Toc, toc, toc.
Um jovem bateu em uma grande porta de madeira.
— Entre — veio de trás da porta.
O jovem de cabelo grisalho abriu a porta e entrou na sala.
Era um escritório agradável e aconchegante, com alguns livros.
Na mesa, no fundo do escritório, estava sentado um velho de aparência amigável, atualmente lendo um livro.
— Senhor, recebemos mais uma queixa do Imperador da Água, duas do Imperador do Vento e quatro da Realeza do Crepúsculo — disse o jovem, com polidez profissional.
O homem mais velho apenas suspirou, impotente.
— É devido ao aumento da quantidade de Abominações novamente, Wester? — perguntou o velho.
Wester, o mordomo, assentiu. — Correto, senhor.
O velho suspirou novamente. — Em quanto aumentou desta vez?
— Em comparação há 20 anos atrás, a quantidade de Abominações dobrou, senhor — explicou Wester.
O velho esfregou as têmporas com uma das mãos. — Acho que não dá mais para atribuir isso a uma coincidência.
— Fiquei surpreso que conseguiu fazer isso até agora — comentou Wester, mantendo sua expressão inalterada.
Mais uma vez, o velho suspirou. — Então, a Criança da Calamidade realmente está lá fora e alcançou o Reino de Adepto.
— Parece que sim, senhor — confirmou Wester.
— Bem, acho que teremos que ampliar o alcance de nossa busca. Há quanto tempo a antiga Criança da Calamidade morreu?
— Cerca de catorze anos, senhor — respondeu Wester profissionalmente.
— Catorze anos, hein? — ponderou o velho. — É um tempo relativamente rápido para alcançar o Reino de Adepto, mas ainda não é completamente fora do comum. Contudo, é muito mais rápido do que em qualquer Área.
Wester não respondeu.
— Parece que a Criança da Calamidade nasceu fora das Áreas, mas devemos ser cautelosos.
— Wester — disse o velho, tomando uma decisão. — Peça para Sarah inspecionar cada Adepto abaixo dos vinte anos. Nas Áreas, basta que peçamos aos supervisores para fazerem isso.
Wester assentiu. — Procurar tantas pessoas levará muito mais tempo que da última vez. Na última busca, só analisamos recém-nascidos. Desta vez, pode levar várias semanas.
— Eu sei — respondeu o velho com um suspiro. — É por isso que não quis dar a ordem antes. Os outros Imperadores provavelmente tentarão fazer algo sorrateiro enquanto grande parte de nossas forças está ocupada. Tenho certeza de que só reclamam tanto para abocanhar um pedaço grande de nossos territórios.
— Mas é o que ganho por me voluntariar para ser o responsável por manter a Criança da Calamidade sob controle. Funcionou bem por muitos anos, mas agora, de repente, virou um problema.
O velho suspirou mais uma vez.
— Será que isso é obra sua, Lucius? — ele perguntou a ninguém em particular. — Seria isso uma espécie de aviso?
— Bem, isso não importa muito — disse o velho, recostando-se para continuar a ler o livro. — Wester, prossiga com a busca.
— Claro, senhor — respondeu Wester.
Em seguida, ele fez uma reverência educada e saiu do escritório.
Após a saída de Wester, o velho resmungou.
— Quem se importa com mais Abominações? São apenas duas formigas em vez de uma. Parem de reclamar — ele murmurou para si mesmo.
Então, voltou sua atenção para o livro.
Alguns minutos depois, mais de mil raios saíram da mansão, seguidos por um feixe brilhante de luz cinzenta. Onde quer que o feixe passasse, o espaço parecia se distorcer.
— Por ordem do Imperador Relâmpago, você tem a tarefa de inspecionar sua Área em busca da Criança da Calamidade. Suspeitamos que ela tenha menos de vinte anos e já tenha alcançado o Reino de Adepto.
Um homem com armadura dourada, cintilando com relâmpagos, pronunciou essas palavras a um jovem de cabelos brancos, vestindo roupas simples.
— Entendido — respondeu o jovem respeitosamente. — Terei uma resposta até amanhã.
O homem de armadura dourada assentiu.
BANG!
Com uma explosão de relâmpagos, o homem de armadura dourada desapareceu.
