Palavras… Não. Para ser preciso, havia uma combinação de símbolos e desenhos diante de Kieran.
O sangue formava dois grandes círculos, um dentro do outro, um interno e outro externo. No meio, havia um desenho abstrato que parecia um escorpião.
Kieran não tinha certeza absoluta se era mesmo um escorpião. Na verdade, ele nem sabia se era um símbolo real ou um desenho formado pela mancha de sangue.
Quanto às palavras? Kieran nunca tinha visto palavras como essas antes. Pelo menos não que ele soubesse.
O que são esses símbolos? — Kieran olhou para o espaço entre os dois grandes círculos. Havia mais símbolos lá.
A linha começava com um pentagrama e terminava com um pentagrama invertido. Pelos cálculos de Kieran, havia cerca de 41 deles.
O problema não era o fato de que Kieran não quisesse contar quantos símbolos tinha, mas sim que os símbolos eram muito estranhos e complicados, e ele não podia dizer se eles estavam misturados formando um significado, ou se eram combinações de dois formando significados separados.
Kieran se agachou no chão e olhou para os símbolos várias vezes. Ele estava tentando encontrar um padrão nesses desenhos.
Dez minutos depois, ele ainda estava perplexo com os símbolos completamente desconhecidos e desorganizados. Ele não pôde deixar de franzir a testa. Ele não encontrou nada.
Lidar com algo com o qual alguém não estava familiarizado e tentar chegar a uma conclusão era extremamente difícil. Definitivamente não era algo que se poderia conseguir em dez minutos. Era muito complicado.
Kieran suspirou e se levantou, virando-se e olhando para o seu entorno, esperando por mais pistas. Mas não havia nada.
— Descobriu alguma coisa, senhor 2567? — Jack perguntou assim que Kieran se levantou.
Ele ficou ao lado de Kieran o tempo todo, segurando a lanterna enquanto cobria o nariz.
— Algumas coisas. Como Gilfren Hatch morreu? — Kieran não entrou em detalhes sobre suas descobertas. Em vez disso, ele perguntou sobre as circunstâncias da morte do prisioneiro.
— Gilfren Hatch era um psicopata. Você acredita que ele mordeu seu próprio pulso e sangrou até a morte? Eu trabalho aqui já faz quase 10 anos, e eu vi muitos homens loucos e cruéis, mas ele foi o único que foi tão longe!
Enquanto Jack falava sobre Gilfren Hatch, seu rosto parecia cheio de medo. Ele parecia aterrorizado com a cena que ele havia testemunhado.
— Há mais alguma coisa que você saiba sobre ele? O que ele tinha quando foi preso? — Kieran continuou.
— Eu não sei de mais nada sobre esse homem, além do fato de que ele era um psicopata completo que fez com que mais de cem pessoas cometessem suicídio. Se eu pudesse, preferiria não saber disso também. Era muito assustador. Afinal, Hatch não foi preso. Ele se entregou! — Jack disse com um arrepio.
Kieran ficou chocado com as palavras de Jack.
— Isso mesmo, ele era como um rato. Ele podia atravessar a escuridão facilmente. A polícia não conseguia colocar as mãos nele. Se ele não tivesse se rendido, acho que ele ainda estaria vagando livremente pelas ruas. O anúncio oficial que ele foi preso, mas não era a verdade! — Jack disse com um dar de ombros. Não era algo para alguém se gabar.
— Ele tinha alguma coisa com ele quando se entregou? Algum livro ou anotações?
Kiera ainda não desistira da ideia. Os símbolos e desenhos haviam pego seu interesse e ele queria descobrir o que significavam.
Normalmente, informação e conhecimento eram mantidos em livros. No caso de Gilfren Hatch, ele poderia estar carregando algo relacionado a esses símbolos.
— Não. Quando ele se rendeu no ano passado, ele entrou na delegacia de polícia de mãos vazias. Ele só estava vestindo suas roupas, ele nem sequer tinha uma carteira. — Jack respondeu enquanto tentava se lembrar do incidente. Sua resposta decepcionou Kieran. — Você precisa que eu verifique novamente para você?
— Não precisa, obrigado. Vamos para as celas dos outros seis prisioneiros. — Kieran balançou a cabeça, pedindo a Jack para continuar sua investigação.
