Nuvens escuras pairavam sobre o continente. O cheiro de sangue parecia estar em toda parte, e não havia lugar sem fumaça. Desespero e fome se misturavam para criar uma intensa loucura.
Um enorme caos e calamidade roubaram a razão dos humanos. Eles se renderam aos seus instintos feios. Aqueles que eram arrastados pelo desastre enlouqueciam e eventualmente se tornavam o desastre de outra pessoa. Isso foi repetido várias vezes.
Foi uma visão terrível. Ele sentiu uma dor lancinante no peito.
Tinha visto essa cena muitas vezes antes, mas desta vez, foi especialmente difícil para ele suportar.
A razão.
Seria porque ele agora estava vendo como humano, não como um Absoluto?
Ou foi porque esse desastre estava ocorrendo em seu próprio mundo natal?
Ele não sabia. Era algo que não tinha pensado muito profundamente.
Queria desviar o olhar, mas não podia.
Como se estivesse sendo punido, toda a cena foi impressa em seus olhos.
— Por quê?
Lukas murmurou baixinho.
[Esta é apenas uma pequena parte.]
Ele recebeu uma resposta.
Mas não tinha certeza de onde veio a resposta ou quem a disse.
[O continente experimentará esta era de sangue por mais cem anos. A civilização retrocederá séculos e a população total cairá para menos de vinte por cento. O solo, marinado em carne e osso, vai feder a podridão por décadas.]
— Por que está me mostrando isso?
[Parece que você quer fingir que não viu.]
— !
Lukas se encolheu.
Suas verdadeiras intenções, que ele mais queria esconder e estava fazendo o possível para esconder, foram reveladas. Ou seja, suas verdadeiras intenções que nem mesmo Yang In-hyun foi capaz de ver.
[Você ignorou sua crescente ansiedade e apenas agiu como se estivesse preocupado com o mundo. Você pensou que seu papel havia acabado. Que eles ficariam bem sem você. Então se confortou e se permitiu morrer confortavelmente. Não. Você fez uma lavagem cerebral em si mesmo para morrer assim.]
Sua visão mudou drasticamente.
Ele viu o chão, preto e morto, e os incontáveis cadáveres espalhados por ele.
E os humanos que ainda eram capazes de se mover estavam todos fugindo com olhares de terror em seus rostos. Perseguindo-os estavam criaturas com aparências bizarras.
A expressão de Lukas enrijeceu. Aqueles eram seres que não deveriam existir em seu universo natal.
— Kariv?
Eram formas de vida de um universo diferente. Uma espécie de um planeta primitivo com uma classificação de perigo de primeira classe. Eles eram criaturas monstruosas com corpos semelhantes a minhocas, uma boca enorme e dois braços. Eram muito agressivos e gulosos, de modo que não se encontrava um único inseto em seus territórios.
O kariv galopou a uma velocidade formidável e devorou os humanos em fuga. A principal maneira deles comerem era esmagar a comida com os dois braços, depois jogavam na boca e mastigavam tudo de uma vez.
— Por que tem Karivs aqui…
[Esta é uma das tragédias que ocorreram quando todas as linhas do tempo em todos os universos foram unificadas. Este é apenas o começo.]
Não eram apenas os karivs.
Monstros como Dobrams, Bickersticks, Fantasmas Famintos e Tubarões Cipó apareceram simultaneamente. Os humanos lutaram desesperadamente, mas não conseguiram superar as diferenças inatas.
No entanto, o maior problema que eles enfrentavam foi que não havia talento para reuni-los e liderá-los.
A maioria dos heróis que protegiam o continente morreram na batalha contra Diablo.
Por um tempo depois disso, o continente estaria coberto de morte. Ele tinha ouvido falar que apenas vinte por cento da população sobreviveria.
Era irreal ver isso como uma porcentagem, na realidade, isso significava que centenas de milhões de pessoas haviam morrido.
Ele teve uma intensa sensação de náusea. Queria esvaziar o estômago.
Queria parar de olhar para aquilo, mas não conseguia.