O homem de meia-idade de cabelos grisalhos estreitou os olhos.
Um segundo depois, ele também explodiu em um raio, mas esse era muito mais fraco e mais lento que o do homem de armadura dourada.
Na hora seguinte, o homem visitou cinco Arquimagos, mas nenhum deles tinha ideia sobre a pessoa que seu supervisor procurava. No entanto, prometeram inspecionar cada Adepto com menos de 25 anos, apenas para garantir.
O supervisor disse que precisava de uma resposta até o dia seguinte.
E então, o supervisor foi até o último Arquimago de sua Área de responsabilidade.
BANG!
Um raio atingiu uma colina gramada, queimando a grama ao redor.
Após o raio desaparecer, o supervisor foi revelado.
Diante dele estava um homem alto e musculoso, vestindo apenas calças brancas. Ele estava sobre a colina, com o corpo todo suado e vibrando de poder, enquanto a Mana de Relâmpago e Vento ao seu redor emanava de forma complexa e mística.
Os olhos do homem permaneceram fechados, mesmo com a chegada do supervisor, impossível de ser ignorada.
— Tenho algumas perguntas e uma tarefa para você — disse o supervisor, sem emoção.
— Manda — respondeu o Rei Trovão Celeste, sem abrir os olhos.
— Você notou que há muito mais Abominações surgindo ao redor do mundo nos últimos anos, certo? — perguntou o supervisor.
— Não sei sobre o mundo, mas em meu Reino temos mais do que o normal. Se quiser um número específico, pergunte a alguém do Conselho. Eu não ligo muito — respondeu o Rei Trovão Celeste.
As sobrancelhas do supervisor se franziram.
Ele realmente não gostava da atitude desse Arquimago.
— Você conhece algum humano jovem que poderia estar relacionado às Abominações? Pode ser qualquer coisa. Algo que poderia conectá-lo às Abominações de alguma forma — disse o supervisor.
O Rei Trovão Celeste apenas sorriu, mantendo os olhos fechados.
— Eu pareço alguém que entra em contato com um monte de fracos? Bem, ignorando os Altos Magos — respondeu.
— Essa não foi a minha pergunta — disse o supervisor com um tom profundo e ameaçador. — Você conhece alguém assim ou não? Estou aqui por ordem direta do Imperador Relâmpago!
O sorriso do Rei Trovão Celeste se alargou.
Então, ele abriu os olhos e olhou para o supervisor.
— Não.
Quando o supervisor viu a expressão do Rei Trovão Celeste, a raiva borbulhou dentro dele.
Seus instintos lhe diziam que o Rei Trovão Celeste estava mentindo, mas isso não fazia muito sentido.
O Rei Trovão Celeste era um louco, mas ele não desrespeitaria as ordens do Imperador Relâmpago.
Após alguns segundos, o supervisor bufou agressivamente.
“Ele está tentando me provocar. Tenho certeza de que só quer me irritar.”
“Juro, toda vez que nos encontramos, ele tenta me provocar sem realmente ir contra minhas ordens.”
“Ele tem desejo de morte?!”
— Certo — disse o supervisor. — Quero que inspecione cada Adepto com menos de vinte anos em busca de qualquer possível conexão com as Abominações.
— Faça você. Essa é sua Área, não minha — respondeu o Rei Trovão Celeste, com um sorriso, fechando os olhos novamente para se concentrar em seu treinamento.
A raiva explodiu no peito do supervisor, mas ele não disse nada.
Ele havia aprendido que discutir com o Rei Trovão Celeste só o deixava mais irritado.
Infelizmente, não podia matá-lo, pois isso destruiria o equilíbrio de toda a sua Área. Além disso, o Reino Trovão Celeste estava fazendo um trabalho incrível ao fomentar Magos poderosos.
Sem outra palavra, o supervisor partiu.
Ele realmente não acreditava que a pessoa que todos procuravam estivesse dentro do pequeno Reino Trovão Celeste, por isso o supervisor não o inspecionou. Além disso, o Rei daquele Reino já havia dito que não conhecia ninguém.
E um dia depois, o supervisor deu seu relatório ao homem com armadura dourada.
— Minha Área não tem ninguém conectado às Abominações.