Tendo oficialmente aprendido a ler e escrever, lith praticou todos os dias. Enquanto sua família considerava ele um gênio, ele sabia disso. Precisando praticar muito para memorizar apenas vinte e uma letras e dez números, lith não se sentiu muito brilhante.
Batendo no ferro enquanto ainda estava quente, ele pediu para Raaz escupir para ele uma régua de madeira, de cinquenta centímetros (19,7 polegadas) de comprimento e 3 centímetros (1,2 polegadas) de altura e largura.
Na frente ele havia gravado todo o alfabeto, e atrás os números. Era a embreagem de lith durante seu dever de casa, uma ferramenta necessária para ele estar livre pra praticar a qualquer hora, sem incomodar seus pais.
Raaz ainda estava nas nuvens, então ele não fez nenhuma pergunta sobre os tamanhos estranhamente específicos que lith solicitou. Ele poderia facilmente a tornar mais fina e curta, pra que fosse mais fácil para lith carregar. Mas lith recusou a proposta, implorando-lhe que cumprisse seu desejo.
Lith não perdeu o olhar hostil de Orpal toda vez que alguém o chamava de gênio. Ele tinha que ter certeza de que não quebraria ou desapareceria por “acidente”.
Também era o pretexto perfeito para praticar magia espiritual enquanto fingia carregar alguma coisa.
Quando o tempo melhorou, Elina decidiu que era a hora perfeita para Nana checar Tista. Com todo o frio e chuva dos últimos dias, por mais que Raaz e Orpal tivessem se esforçado na manutenção da casa, ainda estava um pouco frio.
Tista esteve tossindo o suficiente para Elina ficar seriamente preocupada com ela. Então, ela pegou a carroça e levou lith e Tista para a vila de Lutia.
O mau tempo tinha durado muito tempo, e o trabalho acumulado na fazenda precisava da ajuda de todos para terminar, antes que outra tempestade chegasse.
Ela teve que levar lith junto, já ele era muito pequeno para ser deixado sozinho. Depois de vesti-los com as roupas extras pmais quentes que possuíam, a viagem começou.
Lith estava realmente feliz, era a primeira vez dele vendo o mundo além da fazenda. Tinha tanto que ele poderia aprender com essa experiência.
Na estrada, foram incomodados mais de uma vez por graaths perdidos. Eles eram insetos parecidos com as vespas, com uma picada venenosa. Mas em comparação com as vespas da terra, eram muito mais peludas e azuis em vez de amarelas.
“Por que, em nome da grande mãe, eles ainda estão por aí?” Elina reclamou. “Eles deveriam estar dormindo durante o inverno!”
Um graath era particularmente teimoso, e continuava voltando mesmo depois de ser enxotado, até chegar perto de mais de Tista pra estar confortável.
Lith bateu as mãos com força, errando completamente. Ele era ágil como um gato, mas sua magia espiritual não.
Ele já havia atingido um raio de efeito total de dez metros (32,8 pés), então o graath foi esmagado sem esforço.
Lith mostrou a presa com orgulho. “Não se preocupe irmã mais velha, eu sempre protegerei você.” Depois de abraçá-lo, Tista ficou muito curiosa com o inseto morto, mas Elina ainda estava preocupada com o veneno, então depois de jogá-lo fora, eles retomaram a viagem.
Quando avistaram Lutia, muitas das dúvidas de lith foram esclarecidas. Não era apenas sua família, a vila inteira lembrava um daqueles desenhos da idade média que apreciam nos livros de história.
Não havia sinal de nenhuma tecnologia complexa, até mesmo um moinho de vento ou de água teriam sido considerados a maravilha da ciência.
Quando lith perguntou a Elina sobre a vila, ela explicou que só artesãos, estudiosos e mercadores viviam lá, o resto da população vivia em suas próprias fazendas cuidando dos campos e criando gado.
Lutia consistia em algumas peças de casas de madeira de um ou dois andares de altura, bem espaçadas entre elas. Nem mesmo eram feitas de pedra ou tijolo.
Também não havia qualquer tipo de pavimentação rodoviária. O espaço entre as casas era igual à estrada para a aldeia, terra seca e lama.
Pelas placas penduradas nas portas, ele avistou um ferreiro, uma taberna e uma alfaiataria.
A padaria não exigia nenhuma placa ou anúncio, o cheiro delicioso que saía pela chaminé era suficiente para deixar todos os transeuntes com água na boca.
A fome de Lith foi tão forte que ele já sabia o que iria sonhar naquela noite.
Quando chegou à casa de Nana, Lith ficou surpreso ao perceber que era maior que a deles, mas Elina lhe disse mais de uma vez que Nana morava sozinha.
Aos seus olhos, isso significava que, ou ela era de uma família rica, ou mais provavelmente, a cura era um negócio lucrativo. Lith decidiu que deveria dominar a magia da luz o mais rápido possível.
