Na sala de oração dentro do castelo Jevariano.
— Ele já foi.
Um homem velho e sem um braço e um outro de aparência forte em seus quarenta e poucos anos estavam rezando diante de Deus.
— Sim, aquele patife! Por três anos ele ficou me incomodando dizendo ‘espada, espada’. Mas agora saiu correndo no momento em que a pegou.
Ele se foi no momento em que botou suas mãos na Espada Relâmpago.
Mas que desgraçado de sangue frio.
— Eu pensei que ele partiria depois de um tempo.
— Ainda assim, ele poderia ao menos ter se despedido antes de partir.
— Ele nem mesmo falou com você, Conde?
— Eu não sou mais um conde.
— Ah, de fato. Mas nem mesmo falou com o líder da família? Aquele desgraçado, não vi nenhum sinal dele antes de fugir.
Callius não havia se despedido de ninguém.
Se não disse nada para sua filha, teria dito para seu pai?
Se não disse para sua família, teria dito para seu mestre?
Parecia que não havia muita diferença entre eles.
O filho dele não tinha um coração de pedra, só achava difícil se despedir.
Não era como se estivessem se separando para sempre.
— Eu só estava me perguntando se dei o título a ele por nada…
— Agora que esse desgraçado atrevido se tornou um conde, ninguém pode pará-lo.
— Sim. Em que tipo de confusão será que ele vai se meter agora?
Eles falavam de suas preocupações, mas não havia preocupação nos rostos deles.
Apenas sorrisos leves.
Mesmo que seja triste, o que posso fazer?
Ele queria alcançar lugares mais altos.
Como eles poderiam parar o herói que havia protegido o Norte, agora que estava indo proteger o reino?
— Ele parecia bem?
— Está falando do Callius?
Elburton assentiu, Bernard ponderou por um momento, pensando no discípulo.
— Uma vez um tolo, sempre um tolo, é o que eles dizem. Mas até mesmo a ovelha negra tem uma filha, um pai, um mestre, o poder do Norte e se tornou um conde.
Tudo que originalmente teria sido dele.
Com uma vitória. O homem, que tinha perdido tudo, recuperou tudo!
Era necessário falar mais alguma coisa?
— O menino agora se tornou um homem e está no caminho para se tornar um adulto por completo. O brilho de um amanhecer tardio dura mais, não é?
— Acho que sim.
— A maioria dos contos de fada que li quando era criança eram sobre heróis. Só que, parando para pensar, os heróis eram fortes desde o início.
Um herói se torna um herói apenas depois de passar por muitas dificuldades, testes e provações, e, é claro, passando por algumas situações de vida ou morte.
O que é um herói?
Até mesmo um mendigo de estrada ou um paciente à beira da morte pode se tornar um herói.
— Mesmo que seu início tenha sido fraco…
Apenas o final tem que ser grandioso.
— Essa não seria a frase perfeita para Callius? Tem essa coisa que eu venho trabalhando no meu tempo livre…
— Você está escrevendo um livro?
— Apenas como passatempo.
O maior bastardo do reino.
Era perfeito para uma história.
Elburton sorriu feliz e juntou suas mãos em frente a uma estátua e começou a rezar.
— Bernard. Meus dias estavam contados no início.
— Sim… eu lembro.
— Mas o médico que veio me ver há uns dias disse…
Que a doença fora curada.
Um ato de Deus. Um milagre.
Mas Elburton sabia…
— Ele me salvou duas vezes.
— Sério?! Isso é algo bom! Talvez, Conde, é por isso que você…
Elburton assentiu.
— Ele já sabia.
— Você fala da sua condição, meu senhor?
— Bem, ele me ameaçou com isso.
Já que você foi curado por minha causa, seja humilde e me passe o título do conde.
Ainda não é minha hora de assumir, então fique de olho nas terras do norte como se sua vida estivesse em jogo.
E foi assim que Callius obteve o título. Bernard estalou a língua ouvindo essa história absurda.
— Eu sei que ele é meu filho, mas, sendo honesto, ele é louco ou algo do tipo?
Um filho que ameaça o próprio pai.
É claro que pode ser apenas sua personalidade perversa.
— Ele é um bom garoto. Até deu para Emily aquela pedra preciosa. É meio tarde, mas está tentando ser um bom pai, não acha?
— Eu fico feliz. Fiquei pensando por anos sobre o que fazer com a Emily. Seu sangue divino foi liberado, e agora ela é conhecida como a filha do meu herdeiro perfeito, então não tenho nada com o que me preocupar.
As habilidades da Emily estavam melhorando dia após dia. Diferente de Callius, ela era uma criança inteligente e talentosa.
Porém, Elburton ainda se sentia um pouco triste por ela. Diferente de antes, agora tinha um sucessor legítimo, então sua vida tinha se tornado mais calma.
Não havia razão para não demonstrar seu amor para Emily, a filha do seu filho e sua neta.
Mas Emily não se aproximou do Elburton. Eles ainda ficavam desconfortáveis na presença um do outro.
Era por isso que Elburton estava triste.
Estava apenas colhendo o que plantou…
Elburton ponderou por um momento a conversa que teve com Callius e então perguntou com cautela.
— Como você classificaria as habilidades dele?
— …
— Callius derrotou o senhor da guerra. Eu ainda estava consciente, então vi claramente.
