Ele vagou em busca de outro ‘Lukas’.
Pale o chamou de sortudo quando encontrou o cadáver do ‘Bandido Lukas’. Ela estava certa sobre isso. Não era fácil encontrar os cadáveres de outros ‘Lukas’.
Ele andou sem rumo.
Nas ocasiões em que sentia fome, comia casualmente um dos corpos ao seu redor.
Mas até mesmo nesses momentos, se concentrou na eficiência. Ele alvejava os cadáveres que tinham mais em comum com ele.
A passagem do tempo não era sentida no lixão.
Os arredores estavam constantemente escuros e o cenário ao redor era consistente o suficiente para fazê-lo rir amargamente. Isso era natural, pois independentemente de onde olhasse, não veria nada além de cadáveres.
Era uma sensação diferente de quando ele estava no Abismo. Se o que sentia naquele lugar era um vazio que matava a coragem e atropelava a esperança, o lixão parecia estar repleto de uma atmosfera que levava uma mente sã à loucura.
Ele encontrou o segundo corpo de um ‘Lukas’ completamente por acidente.
Um cadáver rangeu quando pisou nele. Isso aconteceu muitas vezes desde que estava ali, então não era novidade, mas algo diferente aconteceu desta vez. Isso porque parecia que uma corrente elétrica subiu pelo seu pé.
Foi muito parecido com a sensação que ele teve ao tocar no cadáver do ‘Bandido Lukas’.
Ele olhou para o cadáver.
Não percebeu o que era a princípio… Isso porque a aparência deste cadáver estava completamente fora das expectativas ou imaginação de Lukas.
Mesmo assim, a sensação de familiaridade permaneceu. Quanto mais olhava para o cadáver, mais percebia que não era apenas uma sensação de familiaridade.
‘Ela’ tinha cabelo comprido. Tinha um corpo decente e havia um leve brilho em seu rosto. Não tinha um braço direito. Parecia ter sido cortado por uma lâmina afiada.
Lukas…
Percebeu que essa mulher era outro de seus — eus.
Tuk.
Ele tocou o corpo dela. E mais uma vez viu um segmento do passado.
O nome dessa mulher era Lucia Larson. Larson era o sobrenome de sua mãe.
Parecia que ela viveu uma vida que não tinha nada a ver com o Orfanato Trawman.
Por que isso aconteceu? Porque ela tinha um gênero diferente?
Grecia Larson não parecia ser uma plebeia. Havia cansaço em seu rosto, mas suas roupas eram claramente feitas de materiais de alta qualidade e ela se comportava com uma graça que não podia ser escondida. Ela também parecia profundamente triste por deixar Lukas no orfanato.
Em outras palavras, não abandonou a criança porque quis, mas por causa de alguma outra circunstância incontrolável.
Qual era a razão?
Por que abandonou o menino e criou a menina?
Ele não tinha ideia.
Isso aconteceu porque o ‘fantasma’ de Lucia não apareceu. Ele não sabia o porquê.
No entanto, foi capaz de compreender um fato. O fato de que mesmo que ele comesse o corpo inteiro sem passar por esse tipo de processo complicado, ainda obteria todo o seu potencial.
Nesse caso, não havia razão para hesitar.
Crack, crunch…
A predação começou.
A segunda vez foi mais fácil que a primeira. Ele ainda sentia que estava decaindo, mas, pelo menos, desta vez não sentia que estava caindo em um abismo. Não sabia o porquê. Talvez fosse porque ele já estava no fundo.
Lukas terminou a refeição com uma expressão indiferente e imediatamente se sentiu satisfeito mais uma vez.
Mas desta vez também teve uma sensação estranha.
— …
A mana que preenchia seu núcleo de mana havia desaparecido.
Parecia que a energia puramente natural havia se tornado turva.
Era simplesmente uma sensação? Ou…
Lukas murmurou para si mesmo enquanto fazia um julgamento.
— Bola de Fogo.
A magia apareceu sem nenhum problema. Ou assim pensou a princípio.
Fwo— oosh…
Assim como sua mana, a magia dava a impressão de ser um tanto precária. Mas, fora isso, não houve outras anormalidades. Não era menos poderosa e, embora fosse um pouco instável, não desapareceria a menos que Lukas quisesse.
Depois de olhar para a Bola de Fogo por um tempo, ele finalmente virou a cabeça. Decidiu não se importar. As mudanças que ocorreram não importavam, desde que não reduzissem a potência. Se houvesse algum problema, lidaria com ele futuramente.
Essa forma de pensar era muito diferente da de Lukas no passado.
Isso meio que o lembrou de Lucia. Ele a encontrou completamente por acidente. Se não tivesse pisado nela, teria passado sem perceber nada. Ele só foi capaz de dizer que ela era ele depois de entrar em contato com o cadáver.
Esse fato fez com que ele percebesse algo.
Provavelmente havia ‘Lukas’ neste lixão cujas aparências eram completamente inimagináveis para ele. Era possível que tivesse visto outros ‘Lukas’ sem perceber.
A esse respeito, podia não ter sido bom que o primeiro Lukas que ele encontrou tenha sido o ‘Bandido Lukas’.