— Ah…
Então ele viu uma luz.
Um grupo de pessoas podia ser visto caminhando na terra enegrecida e morta.
O homem de pé no centro era Peran.
Ele ainda tinha um rosto abatido e olheiras ao redor dos olhos. Também parecia mais velho. A prova disso podia ser encontrada nas rugas fracas em seu rosto.
Havia muitas pessoas ao seu redor, todas olhando para Peran com olhos esperançosos.
Crack!
Um brilho vermelho-escuro brilhou ao redor de Peran.
Poder Absoluto.
Peran finalmente aprendeu a usar o maior poder da magia.
A luz vermelha escura avançou com um ímpeto violento como uma explosão de raiva, atacando os convidados indesejados de outros universos. Os monstros que massacravam os humanos eram fortes, mas não resistiram ao Poder Absoluto.
Como resultado, a esperança começou a florescer no rosto das pessoas.
O ponto central.
A coisa que os humanos que enfrentavam desastres mais precisavam.
Peran nasceu com a aptidão para ser tal ser. Ele tinha as habilidades e o coração certos. A esperança também começou a brilhar levemente no rosto de Lukas.
Verdade. Estava contando com ele.
Peran poderia se tornar um Mago ainda maior do que ele. Poderia até se tornar outro Grande Mago.
Crack–
— …
Ele não entendeu o que aconteceu.
Era um gigante. Provavelmente dez metros de altura.
Tinha um corpo que parecia ser feito de metal e o rosto de um monstro. Isso foi tudo.
O Poder Absoluto não funcionou nesse Gigante que Lukas via pela primeira vez.
Ele pisou em Peran, sangue espirrando em todas as direções.
O homem que Lukas havia confiado. O homem que ele considerava um amigo havia se tornado uma pilha de carne ensanguentada.
O gigante limpou o que Peran havia se tornado, que estava grudado na sola do seu pé, e jogou na boca antes de mastigar.
Crunch, crunch.
Os humanos reagiram de duas maneiras diferentes ao ver esta refeição horrível.
Alguns deles avançaram com raiva. Mas eram a minoria. Quando o gigante balançou a mão preguiçosamente, como se estivesse golpeando insetos irritantes, seus corpos inteiros explodiram como balões. Nem mesmo ele conseguia entender o princípio por trás disso.
O resto fugiu. E não conseguiu correr muito longe. Antes que percebessem, estavam cercados por outros gigantes.
A matança começou.
— …
Sua visão, que estava manchada de vermelho com sangue, tornou-se negra mais uma vez.
Seus arredores estavam quietos. E as cenas que ele acabara de ver pareciam um sonho.
Mesmo assim, Lukas não conseguiu falar por um tempo.
— Isso… Você está tentando dizer que é minha tarefa?
Sua voz rachada tremia pesadamente.
— Estou perguntando se tudo isso é por minha causa, porque é minha tarefa.
[…]
— O que diabos você quer de mim?
Sua raiva sem alvo ecoou.
— Eu deveria ter lutado um pouco mais? Eu não poderia simplesmente morrer em paz? Eu não deveria ter desistido mesmo que todos me esquecessem e o destino me obrigasse a morrer? Pare de besteira!
Quando ele queria descansar um pouco, não conseguia descansar. Quando não queria viver, não podia morrer, quando não queria morrer, não podia viver.
Em algum momento, a vida de Lukas se tornou uma série interminável de negações.
Ele aprendeu que havia algumas coisas que não poderiam ser alcançadas, não importa o quanto ele desejasse ou o quanto tentasse, até mesmo a ponto de vomitar sangue. Ele percebeu que havia algumas coisas que não conseguiria alcançar.
Então, pela primeira vez, ele se comprometeu. Fez a mesma escolha daqueles que ele não conseguiu entender no passado. Se sentiu um pouco mais aliviado. Pelo menos no começo.
Só foi difícil dar o primeiro passo.
Desde então, Lukas se comprometeu, se comprometeu e se comprometeu ainda mais.
