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Supreme Magus – Capítulo 8

Aprendendo a negociar, de novo (1)

 A ética da profissão de nana não permitia favoritismo de nenhum tipo.  Lith pode ser seu futuro aprendiz, mas Tista tinha que esperar pela vez dela, como todos os outros.

 Lith não estava feliz por estar preso na fila, como ele ficava em seus tempos de faculdade, revisando as matérias em que era mais fraco.

“Tanta coisa para ler e tão pouco tempo. Melhor estudar magia de luz e magia negra, já que são os únicos elementos fora da física como eu a conheço. Na melhor das hipóteses, levaria anos para colocar minhas mãos em um livro novamente, e há um limite para o que eu posso aprender lendo.”

 Quando chegou a vez deles, ele observou cuidadosamente como o curandeiro realizava a magia de luz “Vinire Rad Tu”.

 Era o mesmo feitiço de detecção de força vital que ela usou nele três anos atrás, e desta vez ele tinha uma melhor compreensão de magia, e um ponto de vista melhor.

 Ficando do lado dela, lith observou cada gesto e movimentos de mão que Nana usava para amplificar o efeito do feitiço. A luz envolveu o corpo de Tista, rapidamente deixando o arredor de seu peito cinza, delineando claramente o formato de seus pulmões.

“Eu tenho boas e más notícias. A boa notícia é que a condição de Tista continua a mesma de sempre, sem sinal de degeneração dessa vez. Tenho medo de que ela permaneça assim pra sempre. Quanto mais ela crescer, menores serão as chances de seu corpo ser capaz de consertar de alguma forma.”

 O ar na sala ficou pesado, uma vida inteira de doença era pouco melhor que nenhuma vida.

 Lith ficou tão chocado que esqueceu dos livros. O mundo inteiro não significava nada se ele não pudesse compartilhá-lo com as únicas três pessoas que amava e confiava.

 Eles saíram da casa de nana tristes, não falando nenhuma palavra na volta até em casa.

 Assim que chegaram, Elina compartilhou com Raaz as más notícias, antes de começar a chorar. Um por um, a família toda desabou em lágrimas, abraçando uns aos outros em busca de conforto.

 Lith se permitiu chorar, amaldiçoando o destino cruel que estava a frente de sua irmã.

 “De que adianta ter magia, se eu continuo indefeso? Por que continuo reencarnando, simplesmente para substituir um inferno por outro? Isso é apenas azar ou é minha culpa? Será que em alguma vida anterior eu cometi um pecado sem perdão tão grande, que agora até mesmo todos aqueles que amo estão amaldiçoados? Esse poderia ser meu castigo?”

 Durante os dias seguintes, Lith continuou questionando cada escolha de vida que fez, antes de aceitar o fato de que coisas ruins acontecem. Tista já estava doente quando reencarnou pela segunda vez, não poderia ser culpa dele.

 Tendo sido aceito como aprendiz de nana, ele agora podia praticar magia abertamente. Logo, ele mostrou ser capaz de limpar a casa inteira sozinho, livrando sua mãe e suas irmãs das tarefas domésticas.

 Graças a magia negra, lavar a louça e as roupas se tornou uma questão de minutos. Nada orgânico, seja comida, sujeira ou resíduos, poderia escapar de se tornar poeira com uma única partícula de magia negra.

 Ele também fez incontáveis experimentos com magia de luz, em busca de uma cura. Ainda assim, tudo que ele conseguiu foi manter os sintomas no mínimo. Tista agora precisava de bem menos tratamento de nana, mas ainda era uma prisioneira de seu próprio corpo.

 Isso fez Orpal odiá-lo cada vez mais.

“Exibido! Como eu deveria aproveitar minha vida, quando ele está constantemente respirando no meu pescoço? Não só o sanguessuga faz as tarefas domésticas junto com a mãe, mas também passa muito mais tempo com Tista. A mãe e o pai sempre elogiam ele pelo seu tão dito talento e inteligência. E agora eles nunca param de falar sobre como o sanguessuga está ajudando a família a economizar dinheiro, cuidando da condição da Tista ele mesmo. Ninguém se importa com eu gastando meu doce e precioso tempo fazendo todo o trabalho da fazenda! Deuses, porque deixaram ele viver? Porque vocês deram talento pra ele?”

 Alheio aos sentimentos do seu irmão, lith não estava lidando muito bem com a situação. Seu poder mágico e sua compreensão de mana continuavam crescendo, mas não podiam apagar o gosto perpétuo de falha que o acompanhava.

 No ano seguinte, ele não conseguia sentir nenhuma alegria quando se tratava da magia, todas as descobertas eram inúteis, todo seu poder era sem sentido.

 E então, ele finalmente tinha quatro anos de idade. O período entre os quatro e os seis anos em lutia, era chamado de “A idade de ouro” já que a criança era grande suficiente para ter um pouco de liberdade, mas pequena demais para ajudar em atividades diárias.

