Souta sentou-se diante de um túmulo, o local de descanso final de Yenxa, uma de seus subordinados de confiança. Ao lado de Yenxa, os membros caídos da Astros descansavam neste solo sagrado, uma prova de seu sacrifício em batalha.
Uma figura se aproximou de Souta, interrompendo seu devaneio.
“Meu Senhor, alguém deseja encontra-lo”, informaram-no.
Souta se virou, a curiosidade evidente em sua expressão.
“Quem?” Ele perguntou.
“O Chefe da Família Shimpan. Disseram que um emissário do Reino Palleo no Deserto de Obsidian está aqui”, veio a resposta, proferida com deferência respeitosa.
“O Deserto de Obsidian?” As sobrancelhas de Souta se ergueram de surpresa. Ele conhecia o vasto deserto próximo ao Salão das Planícies.
Levantando-se, Souta tomou sua decisão.
“Muito bem. Vou recebê-los. Organize isso para mim”, instruiu.
Com uma reverência, o mensageiro partiu, deixando Souta contemplando as implicações deste encontro inesperado.
Souta franziu a testa, vasculhando seu cérebro em busca de qualquer conhecimento que pudesse possuir sobre o Deserto de Obsidian. No entanto, logo percebeu que sua familiaridade com a região se limitava a boatos; ele nunca se aventurou pessoalmente lá durante seu tempo no jogo.
Deixando o túmulo para trás, Souta correu para seu escritório, ansioso para obter mais informações. Consultando seus subordinados, solicitou quaisquer detalhes que pudessem fornecer sobre o Deserto de Obsidian.
Os relatórios revelaram que o Deserto de Obsidian era vasto, estendendo-se várias vezes o tamanho do Salão das Planícies. Era o lar de vários países pequenos, cada um ostentando considerável poder e longevidade. Em termos de força militar, essas nações eram formidáveis, comparáveis aos países ricos do Salão das Planícies, que abrigavam Reinos da Algema de alto nível. Entre essas nações estava o Reino Palleo, uma força significativa na região.
Examinando os documentos espalhados por sua mesa, Souta ponderou as implicações dessa nova informação.
“O que você acha?” Souta perguntou, colocando os arquivos em papel sobre a mesa.
“Acredito que o interesse deles em nós decorre de nossa conexão com o Olimpo. Não é nenhum segredo que somos guerreiros dos Campeões de Atena, e sua posição como Líder de Grão nos diferencia”, comentou Alice, oferecendo sua perspectiva sobre a visita do Reino Palleo.
“Penso o mesmo”, Souta concordou com a cabeça.
A situação no Deserto de Obsidian era terrível, com dezenas de milhares de refugiados fugindo para o Salão das Planícies há alguns meses. O afluxo de refugiados atingiu números surpreendentes, aproximando-se dos milhões. Mesmo antes da viagem de Souta a Selnes, refugiados do Deserto de Obsidian já chegavam.
“É provável que procurem aproveitar nossa força para ajudá-los em sua situação atual”, ponderou Souta.
“Vamos aguardar a sua visita e discernir as suas intenções”, Os dois concluíram.
Ele não estava preocupado com possíveis ataques aqui. Com Kessa ao seu lado, eram os monstros mais fortes de toda a Astros. Mesmo um especialista do Rank Herói hesitaria em causar problemas na presença deles. Além disso, uma matriz poderosa cobria seu território, reforçando ainda mais as suas defesas. A Astros poderia conter alguém no Reino da Sétima Algema, e mesmo um na Oitava Algema teria dificuldade para se infiltrar.
Chegando a hora do encontro, o grupo do Reino Palleo reuniu-se à mesa, em frente a Souta e seus homens.
O príncipe herdeiro Servon observou o homem de aparência impressionante sentado à sua frente. Apesar de não sentir nenhuma aura discernível deste homem, seus instintos o alertaram sobre o perigo. Com cabelo carmesim e um chifre escuro projetando-se de sua testa, junto com olhos tingidos de um tom carmesim e pele escura, o Príncipe Herdeiro o reconheceu instantaneamente como o infame Monstro Relâmpago de Sangue. Os indivíduos ao lado dele, embora um tanto conhecidos, não eram nada comparados à notoriedade de seu líder.
O príncipe herdeiro levantou-se e apresentou-se.
“Eu sou Servon De Von Palleo, Príncipe Herdeiro do Reino Palleo, e esta é minha irmã, Iris De Von Palleo.”
A princesa Iris levantou-se graciosamente, agarrando a bainha do vestido e fez uma reverência educada.
Souta retribuiu a saudação com um sorriso, embora já conhecessem seu nome. Era costume e um gesto de respeito.
Ao observá-los, Souta notou a força do Príncipe Herdeiro e companhia. Ao lado deles, a Princesa, embora um pouco mais fraca, ainda possuía habilidades formidáveis, comparáveis ao nível de Alice. Isto era de se esperar de indivíduos que representavam uma nação que poderia ser classificada como um país rico.
O príncipe herdeiro Servon estava prestes a explicar o propósito de sua visita quando algo inesperado ocorreu.
–Ohm!
O ar ondulava com uma vibração perturbadora e uma energia estranha permeava os arredores.
Princesa Iris, Sarguan, Alice e os outros sentiram um arrepio abrupto percorrer suas espinhas.
Souta fixou seu olhar no Príncipe Herdeiro e nos outros dois indivíduos, notando sua surpresa com a repentina mudança dos acontecimentos. Pelas reações deles, deduziu que não eram responsáveis por essa anomalia.
