— Isso não é possível.
Ele não estava falando com Lorde.
O fato de Lukas ter murmurado seus pensamentos dessa maneira era prova de sua confusão ao se deparar com uma situação que achava difícil de aceitar.
O fato de existirem universos paralelos.
Em outras palavras, significava que, mesmo em um único universo, o número de possibilidades do espaço-tempo era basicamente infinito.
E se todas as possibilidades que não ocorreram entrassem no Mundo Imaginário…
— Quão grande é este mundo?
Depois de se tornar um Absoluto, ele aprendeu sobre os Três Mil Mundos. Naquela época, ficou mais chocado do que nunca em toda a sua vida.
Mas naquele momento.
O choque que ele estava sentindo era comparável, senão mais potente do que naquele momento.
Ao mesmo tempo, podia prever instintivamente mais uma coisa.
Este provavelmente não era o único segredo deste mundo. Na verdade, poderia ser apenas a ponta do iceberg.
[Ninguém sabe a resposta para essa pergunta.]
Lorde, não.
Michael respondeu.
[Qualquer ser forte o suficiente pode reivindicar qualquer território não reclamado como seu.]
— Território…
Era uma palavra que Pale havia mencionado anteriormente.
[Você é muito estranho.]
— Estranho?
[Sim. Mesmo aqueles que têm o poder de se tornar o Lorde de uma área não pisariam imprudentemente no território de outra pessoa. A menos que a diferença entre eles seja grande o suficiente para ser esmagadora, não seria diferente de colocar o pescoço na boca da outra pessoa,]
— Aqueles caras lá fora disseram que era um convite.
[Claro que foi. No entanto, também existe a possibilidade de ter sido uma armadilha.]
— Em outras palavras, eu poderia ter morrido sem saber de nada?
[Quem sabe. No entanto, você é estranho.]
Michael disse a mesma coisa novamente.
[Não há nada que eu possa fazer para você agora. Mesmo que você esteja em meu território e dentro do alcance dos meus braços.]
— …
[Mas o mais estranho é o fato de você estar no Mundo Imaginário em primeiro lugar.]
Lukas não disse nada, mas Michael continuou a falar em um tom satisfeito. Ele era como um pesquisador se gabando de suas realizações, ou um professor dando uma palestra sobre um tópico interessante.
[Apenas os completamente esquecidos deveriam poder vir a este lugar.]
Lukas piscou.
— Apenas os completamente esquecidos?
[Isso. ‘Completamente’.]
Michael voltou a enfatizar suas palavras.
[Eu gostaria de perguntar. Você acha que foi completamente esquecido?]
— Não.
Lukas balançou a cabeça. Ele não achava.
Diablo ainda existia em seu universo natal.
Havia também a Grande Médium que deu uma espiada nos registros nulos, e Peran e Torkunta, que, embora não lembrassem perfeitamente, nunca o esqueceram.
Mas foi nesse momento que Michael caiu na gargalhada mais uma vez.
[Você parece estar entendendo algo errado, Absoluto Caído, não estou falando sobre o seu universo doméstico.]
Lukas não entendeu imediatamente o que Michael estava tentando dizer.
[Depois de se tornar um Absoluto, você deve ter salvado vários mundos. Você teria inevitavelmente mudado o destino de incontáveis universos, seja como salvador ou como juiz. Então, vou perguntar de novo, Trawman.]
Um sorriso brilhante apareceu no rosto de Michael.
[Os seres de outros universos que você salvou, matou ou interferiu de uma forma ou de outra. Você acha que todos eles se esqueceram de você?]
— !
Naquele momento, foi como se um raio tivesse atingido o topo de sua cabeça e penetrado em todo o seu corpo.
Com os olhos arregalados, Lukas enrijeceu.
Ele nunca tinha pensado nisso. Mas as palavras de Michael não estavam erradas.
Em vez disso, elas eram muito afiadas, pois apontavam diretamente para coisas nas quais ele não havia pensado antes.
Ele estava certo.
O Absoluto Lukas salvou incontáveis universos.
Para salvar os humanos, ou para não esquecer que ele próprio era um humano.
Ele salvou muitos e matou muitos mais.
Os vestígios deixados por isso não teriam desaparecido.
Porque todos eles eram vestígios deixados pelo ‘Absoluto Lukas’, não pelo ‘Grande Mago Lukas’.
[É por isso que os Absolutos não podem vir aqui. Absolutos, seres que existem interferindo em universos, e um mundo onde só podem existir os esquecidos. Do ponto de vista existencial, são como polos perfeitamente opostos.]
— …
[Claro, isso não significa que seja impossível para todos os Absolutos. Em particular, os Governantes podem ser capazes de rasgar o espaço e entrar neste lugar.]
A voz de Michael de repente ficou fria.
[Mas o resultado não seria bom.]
Naquele momento, Lukas de repente pensou na Deusa Dragão das Sete Presas.
Um ser que havia sido retirado da posição de Governante por causa de algum tipo de evento. Comparada com seu poder do passado, ela se tornou um ser que mal poderia ser chamada de Absoluto.
