Em uma escada profunda, apenas os sons dos passos de três pessoas podiam ser ouvidos.
Iris ficou em silêncio.
Foi por que Merad estava lá? Ou ela simplesmente não tinha mais nada a dizer a Peran?
Enquanto subia as escadas mecanicamente, os pensamentos de Peran não paravam.
Foi só depois que os sons do primeiro andar desapareceram e eles pararam, que ele percebeu que haviam chegado ao seu destino.
Peran olhou para cima e viu um enorme conjunto de portas duplas de aço.
Não era do tamanho que se esperaria de uma pessoa normal. Este conjunto de portas era tão grande que até mesmo um gigante seria capaz de passar facilmente.
— Senhorita Asilla está esperando lá dentro.
Com um aceno de cabeça, Iris caminhou em direção às portas antes de bater em uma delas com seu dedo fino e branco.
Creak—
Então, com um som suave, essas portas gigantes, que pareciam quase imóveis, começaram a se abrir quase como se tivessem vontade própria. Por um momento, Merad ficou congelado enquanto olhava para Iris em estado de choque, mas ela o ignorou e entrou na sala atrás das portas.
Peran a seguiu.
Tum!
Uma respiração depois que os dois entraram na sala, as portas se fecharam novamente com um som pesado.
Mas a atenção de Peran não estava mais voltada para as portas de aço.
O interior da sala era brilhante, mas não por causa da luz.
— …
Barras de ouro.
Havia pilhas de barras de ouro na sala como montanhas em uma cordilheira.
Peran não se atreveu a contar o número. O interior da sala era grande o suficiente para corresponder ao tamanho das portas de aço, mas as montanhas de barras de ouro ainda preenchiam o espaço. E Peran foi capaz de dizer à primeira vista que todas essas barras de ouro eram autênticas.
— Sentem-se.
Uma voz gentil soou.
Sua atenção foi então atraída para uma mesa de trabalho que ficava no centro das montanhas douradas. E atrás dessa mesa, estava uma jovem lendo um documento.
Ela tinha cabelos loiros quase brancos e olhos elegantes com pupilas quase imperceptíveis.
Era loiro platinado? Ela era uma mulher com uma cor de cabelo estranha.
Iris a observou por um momento antes de falar.
— Há quanto tempo, Asilla.
Peran não demonstrou isso em seu rosto, mas ficou chocado.
Iris era alguém que sempre falava de maneira educada, mas não era porque ela estava demonstrando ou sentindo respeito pela outra pessoa.
Ela usava a mesma atitude com todos para construir um muro ao seu redor. Em outras palavras, era uma parte de sua personalidade.
Mas agora havia uma clara sensação de familiaridade no tom de Iris.
— Verdade. Faz algum tempo.
A mulher chamada Asilla sorriu com seu rosto naturalmente perfeito antes de seu olhar mudar ligeiramente.
— E esse homem é?
Sentindo que deveria ter deixado sua apresentação para Iris, Peran deu um passo à frente e fez uma reverência educada.
— É um prazer conhecer você. Eu sou Peran Jun.
— Peran Jun…
Asilla murmurou baixinho antes de perguntar.
— O Arquimago do Império Kastkau, Peran Jun?
— Isso mesmo.
Depois que Peran assentiu, o olhar de Asilla se voltou para Iris como se perguntasse por que ela o havia trazido ali.
— Parece que ele tem negócios com você. Então o trouxe aqui.
— Hmm. O que seria?
Embora fosse uma voz suave o suficiente para derreter o coração dos ouvintes, Peran ficou tenso.
Agora, como ele deveria responder?
Asilla.
Ele conseguiu encontrar a Lorde de Yuterdam, que era seu objetivo, mas não no cenário individual que ele imaginou. Ao lado dele estava Iris, uma mulher que por perto ele nunca deveria baixar a guarda.
Ela provavelmente o trouxe, porque queria saber qual era o propósito dele.
