O homem chamado Budilem sorriu brilhantemente, seus dentes brancos contrastando fortemente com o ambiente escuro.
— Há quanto tempo. Já faz uma semana?
— V-você está enganado… Eu…
— Eu estou enganado?
Swoosh!
Um leve lampejo de luz veio do bolso de Budilem e Idail não teve tempo de responder.
Crack!
— ?
Idail não pôde deixar de olhar para Budilem em confusão. Ele viu algo se mover, mas foi apenas isso. De repente, sua visão começou a ficar vermelha. Ele não sentiu nenhuma dor. Em vez disso, apenas sentiu as pálpebras ficarem pesadas quando a fraqueza tomou conta de seu corpo. Ele também sentiu algo quente fluindo de seus olhos, nariz e boca.
— Ah.
Essa foi a última palavra de Idail.
Antes mesmo de perceber o que aconteceu, uma adaga foi cravada em sua testa. A pequena adaga perfurou facilmente seu crânio antes de perfurar a matéria cerebral por trás dele.
Idail, o líder da companhia de mercenários que completou com sucesso um total de cento e vinte e três missões, colapsou no local e morreu sem fazer barulho.
— Líder Idail?
Rina não pôde deixar de gritar em tom atordoado. Vendo seu pânico, Budilem estalou a língua em escárnio.
— Um cadáver não pode falar. Até mesmo um comerciante deveria saber disso.
Enquanto falava em um tom indiferente, Budilem jogou outra adaga. Mas ele não estava mirando em Rina.
A adaga passou perto de sua orelha antes de voar em direção ao compartimento de bagagem atrás dela. Para ser mais preciso, visava o pano que cobria o porta-malas.
Rip!
O tecido foi rasgado, revelando os engradados e caixas contidos no compartimento.
A expressão de Rina enrijeceu. Mas Budilem simplesmente sorriu enquanto jogava uma adaga após a outra.
Crack!
Como se tivessem vontade própria, as adagas se moviam de maneiras complexas enquanto quebravam os caixotes. Naturalmente, os itens contidos neles caíram.
Havia todo tipo de equipamento.
De armas como espadas, machados e lanças, a armaduras como couraças, capacetes, manoplas e botas…
Havia também alguns itens mágicos que eram muito caros.
— Você disse que eu estava enganado, Rina Traine. Então, pode me dizer para onde pretendia transportar este equipamento?
— Isso…
— É para a Academia Westroad, não é? Hehehe… Um dos acampamentos-base daquelas nojentas forças reacionárias.
— !
Ele sabia de tudo desde o começo?
Ao contrário da chocada e assustada Rina, o sorriso de Budilem continuou a crescer.
— Você achou que eu não saberia? Parece que subestimou nossa divisão de inteligência.
— D-Desde quando?
— Desde o momento em que você assinou aquele contrato com Peran Jun.
Em outras palavras, eles sabiam desde o início.
Rina desabou no local.
— Na verdade, tive várias chances de matar você. Mas eu me segurei. Queria apontar para um momento mais certo. Ah, claro, nunca foi dos mercenários que eu tive medo.
— …
— Não importa o quão confiante eu esteja, não quero enfrentar um arquimago como Peran Jun.
Rina olhou para Budilem com uma expressão ansiosa.
Fazia menos de um dia que Peran havia partido. Quando saiu, o fez da maneira mais silenciosa possível devido às chances de tal ataque ocorrer.
No entanto, Budilem compreendeu com precisão a hora da partida de Peran.
Ele plantou um espião? Não, isso era impossível. Rina investigou minuciosamente as informações pessoais de todos os mercenários que contratou desta vez. Não contratou ninguém que tivesse o menor indício de suspeita ou incerteza.
— !
Naquele momento, os olhos de Rina de repente se arregalaram.
A imagem de uma pessoa apareceu em seus olhos.
— Há… Então, no final, ele era um dos seus.
— Hmm?
Eles sofreram por causa de uma manobra óbvia.
Isso provavelmente poderia ser considerado um erro de Rina também. Porque não havia apelado fortemente de sua opinião, pois não queria atrair a ira de Peran.
Ela deveria tê-lo impedido de aceitar uma pessoa misteriosa, não importa o quê.
— Do que você está falando?
— Você ainda está planejando manter isso em segredo quando já ganhou?
— Hmm…
Budilem olhou para Rina em confusão por um tempo antes de sorrir.
