O primeiro a sentir a estranha sensação foi Aram.
Ele ficou chocado com a visão à sua frente, mas, ao mesmo tempo, ele foi pelo menos capaz de chegar a uma conclusão.
“Não.”
Ele olhou ao redor.
Em vez de olhar para as duas tempestades que se espalhavam das mãos de Lukas, ele olhou para os rostos daqueles que estavam enfrentando essas tempestades.
Ele olhou para os Lutadores que lutavam ferozmente sem saber o que fazer.
Por quê?
Todos os Lutadores reunidos aqui eram elites que passaram por inúmeras dificuldades.
A Arena de Lirua era uma das maiores e mais populares entre as grandes cidades.
Mesmo que eles tivessem perdido seu verdadeiro senso de batalha por causa da manipulação de resultados, a força que eles haviam aprimorado não era falsa.
Mais da metade dos Lutadores que reuniu tinham experiência em lutar contra Feiticeiros, e a outra metade sabia como lidar com sua feitiçaria.
— E-Esquive!
— Aaah!
— M-Me poupe! P-Por favor, me poupe!
E, no entanto, mesmo sem a chance de revidar, eles agora estavam sendo varridos como insetos em um furacão.
“Isso não é feitiçaria”
Com os olhos bem abertos, Aram chegou a essa conclusão.
Esse cara.
Ele apenas assistiu como se tudo isso fosse natural. O que ele disse antes? Mago?
“Mana.”
Armazenar o ki natural no corpo? Calculando as leis da natureza?
O que exatamente isso significava?
Ele não sabia. Ele não conseguia entender nada disso.
No entanto, uma coisa ficou clara.
Tudo o que estava acontecendo agora ultrapassava em muito o escopo de compreensão de Aram.
— Ugh!
Shik.
Aram mordeu o lábio com força. A dor e o gosto de sangue de seu lábio rasgado pareceram ajudá-lo a clarear um pouco a mente.
— Espalhem-se o máximo que puderem! Não fiquem juntos! Depois…
Depois, depois…
O que eles deveriam fazer a seguir?
Ele instintivamente tentou usar uma técnica antes de perceber que era inútil.
A aniquilação omnidirecional de ki ainda estava ativa.
Inesperadamente, a técnica que preparou para suprimir o oponente estava suprimindo ele próprio.
— Kaytai! Capture Bargan!
Nesta situação, eles não tinham escolha a não ser usar Bargan.
Afinal, o objetivo de Lukas devia ser resgatar Bargan.
Já que esse era o caso, eles tentariam negociar usando a vida daquele cara. Caso contrário, não teriam outra saída.
Kaytai assentiu e começou a se aproximar de Bargan.
Bargan, que estava olhando para os feitiços de Lukas em transe, finalmente voltou a si.
Ele não tinha compreendido completamente a situação no início.
Mas agora, ao ver mais de uma centena de lutadores sendo facilmente arremessados por Lukas, ele percebeu.
“Não posso me tornar um fardo.”
Ele já havia sido salvo por seu Senhor duas vezes.
Uma vez quando perdeu em sua luta contra ele.
E a outra vez quando o Dragão Ancião apareceu.
E agora, parecia que Bargan devia a Lukas sua vida mais uma vez.
“Mesmo que eu morra, reencarne e morra de novo, não poderei pagar essa dívida.”
Então, no mínimo, ele não poderia se tornar um fardo para Lukas. Ou pelo menos, esse era o seu desejo.
Gah.
No entanto, apesar de seus desejos, seu corpo, desprovido de energia, permaneceu imóvel. Quanto mais ele tentava se forçar a se mover, mais parecia que seu corpo inteiro estava sendo dilacerado pedaço por pedaço. Ele não conseguia mover um único dedo.
“Por favor, mova-se uma última vez.”
Se ele pudesse mover seu corpo naquele momento.
Não se importaria se isso significasse ser aleijado para o resto de sua vida.
— Ha!
Ele ainda não estava disposto a desistir nessa situação?
Kaytai bufou enquanto corria em direção a Bargan.
Foi nesse momento.
Crack crack!
O chão ao redor de Bargan se ergueu para cobri-lo.
O terreno elevado se uniu para criar uma barreira sólida como se o estivesse protegendo.
— Sua parede é inútil!
Kaytai balançou sua espada em direção à barreira.
Kak!
Ele atacou com a intenção de destruí-la com um golpe, mas sua espada acabou presa na barreira como um garfo em um bolo.
Este balanço continha força suficiente para destruir a muralha de uma fortaleza, mas foi detido por esta pequena barreira.
“Esta não é uma parede comum?”
Se ele continuasse atacando, provavelmente seria capaz de quebrá-la eventualmente, mas não sabia quanto tempo isso levaria.
Kaytai se virou para encarar Lukas com um olhar ardente.
Ele olhou nos olhos azuis brilhantes do Mago, que estava controlando as duas tempestades tão facilmente quanto dando um passeio.