A porta estava aberta, e por dentro Lith sentia a sensação familiar da sala de espera de um médico. Lá dentro havia uma única sala enorme que cheirava a ervas medicinais e incenso.
No final da sala, à esquerda, havia uma porta, provavelmente levando ao alojamento de Nana. À direita havia uma enorme cortina larga, atrás da qual Nana visitava e tratava os pacientes.
O restante do espaço estava repleto de bancos e cadeiras, e muitos deles já estavam ocupados.
Parecia que muitas famílias queriam aproveitar o bom tempo. Elina tirou todas as roupas extras dos filhos antes de orientá-los a ficarem quietos e não incomodarem os outros.
A sala de espera estava cheia de mães entediadas, e logo Elina entrou em uma conversa, compartilhando com elas suas experiências e conselhos.
Lith podia passear sem ser perturbado, pois as mulheres estavam ocupadas demais mantendo seus filhos sob controle para perceber sua existência.
A sala estava vazia e desinteressante, mas assim que chegou perto da cortina ele tropeçou em um tesouro. Ele encontrou um pequeno armário aberto cheio de livros sobre magia.
“Talvez neste mundo, isso seja o equivalente a um médico pendurando seus diplomas e mestrados.” Muitos dos títulos eram específicos sobre um elemento ou sua aplicação, mas um chamou sua atenção imediatamente.
Tinha “Os fundamentos da magia” escrito na capa. Depois de verificar se ninguém estava prestando atenção nele, ele pegou o livro e começou a ler.
“Tenho apenas três anos. Posso me dar ao luxo de pedir perdão melhor do que de pedir permissão.” Lith então foi para um canto, dando as costas para a cortina na esperança de passar despercebido o maior tempo possível.
Era claramente um livro para iniciantes, então ele pulou a introdução e foi direto para a descrição dos elementos.
Lith descobriu que a magia da água não consistia apenas em conjurar e manipular a água, mas também permitia ao usuário diminuir a temperatura de qualquer coisa. Qualquer aprendiz de magia deveria ser capaz de gerar gelo e usá-lo como meio de ataque e defesa.
A magia do ar também tinha uma habilidade que ele nunca havia levado em consideração. O pico mais alto da magia do ar era o controle do clima, mas mesmo no nível básico um mago poderia gerar relâmpagos.
Fogo e terra eram puros e simples, como ele os havia imaginado o tempo todo, então ele passou para os dois últimos elementos.
Durante a leitura, ficou claro para ele que, por causa da magia, quem escreveu o livro não tinha ideia do que era anatomia.
O livro falava sobre a importância de manter uma ferida limpa, não havia uso de termos como desinfecção ou sepse, então ele mal encontrava termos médicos conhecidos.
Lith ficou pasmo ao descobrir que a luz e as trevas eram explicadas juntas, em vez de em capítulos separados.
De acordo com o livro, ambos os elementos eram o pão com manteiga de qualquer curandeiro. A magia negra poderia ser usada como arma, mas não foi explicada em detalhes.
O autor foi muito claro ao ressaltar que não era um lutador e que os iniciantes nunca deveriam morder mais do que conseguem mastigar.
Então ele explicou que a magia negra não era boa nem ruim, apenas um elemento como os outros. Era uma ferramenta inestimável para um curandeiro, pois permitia limpar feridas e ferramentas, ou mesmo fumigar casas de ratos e insetos para evitar a propagação de doenças.
Além disso, era a única maneira de se livrar dos parasitas que haviam crescido dentro do paciente, já que a magia da luz permitiria ao curandeiro detectar sua presença, mas não poderia causar nenhum dano a eles.
Magia de luz e magia negra funcionam melhor quando usadas juntas. A especialidade da magia da luz era a capacidade de perceber as forças vitais e examiná-las em busca de anomalias. Também permitia corrigir tais anomalias e garantir uma recuperação instantânea da maioria das doenças.
Restaurar ossos quebrados era mais difícil, e foi explicado em outro capítulo.
Lith se sentiu incrivelmente ignorante e estúpido. Ele poderia ter descoberto a maioria dessas propriedades elementares sozinho, se não tivesse sido cegado por sua superstição idiota.
“Como pude ter sido tão idiota? Moro aqui há mais de três anos e ainda estou pensando que este é um videogame com regras e níveis fixos?!? A escuridão é má e a luz é sagrada ou algo assim? Não, isso é ciência, caramba, a mesma que estudei durante toda a minha vida. Se a magia de fogo é converter mana em calor, então a magia da água nada mais é fazer que converter a mana em frio, condensando a água na atmosfera e transformando-a no estado líquido. Tão óbvio que é como o ovo de columbus!”
Ele estava prestes a virar a página e aprender como curar ossos quebrados, quando uma mão firme segurou seu ombro, prendendo-o no lugar.
“Isso não é um brinquedo, meu jovem. Eu realmente espero que você não tenha causado nenhum dano, caso contrário, sua família terá que pagar caro por isso.”
Vish, acabou a leitura
Figurante sendo chato como sempre
Povo chato