 Eles tinham permissão de brincar o dia todo sem precisar se importar com o mundo. Era a época perfeita para fazer amigos e conhecer melhor os vizinhos, além de aprofundar os laços entre as famílias.

 No dia do seu quarto aniversário, depois de terminar as tarefas, Eliza apresentou-o a todos os vizinhos antes de voltarem para casa.

 Ele deveria socializar e brincar, mas Lith tinha outros planos. Não havia tristezas ou alegrias que pudessem fazê-lo esquecer por muito tempo a fome que o consumia, desde que tinha apenas cinco meses de idade.

 A fazenda de Raaz ficava no limite do oeste das terras agrícolas de Lutia, a pouco menos de um quilômetro (0,62 milhas) de distância da grande floresta conhecida como Trawn.

 Apesar do nome pretensioso, não era particularmente perigoso. As pessoas que viviam nas aldeias próximas dependiam da floresta como principal fonte de madeira para a sua vida cotidiana.

 Trawn também era abundante em vida selvagem, então aqueles ousados e sortudos iriam caçar o ano todo, em busca de carne preciosa, pele quente ou ambos.

 Era impossível encontrar monstros na floresta, a menos que alguém percorrese vários quilômetros de profundidade. Como não havia necessidade de explorar Trawn detalhadamente, as áreas internas ainda eram um território desconhecido.

 Havia uma razão para Lith nunca ter praticado artes marciais no Novo Mundo, nem mesmo o jogo de pés. A prática constante da magia exigia muita energia, e sua família carecia dos recursos necessários para seu treinamento.

 Lith já era mais magro do que todos os seus irmãos, qualquer esforço a mais e ele se transformaria em uma pilha de ossos. Ele precisava de comida.

 Mas sendo um garoto da cidade, ele não sabia nada sobre açougue, precisava de um professor. E era por isso que ele se dirigia à casa de Selia Fastarrow, a única caçadora entre os vizinhos.

“O problema é que não tenho ideia de como fazer com que ela me ajude. Ainda sou muito pequeno para o aprendizado e, mesmo que não fosse, é improvável que ela não tivesse ouvido falar da oferta de Nana… Só posso esperar que ela seja uma mulher gentil e benevolente.”

A casa de Selia era uma casa térrea de madeira, muito menor que a de Lith, com cerca de sessenta metros quadrados de largura. Não havia galinheiro ou celeiro. Exceto pelo espaço próximo à casa, os campos estavam incultos, cheios de mato, grama alta e tudo o que a mão do vento plantou ao longo do tempo.

“Ela claramente não tem interesse em agricultura e pecuária, e isso é uma boa notícia. Significa que o negócio dela é bom o suficiente. Eu me pergunto o que há no galpão perto da casa. É quase tão grande quanto a própria casa.”

 Lith bateu na porta um pouco forte de mais, por conta do nervosismo. A porta se abriu quase imediatamente.

“Você de novo? Você está perdido ou algo assim?” Selia era uma mulher de trinta e poucos anos, 1,70 de altura, e com a pele bronzeada pelos anos de exposição ao sol. Seu cabelo preto foi mantido curto com um corte de cabelo idêntico aos padrões militares da Terra.

 Ela poderia ser considerada muito fofa, mas o busto pequeno, aliado aos olhos penetrantes e à atitude rude, tornavam-na mais masculina do que a maioria dos agricultores.

 Ela usava uma jaqueta de couro de caça sobre uma camisa verde, calças cargo verdes, e botas de caça marrons com sola externa macia, para limitar o ruído feito durante o movimento.

“Olá, senhorita Fastarrow, preciso de um favor. Você poderia, por favor, me ensinar como esfolar e estripar animais?”

Selia ergueu uma sobrancelha. “Por que?”

“Porque eu estou com fome.” Não tendo qualquer influência sobre ela, Lith decidiu que contar a verdade era a melhor escolha. “Estou com fome há tempo suficiente para esquecer como é estar saciado. Sei que posso caçar, mas também sei que sem o manuseio adequado a carne estraga e não é comestível.”

“Não, você me entendeu errado. Quero dizer, por que eu deveria ajudá-lo? O que eu ganho?” Agora ela estava tricotando as sobrancelhas.

“O que você quer?” Lith perguntou enquanto reprimia o desejo de matá-la lenta e dolorosamente. Ele estava com fome o suficiente para vê-la como presa.

“Honestamente, não acredito que um nanico que mal chega à minha cintura possa caçar alguma coisa, nem mesmo um rato. E como ensinar é uma perda de tempo, exige compensação.”

 Ela coçou o queixo em busca de um acordo ruim o suficiente para afastar a praga. Ela nunca quis ter um filho, muito menos lidar com o de outra pessoa.

“Então, se você quiser aprender comigo, primeiro você deve trazer alguma presa aqui. Se você errar enquanto brinca de açougueiro, você vai estragar minha mercadoria, desperdiçando meus bens e tempo. Seja lá o que você me trouxer, vou ensiná-lo a esfolá-lo e estripá-lo. Mas metade disso vai ser meu, é pegar ou largar.”