Ele não achava que Jack iria mentir para ele sobre esse caso em particular. No entanto, quando Gilfren Hatch se entregou, os livros ou anotações que guardavam a chave para esses símbolos poderiam ter caído nas mãos de outras pessoas.
A masmorra havia categorizado Kieran e sua equipe como especialistas, de modo que não seria uma surpresa para ele se outros especialistas também existissem.
Qualquer especialista teria ficado muito interessado nas notas ou livros que continham a história por trás do líder da Heresia Hatch, o mesmo homem que fizera com que mais de cem pessoas se matassem. Do ponto de vista de uma pessoa normal, Gilfren Hatch não era nada mais que um psicopata sádico.
Dois dos prisioneiros que cometeram suicídio foram mantidos no terceiro andar, três no segundo andar e um no primeiro andar. O primeiro e o segundo andar também tinham câmeras de vigilância, mas não eram tantas quanto no terceiro andar.
Não havia nada nas primeiras cinco celas e Kieran continuou na sexta e última cela.
Comparado com a cela onde Gilfren Hatch havia sido mantido, as outras seis estavam muito melhores. Pelo menos as celas. Elas certamente não poderiam ser comparados aos quartos de hotel. O melhor que Alcatraz tinha a oferecer nem chegava nem perto de um banheiro de hotel.
Mesmo a melhor cela de Alcatraz não tinha nada além de uma lâmpada no teto, uma cama de aço e uma tampa no vaso sanitário. Sem janela e sem lavatório.
— O primeiro andar é para os criminosos que foram os mais honestos e bem-comportados. Eles têm permissão para ler livros às vezes, mas não com tanta frequência. — Jack disse enquanto guiava Kieran pelo local.
— Espero que eles não tenham tido nenhuma ideia sobre a liberdade dos livros. — Kieran disse ao ativar seu [Rastreamento] novamente.
— Esperemos que sim, mas foi o que eles mereceram mesmo. — Jack disse com um sorriso. Não sentia misericórdia pelos prisioneiros e nem Kieran.
Graças a Jack, Kieran tinha uma compreensão geral dos prisioneiros. Mesmo aquele que foi considerado bem-comportado roubou três bancos e matou uma dúzia de pessoas inocentes. A cela em que estavam atualmente pertencia àquele prisioneiro em particular.
Em outras palavras, os prisioneiros em Alcatraz haviam cometido todos os crimes desprezíveis que poderiam existir. Mesmo o mais insano prisioneiro de Alcatraz poderia ser executado mais de dez vezes em uma prisão da União.
Quanto a ser enquadrados pelos seus crimes?
Presos em outras prisões podem ter sido enquadrados, mas não os prisioneiros em Alcatraz. Definitivamente não.
Todos os homens presos em Alcatraz tinham provas sólidas contra eles. Isso foi o que Jack disse pelo menos, mas Kieran ainda tinha suas dúvidas.
Ele ativou seu [Rastreamento], assim como ele fez nas cinco vezes anteriores, e cuidadosamente examinou a cela da prisão.
Tudo seria revelado a ele. Nenhum traço ou pista escaparia de seus olhos. Mas ainda assim, não havia nada.
A cela diante deles estava muito limpa, nada foi deixado para trás. Mesmo debaixo da cama, atrás do vaso sanitário ou no espaço atrás da porta. Kieran procurou por cada pequena lacuna que poderia esconder qualquer coisa, mas ele ainda não encontrou nada.
Ele não tinha certeza se os prisioneiros não haviam deixado pistas, ou se as pistas haviam sido limpas. Ele acreditava mais na segunda opção.
Jack se queixou mais de uma vez do problema de limpar as celas.
— Está muito limpo! — Kieran suspirou.
Considerando que a atitude dos guardas da prisão em relação aos prisioneiros, não deveria estar tão limpo.
— Deveria estar! É o próprio Diretor que limpa todas as celas primeiro, e então nós fazemos uma limpeza de acompanhamento. Então o Diretor inspeciona a cela uma última vez. Alguns dos caras que foram desleixados em serviço de limpeza foram repreendidos duramente pelo Diretor! — Jack disse com uma expressão impotente.
— O próprio Diretor limpa as celas? — Kieran ficou chocado mais uma vez. Ele não esperaria isso do Diretor. Ele achava que o Diretor era muito mais orgulhoso do que isso.
