Supreme Magus – Capítulo 984

Jirni deu a sua prima o papel especial com a caligrafia de Balkor, a lista de acertos e o veneno, confiando em seu julgamento sobre quando e como atacar.

Quanto menos Jirni soubesse, mais natural seria sua reação ao receber relatórios dos ataques, e a falta de um álibi de vez em quando era a pequena falha que seu disfarce precisava para ser perfeito.

***

Valeron, Capital do Reino de Griffon, Sala do Trono, hoje.

“Esta não é a primeira vez que ouço acusações tão selvagens.” A voz de Jirni estava indignada. “No entanto, isso nunca antes alguém se atreveu a jogá-los na minha cara bem na frente dos meus colegas e dos próprios Reais.

“O duque Nuragor caluniou meu nome e exijo justiça. Invoco o direito do julgamento de sangue.”

Se não fosse pela ordem de selar as bocas e os membros dos presentes, a sala teria ficado em alvoroço. O Julgamento de Sangue era um ritual antigo que datava de quando o Reino de Griffon foi unificado e a maioria dos senhores feudais precisava de uma maneira de resolver rancores com seus vizinhos sem causar uma guerra civil.

Valeron, o Primeiro Rei, proibiu os nobres de ter seus próprios exércitos, mas eles ainda tinham o direito de ter guardas pessoais. Cada lado designaria um campeão que lutaria até que o primeiro sangue fosse derramado ou o oponente se rendesse.

O ritual proibia o uso de qualquer tipo de magia, até mesmo magia para tarefas e artefatos. Permitia que famílias sem talento ou dinheiro tivessem um mago poderoso entre suas fileiras para se defender e também evitar baixas.

Para evitar que um desafio desencadeasse outro, Valeron decretou que matar o oponente resultaria em uma derrota e que, para emitir um Julgamento de Sangue, a parte ofendida teria que fornecer evidências sólidas do dano sofrido.

Toda a Corte testemunhou os eventos, colocando o rei e o duque Nuragor em uma situação difícil. O rei queria evitar que as coisas piorassem enquanto o duque não desejava colocar tanto em risco.

Perder um julgamento de sangue significava não apenas ser forçado a se desculpar publicamente com o vencedor, mas também ser banido de todos os tipos de eventos sociais por um ano e pagar metade da renda anual da família como compensação.

Tornar-se um pária social faria com que o perdedor permanecesse fora do circuito e fosse excluído das grandes reuniões. Isso prejudicaria tanto a riqueza quanto a influência do perdedor a longo prazo.

Além disso, a Coroa pagaria a penalidade adiantada, para que a parte derrotada não ficasse em dívida com o vencedor, mas com os Reais. Não pagar uma dívida de jogo, na pior das hipóteses, incorreria em reprovação, enquanto não pagar o que era semelhante a impostos significava ter seus ativos apreendidos.

Valeron havia planejado o Julgamento de Sangue para ser o mais desagradável possível, para que ninguém o invocasse sem uma boa razão. Quanto mais fundos fossem os bolsos de um nobre, menos inclinados eles estariam a colocar sua riqueza em jogo por um capricho.

“Archon Ernas, as famílias Nuragor e Ernas são bens valiosos para o Reino. A família do Duque recentemente nos deu um Grande Mago. Tenho certeza que ele está disposto a se desculpar por sua grosseria se você estiver disposto a reconsiderar o desafio.” Meron olhou feio para Nuragor enquanto tentava resolver o problema pacificamente.

O duque Nuragor não desejava pedir perdão a Jirni e não tinha medo de perder algum dinheiro. Ele estava com medo de perder uma porrada de dinheiro. Para adicionar insulto à injúria, o ritual exigia que o perdedor tivesse que se ajoelhar.

Entre o golpe que sua carteira e sua reputação levariam em caso de derrota, ele não podia se dar ao luxo de apostar várias gerações de trabalho duro por algo tão trivial quanto o orgulho.

