Souta e os outros retornaram à pousada. Franklin, Vashno e os outros tiveram experiências semelhantes e não encontraram nada significativo sobre o que o senhor da cidade havia feito com os cadáveres.
“Não há outra escolha a não ser perguntar diretamente a eles”, disse Vashno, olhando para Souta.
“É, eu pensei que encontraríamos algumas pistas importantes nas casas deles, mas parece que eu estava errado. Esse assunto deve ser grande se estão tomando precauções tão extremas.” Souta franziu a testa, sua mente pensando em opções. Ele se virou para Franklin e perguntou: “E os outros?”
Franklin balançou a cabeça.
Dois dias se passaram num piscar de olhos.
Souta e os outros permaneceram na Cidade Berço dos Camelos. Souta manteve contato com Alice através do talismã de transmissão. Ela o informou que a equipe enviada para coletar materiais havia retornado e estava pronta para coletar outro lote.
Enquanto isso, Souta e os outros observavam quaisquer mudanças potenciais na cidade. Eles descobriram que várias pessoas estavam desaparecidas, incluindo alguns dos moradores mais ricos. Esses indivíduos tinham um status mais alto do que o povo comum, semelhante aos nobres em um reino ou império.
“Capturaremos o senhor da cidade hoje”, disse Souta.
Franklin e os outros concordaram com a cabeça.
Souta e os outros esconderam sua presença enquanto cercavam a mansão do senhor da cidade.
“Eu irei agora”, disse Souta.
Ele se moveu para as sombras, o único que pretendia entrar na mansão. Os outros permaneceriam do lado de fora, vigiando qualquer um que entrasse ou saísse do prédio.
Dentro da mansão, Souta silenciosamente seguiu para um dos cômodos. Ele examinou a área antes de sair, seu olhar se fixando na direção da câmara do senhor da cidade.
Através do sangue, podia sentir a presença de outras pessoas por perto.
Souta estava rastreando o senhor da cidade pelos últimos dias, então sabia que ele estaria na mansão a essa hora. Ele ficou em frente à porta, seu olhar atravessando as paredes.
Estendendo a mão, ele girou a maçaneta e abriu a porta. Antes que alguém lá dentro pudesse reagir, Souta lançou seus feitiços. Gravidade os derrubou no chão, seguido por fumaça escura que encheu a sala em um instante.
–Whoosh!!
Souta deu um passo à frente e lançou centenas de teias.
“Quem é você?!!!” Suas vozes gradualmente desapareceram enquanto as teias se enrolavam em seus corpos, prendendo-os completamente.
E assim, todos no quarto foram contidos por Souta.
Tinha sido muito fácil.
Souta ficou parado, olhando para a esquerda e para a direita. Com um estalar de dedos, um homem coberto de teias flutuou na frente dele.
Este homem era o senhor da cidade.
As teias ao redor do rosto do senhor da cidade gradualmente desapareceram.
“Quem é você?! Você realmente acha que vai se safar dessa?!” O senhor da cidade gritou, com uma voz raivosa.
Souta permaneceu em silêncio, seu olhar se movendo entre o senhor da cidade e os outros. Ficou claro para ele que alguém os estava ajudando das sombras. Essas pessoas eram muito fracas – não havia como terem conquistado a independência da república por conta própria.
Se alguém tão poderoso quanto o grupo Morto-Vivo tivesse invadido a cidade, não teriam tido chance. Era possível que o senhor da cidade estivesse em conluio com as pessoas que invadiram esta cidade antes.
Souta sentou-se em uma cadeira vaga, seu olhar fixo no senhor da cidade. Ele perguntou: “O que você fez com os corpos das pessoas que morreram antes?”
“Você acha que eu vou te contar?!” O senhor da cidade zombou antes de continuar: “Você deveria me libertar! Talvez então, você tenha uma chance de sobreviver!!”
Souta suspirou com as palavras do senhor da cidade. Com um estalar de dedos, uma das pessoas envoltas em teias explodiu de repente. As teias rapidamente comprimiram o corpo, comprimindo-o em uma pequena e grotesca bola de carne.
“Ugh…” Os olhos do senhor da cidade se arregalaram de horror.
Souta olhou friamente para o senhor da cidade e disse: “Veja bem, eu não estou brincando aqui. Se você continuar agindo assim, eu posso fazer você desaparecer.”
O medo do senhor da cidade era evidente. Seu tom mudou quando percebeu que o homem diante dele o mataria sem hesitação.
…
Fora da mansão, tudo parecia normal, como se nada tivesse acontecido.
“O que você acha que vai acontecer?” Franklin perguntou com uma expressão entediada, olhando para a mansão.
Houve uma leve flutuação de energia, mas ela se dissipou rapidamente. Franklin sabia que Souta estava terminando.
