Ping.
O som da água era a única coisa que ele conseguia ouvir.
Ping.
Era irritante…
Ping.
Cada vez que ouvia o som da água pingando, sentia uma dor latejante como se estivesse em ressonância com ela.
Gradualmente, sua consciência turva começou a clarear.
“Eu desmaiei?”
Lukas se forçou a abrir os olhos.
No entanto, sua visão estava turva, tornando difícil para ele distinguir seus arredores.
Seu corpo inteiro parecia estar pegando fogo e sua cabeça doía. Sua garganta também estava seca, como se tivesse engolido um bocado de areia.
Sua lesão mais grave…
Ele inconscientemente esticou a mão até o estômago. A primeira coisa que sentiu foi um curativo bem enrolado em seu abdômen. Isso não era tudo, também havia folhas pegajosas grudadas em sua pele. Isso o estava incomodando.
— Essas ervas são boas para queimaduras.
Uma voz agradável e grave falou com ele.
Virando a cabeça, ele esperou sua visão clarear.
Depois de um tempo, conseguiu ver um homem parado ao seu lado.
— Você perdeu muito sangue.
Era Peran Jun.
Ele também não parecia muito bem.
Sua pele estava pálida, ele tinha olheiras pesadas sob os olhos e seu corpo também estava coberto por bandagens.
— Esta é a segunda vez que cuido de você quando está doente. Tirando meus irmãos mais novos, você provavelmente é a pessoa cujo corpo eu estou mais familiarizado.
— …
Ele estava fazendo uma piada.
Lukas queria comentar sobre isso, mas embora seus lábios se movessem, nenhum som saiu.
Vendo isso, Peran entregou-lhe um cantil. Quando tentou aproximá-lo com uma das mãos, quase o deixou cair. O cantil parecia pesado como se fosse feito de chumbo. Claro, não era tão pesado. Isso era apenas uma prova de quão pouca energia Lukas tinha naquele momento.
— Você quer alguma ajuda?
Ele balançou a cabeça e lentamente levou a garrafa aos meus lábios.
Enquanto a água fria descia por sua garganta, parecia que sua mente estava gradualmente clareando. Ele forçadamente levantou a parte superior do corpo para se sentar, fazendo com que todo o seu corpo gritasse de dor, mas suportar a dor nunca foi um problema para ele.
— Onde estamos?
— Uma caverna na Floresta Amálgama. Claro, não é a caverna que queríamos, mas é uma caverna mesmo assim…
— Quanto tempo se passou desde que perdi a consciência?
— Cerca de um dia ou mais.
— E quanto aos Swordnaz?
— Seus ferimentos não são uma ameaça à vida. Eles estão conscientes, mas têm dificuldade de se mover no momento. No entanto, todos estão em melhores condições do que você.
Peran respondeu sinceramente às perguntas unilaterais de Lukas sem demonstrar nenhum descontentamento, mas ficou claro que ele também tinha suas próprias perguntas.
— Agora que você fez suas perguntas… Não acha que é hora de termos uma conversa adequada?
— …
Embora tenha permanecido em silêncio, Lukas concordou com ele.
Peran lembrou-se de Frey Blake. E havia muito que queria perguntar a ele.
Depois de pensar no que dizer por um tempo, Peran balançou a cabeça. Parecia que ele interpretou o silêncio de Lukas como algo diferente.
— Não. Desculpe. Eu estava com muita pressa. Você não está bem, então deveria descansar um pouco. Conversaremos depois.
Antes que Lukas pudesse detê-lo, Peran continuou.
— Além disso, parece que ela quer falar com você mais do que eu.
Peran desapareceu logo depois de dizer essas palavras. Ele não tinha certeza se havia deixado a caverna completamente ou se simplesmente sumido de vista.
Assim que Lukas estava começando a se perguntar por que Peran havia saído tão repentinamente, ele viu uma mulher parada na escuridão da caverna.
Com cabelos ruivos que pareciam chamas vermelhas…
— Nix?
— Não.
Um tom zombeteiro.
Conforme ela se aproximava, a escuridão ao seu redor diminuía.
Logo, seu rosto apareceu na luz, revelando seus olhos dourados.
— Torkunta…
— Humpf.
Torkunta bufou e sentou-se ao lado da cama antes de olhar para Lukas com olhos brilhantes. Seus olhos afiados deixaram Lukas muito desconfortável, como se ele estivesse sendo analisado.
— O que foi? Seu desgraçado patético.
— O quê?
— Por que você voltou em um estado tão patético quando saiu com tanto orgulho?
— Você… Eu…
— Eu lembro.
Lucas permaneceu em silêncio.
O sangue foi drenado de seu rosto em um instante.
Ele não sabia o que dizer.
— Você se lembra de tudo… Sobre mim?
Essas palavras soaram ainda mais tolas quando ele as disse em voz alta.
— Não diga essas coisas cafonas. Existe alguma razão para eu me lembrar de tudo sobre você? Desde quando éramos tão próximos?
Torkunta ergueu uma sobrancelha ao responder. Seu tom carregava um leve senso de hostilidade, mas provava que ele se lembrava de Lukas.
— Você realmente se lembra de mim e não de Frey Blake? Ou alguma outra coisa?
No entanto, Lukas ainda achava difícil de acreditar.
É por isso que ele não pôde deixar de perguntar persistentemente.
— Isso.
— Como pode ser? Por que todo mundo esqueceu, mas você…
— Ei. Se acalme.
— Agora eu realmente–
— Lukas Trawman…
Um rosnado baixo interrompeu a divagação de Lukas.
Torkunta continuou enquanto o encarava com suas pupilas fendidas.
— Você… Mudou.
— …
— Sua mente enfraqueceu junto com seu corpo? Ser capaz de manter a compostura em qualquer situação não é a maior força de vocês, Magos?
Era como se uma chama fria penetrasse em seus ouvidos.
O fio que estava enrolado em sua cabeça foi engolido pelas chamas antes de desaparecer.
Isso estava certo…
Não era típico dele ser arrastado por seus pensamentos assim sem conseguir se acalmar. Em tempos como este, Lukas Trawman permaneceria racional e analisaria a situação.
— Sssp.
Ele respirou fundo entre os dentes, acalmando seu nervosismo e permitindo que ele recuperasse a compostura.
Então, ele voltou a falar.
— Todos se esqueceram de mim…
— Parece que sim. Eu realmente quero saber o que aconteceu com o mundo.
— Não são apenas as memórias que desapareceram. Também não há vestígios de Lukas Trawman em documentos, publicações ou registros.
— Entendo.
— Mas você se lembra de mim. Tão claramente.
— Não está muito claro.
Torkunta exclamou com uma voz irritada.
Esse cara não parecia gostar muito de Lukas. Isso era natural, considerando que ele o havia matado uma vez antes.
— Você tem alguma ideia do que pode ter causado esse fenômeno? Mesmo coisas pequenas servem.
— Ah. Não consigo pensar em nada.
Torkunta cerrou os dentes e falou com voz áspera.
— Imediatamente depois que você saiu, fiquei trancado por dez anos. Dentro desta maldita Fênix! Eu mal conseguia ver o que estava acontecendo do lado de fora, e essa vadia agia como se tivesse esquecido da minha existência! Naturalmente, minha voz também não conseguia alcançá-la!
Torkunta bateu em seu peito como se não pudesse conter sua raiva.
— Você pode imaginar como foi frustrante ficar trancado em um espaço vazio por dez anos!?
— …
O Grande Mago, que havia ficado preso por quatrocentos vezes mais no passado, permaneceu em silêncio.