E, no entanto, não foi capaz de realizar nem uma única coisa.
Mesmo os incontáveis anseios que ele havia comprometido permaneciam muito além do alcance. Não, na verdade, parecia que estavam se afastando cada vez mais.
Não havia mais um homem que acreditasse que o destino poderia ser revertido e que poder individual suficiente poderia mudá-lo.
Lukas Trawman tornou-se frágil o suficiente para desmoronar com um toque.
— Eu…
Não quero ver isso.
Evasão. Verdade, ele estava evitando.
Era irônico como Lukas estava evitando suas responsabilidades e fugindo.
Porque ele sabia.
Que provavelmente seria assim.
Depois que ele morresse, as coisas não funcionariam magicamente e, em vez disso, as coisas piorariam.
No entanto, as cenas das catástrofes que se desenrolaram diante dele foram muito piores do que suas expectativas.
[É doloroso?]
— É doloroso… Tanto que eu quero morrer.
[Você quer morrer?]
— Sim. Eu quero morrer.
[Eu posso fazer isso por você.]
Lukas olhou para cima.
Sem que ele percebesse, uma figura esbranquiçada apareceu na frente dele.
[Eu posso apagar completamente sua existência. Isso lhe dará o descanso eterno que você deseja. Eu ainda tenho esse poder sobrando. Eu prometo a você, você não irá para outro mundo, para o submundo, ou para o Mundo Imaginário. Seu ego será completamente apagado em um sentido completo e ninguém será capaz de trazê-lo de volta.]
— …
[No entanto, Lukas Trawman. Eu gostaria que você atrasasse sua escolha por um tempo. Ainda há uma cena que eu gostaria de mostrar a você.]
— Uma cena que você realmente quer me mostrar?
Mais uma vez, sua visão mudou.
O continente parecia um pouco mais brilhante. Não era uma ilusão, era realmente o caso. O sol brilhava levemente no céu nublado, e ervas daninhas ásperas podiam ser vistas crescendo na terra morta.
[O tempo passou.]
Uma voz calma.
Como esperado, o tempo parecia ter passado na cena que ele estava olhando agora.
Tap, tap.
Um grupo de pessoas apareceu. Eram todos humanos com rostos maltrapilhos e famintos.
[O fluxo de sangue parou, as feridas cicatrizaram e o medo e o desespero profundamente enraizados gradualmente desapareceram.]
Mas eles estavam diferentes de antes.
Suas expressões faciais.
Não havia mais medo, terror ou desespero nos rostos dos humanos. Raiva intensa. Uma vontade de guerra que foi reprimida até estar prestes a explodir.
[E aqueles que se adaptaram a esse medo não recuarão. Em outras palavras, eles recuperaram sua coragem.]
Aahh!
Com um grito, os humanos correram para frente. Eles lutaram ferozmente com várias armas, ferramentas e técnicas.
Um guerreiro se jogou na boca de um kariv. Não foi suicídio. Em vez disso, o guerreiro evitou seus dentes e enfiou o machado no céu da boca do monstro.
Kyaak!
O kariv soltou um grito terrível. Isso era natural, já que havia sido atacado com tanta precisão.
Não foi apenas o kariv.
Os chifres dos Dobrams foram cortados.
Bickersticks foram engolidos em chamas.
Os Fantasmas Famintos fugiram.
Os Tubarões Cipó foram exterminados durante a época de desova.
Lukas olhou para a cena com uma expressão vazia.
[Eles aprenderam quando e onde atacar. Baseado em incontáveis sacrifícios.]
— …
O homem de cabelo preto lutando contra os monstros na frente.
Parecia que muitas pessoas o estavam seguindo.
Uma pessoa que Lukas nunca tinha visto antes.
Talvez ele fosse o ponto central e o herói desta época.
[A vontade foi herdada e um herói estava fadado a aparecer em algum momento.]
— …
[Mesmo que todos que você conheça estejam mortos, os dias ensolarados voltarão.]
