— A arma suprema… O item de Ego… — Gi Gyu murmurou. Esta arma imaginária de poder supremo parecia absurda, mas Paimon sugeriu que ela existia como um item de Ego.
Depois de pensar um pouco, Gi Gyu respondeu: — Acho que é possível.
Ele percebeu que talvez não fosse uma ideia tão ridícula. Afinal, foi ele quem mais se beneficiou com os itens de Ego, o que parecia uma troca porque era o jogador que não conseguia subir de nível. Ele abriu sua tela de status, que agora incluía apenas uma linha.
[Nível 1]
Gi Gyu estava preso neste nível, mas ninguém que o tivesse visto lutar ousaria pensar que ele era um jogador de nível 1. Tudo isso graças a todos os seus itens de Ego e à capacidade de sincronização.
Gi Gyu agora olhava para Paimon de uma forma um pouco diferente.
— Itens de ego também são mencionados em documentos antigos — explicou Paimon. — Eles não se referem a eles como ‘itens do ego’ ou qualquer outra coisa em particular. Mas, como armas de Deus, esses itens supostamente tinham consciência e foram empunhados por ele para criar e punir o mundo.
Os olhos de Gi Gyu se arregalaram.
— E é isso que são os itens do Ego. — Paimon terminou sua história.
Algo clicou na mente de Gi Gyu.
O documento antigo, Deus e Ego.
Os Assentos de Poder no inferno.
O período de tempo que Paimon chamou de “antigo”.
A arma que Deus empunhava.
— Será que… — Gi Gyu estava prestes a propor uma teoria.
No entanto, El chegou antes dele e perguntou: — Esses itens de Ego que você encontrou… está se referindo à espada sagrada, Lorde Paimon?
Gi Gyu se virou para olhar para El. Ele concordava com o palpite dela. Fazia todo sentido para ele agora.
Paimon respondeu: — Isso mesmo. Segundo o documento, eram duas espadas. Acredito que eram as espadas sagradas dos anjos das lendas.
— Duas espadas…— Gi Gyu murmurou. Ele começou a pensar, mas não teve muito tempo para isso porque Paimon continuou rapidamente.
— Eu queria criar uma arma tão poderosa quanto essas duas espadas.— Paimon começou a falar ainda mais rápido. Ele aparentemente podia sentir que não tinha muito tempo sobrando.
Paimon continuou a falar sem parar, como se estivesse recompensando Gi Gyu por lhe dar quatro dias de paz.
Em uma área subterrânea profunda e escura, uma voz soou.
— A restrição foi quebrada. Paimon ainda não morreu.
Nada podia ser visto na escuridão, mas a voz continuou: — Ele foi até ‘ele’? Então, como esperado, ele deve ter bolado um plano para escapar da restrição.
Outra voz perguntou: — Então o que vai acontecer agora? — A voz falhou um pouco, sugerindo que aquela criatura não bebia uma gota de água há muito tempo.
— Isso era esperado. Ele deve ter ficado mais poderoso desde a última vez. Ele não deveria ser capaz de sincronizar, mesmo que conseguisse desfazer a restrição… É lamentável, mas não tem jeito. Teria sido melhor se Paimon tivesse morrido ou se ‘ele’ sincronizasse com ele do jeito que queríamos. Mas… isso também não é ruim.
— …
— Você está preocupado? — A primeira voz parecia desinteressada. — Não há necessidade de se preocupar. Tudo está indo conforme o planejado. E realizaremos o desfecho do nosso plano em breve.
A criatura parecia relaxada e despreocupada. Era quase como se a criatura estivesse rindo de seu companheiro por se preocupar demais.
A voz seca perguntou: — Quando é que… ‘ele’ virá?
— Quando for a hora certa. — A outra voz seca se recusou a dar uma resposta clara. — Até então, faça o que for. Nossa visão geral ainda está em vigor e nosso plano continuará com sucesso. Não há nada com que precise se preocupar. O que você quer fazer?
Fwoosh!
De repente, o teto se iluminou com um flash, revelando as duas figuras. A escuridão aparentemente desapareceu.
— Eu…
No espaço agora iluminado, podia-se ver duas colunas de metal. Uma corrente de metal ligava os dois pilares e prendia um homem entre eles.
