Supreme Magus – Capítulo 908

A paranóia de Lith era como uma doença, espalhando e infectando todos aqueles que trabalhavam para ele ou com ele. Até mesmo os membros do Corpo da Rainha estavam a segundos de detoná-lo com suas varinhas.

“Oi, mãe. Estou em casa.” Ele abriu os braços para um abraço enquanto cruzava a soleira.

“Lith! Que surpresa maravilhosa. Eu não estava esperando você de jeito nenhum.” Elina largou a pena com a qual estava checando as contas da fazenda e correu para recebê-lo.

Ela era uma mulher graciosa em seus trinta e tantos anos, mas graças aos tratamentos de Lith ela não parecia ter passado dos trinta. Ela era bem dotada em todos os lugares certos, com um corpo em forma aprimorado por meio de trabalho duro.

O cabelo de Elina na altura dos ombros era de uma bela cor castanho-claro, com tons de vermelho destacados por toda parte. A luz do sol vindo das janelas fazia seu cabelo parecer que havia chamas dançando dentro.

Ela olhou cuidadosamente para Lith, verificando suas roupas em busca de buracos, suas mãos em busca de ferimentos e, em seguida, seu rosto em busca de qualquer sinal de desnutrição ou perda de peso.

“Mãe, sou um adulto e o Ranger número um em todo o Reino de Griffon. Posso cuidar de mim mesmo.” Lith disse.

Ele ainda estava com os braços abertos, fazendo-o sentir como se estivesse recebendo uma inspeção corporal em vez de uma recepção.

“Toda a magia em Mogar não pode mudar o fato de que eu sou sua mãe e você é meu filho. É meu direito e dever me preocupar com você.”

“Mas mãe!” Por mais que o tempo passasse, Elina sempre o fazia se sentir como quando era criança e ela verificava suas roupas durante o inverno para que ele não pegasse um resfriado.

“Cale a boca e dê um abraço na sua velha mãe.” Com seus 1,65 metros de altura, Elina era pequena se comparada a Lith, mas seus braços eram o lugar mais seguro do mundo para ele.

“Nunca diga isso, mãe. Você não é velha.” Lith apoiou a cabeça em seu ombro.

– Não estou ficando mais jovem, com certeza. No entanto, nem você nem Tista me deram um neto. Elina queria soar severa, mas estava a segundos de começar a chorar.

Ela não tinha visto seu filho por meses e a única coisa que lhe permitiu manter sua sanidade por tanto tempo foi verificar constantemente a runa de contato de Lith em seu próprio amuleto de comunicação.

Enquanto o pequeno pedaço de magia estava lá, Elina tinha a prova de que onde quer que ele estivesse, seu filho ainda estava vivo. Com todas as notícias horríveis que recebeu de Jirni e Tista sobre o que estava acontecendo no Reino, Elina nunca ousou ligar para Lith quando sua runa estava disponível, com medo de incomodá-lo ou colocar sua vida em perigo.

“Você não pode deixar Kamila esperando para sempre, sabe? Que os deuses abençoem aquela mulher. Nós ficamos com tanto medo durante o ano passado, sempre com medo de que você tivesse sido capturado ou desaparecido em algum lugar.

“Ela tem sido nossa rocha. Sem ela, seu pai e eu teríamos morrido de medo.”

Lith queria repreender sua mãe por arruinar seu reencontro com sua insistência, mas ela fungou e estremeceu entre seus braços o fez sentir totalmente o peso de suas ações.

“Sinto muito por fazer você se preocupar, mãe. Eu deveria ter ligado com mais frequência.” Ele disse.

“Não se preocupe. Agora está tudo no passado.” Apesar de suas palavras, Elina se recusou a deixá-lo ir. “Quanto tempo você vai ficar desta vez?”

“O mês inteiro.” A resposta de Lith a fez estremecer.

“Mesmo?” Elina o empurrou apenas o suficiente para segurar seu rosto entre as mãos e olhá-lo nos olhos.

“Mesmo.”

“Um mês inteiro?”

“Sim.”

“Mesmo?”