— Sim. ‘Aqueles prisioneiros podem ser horríveis, mas este é o nosso território. Eu não quero que a gente seja tão imundo quanto essas merdas!’ É o que o Diretor diz. — Jack explicou.
— Isso parece muito com o que ele diria. — Kieran assentiu enquanto saía da cela.
Embora isso tenha sido o que ele disse em voz alta, mas agora ele estava desconfiando ainda mais do Diretor. Apesar de que seria inútil investigar mais sem mais pistas. Permanecer por perto não daria bom.
Por que não voltar para o quarto de hóspedes e perguntar a Sem-lei sobre os símbolos? Talvez durante as sete masmorras que ele havia completado, ele se deparou com algo relacionado a esse mistério, ou fez alguma nova descoberta.
Depois que Kieran saiu da cela, ele não voltou para o terceiro andar para voltar para o lado leste. Ele estava prestes a caminhar para o lado oeste e voltar pela entrada para o lado leste, mas antes que ele pudesse dar um passo, o portão da prisão do lado oeste se abriu e uma equipe de cinco homens totalmente armados entrou.
Eles abriram as celas e trouxeram os prisioneiros para fora.
Cada um dos prisioneiros tinha um rosto sujo e cabelo despenteado. Todos cheiravam mal. Eles seguravam um pequeno pedaço de toalha bem dobrado nas mãos, mas não havia sabão ou balde de lavar à vista.
— Hora do banho?
Kieran percebeu algo quando testemunhou a cena. Jack mencionara que uma vez por semana os prisioneiros tinham a chance de sair de suas celas e tomar um banho.
— Hoje é dia de banho! — Jack também acabara de perceber que dia era. Ele andou até a parede do corredor e ficou de lado. O mesmo aconteceu com Kieran.
— Esta é também uma das regras do Diretor. Todos os guardas que não estão de serviço devem abrir caminho para aqueles que estão. O dia de banho é uma das mudanças mais importantes em Alcatraz para os guardas da prisão, porque é o único dia em que os prisioneiros deixam as celas!
Jack e Kieran ficaram de lado, seus ombros se tocando. Jack explicou a situação antes de murmurar:
— Estamos com poucos homens por causa do incidente de envenenamento. Originalmente, supunha-se que fosse uma equipe de dez!
O envenenamento não causou realmente a falta de homens. Isso porque o Diretor havia empregado homens em toda a região de Alcatraz para capturar os cúmplices do velho Tom. Kieran sabia perfeitamente bem a razão por trás da falta de guardas, mas ele não podia explicar isso a Jack.
Em vez disso, ele olhou para as celas que estavam destrancadas uma a uma, os prisioneiros saindo um atrás do outro.
Logo, a cela ao lado de Kieran foi destrancada, e um homem magro e enrugado saiu.
— Ah, como é bom ver o sol de novo!
Ao contrário dos outros, o velho sorria e esticava o corpo sob o sol. Ele parecia muito satisfeito. Ele nem sequer dobrou a toalha, apenas a colocou sobre o ombro.
— Novo rosto, hein? — O velho disse maravilhado quando notou Kieran.
Sua ação desencadeou os guardas de plantão, que haviam destrancado as portas das celas.
— Cale a boca! Você perdeu sua chance de banho agora!
Um dos guardas bateu nas costas do velho com a arma e o velho caiu no chão perto de Kieran. Antes que ele pudesse se levantar, o guarda o arrastou de volta e o jogou de volta para dentro de sua cela.
O rosto de Kieran estava com uma expressão estranha, como se sugerisse algo.
— Aquele sujeito era o infame ladrão mestre. Se não fosse por suas incontáveis fugas de outras prisões, ele não estaria aqui. — Jack explicou.
— Ladrão mestre, hein? Não é de admirar!
Kieran moveu a mão para o bolso e de repente sentiu um papel amassado que não estava lá antes.
Quando o velho conhecido como o ladrão mestre caiu, ele moveu as mãos como se quisesse se equilibrar, mas o que ele realmente queria era enfiar aquele papel amassado dentro do bolso de Kieran.
No momento em que o velho aproximou de seu bolso, Kieran sabia o que ele estava fazendo, mas ele não o impediu.
Por que um prisioneiro preso em Alcatraz arriscaria a vida para colocar um papel amassado no bolso de um estranho?
Para qual motivo? O que aquele papel escondia? O que estava escrito nele? A descoberta inesperada fez Kieran sorrir.