“Nada. Acho que o senhor da cidade é dispensável para aquele que puxa as cordas no escuro. Depois disso, estarão cientes da nossa existência – embora já possam saber, especialmente porque já faz alguns dias desde que o grupo Morto-Vivo foi eliminado no Reino Palleo”, Vashno respondeu.
Poucos minutos depois, Souta emergiu da mansão. Franklin e Vashno trocaram um olhar antes de segui-lo. Os guerreiros dos Campeões de Athena seguiram o exemplo.
O grupo deixou a cidade e rapidamente subiu ao céu.
“Mudança de planos”, disse Souta antes de concluir: “Vamos direto para o Palácio da Serenidade.”
Franklin, Vashno e os guerreiros assentiram sem questioná-lo. Eles entenderam que Souta deve ter reunido informações cruciais do senhor da cidade.
Souta aumentou sua velocidade de voo manipulando a gravidade.
O que soube do senhor da cidade foi que os corpos foram transportados para o Palácio da Serenidade. Até mesmo as pessoas desaparecidas foram levadas para lá.
Assim como Souta esperava, o senhor da cidade era apenas um peão. Havia figuras influentes em outros países também, todos sendo controlados por esse grupo desconhecido. Mas… por que esse grupo revelaria tais informações sobre o transporte de cadáveres e pessoas desaparecidas para seus peões?
Era quase como se…
‘Alguém está provocando você’, a voz de Saya ecoou em sua mente.
‘É, parece que sim. Ainda assim, tenho que ir lá para verificar’, Souta respondeu, controlando seus doppelgangers restantes para irem em direção ao Palácio da Serenidade.
Enquanto isso, várias facções no Deserto Obsidian estavam de olho no Palácio da Serenidade, cada uma competindo por sua herança.
“Batalha, cadáveres, pessoas desaparecidas… A batalha criará mais cadáveres. Entendo… É algum tipo de sacrifício”, Souta murmurou para si mesmo.
De repente, ele parou no ar, sentindo algo. Franklin e os outros rapidamente o seguiram, parando também.
“O que houve?” Vashno perguntou, seguindo o olhar de Souta, mas não vendo nada.
“Sério… Meus doppelgangers sumiram todos. Eles foram interceptados por alguém”, disse Souta.
Com isso, teve certeza de que alguém o estava mirando.
…
Vale da Areia Vermelha.
Um grande palácio surgiu à distância, suas torres douradas alcançando o céu. Colunas de mármore ladeavam a entrada, cada uma intrincadamente esculpida com a história de sua fundação. O sol banhava o palácio em tons de dourado e carmesim, fazendo com que as paredes brilhassem como se contivessem fogo dentro delas.
O palácio era cercado por uma barreira semitransparente, cujo ponto mais alto se estendia três quilômetros acima da superfície.
Este era o Palácio da Serenidade.
O centro de uma das facções mais poderosas do Deserto Obsidian.
Sua história abrange mais de dois mil anos.
Neste exato momento, várias pessoas observavam o magnífico palácio de longe.
Eles eram guerreiros dos Campeões de Athena.
Allan, um dos guerreiros, virou-se para seus homens e perguntou: “Como está indo à investigação?”
“Líder de esquadrão, com base em nossas informações, a barreira desaparecerá a qualquer momento. Precisamos nos preparar, pois uma batalha certamente se seguirá”, respondeu seu membro de esquadrão.
“Entendo…” Allan assentiu, então olhou para outro membro e disse: “Volte e informe o Líder de Grão Souta sobre isso.”
“Sim, senhor.”
O que não sabiam era que Souta já estava a caminho.
Allan voltou sua atenção para o palácio, uma expressão de preocupação em seu rosto. Ele não conseguia colocar em palavras, mas seus instintos gritavam que havia um perigo oculto.
Ele havia sobrevivido à inúmeros perigos no passado graças aos seus sentidos aguçados, e agora, eles lhe diziam que havia mais neste Palácio da Serenidade do que aparentava. Foi por isso que não ousou se aproximar como as outras facções, que já estavam perto da barreira. Atualmente, cinco organizações cercavam o Palácio da Serenidade, todas esperando a barreira cair. Esses cinco grupos foram os que derrubaram os principais poderes do Deserto Obsidian. Eles se aliaram à guerra da Gula para desmantelar as forças que governavam esta terra. Eles eram semelhantes ao grupo que Arden, um membro do Exército da Gula, havia trazido para Ekatoe.
Todos esperaram pacientemente.
Allan e seu grupo se mantiveram escondidos à distância.
“A destruição do Palácio da Serenidade também é um mistério…”
Nas últimas semanas, o povo do Palácio da Serenidade foi morto. Quanto a quem foi o responsável, ninguém sabia a resposta.
Allan entendeu que as facções reunidas aqui eram movidas pela ganância. Todos cobiçavam a herança de uma facção poderosa como essa, e isso era o suficiente para que ignorassem os perigos que espreitavam lá dentro.