso nas aulas de pintura. Eu obriguei Ripha a ter um hobby e a sair do laboratório.”
“Como ela gostava de trabalhar com as mãos e sempre se considerou uma artista, eles se tornaram imediatamente rivais.”
“A mamãe era tão boa assim?” Os olhos de Solus brilharam de orgulho com a ideia.
“Deuses, não. Aos três anos você desenhava melhor do que ela depois de várias aulas. Era só Ripha sendo excessivamente competitiva, como sempre. Ela mal conseguiu segurar um pincel direito a vida toda.”
“Seu pai nunca se irritou com Ripha por ela se gabar e tentou ensiná-la, mas sem sucesso. A única coisa que ele conseguiu com todas aquelas aulas particulares foi passar muito tempo com ela até que sua mãe se apaixonou e chamou ele pra sair.” Lochra respondeu.
“Quantos anos eles tinham?” Solus perguntou.
“Sua mãe tinha mais de 200 anos e seu pai tinha 22 quando eles começaram a namorar e se casaram três anos depois. Você chegou depois do 10º aniversário deles porque sua mãe sempre tinha um novo projeto em andamento e ela ficava apavorada com a quantidade de tempo que cuidar de um bebê requer.”
“Caramba, para tirar Ripha do laboratório, seu pai me pediu ajuda várias vezes para sequestrá-la. Literalmente”
O pai dela era brabo kkkkkkkk
Nossa mano que foda caiu até uma lágrima aq
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK daora saber mais sobre a solus
Obrigado pelo capitulo! S2