Foi este lugar?
A Deusa Dragão das Sete Presas acabou assim depois de entrar neste mundo?
— É por que eu caí?
[Hmm?]
— É possível que entrei neste mundo, porque não sou mais um Absoluto?
[Isso pode ou não ser o caso.]
Provavelmente por ter sentido que sua resposta estava um pouco falha, Michael acrescentou uma explicação.
[Absolutos Caídos. Embora não seja uma ocorrência comum, aconteceu um número surpreendente de vezes na longa história do multiverso. No entanto, até agora, nunca ouvi falar de um Absoluto Caído entrando neste lugar.]
— Então sua primeira pergunta foi para confirmar isso…
Lukas estava se referindo à quando Michael perguntou se ele era um ex-Absoluto ou não.
Michael sorriu gentilmente em vez de responder.
[Exploração e contemplação são meus hobbies. Fiquei intrigado ao saber que você era um ex-Absoluto e que compartilhamos um ‘universo fundamental’. Seu nome também.]
Ele sabia que não era o Lorde…
Mas quando Lukas olhou para este ser com seu rosto e voz agindo de forma tão diferente, não pôde deixar de se sentir estranho.
Em primeiro lugar, não poderiam ser chamados de seres completamente separados.
Lorde e Michael eram fundamentalmente a mesma pessoa.
[Em algum momento, isso deixou de ser uma troca de perguntas e respostas. Então vou te perguntar uma última coisa, Trawman.]
Michael falou.
[Qual é a sua relação com aquela pessoa que te acompanhava?]
— A pessoa que me acompanha?
Ele estava falando sobre Pale?
Lukas balançou a cabeça ao responder.
— Não temos relacionamento. Quando abri os olhos pela primeira vez, ela já estava ao meu lado. Ela parece conhecer bem este lugar e não parece hostil comigo, por isso escolhi ir com ela por um tempo.
[Entendo…]
Michael falou com uma voz estranha e seu tom também mudou ligeiramente. Parecia que ele já havia chegado a uma conclusão ou optado por não pensar muito nisso por enquanto. Lukas não sabia dizer qual era.
[É sua vez.]
— …
Michael havia feito sua última pergunta.
Em outras palavras, Lukas também precisaria fazer sua última pergunta.
Algumas de suas perguntas foram respondidas, mas ainda mais perguntas tomaram seu lugar.
No entanto, naquele momento, havia uma pergunta que Lukas precisava fazer.
— Como saio do Mundo Imaginário?
[…]
Michael não respondeu imediatamente. Como ele não tinha nenhuma característica facial, era difícil adivinhar o que estava pensando. Mas Lukas não o apressou. Afinal, Michael também esperou pacientemente quando ele mesmo hesitou em responder antes.
[Eu me considero um buscador de conhecimentos. Pode ser um pouco bobo dizer isso com minha própria boca, mas é bastante incomum neste lugar. Enquanto a inteligência original daqueles aqui está intacta, muito poucos deles se importam com a verdade.]
— …
[Estou aqui há muito tempo. A maior parte desse tempo foi investido em pesquisas e experimentos, e é por isso que posso responder com sinceridade à sua pergunta.]
A resposta que finalmente veio foi a que Lukas esperava, mas…
[É impossível para você.]
Era também a resposta que ele menos desejava ouvir.
Depois que a troca de perguntas e respostas terminou, Lukas deixou a catedral.
Embora Michael não o tivesse expulsado explicitamente, havia expressado sua intenção de ficar sozinho com sua aura.
Quando saiu, Lukas não conseguiu ver os anões em lugar algum. Em vez disso, a única que ele viu foi Pale. Ela também acenou para ele de longe quando o viu. Quando Lukas não mostrou nenhuma reação, ela correu para ele em um piscar de olhos.
— Sobre o que vocês conversaram?
Ela perguntou abruptamente.
Seus olhos estavam cheios de curiosidade e entusiasmo.
— Fiz algumas perguntas sobre este lugar.
— Hehe. E ele apenas respondeu às suas perguntas?
— Ele também tinha perguntas para as quais queria as respostas. Foi uma troca.
— Entendo…
Pale falou preguiçosamente enquanto arrastava os pés no chão.
E não parecia ter a intenção de tentar intrometer-se mais.
No entanto, quando viu a expressão de Lukas, inclinou a cabeça para o lado.
— A propósito, por que você está assim? Ouviu algo ruim?
— Um pouco.
— O que foi?
A razão pela qual ele não respondeu imediatamente foi por causa de sua personalidade cautelosa. Mas naquele ponto, não havia nenhuma razão particular para esconder. Mesmo que Pale fosse uma desconhecida, estava claro que ela não era hostil. Além disso, parecia estar neste mundo há muito tempo, então talvez soubesse coisas que Michael não sabia.
— Eu perguntei se havia uma maneira de voltar ao mundo original.
— O mundo original?
— Sim. Você sabe algo? Não importa, mesmo que seja apenas um pequeno pedaço de informação.
