Vários pensamentos surgiram em sua mente ao mesmo tempo. Esse parecia ser o caso. Mas as palavras que escaparam dos lábios de Lukas foram muito mais simples que esses pensamentos.
— Você está dizendo que pode fazer isso?
Confirmando a autenticidade.
Tsc.
Ele ouviu o som do Deus do Relâmpago estalando a língua em sua cabeça. Lukas não sabia o porquê, mas ele parecia desapontado com Lukas por algum motivo.
Ele não se importou com isso. Sem que percebesse, os sentidos e a atenção de Lukas se concentraram no Exílio.
— Como isso é possível?
Manipulação do espaço.
Lukas também se tornou capaz de exercer esse poder com habilidade. Devido a um aumento explosivo em sua proficiência, ele poderia visitar qualquer lugar onde já tivesse estado antes. O mesmo era verdade até mesmo a áreas restritas como o ‘lixão’ e outros ‘territórios’.
No entanto, o alcance desse movimento estava limitado ao Mundo Vazio. Ele não poderia ir lá fora para os Três Mil Mundos. Ele não conseguia encontrar um caminho. Cada vez que tentava, parecia que estava preso em alguma coisa.
[Não tenho motivo… Para contar mentiras…]
— Isso pode ser apenas seus pensamentos. As próprias rachaduras podem ser armadilhas.
Mesmo enquanto dizia isso, Lukas estava ciente do quão pequenas eram as chances disso acontecer. Então ele percebeu que a razão pela qual negou isso em primeiro lugar foi porque ele queria que as palavras do Exílio fossem verdadeiras.
Foi uma resposta ridícula e patética.
Em seu universo natal, Lukas foi traído muitas vezes. Portanto, embora observações esperançosas lhe viessem à mente, ele balançou a cabeça, negando-as.
“Um mecanismo de defesa fraco.”
Ele acalmou sua agitação, não queria exibir uma aparência feia.
Mesmo que os próprios ‘Lukas’ não estivessem mais lá para assistir, Lukas não se permitiria fazer a escolha errada novamente.
O Exílio olhou para ele em silêncio. Era difícil prever o que ele estava pensando.
Esse pensamento fez com que ele ficasse ainda mais desconfortável diante desse ser.
Lukas deveria simplesmente pôr fim a essa farsa e lhe pedir que ele lhe mostrasse o caminho para o Planeta Mágico?
No entanto, e se suas declarações fossem realmente verdadeiras?
[É verdade.]
A voz do Deus do Relâmpago confirmou essa possibilidade.
“O quê?”
[Esse ser é o único através do tempo e do espaço que consegue viajar entre o Mundo Vazio e os Três Mil Mundos.]
“Como isso é possível?”
[Todos os tipos de milagres são possíveis com sua mão direita…]
O Deus do Relâmpago voltou sua atenção para a mão direita do Exílio. Sua mão, que era enorme e grossa como se houvesse placas de ferro sob sua pele, ainda emitia a energia azulada desconhecida, porém Lukas não sabia dizer exatamente que tipo de energia era.
[A Mão Oculta… Pode-se dizer que seu conhecimento do espaço também é muito bom. Então posso falar de forma assertiva. Agora que Deus morreu, não existe outro ser que seja mais hábil em manipular o espaço do que o Exílio.]
Desde o início, o Deus do Relâmpago falou como se conhecesse o Exílio.
Em outras palavras, havia uma grande chance de que suas palavras fossem verdadeiras.
“O que é a Mão Oculta?”
[Huhu. Bem… Todos os registros relacionados ao Exílio foram apagados. Não há nenhuma informação sobre ele nos Registros Akáshicos, mas o Exílio foi capaz de destruir dezessete Grandes Universos sozinho. Você entende o que isso significa?]
Respirando fundo, Lukas disse.
“Ele consegue viajar entre universos sem a ajuda de Deus?”
Em vez de responder, o Deus do Relâmpago sorriu sinistramente. Como se quisesse dizer que sua resposta estava correta.
Os pensamentos em sua cabeça tornaram-se muito mais complicados…
As palavras do Exílio eram verdadeiras.
E não foi outro senão o próprio Deus do Relâmpago que confirmou suas palavras. Os governantes não mentiam. Embora pudessem esconder algumas verdades para enganar alguém, nunca mentiriam abertamente.
Em outras palavras, isso significava que era realmente possível para o Exílio enviá-lo para esses dois mundos.
— O que você quer de mim?
[…]
— Seu objetivo é ouvir meus antigos desejos?
Lukas riu.
— Mesmo que isso seja verdade, terei que pedir que você pare aí mesmo. Eu preferiria que você tivesse um motivo oculto. Talvez até para me usar em algum grande esquema.