Olhando para cima, Souta observou a distorção no espaço, uma diretamente acima dele e outra acima do Príncipe Herdeiro. Nuvens cinzentas de fumaça emanavam dessas distorções, carregando consigo uma energia desconhecida.
‘Souta… Poder dos Sonhos!’ A voz de Saya ressoou em sua mente.
‘Sim, é Poder dos Sonhos,’ Souta afirmou silenciosamente, reconhecendo o que estava a sua frente. Não havia dúvida; ele estava familiarizado com o Poder dos Sonhos e pôde identificar prontamente sua presença.
Em Selnes, Souta usou seu Poder dos Sonhos para derrotar o Nove Yin do Exército da Gula.
–Whoosh!!
Dois pedaços de papel caíram dos espaços distorcidos acima. Um pousou a frente de Souta, enquanto o outro desceu na frente do Príncipe Herdeiro.
Tanto Souta quanto o Príncipe Herdeiro pegaram os papéis que apareceram diante deles.
Os olhos do príncipe herdeiro Servon se arregalaram enquanto lia o conteúdo do papel.
“O que é isso, irmão?” A princesa Iris perguntou, notando a mudança repentina no comportamento de seu irmão. Ela olhou para o papel em sua mão e engasgou de espanto.
Souta colocou o papel sobre a mesa com um sorriso.
“Isso é inesperado. Eu não escondi isso deliberadamente, mas parece que aprenderam.”
Alice e Eilish se inclinaram para examinar o papel. A primeira coisa que chamou a atenção deles foi um símbolo: uma vassoura tendo como pano de fundo uma lua desenhada de maneira peculiar, com ponteiros de relógio e números indicando meia-noite.
Alice franziu a testa em confusão, mas a reação de Eilish foi diferente. O reconhecimento brilhou em seus olhos quando ela se lembrou de ter encontrado o símbolo antes, enquanto lia um livro de história no Recanto dos Campeões.
Uma vassoura com uma lua com características de relógio no fundo.
Noite de Walpurgis.
“É um convite da Noite de Walpurgis”, Afirmou Souta, batendo o dedo no papel.
O príncipe herdeiro Servon, agora calmo, colocou o papel sobre a mesa. “Recebi o mesmo convite. Parece que é realmente da Noite de Walpurgis.”
…
Um homem estava sentado no telhado de uma casa modesta, com o cabelo castanho curto despenteado pela brisa. Seus olhos, um azul e outro verde, tinham um olhar peculiar enquanto estudava um pedaço de papel que segurava na mão. Gravado nele havia um símbolo: uma vassoura tendo uma lua com características de relógio no fundo.
“Tsk, Noite de Walpurgis… Esses caras não deixaram isso para lá. Eles devem estar sonhando”, Ele murmurou, sua voz cheia de desdém enquanto continuava a olhar para o símbolo a sua frente.
…
Uma mulher deitada de biquíni, com suas curvas destacadas graças a pouca roupa. Cabelos vermelhos caíam pelas suas costas e um par de óculos escuros descansava no topo de sua cabeça.
Ela era a Névoa Vermelha, conhecida entre os especialistas que invadiram Selnes. Com um copo de suco em uma das mãos, ela segurava um pedaço de papel na outra, com o olhar fixo nele.
“Walpurgis…? Esses idiotas nunca aprendem. Eles nunca restaurarão a glória da Noite de Walpurgis”, ela murmurou antes de tomar um gole de seu suco.
Ao lado dela, uma pequena figura voava pelo ar.
“Você vai participar? Ou recusará o convite?” A figura perguntou.
Era o espírito da Névoa Vermelha, Fiamma.
“Com certeza irei. Nunca esquecerei o que fizeram. Já passou da hora de fazer uma visita àquele lugar amaldiçoado”, A Névoa Vermelha respondeu com um sorriso.
…
No coração de uma floresta densa, um homem estava sentado diante de um altar, cercado por dezenas de carcaças de monstros. Ele era careca, vestia uma roupa branca simples, com um colar de contas vermelhas no pescoço.
Ao lado dele estava sentada uma mulher pequena, com seus longos cabelos azuis presos em um coque elegante. Ela segurava um arco longo requintado na mão.
“Bruxas… Que esquemas estão planejando nesta época turbulenta?” O careca murmurou.
“Não consigo entender suas intenções. Já faz muito tempo desde a última vez que coloquei os pés naquele reino. Eu me pergunto de que lado eles estão”, Respondeu a mulher, com a voz calma e composta.
…
Naturalmente, Souta não foi o único a receber o convite da Noite de Walpurgis. Por todo o país, várias pessoas encontraram convites em sua posse. O traço comum entre eles era sua conexão com as bruxas, seja por afiliação ou por seu próprio status como bruxas.
Souta bateu no convite com o dedo, seu olhar se voltando para o príncipe herdeiro. “Então, o que te traz aqui? Parece que o convite está relacionado à sua visita, visto que você também recebeu um.”
O príncipe herdeiro Servon estudou Souta por um momento antes de suspirar. Ele acenou com a cabeça e respondeu: “Sim e não. Meu propósito aqui está de fato ligado ao convite, mas eu não sabia que a Noite de Walpurgis faria qualquer movimento neste momento. Minha visita diz respeito à minha irmã.”
“Hmm… Você pode falar mais sobre a Noite de Walpurgis? Presumo que sua irmã esteja envolvida, considerando que você recebeu um convite”, perguntou Souta, voltando seu olhar para a princesa.