Não importava. Ela iria morrer logo de qualquer maneira, então não precisava prestar atenção em suas bobagens.
— Você apenas escolheu ficar do lado errado.
Sua voz tornou-se baixa e fria.
Rina olhou em volta novamente. Não havia nenhum mercenário perto o suficiente para protegê-la. Todos eles ainda estavam lutando ferozmente.
Embora ainda parecesse que estavam lentamente ganhando vantagem, isso era apenas porque Budilem ainda não havia feito nenhum movimento.
Rina sabia o quão irracionalmente forte este homem de meia-idade na frente dela era.
Ele transformou Idail, que era facilmente um dos mais fortes do grupo mercenário, em um cadáver frio em um instante.
Se ele matasse Rina e se juntasse à batalha, o campo de batalha seria completamente limpo em alguns minutos.
Tap tap.
Budilem continuou enquanto caminhava lentamente em sua direção.
— E isso é motivo suficiente para você morrer esta noite.
Shaa—
Budilem de repente parou de se mover. Ele podia sentir uma presença dentro de uma carruagem.
Não era a carruagem que ele havia destroçado, mas a que estava atrás dela.
“Alguém está lá dentro.”
Uma pitada de cautela apareceu em seu rosto.
Peran Jun já pode ter saído, mas ainda é possível que variáveis desconhecidas apareçam.
Claro, ele sentiu que era altamente improvável dada a expressão de desespero no rosto de Rina, mas em sua profissão, era melhor prevenir do que remediar.
Ele deveria atacar primeiro? Ou deveria esperar?
Antes que pudesse terminar de se perguntar o que fazer, um jovem de cabelos brancos saiu diretamente da carruagem.
— …
Budilem rapidamente examinou todo o corpo do jovem.
A primeira coisa que notou foi a espada que segurava, mas sua atenção foi atraída para suas roupas. Na melhor das hipóteses, o que ele estava vestindo só poderia ser chamado de retalhos sujos do que antes era um manto, e de forma alguma poderia ser considerado uma armadura.
“Ele não é um Espadachim ou um Cavaleiro.”
Poderia dizer isso com um simples olhar. Não havia sinais de treinamento no corpo do jovem. Não apenas seu corpo era bastante magro, mas a maneira como segurava a espada também era desajeitada e estranha, como se fosse a primeira vez.
— Quem é esse pirralho magricela?
Budilem perguntou com uma voz incrédula.
Mas a mais surpreendida foi a Rina.
Primeiramente, ficou surpresa que o homem misterioso, Lukas, e Budilem não se conheciam e, segundamente, que ele pegou uma espada do compartimento de bagagem.
— Esse cara deveria ser algum tipo de último recurso?
Swoosh.
Uma adaga disparou silenciosamente da mão de Budilem antes mesmo que terminasse sua frase. A pequena adaga mal era visível no escuro enquanto voava silenciosamente em direção à garganta de Lukas.
Ele escondeu o som da adaga e sua intenção de matar com sua voz e gestos.
“Ele pode ser um Mago ou um Espiritualista.”
Ou pode ser outra coisa com poderes que desconhecia.
Em outras palavras, esse ataque foi um teste. No entanto, não significava que o poder do ataque fosse baixo. Era pelo menos três vezes mais rápido e mais furtivo do que a adaga que usou para matar Idail. Isso podia soar um pouco estranho, mas era melhor testar com o máximo de poder que ele pudesse.
Pode até parecer um pouco excessivo, mas esse jovem era o único ali que ele ainda não havia identificado.
Portanto, mesmo que morresse facilmente sem ser capaz de reagir, não seria considerado um desperdício de ataque.
Clang!
…
…
Lukas balançou o pulso levemente e franziu a testa.
Por outro lado, a expressão de Budilem tornou-se excepcionalmente séria.
Então, algo caiu no chão, a centímetros da mão de Rina.
Era a adaga de Budilem que brilhava ligeiramente ao luar.
— Hmm…
Rina, que finalmente entendeu o que havia acontecido, não pôde deixar de engolir em seco.
Ela ouviu o som da espada e da faca se chocando, e não havia feridas visíveis no corpo de Lukas.
O que significava uma coisa.
Embora fosse difícil de acreditar.
Lukas bloqueou completamente a adaga de Budilem.
Aí que não sei o que, não sei o que lá…