“Mãe, de novo não! Você precisa ouvir do meu comandante para acreditar? Você pode perguntar a Kamila também, se quiser. Ela vai se juntar a nós para o almoço.” Lith estava irritado, mas principalmente consigo mesmo.

A reação de Elina falou muito de quão pouco tempo ele a dedicou.

“Kamila está vindo aqui? Agora?” O toque de Elina se transformou em um aperto, apertando as bochechas de Lith.

“Ela também teve um mês de licença. Temos muito tempo para recuperar o atraso e …”

“Por que você não me disse antes? Não tenho nada pronto e ainda não convidei Zinya. Oh, deuses. Eu nunca vou chegar a tempo.” Entre o tremor e o olhar obsessivo para o relógio, ela lembrava a Lith do coelho branco.

“Não se preocupe, mãe, é só almoço. Além disso, qual é o cheiro delicioso que vem do fogão?” Lith tentou acalmá-la.

“Como você pode chamar de ‘apenas almoço’? É nossa primeira refeição juntos, então é muito importante. O mingau para você, pai e eu, não é comida adequada, seu idiota.” Elina tirou a panela do fogão e guardou dentro de seu item dimensional.

Em seguida, ela foi até a despensa e escolheu os melhores ingredientes para a melhor refeição que ela poderia preparar com o tempo que tinha sobrado.

“Eu posso ajudar, você, mãe. Será como nos velhos tempos, quando cozinhamos juntos para toda a família.” Lith tinha comido muitas coisas durante sua vida apenas para aplacar sua fome, mas nada com que Elina o tivesse alimentado poderia ser rotulado como mingau.

Antes de ele começar a caçar, a casa deles era pobre e eles não tinham muito o que comer. As refeições careciam de qualidade e quantidade, mas a fome e todo o cuidado que Elina tinha na cozinha os tornavam deliciosos.

“Bobagem. Você está cansado e precisa descansar. Sente-se, conversaremos enquanto eu cozinho.” Elina prendeu o cabelo em um rabo de cavalo com uma presilha depois de usar um avental.

“Você realmente acha que cozinhar pode ser cansativo para mim? Você sabe que vou usar magia.”

“Neste caso, vou aceitar sua oferta.” Ela o abraçou novamente. Uma pequena lágrima escorreu por sua bochecha enquanto as memórias de todo o tempo que ela havia passado na cozinha com seu filho brilharam diante de seus olhos.

Quando Elina o deixou ir, Lith se viu de avental e sua mãe tirou mais comida da despensa.

“Como diabos você fez isso e o que é tudo isso?” Lith tentou tirar o avental, mas o nó estava muito apertado.

“Segredo do comércio. Quanto ao almoço, com a sua ajuda podemos mirar muito mais alto. Corte e descasque esses vegetais, por favor. Vou temperar a carne e preparar o recheio.” Elina disse.

De repente, Lith não tinha tanta certeza de que fazer uma surpresa para a mãe tinha sido uma boa ideia. Ele passou a hora seguinte conversando apenas para receber e dar instruções, enquanto eles preparavam o equivalente a uma refeição de Ação de Graças.

“Por que você não contrata uma empregada doméstica para esse tipo de coisa?” Lith perguntou assim que terminaram os preparativos e a única coisa que restou foi esperar.

“Você quer dizer cozinhar?” Elina estalou a língua. “Agora que você e suas irmãs estão todas crescidas e se mudaram, eu só tenho que cuidar de Aran e de seu pai. Posso ser mais velha, mas cozinhar para três não é nada comparado a fazê-lo para sete …”

Elina se viu incapaz de continuar. Orpal era uma ferida velha, mas nunca fechada, enquanto ela ainda não conseguia acreditar que Trion havia abandonado sua família por causa de seu sentimento de rivalidade com Lith.

A sala caiu em um silêncio de luto, apenas quebrado pelos sons gorgolejantes que vinham das panelas. Elina se dispersou, os olhos velados por muitas perguntas para as quais ela nunca encontraria uma resposta.

Lith sentia falta de seus irmãos tanto quanto sentia falta de um buraco em sua cabeça, mas ficou quieto por respeito ao sofrimento de sua mãe.