O que estava gravado em sua espada.
— Nós sabemos que apenas aqueles que atingiram a classe dos Mestres poderiam usar aquilo…
Santuário da espada foi sido emitido da espada do Callius.
Elburton viu claramente.
Não estava completo, mas a sua presença era clara como o dia.
Pois aquele era o nível que ele desejou alcançar por toda a sua vida.
— Me diga, Bernard. Callius é… um Mestre?
Bernard escolheu suas palavras com cuidado antes de responder.
Em seguida, pensou no Callius que tinha visto e nas suas conquistas, então depois com cuidado, palavra por palavra.
— Ele quase morreu duas vezes no campo de batalha. E se tornou mais forte toda vez que voltou vivo.
Ele mal sobreviveu a feroz batalha que teve contra o grande guerreiro Kel’tuk.
E, da outra vez…
Callius, que havia bloqueado os ataques de machado do senhor da guerra, já o tinha superado.
Não era suficiente para se equiparar ao senhor da guerra, mas seu ataque final foi algo diferente.
Seu poder era definitivamente o de alguém que havia alcançado a classe dos mestres.
O que estava contido na espada de Callius, a técnica que tinha derrotado o senhor da guerra, era a prova.
— No limite onde a vida e a morte se encontram, ele conseguiu, o que nós dois não conseguimos em todos esses anos.
Mesmo que ainda não fosse perfeito.
Pouco a pouco, definitivamente, estava evoluindo rumo à classe dos Mestres.
Ao mesmo tempo.
‘Mestre uma ova.’
Isso é tudo besteira.
Desde o momento em que lidei com o senhor da guerra…
Não consegui usar o Lírio da Aranha Vermelha nem mesmo uma vez.
Até mesmo Stella, que inventou a arte da Espada de Onda da Flor Prateada, tinha inventado a terceira habilidade logo depois de ter atingido o nível de mestre.
Tive um pressentimento.
O senso para onde ir e o que precisava fazer para evoluir.
Mas ainda não consegui.
É muito cedo para me tornar um Mestre.
Estou calmo por fora, mas aliviado por dentro.
Se eles estão me confundindo com alguém que já alcançou a classe dos mestres, só posso ficar agradecido.
Eles parecem ter confundido minha aura com a gravidade da Espada Tirana como a prova de ter me tornado um Mestre.
Bem, valeu a pena.
Se você acha que essa insignificante força da gravidade se parece com o impulso dos poderosos. É possível entender o porquê de terem me confundido com um Mestre.
Porque não quero lutar em primeiro lugar, o efeito da Espada Tirana era satisfatório o suficiente.
‘A Alma de Verme é definitivamente um problema.’
Seria difícil vencer em uma batalha mano a mano, se tem um inseto que te atormenta, causa dor e distração.
Mas é claro…
‘Eles são apenas insetos.’
A espada espiritual que guiava os vermes não era compatível com a Espada Tirana que manipulava a gravidade.
Não importa quantos vermes existam, ainda são apenas vermes no final.
Se os esmagar com a força da gravidade, seus poderes especiais seriam inúteis.
Isso acontece porque o poder é dividido entre aquele enorme enxame de criaturas. Suprimir um poder tão disperso é realmente fácil com a Espada Tirana.
Orcal deve ter algumas cartas na manga, mas não seria difícil derrotá-lo.
Contudo, numa situação como essa, não posso considerar uma batalha mano a mano.
Três capitães contra uma pessoa.
Não seria impossível derrotar um por um, um após o outro. Isso era o tão forte que a guerra no Norte tinha me tornado, e agora tenho várias espadas poderosas em posse.
Não perderei se eu decidir lutar e não estou sendo arrogante sobre isso.
Mas eu precisava fazer umas coisas antes disso..
— Se vocês ainda têm suas dúvidas, eu poderia ter ido à Igreja para provar minha inocência. Vocês não precisavam me levar a força. Já estava indo para lá com meus próprios pés, para que pudesse me tornar um inquisidor.
Saquei a Espada do Julgamento, Medea, da cintura.
E dentre os que estavam na minha frente, levantei minha espada particularmente na direção de Orcal.
— Era essa sua intenção?
— …
Assim que Orcal viu a Espada do Julgamento, ele recuou e olhou para o lado.
Mas não pode me enganar. Por um momento, Orcal estava olhando para Druma.
— …
Assim que me virei para o Druma, a elegante Espada do Julgamento foi tingida em um tom de preto.
— Então essa é a resposta.
Não tinha sido ideia deles.
Portanto, a razão deles estarem me atacando assim foi por ordem dos superiores.
Ryburn, notando o que estava acontecendo, em algum momento tinha saído do meu lado e se juntado aos outros dois.
— Bom.
Não importa o que eu diga aqui, mesmo que prove minha inocência apontando a Espada do Julgamento para meu próprio pescoço, não vai fazer diferença.
Pois tinham decido me matar de qualquer jeito.
Está tudo bem.
Já passei por muita coisa até agora.
Além do mais, não quero ouvir suas desculpas, então agora é hora de termos uma conversa com nossas espadas.
E também esse é o palco perfeito para que eu possa testar minha nova espada. Os capitães inquisidores não são oponentes simples, mesmo que eu vá com tudo.
Em seguida, peguei a Espada Relâmpago.