A situação do Ernas era completamente diferente. Mesmo se perdessem, Jirni ainda seria um Arconte, Orion ainda seria um dos melhores Forjadores Reais e nenhuma das carreiras de seus filhos seria prejudicada.

Além de ser o herdeiro da casa Ernas, Gunyin não tinha carreira enquanto Tulion era a ovelha negra da família. Phloria já estava arruinada, Friya era apenas uma humilde mercenária e Quylla era uma professora assistente.

Se alguém como Manohar ainda pudesse manter seu lugar depois de cometer incontáveis crimes e erros sociais, o mundo acadêmico nem levantaria uma sobrancelha para algo como um Julgamento de Sangue perdido, desde que ela produzisse resultados.

Kallion, em vez disso, era o herdeiro e o único mago da Casa Nuragor. Tornar-se um pária social prejudicaria suas chances de um bom casamento, ao passo que perder o dinheiro o forçaria a colocar sua carreira mágica em espera.

Para não compartilhar seus méritos com ninguém, Kallion não trabalhava para nenhuma instituição e usava para suas missões grupos mercenários que aceitavam um acordo de sigilo em troca de uma grande soma.

Essa estratégia permitiu que ele conquistasse méritos rapidamente, mas também tornou Kallion dependente da riqueza da família para fundar sua pesquisa mágica e os trabalhos que desempenhava para a Associação.

“Palavras são baratas, Vossa Majestade.” Jirni respondeu antes que o duque pudesse engolir seu orgulho e se desculpar. “Aceitar desculpas vazias depois de ser publicamente acusado de agressão e assassinato seria como admitir que ele está certo.

“As palavras de um homem poderoso têm peso, portanto, também devem ter consequências. Como sou a parte ofendida, também serei o campeão dos Ernas. Você também tem coragem de se defender por conta própria, querido duque? ? ”

O duque Nuragor amaldiçoou sua boca grande uma última vez e começou a pensar em como explorar a bravata de Archon Ernas.

‘Exigir que o Julgamento de Sangue ocorresse agora e revelar a identidade de seu campeão seria uma jogada perfeita na história de um bardo, mas isso é realidade. A raiva legítima não dá a ela nenhuma habilidade especial e ela ainda é uma mulher baixa de meia-idade.

‘Sem as maravilhas mágicas que seu marido oferece a ela, Jirni não é nem a metade da lutadora que ela normalmente é.’

‘Talvez isso seja realmente uma bênção disfarçada. Com todo o dinheiro que vou receber do seu Grão-Ducado e do apoio de Deirus, minhas terras irão se desenvolver dramaticamente. Ele pensou.

“Vossa Majestade, estou mal preparado para este desafio inesperado.” Duque Nuragor disse. “Sou forçado a pedir sua ajuda para entrar em contato com meu campeão escolhido: Lorde Ifram Irehein.”

Jirni estremeceu ao ouvir esse nome. Pertencia a um dos deputados de seu marido que havia deixado a Guarda do Cavaleiro porque seu amor pelo dinheiro superava o de seu próprio país.

Ele era um homem jovem e talentoso que depois de se tornar mercenário havia realizado muitos grandes feitos e acumulado muitos méritos que ele havia convertido no título de Barão com suas terras anexadas.

Depois que o rei aceitou, Lorde Irehein levou alguns segundos para passar por um portão e minutos para definir os termos de seu acordo com o duque Nuragor.

Jirni usou esse tempo para se trocar e estudar seu oponente. Ifram Irehein era um homem de quase 30 anos, com cerca de 1,9 metros de altura, cabelo militar curto e preto como breu e olhos azul-gelo.

Tendo se alistado no exército aos 16 anos, ele tinha quase 15 anos de experiência em batalha e seu corpo ainda estava no auge. Cada músculo de seu corpo estava bem tonificado e treinado com a disciplina que Orion tinha enraizado em sua rotina diária.

Jirni agora estava vestindo uma blusa preta e uma calça azul clara. Com apenas 1,52 metros de altura, Jirni parecia incrivelmente pequena e frágil em comparação com o recém-chegado.