[Lukas Trawman… Você não sabe… Que tais intenções puras também existem?]
— E? Por ser uma pessoa tão boa, estou demonstrando misericórdia para com um homem que nunca vi antes. É isso que você está tentando dizer?
[Eu sou… Um aliado… De todo ser exilado…]
Quando ele estava prestes a responder alguma coisa, fechou a boca. A nitidez que projetava antes diminuiu um pouco. Isso porque, pela primeira vez, ele pôde sentir um vislumbre de emoção na voz do Exílio.
[Você ainda pode mudar… Aqueles que podem mudar… Com um lugar para onde possam retornar… Seres assim… Eu sempre os ajudo.]
— …
[Essas rachaduras… Dê uma olhada mais de perto… Não no reencontro com aqueles que você ama… Mas nas ameaças reais…]
O olhar de Lukas voltou-se para a rachadura no espaço novamente.
[Se fosse o você original… Não teria sido capaz de contra-atacar… No entanto, o você atual… Pode ser capaz… Fazer o que tem de fazer lá…]
Lukas olhou para o ser carrancudo além de seu universo natal.
Ossos puros e brancos, sem qualquer vestígio de carne, cercados por um manto preto semelhante a um pano, um morto-vivo.
Ele conhecia muito bem o nome deste ser.
— Diablo.
Desta vez, seu olhar mudou para o universo terrestre onde Min Ha-rin estava.
Lá, sentado em um trono cercado por incontáveis demônios, estava um enorme demônio.
Um ser com múltiplos chifres, corpo gigantesco, pele acinzentada e expressão entediada.
Kasajin, não…
— Rei demônio.
[Da mesma forma… Deixados como estão…]
O Exílio murmurou em voz baixa.
[Esses dois universos… Serão destruídos em breve…]
* * *
Lukas de repente pensou em Pale que estava fora deste espaço. A última coisa que ele viu dela foi sua expressão distorcida. Talvez ela soubesse o que o Exílio pretendia fazer.
— …
Um pensamento inútil.
Mesmo que não fosse, não era algo em que ele deveria estar pensando naquele momento.
Lukas percebeu, então, que o fato de estar pensando em Pale naquele momento mostrava que o conflito já havia surgido em sua mente.
— Diablo e o Rei Demônio. Você está dizendo que esses universos serão destruídos por esses caras?
[Sua destruição… Virá sem aviso prévio…]
[Oh…]
O Deus do Relâmpago reagiu a essas palavras. Ele olhou para o Exílio com uma atitude de curiosidade.
Havia um significado oculto nas palavras que ele acabara de dizer?
Ainda era um enigma para Lukas.
Mas havia uma palavra que ele conseguia entender com certeza.
Destruição.
De uma forma ou de outra, esses universos estavam enfrentando uma crise sem precedentes.
No passado, só esse pensamento o teria enchido de ansiedade. Ele pode até ter se sentido impotente pelo fato de não poder fazer nada sozinho.
Mas agora era diferente.
— Eles não precisam mais de um guardião.
[…]
— Eu sei a verdade agora. No início, pensei que as pessoas precisavam de mim para liderá-las. Talvez eu pensasse que era o único que poderia preencher esse papel. Não tenho certeza se isso soou como arrogância. Mas se não fosse…
A cena de seu universo natal.
Um confronto entre seres que Lukas tinha muito carinho.
No início, o comportamento deles o deixou com raiva. Ele não suportou. Ele arriscou sua vida para afastar os semideuses, para matar Lorde, e deixou seu universo natal com esperança.
E ainda assim, os conflitos não desapareceram. Em vez disso, os confrontos só aumentaram. Foi tão intenso que eles fizeram um ao outro sangrar.
No entanto, no final, essa era a natureza humana.
— Nem todos os conflitos são errados.
[…]
— Às vezes, as respostas mais sábias só podem ser encontradas através do conflito, e as maiores possibilidades florescem em meio às dificuldades extremas.
Havia muitas coisas no mundo que não podiam ser divididas linearmente em boas e más.
Era o mesmo para eles. Eles estavam todos vivendo como seus corações desejavam. Isso não estava errado.
Iris, Ivan e Snow, todos eles tinham seus pensamentos.
E uma coisa estava clara. Eles não tinham mudado. Embora seus métodos fossem diferentes, era óbvio que seus pensamentos eram os mesmos de antes.
Claro, eles não teriam brigado se Lukas ainda estivesse lá, porque ele os teria controlado e os guiado na direção certa.
Verdade… Agora que pensou nisso, Lukas teria usado a coerção disfarçada de bondade para conduzi-los no que ele considerava a direção correta.
— Estou feliz por ter partido.
Ele finalmente pronunciou as palavras que mais odiava admitir.
