“Seus sentidos são bons para ter me percebido aqui!” Uma voz alta ecoou por todo o local.
Alice se virou e viu uma figura imponente sorrindo para ela. O homem era várias vezes mais alto que ela, com seus joelhos atingindo a altura dela. Ele vestia um manto de pele branca adornado com tatuagens tribais nos braços e rosto.
“Quem é você?” Alice perguntou.
“Eu? Eu não tenho ideia, mas aqui neste sonho, me chamam de Edern,” Respondeu o gigante com um sorriso.
“Sonho?” Alice levantou uma sobrancelha.
“Sim, este lugar não é um sonho? Estou preso aqui desde o momento em que nasci,” Edern explicou enquanto se acomodava em uma cadeira gigantesca.
“Você está preso aqui… Como?”
“Deixe-me esclarecer. As bruxas nomearam esta estrutura como o Palácio dos Sonhos, um labirinto de sonhos e dimensões. Olhe ao seu redor…” Edern gesticulou para o ambiente.
Alice olhou em volta e finalmente notou dezenas de corpos deitados em poças de sangue nos cantos da sala.
“Eles morreram quando foram trazidos para este lugar durante o seu jogo chamado de Caça às Bruxas,” Edern explicou solenemente e continuou: “Eles não conseguiram suportar a pressão deste espaço, sendo indivíduos comuns.”
Edern fez uma pausa e continuou: “Não se surpreenda que eu saiba sobre o jogo. Todos os seres vivos – humanos, demis ou monstros dentro da Noite de Walpurgis recebem informações compartilhadas em suas mentes.”
“O Palácio dos Sonhos não é como as bruxas o retrataram para você,” Edern continuou e contou a história: “Há muito tempo, as bruxas sequestravam pessoas de seus sonhos e as aprisionavam aqui. Elas usavam esses seres para experimentos. Com o tempo, as bruxas cessaram suas visitas, e os experimentos também pararam. No entanto, os indivíduos sequestrados permanecem presos aqui, incapazes de retornar à realidade, restringidos por um poder misterioso que impede sua fuga.”
Alice olhou para Edern e perguntou: “E quanto a você?”
“Eu? Nasci de um dos gigantes que sequestraram no passado,” Edern explicou e continuou: “Assim como meus pais, minha existência está presa neste lugar. Não consigo sair.”
Edern riu antes de se levantar e apontar para a porta.
“Existem outros como eu aqui, e estamos planejando algo contra as bruxas que vêm ao Palácio dos Sonhos.”
“O que você quer de mim?” Alice perguntou.
“Preciso que você nos traga a morte,” Edern respondeu diretamente e continuou: “Devido aos experimentos, estamos parcialmente fundidos com o Palácio dos Sonhos. Para acabar com nosso sofrimento, você deve destruir o próprio Palácio dos Sonhos.”
“O que você quer dizer com isso?” Alice perguntou, sentindo-se confusa.
“Quando você destruiu aqueles golems, você notou algo?” Edern perguntou e continuou a explicar: “Aqueles golems são experimentos fracassados, por isso há muito mais golems no Palácio dos Sonhos em comparação com outras regiões.”
Alice estreitou os olhos em pensamento. Os golems pareciam ter recebido uma ordem de eliminar todos os participantes. Quem estava dando essas ordens? Deve estar relacionado ao que Edern estava descrevendo—as bruxas que conduziram esses experimentos.
Alice olhou para Edern, sua expressão refletindo confusão e perguntou: “Por que você quer que eu o mate? A morte é realmente a única saída?”
“Nós, seres presos no Palácio dos Sonhos, buscamos a morte como uma forma de libertação,” Edern disse o seu ponto e explicou: “Somos essencialmente escravos aqui, incapazes de nos mover livremente sem ordens. Muitos de nós começamos a planejar contra as bruxas que controlam este lugar. Eles querem eliminar todos os trazidos ao Palácio dos Sonhos, esperando que as bruxas retaliem e nos matem.”