— Eu deveria ter te avisado, você não pode tocar em Bargan.
— Certo. Acho que você quer morrer primeiro.
Kaytai cerrou os dentes antes de puxar sua espada.
— Não me importo se você é um mago ou o que quer que seja, mas realmente acha que essas tempestades de gelo e fogo podem me parar? Acha que um Lutador é tão fácil de se lidar?
Ele deu um passo à frente.
Um brilho avermelhado começou a surgir do corpo de Kaytai.
Seus músculos começaram a inchar.
A armadura de couro que cobria seu corpo começou a se esticar como se fosse explodir.
A pele que era visível sob a armadura ficou vermelha e suas veias se projetaram.
— Isso não é nada!
Kaytai ergueu sua espada no ar.
Boom!
E quando ele a abaixou, uma tempestade apareceu.
A espada de Kaytai cortou o chão da arena ao meio. A rachadura no chão rapidamente se espalhou para Lukas como uma cobra se movendo sob a terra, mas Lukas simplesmente se elevou no ar.
Aram ficou chocado quando viu isso.
Isso não era flutuar, em vez disso, parecia ser uma habilidade próxima do verdadeiro voo.
Mas Kaytai estava determinado a não se surpreender com mais nada que visse.
Taht!
Sem prestar atenção nisso, apertou sua espada e chutou o chão, rapidamente diminuindo a distância em direção a Lukas.
Sua grande figura saltou dez metros no ar em um instante.
Seus músculos doíam como se tivessem sido rasgados por suas ações.
Porque ele estava fazendo muitos movimentos fortes um após o outro, estava colocando uma grande pressão em seu corpo.
Mas Kaytai escolheu ignorar a dor. O aperto em sua espada era firme.
E depois de esticar as costas até o limite, ele balançou sua espada para frente.
Clang!
Seu pulso latejava.
Isso era inacreditável. Com o poder que colocou em sua espada naquele momento, o corpo de Lukas já deveria ter se transformado em uma pilha de carne. E mesmo que não tivesse, deveria ter sido cortado em dois pedaços.
Mas não tinha sido…
“Algo bloqueou…”
Uma membrana redonda e invisível estava envolvendo Lukas.
— Barreira.
Lukas murmurou em um tom suave.
— Você tem todos os tipos de truques na manga. No entanto…
— Você.
Lukas o interrompeu.
Naquele momento, Kaytai sentiu que Lukas estava olhando para ele pela primeira vez.
— Por que está bravo?
— O que diabos você é?
— Acha que tem o direito de ficar bravo agora?
— Sobre o que diabos está falando, seu desgraçado?!
— Não entendo. Quem tem o maior direito de estar com raiva aqui é Bargan, não você.
A voz de Lukas chegou aos ouvidos de Bargan, que estava gemendo no chão abaixo.
Urgh.
Naquele momento, o peito de Bargan parecia abafado e sua garganta ficou apertada.
Nos cerca de trinta anos depois que deixou Lirua, nunca se sentiu assim antes.
Era uma sensação de prazer como se finalmente houvesse alguém que o entendesse.
Além disso, a pessoa que o entendia era o homem que ele mais admirava.
— E depois dele, sou eu quem está mais bravo.
A raiva cintilou no fundo dos olhos de Lukas.
Ele olhou para Kaytai.
Então se virou para olhar Aram.
Olhou para os cem lutadores, e então para longe onde sabia que Kangki estava.
O que era que separava os humanos que deveriam ser salvos, dos humanos que não deveriam?
Esta foi uma das primeiras preocupações que Lukas teve quando se tornou um Absoluto.
É por isso que salvou muitas raças.
Havia humanos.
E também havia não-humanos.
Anos se passaram.
Ele vagou por inúmeros universos, repetidamente salvando e destruindo. E depois de muito tempo, Lukas chegou a uma conclusão.
Os humanos eram seres moldados de acordo com a jornada que trilhavam, os ensinamentos que aceitavam e os laços que criavam.
Alguns diziam que eram seres de escolha e possibilidade.
Ao longo de todo o multiverso, era raro encontrar uma raça em que o bem e o mal pudessem colidir tão violentamente.
Não havia humano que não tivesse nenhum mal em seus corações.
Não importa o quão bom um humano possa parecer por fora, houve pelo menos um momento em sua vida em que eles tiveram um coração ruim. Não havia humano que não se sujasse um pouco depois de andar perto da poeira.
Portanto, o que Lukas considerava mais importante era a atitude deles em relação ao mal interior.
Eles não podiam ignorar isso.
Nem podiam ceder à escuridão que se contorcia em seu coração.
Aceitar o mal interior significava a perda da alma e a morte da possibilidade de se tornar um ser melhor.
E é exatamente isso que esses lutadores o lembravam.
Eles foram devorados por sua escuridão interior.
Desistiram do caminho de lutar lindamente e mancharam seu orgulho. Não só isso, mas também insultaram aqueles que continuaram a lutar.
“Repugnante.”