— Eles não precisam mais de mim.
Isso não aconteceu apenas com seus amigos em seu universo natal…
Mas também os seus discípulos na Terra.
É claro que, no futuro que Deus lhe mostrou, todos que ele conhecia acabaram em estados miseráveis ou mortos. Deus também disse que Lukas era o único que poderia mudar esse final.
“No entanto…”
Ele poderia impedir mesmo que não fosse diretamente para aquele mundo. Diablo não estava nos Três Mil Mundos, mas no Mundo Vazio.
Talvez se ele matasse aquele cara no lixão isso resolveria tudo.
[Essa é… Sua escolha?]
— Sim.
Ao responder, Lukas se virou.
Ele não se importava se o Exílio estava satisfeito com sua resposta ou não. Lukas tinha a habilidade de escapar desse espaço que ele criou.
[Entendo…]
E foi exatamente no momento seguinte que o Exílio entrou em ação repentinamente.
[Não gosto… De coerção, mas… Não estou confiante… Na minha capacidade de convencê-lo…]
— O quê?
[Eu gostaria de… Me desculpar antecipadamente… Mas não tem jeito… Lamentações… Há um ser que… Não quer que você as tenha… E eu… Devo a ele…]
— Do que você está falando?
[Vá… Dê uma olhada e… Julgue por si mesmo…]
Fwoosh.
Ele sentiu uma forte força de sucção. Foi uma pressão como se todo o seu corpo estivesse sendo puxado para algum lugar. Demorou um pouco para descobrir o que estava acontecendo.
O Exílio estava tentando forçá-lo a entrar em uma das forças.
Ele cerrou os dentes.
Fingiu dar-lhe uma escolha, apenas para agir hipocritamente no final?
— Pare… Com isso…
Lukas gritou violentamente enquanto balançava o braço. Não seria muito difícil lidar com essa força de sucção.
Ou, pelo menos, teria sido esse o caso se não houvesse nenhuma interferência.
[Huhu… Huhaha!]
O Deus do Relâmpago escolheu este momento para explodir repentinamente em frenesi.
Boom!
“Ugh!”
Um enorme raio atingiu sua mente. Por um momento, sua visão ficou preta e parecia que o cérebro estava queimando.
“Seu… Filho da puta…”
Ele sabia que o Deus do Relâmpago ainda tinha algum poder sobrando, mas nunca teria pensado que iria interferir naquele momento.
Por um momento, Lukas perdeu o controle sobre o poder do vazio e seu corpo foi arrastado impotente para as mãos do Exílio.
— Ah.
Então ele foi jogado.
Flutuando e caindo.
O corpo de Lukas caiu no espaço escuro.
* * *
Ele sentiu a luz quente do sol…
Sua cabeça estava apoiada em algo macio, mas ele estava com tanta dor de cabeça que não conseguia identificar corretamente a textura.
Eles combinavam; o calor, a suavidade e a dor.
Ao sentir essas três sensações ao mesmo tempo, Lukas franziu a testa.
— Ugh…
Sua cabeça doía e ele sentia náuseas. No geral, sua condição não era muito boa. Isso era mais uma questão de mente do que de corpo, então teria sido sensato esperar um pouco, mas ele não podia se dar ao luxo de fazer isso.
No momento em que estava prestes a tentar se levantar de onde estava deitado.
Guk—
Ele sentiu dedos pressionarem sua testa.
Não estava sendo aplicado muita força, mas estranhamente, ele não conseguia resistir.
— Você deveria ficar deitado por mais algum tempo.
Ele ouviu uma voz que estava mais próxima de um sussurro.
Uma voz familiar.
— Pale?
— Sim.
Ele abriu os olhos.
Podia ver Pale de costas para o sol. Ao olhar para Lukas, ela sorriu, exibindo seus dentes brancos e puros.
— Como está?
— …
Em vez de responder, ele fechou os olhos novamente.
Então reuniu suas últimas memórias.
O Exílio… Os dois universos, sua oferta, sua rejeição, a interferência do Deus do Relâmpago, flutuando, caindo…
E…
— Onde estamos?
Ficou claro que ele foi varrido pelo poder do Exílio. E, através da falta do vazio, ele percebeu que este lugar não era o Mundo Vazio.
Então?
Esse era o universo natal de Lukas? Ou a Terra?
— Você não sabe?
Pale inclinou a cabeça para o lado.
Ao olhar para ela, ele fez a maior pergunta que tinha.
— Por que você está aqui?
Desta vez ela respondeu com indiferença.
— Hmm. Não sei. Acho que podemos ter sido apanhados nisso, mas não tenho certeza.
— Nós?
Pale apontou para o lado.
Parado não tão longe, estava outro rosto familiar.
Era Yang In-hyun.