Sua aparência era quase idêntica à sua, o que criou o preconceito na mente de Lukas de que os outros teriam aparências semelhantes.
Tap, tap—
Lukas começou a refazer seus passos. Passou pelos corpos ao redor sem sequer olhar para eles.
Depois de um período de tempo indiscernível.
Ele voltou para a entrada do lixão onde encontraram o cadáver do ‘Bandido Lukas’.
‘Do começo.’
A partir dali, ele verificaria cada cadáver, um por um. Sem esquecer nenhum.
Ele sabia.
Quantos cadáveres estavam apenas nesta área. Examinar cada um deles um por um era uma tarefa que pareceria impossível para qualquer mente sã.
O cadáver de um certo Lukas já havia sido encontrado nesta área. Do ponto de vista da probabilidade, as chances de encontrar outro Lukas ali eram absurdamente baixas.
— …
Mas embora pudessem ser absurdamente baixas, as chances não eram zero.
Esse fato era mais importante para Lukas do que qualquer outra coisa.
— Então, vamos começar.
Com um murmúrio apático.
Lukas desenterrou o cadáver mais próximo.
Tap.
Ele passou por cadáveres…
Tap.
Ele comeu muito…
Tap.
Comeu muitos Lukas…
Houve inúmeros ‘Lukas fracassados’. Não eram apenas bandidos.
Espadachins, Cavaleiros, Guardas, Artistas Marciais, Agricultores, Pescadores, Médicos, Traficantes, Herbalistas, Mercenários, Sacerdotes, Nobres…
Lukas foi capaz de vivenciar diretamente as infinitas possibilidades de um ser.
Ele parou.
De repente, ocorreu-lhe que muito tempo poderia ter passado.
Lentamente olhou em volta.
Ele ainda estava cercado por milhares de cadáveres empilhados uns sobre os outros, mas agora estava familiarizado com todos eles.
Isso significava que vasculhou todos esses cadáveres pelo menos uma vez.
Então passou por eles.
Os cadáveres ao seu redor mudaram e a cor do chão e das paredes mudou. Esta era a prova de que havia entrado em outra área.
Lukas aprendeu muito sobre o ambiente do lixão.
Em primeiro lugar, não era apenas ele e os cadáveres naquele lugar.
Insetos de três dias. Além daqueles insetos que causavam dores terríveis, havia outros seres vivos.
Surpreendentemente, havia muitos tipos diferentes, e havia até alguns deles que eram ameaças a ele.
Tundum—
Ele estava com dor de cabeça.
Era uma dor que começou a acompanhá-lo consistentemente a partir de algum momento, mas agora mal conseguia senti-la.
Apareceu pela primeira vez depois que comeu três cadáveres.
A dor veio inesperadamente.
Parecia que todo o seu corpo estava sendo dilacerado. Foi tão doloroso que nem conseguiu gritar. Era como se os ‘Insetos de Três Dias’ tivessem penetrado em sua pele e roído seus órgãos internos, músculos e vasos sanguíneos.
Essa dor permaneceu com ele por dias.
Não parou e ele não se acostumou. Em vez disso, parecia que estava piorando.
Então Lukas não teve escolha senão seguir em frente.
Parecia que a dor nunca acabaria, mesmo que esperasse para sempre, então não teve escolha senão continuar fazendo o que estava fazendo.
Ele comeu outro cadáver.
Quando comeu o quarto e o quinto cadáveres, a dor dobrou. Naquele momento, foi difícil para ele manter a sanidade.
Mas ignorou.
Tropeçando, procurou o próximo cadáver.
Ele se esforçava para manter a visão embaçada e aumentou sua concentração o máximo que pôde. Entre a dor que atravessava seu corpo, a mais intensa, de longe, era a dor de cabeça. O pensamento de que seria melhor simplesmente quebrar seu crânio aparecia em sua mente dezenas de milhares de vezes por dia.
Mas ele não conseguiu. A morte não era mais do que uma fuga. Lukas não tinha intenção de morrer.
Ele comeu um cadáver.
Até comeu um cadáver que não era um ‘Lukas’ por acidente. Como mencionado antes, sua visão estava turva e sua sanidade decaindo.
Então, em algum momento, a dor começou a diminuir. Não era que ele estivesse se acostumando, estava realmente desaparecendo. Ele não sabia por que e não sabia quando.
Essa não foi a única coisa que mudou.
Ele não se sentia mais satisfeito mesmo depois de comer um cadáver completo. Para ser preciso, parecia que ele não conseguia mais absorvê-lo com eficiência. Era como derramar água em um copo que já estava cheio.
Foi nesse momento que o banquete de cadáveres de Lukas chegou ao fim…
Então, se sentou e se inspecionou.
Percebeu que havia se tornado mais forte.
Era o poder mágico máximo? Quantidade absoluta de mana? Ou um estado além de dez estrelas?
Não, não era.
O poder que ganhou ao abandonar sua humanidade não era nada disso. Pelo menos ele não pensava assim. Um simples aumento na força de seu poder mágico, que agora possuía, não era suficiente para derrotar os Doze Lordes do Vazio. Não poderia superar a espada de Yang In-hyun.