— …
[Até mesmo as tragédias que aconteceram e os desastres que causaram inúmeros sacrifícios eventualmente se tornarão nada além de linhas na história. É ainda menos de uma escala cósmica. Mesmo que uma guerra envolvesse todo o continente e deixasse cicatrizes profundas na natureza, quando a expectativa de vida de todo o planeta é levada em consideração, pode ser considerada uma doença de curto prazo.]
Lukas entendeu o que Deus estava tentando dizer.
[Uma encruzilhada de escolha.]
— Escolha…
[Se for o você de agora, pode julgar de duas perspectivas. O desespero que viu antes, a morte de todos os seus companheiros, o colapso do sistema e a invasão dos monstros. Da perspectiva de um indivíduo, é como se seu mundo tivesse desabado.]
— …
[No entanto, centenas de anos depois, a esperança surgiu no continente mais uma vez. Eles perderam muito, mas acabaram conseguindo se reerguer. Eles encontraram uma maneira de superar sua dor e viver. Embora tenha sido doloroso, eles lutaram por um futuro melhor. Agora, você ainda acha que desespero é tudo que você viu?]
Lukas ficou em silêncio.
Ele não disse nada por muito tempo. Deus esperou pacientemente sem apressá-lo.
Depois de um tempo.
— As coisas que você me mostrou ainda não aconteceram…
A voz de Lukas era baixa.
A morte de seus amigos, o advento do caos, o continente coberto de sangue. Nada disso tinha acontecido.
[Isso mesmo. O que te mostrei foram cenas do futuro. Se isso já tivesse acontecido, eu não seria capaz de lhe dar uma escolha.]
— …
[A primeira cena que você viu. Era o maior desespero que um ser humano poderia sentir. E a cena que você acabou de ver era a fraca esperança que você viu da perspectiva de um Absoluto.]
— Quais são minhas opções?
[Seu coração deve estar muito mais leve do que antes. Porque foi capaz de ver os brotos de esperança de centenas de anos no futuro. Mesmo que não esteja por perto, mesmo que não haja mais ninguém em quem você acredite, os humanos não cairão facilmente. Eles vão se levantar de alguma forma, e vão sobreviver.]
— …
[Você perguntou quais eram suas opções? A primeira é simples. Como eu disse no começo, você fechará os olhos e desaparecerá. Agora que o fardo em seu coração se aliviou, você deve ser capaz de ir mais confortavelmente… Em outras palavras, morrer como um Absoluto.]
Aquelas palavras estavam certas.
Sem dúvida, as cenas que Deus lhe mostrou foram significativas.
Agora, Lukas estava um tanto convencido com as mortes de seus companheiros. Ele entendeu que suas mortes não foram sem sentido e, em vez disso, serviram de base para as gerações futuras.
Morrer como um absoluto.
Ele não podia negar.
Levaria tempo, mas ele sabia que os humanos se levantariam novamente em um futuro distante, então poderia fechar os olhos para o próximo desastre.
Esse não era o pensamento de um mortal.
Sua hesitação cresceu.
Deus havia dito que era uma encruzilhada de escolha. Isso significava que ele tinha mais uma opção.
Mas estava com medo desse fato.
Sentiu que não queria ouvir a segunda opção. Sentiu que seria mais confortável apenas fechar os olhos e aceitar a morte desse jeito.
— E a outra opção?
Mas a boca de Lukas se abriu como se tivesse vontade própria.
[Continuar a lutar como um humano.]
— …
[Viver desesperadamente para proteger o mundo ao qual você pertence. Será amargo e miserável. Portanto, a escolha é apenas sua.]
— …
[Escolha…]
A voz de Deus não pôde mais ser ouvida depois dessa palavra.
Lukas foi deixado sozinho no espaço escuro.
— Hehehe…
De repente, uma risada saiu de sua garganta.
— Hehehe. Hehe… Huha, Huhahaha!
A risada suave logo deu origem a uma gargalhada maníaca. Em algum momento sua risada começou a fazer o espaço tremer antes de parar.
No silêncio, os lábios de Lukas se abriram em um largo sorriso.
Hm😶🌫️