“O que? Uma mulher gentil e benevolente uma ova, isso é pura extorsão.” Lith pensou.

“Eu entendo. Quanto tempo você vai ficar em casa?” Ele respondeu.

“Estarei aqui o dia todo, tenho muito trabalho a fazer. Por quê?”

“Porque quando eu voltar com minha presa, precisarei de sua ajuda. Não se esqueça do nosso acordo.”

 Lith se virou, indo em direção à floresta. Vendo o pequenino agir de forma dura, sem arco, armadilhas ou mesmo apenas uma bolsa para a caça, Selia não pôde deixar de rir alto. Isso até que a porta bateu de repente em seu rosto, jogando sua bunda primeiro no chão. Depois de se levantar, ela foi até a janela mais próxima.

 Lith ainda estava no mesmo lugar, mas seu rosto estava voltado para a porta dela, seus olhos brilhando na penumbra do amanhecer.

 Depois de chegar à beira da floresta, ele ativou o feitiço de luz “Visão da Vida”. Foi uma de suas criações do último ano de prática. Ao infundir magia de luz em seus olhos, Lith era capaz de ver os seres vivos de forma colorida, enquanto o resto do mundo se transformava em tons de cinza. Quanto mais forte a força vital, maior e mais brilhante era a luz emitida. Dessa forma ele poderia facilmente localizar animais, mesmo que estivessem escondidos no subsolo, em arbustos, ou dentro de uma árvore.

 Lith não precisava caçar algo grande, desde que fosse carne, era a presa perfeita.

 A maioria dos animais fugiria assim que ele chegasse perto demais, mas nem todos. Pássaros e esquilos empoleirados nos galhos das árvores se sentiam seguros. Mas a magia espiritual de Lith atingiu um alcance de mais de vinte metros (21,9 jardas), todos eles estavam ao seu alcance.

 Ele só precisava estender a mão aberta em direção à presa, depois só precisava apertá-la e girá-la para quebrar seu pescoço. Em menos de vinte minutos ele matou dois pássaros de penas estranhas e dois esquilos.

“Eu poderia pegar mais, mas quero pagar o mínimo possível a essa velha.”

 Ao retornar para a casa da caçadora, sua ganância bateu de frente ferozmente com sua raiva.

“Droga! Eu deveria ter pedido ao meu pai. Nossa fazenda tem um galinheiro, nós comemos frango, então ele deve saber como abatê-los. Mas se eu fizer isso, serei forçado a dividir MINHA presa em partes iguais. E se tem algo que eu odeio mais do que ser roubado por aquela velhota, é a ideia de Orpal e Trion terem a mesma quantidade de carne que eu. Ou pior ainda, mais que eu, eu cacei essa caça! Eles só poderão comer minhas sobras quando e se eu quiser!”

 Quando Lith chegou à porta, ele já havia se acalmado, a raiva escondida em seu rosto profissional. Ele respirou fundo antes de bater novamente.

 Quando Selia o viu, esteve a ponto de zombar dele, chamando-o de desistente por ter desistido em menos de uma hora. Mas então Lith mostrou a ela sua presa, fazendo com que todo o seu discurso de “Nunca subestime o quão difícil é o trabalho de um caçador” ficasse preso em sua garganta.

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Santos777
Membro
Santos777
3 meses atrás

ate q mostrem a merda que o protagonista passou esse odio ai nao é nem um pouco justificavel

kurumiD
Membro
kurumi
2 meses atrás
Resposta para  Santos777

O ódio dele ao Orpal? Claramente ele vai fazer merda pô

José Da SilvaD
Membro
José Da Silva
6 meses atrás

Sei não, esse ódio é meio injustificado agora

Relâmpago
Membro
Relâmpago
5 meses atrás
Resposta para  José Da Silva

O prota só tem ódio no coração , ele viveu como um adolescente revoltado , foi feliz por pouco tempo e voltou a ser um véi revoltado e morreu revoltado renasceu revoltado morreu de novo e finalmente nasceu em um lar descente mas ainda é revoltadl

Sem Nome
Visitante
Sem Nome
3 meses atrás
Resposta para  José Da Silva

Já passou fome?

kurumiD
Membro
kurumi
2 meses atrás
Resposta para  José Da Silva

É óbvio que o Orpal vai fazer merda

Danilo Torres
Membro
Danilo Torres
10 meses atrás

o Trion deve ser o mais esquecido da familia, ele nao é o mais velho, ele nao é o mais novo e ele nao é o doente

Shiba WhiteD
Membro
Shiba White
6 meses atrás
Resposta para  Danilo Torres

Poisé

Jizir
Visitante
Jizir
10 meses atrás

Meio que faz sentido o irmão dele ser chato, na vida real as vezes é assim. Ainda mais em um lugar sem internet, e um lugar que se trampa o dia todo.

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