O homem tinha uma aparência grotesca. Como o monstro de Frankenstein, nenhum de seus membros combinava. Seu torso era estranhamente escuro e sua metade inferior lembrava a de um inseto. Ele estava em péssimo estado e parecia uma quimera.
Mas o rosto dele…
— Mate ele. Mate Lúcifer. É isso que eu quero — respondeu a figura deformada, o Escudo de Ferro. Ele era o mais proeminente jogador americano de alto escalão, considerado um dos jogadores mais fortes do mundo, mas agora ele não parecia nada humano e estava acorrentado como um cachorro.
— Sim, suponho que é isso que você quer. Não precisa se preocupar com nada. Tudo o que precisa fazer é se concentrar no que deseja fazer.
— Eu vou matá-los… Kim Gi Gyu… Lúcifer… — A cabeça do Escudo de Ferro caiu como a de uma marionete. Mas mesmo assim, ele continuou a murmurar: — Mate-os… Mate-os…
— Hmm… — Andras disse maliciosamente: — Ele não vai durar muito mais tempo.
— Não acredito que ele sobreviveu tanto tempo, embora tenha nascido sem magia… Sua determinação tornou isso possível? — Andras rosnou e continuou: — Admito que seu ressentimento e sua vontade são os melhores que já vi.
Andras caminhou em direção a ele, que permaneceu caído. Ele não parecia se importar com a aparência extremamente nauseante do Escudo de Ferro.
Andras deu um tapinha no rosto magro do Escudo de Ferro. — Mas é lamentável.
O Escudo de Ferro não conseguia mais manter pensamentos claros.
Andras murmurou com escárnio: — Infelizmente, você não consegue realizar nada do que queria…
Ele se virou e anunciou: — Preciso fazer alguns ajustes.
Logo chegaria a hora de usar o Escudo de Ferro. Para isso, Andras precisava trabalhar um pouco.
— É melhor eu fazer algo a respeito do corpo nojento dele também — Andras murmurou antes de sair. A porta gigante para o espaço se fechou firmemente atrás dele.
— Eu vou matar… eu vou matar… — Agora sozinho, Escudo de Ferro continuou a sussurrar. De repente, algo mudou. Ele ergueu a cabeça e seus olhos brilharam intensamente.
— Andras… eu vou matar você também…
Fwoosh!
A luz desapareceu do espaço e a escuridão voltou. A única luz restante era a expressão de raiva nos olhos de Escudo de Ferro.
O silêncio caiu na sala. Felizmente, todos os presentes eram criaturas sobrenaturais. Eles estavam conversando sem dormir nos últimos dois dias, mas nenhum deles sequer bocejou. Provavelmente era porque eles não se sentiam cansados facilmente ou porque estavam discutindo algo muito sério.
Gi Gyu pensou no que Paimon havia lhe contado.
O legado de Paimon foi sua pesquisa sobre os itens de Ego e alguns de seus resultados bem-sucedidos.
E…
‘Não acredito que ele se egotificou…’ Gi Gyu pensou incrédulo.
O Ego de Paimon fazia parte do legado de Paimon. Ele explicou que enquanto tentava criar o Ego perfeito, encontrou um obstáculo. Ele resolveu o problema encontrando um receptáculo capaz de conter um Ego, mas não havia Ego grande o suficiente para isso.
O que Paimon queria era criar a arma suprema. Então ele precisava de um Ego condizente com o receptáculo de sua criação.
Enquanto Paimon estava ocupado com sua busca, uma rebelião ocorreu no inferno. Isso foi antes de Lou se tornar rei. Na época, Satã governava o inferno, mas logo Lou o derrotou para se tornar o próximo rei.
O primeiro demônio a jurar lealdade ao novo rei foi Paimon. Em troca, Paimon solicitou o cadáver de Satã para que pudesse transformá-lo em um Ego.
Lou explicou: — Eu não fazia ideia. Achei que ele não tinha conseguido egotifizar Satã.
Depois que Lou derrotou Satã, ele deu diferentes partes do cadáver de Satã aos reis do inferno para sua obediência absoluta. Porém, antes disso, Lou havia feito outra coisa.
— Eu dei Satã, que ainda estava vivo, para Paimon — acrescentou Lou.