Edern fez uma pausa, levantando um dedo e continuou: “Outro ponto crucial: não podemos acabar com nossas próprias vidas, e somos programados para nos defender se atacados. É como se fôssemos golems, com comandos embutidos em nós. A única diferença é que estamos vivos.”
Edern moveu-se em direção à porta, continuando a falar: “Entendo que você tem muitas perguntas, mas mesmo eu não tenho todas as respostas. Não sei o propósito por trás desses experimentos.”
Alice seguiu silenciosamente atrás dele, refletindo sobre suas palavras.
“Para nós, a morte equivale à liberdade. Nossos corpos suportam uma dor insuportável todas as noites. Somos proibidos de lutar entre nós, então buscamos monstros que possam nos derrotar. No entanto, não importa quantas vezes somos destruídos, sempre retornamos,” Edern explicou solenemente e repetiu seu desejo: “A destruição do Palácio dos Sonhos nos concederá verdadeira libertação.”
Em tom baixo, Edern parou na porta e a abriu lentamente.
Edern virou-se para Alice e disse: “É por isso que estamos dispostos a provocar as bruxas, mesmo que signifique sacrificar todas as pessoas comuns que chegam aqui.”
Alice compreendeu a gravidade das palavras de Edern. Ela o seguiu além da porta e se encontrou em uma vasta terra repleta de árvores gigantes, sentindo a presença de seres vivos ao redor.
“Estou pedindo novamente que nos conceda a morte,” Edern reiterou.
“Eu não tenho força para destruir o Palácio dos Sonhos,” Alice respondeu honestamente.
“Você não precisa destruir o Palácio dos Sonhos. Deixe-me mostrar,” Edern sugeriu e disse: “Siga-me.”
Edern levou Alice para a floresta até chegarem a uma aldeia. O coração de Alice afundou ao ver centenas de pessoas presas em todos os cantos. Crianças choravam de medo, enquanto adultos tentavam oferecer consolo, seus rostos marcados por terror visível.
“A atmosfera aqui não é tão intensa quanto no espaço anterior, então conseguem sobreviver por enquanto. No entanto, logo encontrarão seu fim nas mãos dos meus companheiros para provocar as bruxas. Vemos este ‘jogo’ como uma oportunidade de alcançar a morte. Iremos obstruir qualquer um que tente completá-lo. Portanto, se você deseja progredir neste ‘jogo’, deve estar preparada para nos enfrentar e derrotar,” Edern explicou enquanto caminhavam.
Logo, o grupo chegou ao centro da aldeia, onde um grande altar com vários símbolos no chão estava.
“O que é isso?” Alice perguntou.
“Você é a quinta pessoa que trouxemos aqui. Não podemos nos aproximar do altar devido a certas regras, mas dentro dele há um espaço separado. Você pode entrar e competir com os quatro primeiros. Então, você entenderá o que está lá dentro,” respondeu Edern.
Alice permaneceu em silêncio, observando Edern cautelosamente. Embora tivesse acabado de conhecê-lo e não confiasse totalmente nele, parecia haver alguma verdade em suas palavras.
“Por que hesitar? Se você se recusar a participar, não hesitarei em acabar com a vida de todos neste lugar, incluindo a sua. Dessa forma, você não terá escolha a não ser prosseguir,” ameaçou Edern.
“Está bem,” Alice suspirou enquanto caminhava em direção ao altar.
O altar irrompeu em uma luz ofuscante, engolindo seu corpo. Quando a luz diminuiu, Alice havia desaparecido.
Edern olhou para o altar e murmurou: “Quem quer que emerja desse altar nos trará a morte. Muitos são transportados para dentro, mas apenas um emergirá. Temos apenas uma hora restante.”
Dentro do altar, uma competição se desenrolava. Aqueles transportados acidentalmente para lá enfrentavam a morte inevitável. Edern e seus semelhantes ativaram esse ritual desde que o Jogo da Caça às Bruxas começou.
Edern não entendia completamente o funcionamento do altar, mas sabia que era uma ferramenta usada pelas bruxas que haviam feito experiencias neles no passado.
“Morte… Traga-a para mim,” ele sussurrou solenemente.