“Esconder meu objetivo seria a opção mais sábia, mas…”
Se ele tivesse a intenção de fazer algo assim, não teria acompanhado Iris em primeiro lugar.
Portanto, Peran expôs seu propósito sem hesitar.
— Eu preciso da relíquia do Imperador Real.
— Humpf.
Asilla soltou um bufo suave enquanto cruzava os braços com uma expressão interessante no rosto enquanto Iris se virava para olhar o perfil lateral de Peran.
— E quem foi que te disse que eu tenho essa relíquia?
— Isso…
— Não, nem preciso perguntar. Tenho certeza de que foi aquele filho da puta do Hector… Como ele ousa espalhar o meu segredo?
Crunch.
Ela cerrou os dentes quando a raiva apareceu em sua voz.
Embora seu tom ainda fosse gentil, tornou-se arrepiante.
— Mas isso não importa… Eu ia chamar um Mago de alto nível de qualquer maneira. Não é uma coisa ruim que um Grande Mago tenha vindo até mim por vontade própria.
— Hã?
— Então, acho que vou mostrar para vocês dois ao mesmo tempo.
Taht!
Depois de dizer isso, Asilla tirou algo debaixo da mesa.
Peran piscou.
Era uma caixa-preta como breu que era surpreendentemente grande. Era tão grande que provavelmente caberia a parte superior do corpo de um homem adulto.
— O que você acha que é isso?
Havia uma pitada de humor misturada na voz de Asilla desta vez.
— Uma caixa?
— E?
— …
Peran observou a caixa um pouco mais de perto, uma névoa azulada emanando de seus olhos.
— É uma… Relíquia mágica?
— Correto.
— Parece haver um selo nela…
— Você foi capaz de perceber isso em tão pouco tempo. Seus olhos são bem afiados.
Asilla continuou com uma voz cheia de expectativa.
— Peran Jun. O Grande Mago mais jovem do império e um supergênio com talento sem precedentes em magia. Eu ouvi falar muito sobre você.
— Os rumores muitas vezes tendem a exagerar…
— Acredito no mesmo, mas não acho que seja o seu caso.
— …
— Você disse que queria a relíquia do Imperador Real, certo? Muito bem. Embora seja uma relíquia inestimável, não tenho dúvidas em dá-la a você. Por outro lado.
Whoosh—
A caixa-preta se moveu repentinamente e parou bem na frente de Iris e Peran.
— Você pode abrir esta caixa?
— …
Peran silenciosamente olhou para a caixa por um tempo antes de finalmente dizer…
— Devo obter essa relíquia… A ponto de estar disposto a arriscar minha vida, se necessário.
— Mesmo?
— Sim. Portanto, serei perfeitamente honesto com você.
A voz de Peran era firme.
— É absolutamente impossível para mim, desfazer esse selo.
— Impossível?
— Sim. Para ser mais preciso, nem tenho a menor ideia de qual magia foi usada para selar esta caixa em primeiro lugar.
— Sério? Que pena. Então devo encontrar outro Mago
— Vai ser o mesmo, independentemente do Mago que você chamar.
Não foi Peran, mas a silenciosa Iris, que falou naquele momento.
Ela circulou lentamente a caixa com seu andar elegante.
— Como você disse, Peran é o Grande Mago mais jovem do Império. Mas ele já chegou a um estágio em que está alguns passos à frente daqueles velhotes que se autodenominam Grandes Magos. Nem mesmo eu consigo pensar em mais de cinco Magos que o superam.
— O que está tentando dizer?
— Peran disse que não conseguia nem adivinhar que magia foi usada na caixa. Portanto, é muito provável que qualquer mago que você chame diga a mesma coisa.
— Mesmo que seja um Mago de nove estrelas?
— Você conseguiria chamar um Mago de 9 estrelas?
— Bem… Não.
— Além disso, na minha opinião…
Iris olhou para a caixa enquanto continuava.
— Nem mesmo um Mago de nove estrelas seria capaz de resolver esse mistério. É por isso que estou ainda mais curiosa agora. Asilla, o que diabos é essa caixa-preta?