Ele continuou a observar dentro de si.
Mana…
Ele agora podia sentir um pouco melhor a energia familiar que preenchia seu corpo.
Mas à medida que comia mais cadáveres, a natureza de sua mana parecia mudar e, em algum momento, começou a ficar turva. Como resultado, sua mana não poderia mais ser chamada de energia pura.
Mana era a energia mais natural e pura. Estava infinitamente perto da fonte do fogo, da água, da terra e do ar, que eram a matéria que compunha toda a criação.
Energia que ganhava valor pela sua pureza.
Se esse era o caso, então qual era o valor dessa mana turva?
— …
Mana era um tipo de energia que não combinava com este mundo.
Lukas já sentia isso há muito tempo. A maneira de reabastecê-la também era ineficiente, e o poder absoluto não conseguia impactar um ser Absoluto como Yang In-hyun.
Não era apenas Yang In-hyun.
Lukas sabia que neste mundo ele não estava nem no mesmo nível dos seres verdadeiramente fortes.
Michael, Pale e o monstro gigante cuja garganta era a porta de entrada para o lixão em que ele estava atualmente.
Eles eram todos mais fortes que Lukas.
Ele sabia disso.
Apesar de saber disso, não foi capaz de abandonar completamente a mana. Era a única arma de Lukas. De certa forma, ele poderia até ser chamado de obcecado.
Sua mente estava em frangalhos, como se tivesse sido costurada inúmeras vezes, mas, paradoxalmente, era estável nesse aspecto.
Sabendo o quanto ele era uma bagunça como ser, ainda conseguia manter a calma.
Lukas pensou que havia chegado ao fim do caminho do estudo da magia.
Mas era realmente esse o caso? Em primeiro lugar, poderia um campo de estudo ter um fim?
Ele pensou muito, mas sua decisão foi rápida.
Lukas…
Decidiu abandonar mana.
Shaa—
Todo o corpo de Lukas sentiu um estado de extrema fraqueza. Ele metaforicamente abriu a tampa de seu núcleo de mana, que estava sempre bem fechada. E a mana jorrou de todos os orifícios de seu corpo.
Ele soltou sem segurar nada.
Não, a mana queria ficar.
Não queria sair do núcleo de mana, onde ficou por muito tempo.
Portanto, esta foi uma liberação unilateral da parte de Lukas.
Ohhhh—
Um som estranho ressoou quando a enorme quantidade de mana foi liberada suavemente de uma só vez. Parecia um uivo ou um grito de ressentimento.
Foi uma sensação estranha.
Eles eram como companheiros, amigos, familiares, amantes… E talvez até mais que isso, por muito tempo. E agora parecia que ele havia matado o outro com as próprias mãos.
Mas não houve grandes ondulações em seu coração já enegrecido.
No máximo, houve um pequeno indício de arrependimento.
O que Lukas estava olhando era ‘o que estava na frente dele’.
Abandonar a mana foi apenas o começo. Ainda havia muita coisa que ele precisava jogar fora.
Abandonar a mana era o mesmo que abandonar sua identidade como Mago. Naturalmente, o título de Grande Mago também estava sendo abandonado. Ele também não tinha mais o direito de ensinar ninguém, então o título de Grande Mestre era imerecido.
Ele não estava jogando fora suas algemas mundanas. Isto estava longe de ser um sacrifício tão nobre, geralmente praticado por pessoas religiosas.
Era mais do que isso…
Um pouco mais…
— …
Um pensamento apareceu de repente em sua mente.
Se ele jogasse tudo fora, um após o outro…
O que sobraria no final?
…
…
Não demorou muito para que sua mana deixasse de existir. Surpreendentemente, demorou mais do que ele esperava.
Drenar completamente toda a mana de seu corpo foi muito mais difícil e meticuloso do que ele pensava inicialmente. Não era apenas seu núcleo de mana, era difícil remover os resíduos deixados pela mana nos caminhos por todo o corpo por onde a mana passava como veias.
No entanto, ele agora estava completamente vazio.
No mínimo, Lukas agora não tinha mais mana.
Então o que deveria fazer agora?
Deveria encontrar outra arma?
Espadas, lanças, machados, armas contundentes, arcos, dezenas e centenas de armas apareceram em sua mente. Não eram apenas armas físicas. Artes espirituais, magia negra e poder sagrado também passaram por sua mente.
No entanto, isso funcionaria?
Ele sentiu isso enquanto comia incontáveis Lukas.
Ele era mais forte do que qualquer Lukas no lixão.
Em outras palavras, pode-se dizer que Lukas, que estudou magia, fez a melhor escolha no que diz respeito à força. Mas já havia abandonado a mana.
Ele não tinha intenção de reverter essa decisão. Mana não era suficiente para ajudá-lo a lutar contra os Doze Lordes do Vazio. Ele tinha certeza disso.
— …
Naquele momento, Lukas de repente teve um pensamento absurdo.
Era tão ridículo que era difícil para ele colocar em palavras, mas também descobriu que se sentiu inesperadamente atraído por isso.
‘Me pergunto se consigo usar magia sem mana.’