…
Alice abriu os olhos e se encontrou dentro de uma arena colossal. Cadáveres estavam espalhados pelo chão, sangue manchando a terra.
Desde que chegou ao Palácio dos Sonhos, Alice se acostumara com a visão de cadáveres espalhados por todo lugar. Era um lembrete sombrio das duras condições enfrentadas pelos habitantes da Noite de Walpurgis—um lugar onde a sobrevivência dependia da força.
A presença esmagadora da morte deixava Alice entorpecida. Embora não conhecesse esses indivíduos no chão, a visão do desespero em seus rostos e das crianças reforçava sua determinação de ver este lugar destruído.
“O plano de Edern é mostrar a todos os participantes que o Palácio dos Sonhos deve ser erradicado. Esse é o propósito,” murmurou Alice para si mesma. Ela levantou o olhar para enfrentar a figura pairando acima.
“Você é a desafiante final?” Uma mulher de cabelos azuis e olhos vermelhos ardentes inquiriu, sorrindo maliciosamente e disse: “Você não parece ser um dos nossos cidadãos. Suponho que seja uma convidada. Nesse caso, não há problema em acabar com você.”
“Suas roupas se assemelham às de alguns dos cadáveres aqui. Você matou seus companheiros?” Alice perguntou.
“Que escolha eu tinha? Eles me atacaram primeiro. Todos nós fomos manipulados por aquelas pessoas, certo? Eles estão tentando desafiar as bruxas, pensando que têm alguma chance. Estão todos loucos! Eles também trouxeram você para cá, buscando algo deste lugar, não foi?” A mulher respondeu com uma expressão insana e berrou: “Fique aqui comigo, e você acabará como eu! Há algo de errado neste lugar! Hahahaha!”
Alice olhou ao redor cautelosamente antes de murmurar para si mesma: “Esta situação deve ser resolvida rapidamente.”
“Mas que merda está dizendo? Vou despedaçar você e revelar a verdade deste lugar!” A mulher riu enquanto dobrava os joelhos e avançava em direção a Alice.
“Há realmente algo errado com este lugar, e é por isso que você pode encontrar seu fim aqui,” Alice declarou friamente enquanto avançava com sua lança.
A mulher saltou para frente com velocidade impressionante, tentando agarrar Alice, mas Alice foi mais rápida. Com um movimento ágil, desviou do ataque e contra-atacou com um golpe preciso de lança que cortou a lateral da mulher.
Gritando de dor, a mulher cambaleou para trás, mas sua expressão de loucura apenas se intensificou.
“Você acha que pode me vencer tão facilmente? Eu sou a governante deste pesadelo!”
Alice manteve a compostura, sua determinação inabalável.
“Se é assim, então vou acabar com seu reinado agora.”
A batalha foi feroz, com ambas trocando golpes rápidos e poderosos. A arena ressoava com o som de aço colidindo e os grunhidos de dor. A mulher usava habilidades e feitiços que deformavam a realidade ao seu redor, enquanto Alice contava com sua destreza e magia de gelo para manter a vantagem.
Finalmente, após uma série de ataques implacáveis, Alice encontrou uma abertura. Com uma investida rápida e certeira, ela perfurou o núcleo da mulher, imobilizando-a. O corpo da mulher ficou rígido, e seus olhos, antes ardentes de insanidade, agora estavam cheios de resignação.
“Você… realmente vai nos libertar?” A mulher sussurrou enquanto sua vida se esvaía.
“Sim, é isso que eu prometi,” Alice respondeu firmemente e fortaleceu suas palavras: “Vou destruir este lugar e libertar todos.”
Com um último suspiro, a mulher fechou os olhos e seu corpo desabou, dissolvendo-se em uma névoa etérea.
Alice respirou fundo, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Ela olhou para o céu da arena, determinada a cumprir sua promessa e acabar com o sofrimento daqueles presos no Palácio dos Sonhos.
“Esse é apenas o começo,” murmurou para si mesma enquanto se preparava para enfrentar os próximos desafios que viriam.