Pale sorriu.
— Eu sei.
A surpresa de Lukas foi maior por ter perguntado sem nenhuma expectativa.
Mas Lukas não sabia dizer se o ‘sim’ dela era uma afirmação de que ela ‘sabia como voltar ao mundo original’ ou se ‘sabia apenas uma pequena informação’ que ele mencionou depois.
— Você não acha que este lugar está muito instável agora? É como se o mundo estivesse ficando para trás, como andar nas costas de uma minhoca descontrolada.
A analogia de Pale foi difícil de entender.
Lukas tentou se imaginar nas costas de uma minhoca descontrolada, mas não conseguia imaginar como seria.
— É por isso que o deserto agora está cheio de tesouros.
Pale sorriu novamente.
— Tio, vamos à caça ao tesouro! Se você for caçar tesouros comigo, podemos ser amigos! Porque vamos compartilhar um segredo!
— …
— Depressa! Tio! Vamos! Juntos! Seremos amigos secretos!
Ignorando a tagarelice barulhenta, Lukas ponderou consigo mesmo.
Era realmente a escolha certa deixar a cidade agora? Pelo que parece, esta cidade parecia ser uma das poucas zonas seguras do Mundo Imaginário. Havia muitos monstros à espreita lá fora.
Foi uma sorte que o monstro que apareceu antes estava em um nível que o atual Lukas poderia lidar…
Mas este era o mundo que fez com que a Deusa Dragão das Sete Presas perdesse seu poder.
Por mais confiante que ele estivesse, não pretendia explorar imprudentemente.
Em primeiro lugar, ele a rejeitaria e exploraria um pouco mais a cidade subterrânea.
Assim que teve esse pensamento e começou a abrir a boca.
Os anões da cidade se aproximaram deles.
— Você saiu?
— Algo aconteceu?
Todos eles se agitaram com suas vozes arrastadas únicas.
Agora que ele pensou sobre isso, era um pouco estranho. Eles eram chamados de miglings? Esta foi definitivamente a primeira vez que Lukas os encontrara, mas eles demonstraram uma afeição incomum por ele desde o primeiro encontro. Em comparação, trataram Pale como algo que pegaram no caminho.
Seria porque eles compartilhavam um universo fundamental?
No entanto… Lukas não conseguia se lembrar de nenhuma dessas criaturas em seu universo. Eles eram semelhantes aos anões, mas ao contrário de seus corpos musculosos e barbas espessas, os miglings pareciam mais crianças inocentes.
Eles eram mais como fadas ou espíritos… No entanto, eram grandes demais para ser qualquer um desses.
— Trawman.
— Trawman, bom.
— Hihi. Hehe.
Os miglings se esfregaram em Lukas como cachorrinhos enquanto chamavam seu sobrenome.
Agora que pensou sobre isso, Lorde também o chamou pelo sobrenome. Na verdade, sua atitude só mudou depois de ouvir seu sobrenome. Quando ele ouviu o nome ‘Lukas’, não demonstrou muita reação.
Não seu primeiro nome, seu sobrenome.
Havia uma razão especial?
De repente.
Boom…
Uma vibração foi ouvida acima da cidade.
As orelhas dos miglings ao redor de Lukas imediatamente se animaram.
— Uuh?
— Chegando! Chegando!
Eles ficaram tão fora de si de alegria que imediatamente correram para fora da cidade.
Lukas e Pale trocaram olhares antes de segui-los.
Os miglings se dirigiram para o local onde Lukas pousou pela primeira vez.
Então, todos formaram um círculo ao redor e olharam para cima com olhos brilhantes.
Agora que estavam mais perto, perceberam que o som que ouviram antes era mais parecido com areia em movimento. Era um som que já tinham ouvido antes. Para ser preciso, foi o som que ouviram quando entraram na cidade.
“Alguém está entrando na cidade.”
Um inimigo?
Não, pelas expressões nos rostos dos miglings, não parecia ser o caso. Eles não mostraram apreensão ou hostilidade. Em vez disso, pareciam extremamente felizes.
Então quem diabos…
Enquanto Lukas contemplava silenciosamente, Pale decidiu adotar uma abordagem muito mais direta.
— Gente, quem está chegando?
Ela perguntou diretamente. Lukas, que estava pensando por conta própria, admirou a abordagem dela antes de perceber tardiamente que estava sendo ridículo.
Mas quando ouviu a resposta dos miglings, sua expressão ficou ainda mais confusa.
— Trawman!
— Hã?
Os miglings sorriram alegremente enquanto respondiam.
— Trawman chegando!
Pale lentamente se virou para olhar para Lukas.
Antes de inclinar a cabeça para o lado.
— Hãããã?
Não faz sentido ter outro dele, tipo, algum que veio antes. Por que somente seres esquecidos vão parar aí, não? Então não faz sentido ter vindo outro dele antes pq essa é a primeira vez dele sendo “esquecido”… sla, fds tbm, já não tô entendendo mais nada faz tempo mesmo…