Satã estava em seu leito de morte quando Paimon o pegou, que queria usá-lo para criar a arma suprema. Ele queria usar o cadáver como um receptáculo e egotifizar a consciência dele.
No entanto, Paimon falhou. Satã não foi egotifizado e todos acreditavam que a consciência de Satã estava destruída sem possibilidade de reparo.
É claro que isso foi provado falso pela memória fornecida pela Torre, mostrando que o Ego de Satã ainda estava vivo.
Gi Gyu estreitou os olhos para Paimon. Paimon disse que depois de falhar em egotifizar Satã, ele acabou egotifizando a si mesmo.
Gi Gyu continuou a observar Paimon com incerteza. Algo o estava incomodando, e ele finalmente perguntou: — Tem certeza de que você egotifizou a si mesmo logo após tentar egotifizar Satã?
Todos se voltaram para Paimon em busca de uma resposta, sabendo o que Gi Gyu estava perguntando.
Mesmo assim, Gi Gyu explicou: — Dentro da Torre, vi muitas lembranças. Mas não vi nada sobre a morte de Lou depois que os reis do inferno o traíram.
Mesmo Lou não conseguia se lembrar da própria morte.
Gi Gyu continuou: — A única coisa que vi foi que Lou apareceu em forma de espada no espaço subterrâneo onde Caos estava dormindo.
Ficou claro do que Gi Gyu estava acusando Paimon.
— Você pode dizer, sinceramente, que não transformou Lou no Imperador da Magia Negra? — Gi Gyu perguntou a Paimon enquanto olhava para Lou, que permaneceu em silêncio.
— Você está certo — Paimon respondeu. — Eu transformei meu mestre em uma espada maligna. Ele foi meu único resultado bem sucedido. Depois de perceber que poderia fazer isso, decidi me egotificar.
— …! — Gi Gyu olhou para Paimon em estado de choque.
Paimon continuou: — Eu não tive outra escolha. Eu precisava fazer isso para salvar minha família e meu povo…
Paimon olhou para Lou com calma e acrescentou: — Acredito que o que fiz foi a melhor maneira de mostrar meu respeito ao meu mestre.
Whack!
Lou bateu a mesa com força. O Velho Hwang criou os móveis do quarto, então tudo era incrivelmente resistente. Ainda assim, a mesa se dividiu em duas, impotente.
— … — Lou estava obviamente furioso, mas ainda não disse uma palavra.
Não havia como negar que Paimon era um louco. Ele foi capaz de desistir de tudo o que tinha e muito mais por seu objetivo. Então fazia todo o sentido que ele fizesse o que fez.
Lou se sentou novamente, provavelmente porque queria ouvir o resto da história. Ninguém poderia dizer o que Lou poderia fazer depois que Paimon terminasse sua história.
‘Mas Paimon vai dizer de qualquer maneira…’ Gi Gyu pensou. Mas se esta morte ocorresse pelas mãos de Lou…
Paimon perguntou baixinho: — Ninguém vai me perguntar por que eu egotifizei meu mestre e considerei isso uma demonstração de respeito?
Gi Gyu, Lou, El e Soo-Jung permaneceram quietos.
Ninguém precisava instigá-lo. Paimon respondeu de bom grado à sua própria pergunta. — Meu mestre, Lúcifer, era…
Não era fácil ler as emoções de Paimon através de sua voz. Ele continuou: — Ele era um item de Ego, para começar. Então acreditei que era seu destino retornar à sua forma original.
— O quê? — Lou e Gi Gyu perguntaram simultaneamente.
— Fui pressionado a transformar Lúcifer em uma espada maligna, então comecei a estudá-lo. Nunca pensei em aprender sobre ele durante todo o tempo em que o servi. — Algo ilegível apareceu nos olhos de Paimon. — Então, de repente percebi a verdade. Lúcifer era meu mestre e o maior rei do inferno. Ele derrotou Satã. Ele era o herói do inferno e…!
Paimon gritou: — Ele era originalmente um item de Ego! As duas espadas que Deus empunhava! Aqueles que foram mencionados nos documentos antigos! Aqueles que criaram e puniram o mundo! Estou dizendo que Lúcifer era uma dessas espadas! Coff!
De repente, Paimon vomitou sangue e desmaiou.