Para provar que sua decisão não era uma mentira, refez os seus passos.
Bam! Bam!
Tríslei, que estava nas costas de um cavaleiro, atacou. Por não conseguir concentrar seu poder em uma posição tão instável, usou apenas uma fração da sua força, mesmo que fosse melhor do que alguém comum.
“É só alegria!”
Uma explosão de energia quase acertou Zich e fez um buraco na parede perto dele. Em vez de se preocupar, riu.
“Heh! Lutas deveriam ser emocionantes assim.”
Ele evitou outro ataque próximo e avançou. Assim, logo chegou à sala de rituais.
Crash!
Ele chutou a porta, irritando mais os bellids com o seu ato desrespeitoso com um dos locais mais importantes do tempo. Ao entrarem e verem a cena, a raiva deles se transformou em choque. Eles congelaram no lugar.
— Você…! — Tríslei sentiu seu nervosismo ir da cabeça aos pés enquanto descia das costas do cavaleiro paralisado.
Aquilo foi uma chacina. O círculo mágico que circundava a estátua de Bellu costumava ser bonito e detalhado, porém agora, era difícil vê-lo devido à enorme poça de sangue no chão, que, pela quantidade, parecia mais tinta vermelha derramada por acidente. Todavia, esta não foi a parte mais assustadora.
Todos os seguidores aqui ocupavam posições altas, eram conhecidos por serem as pragas do mundo e possuíam experiência com massacres. Todavia, a visão de numerosos sacerdotes cobertos por um oceano de sangue era aterrorizante — não, era difícil até dizer que eram sacerdotes. Suas roupas, mais rasgadas que as de mendigos, não mostravam mais nenhuma das cores azuis típicas dos bellids.
Os uniformes pareciam “adoráveis” se comparados aos cadáveres mutilados largados. Toda a visão mostrava com clareza o profundo ódio de quem fez aquilo.
— Seu… seu…!
Mesmo que já tivesse previsto que morreram quando a barreira desapareceu, foi estranho para Tríslei testemunhar isso. Além disso, eram sacerdotes de alto nível tão importantes que, com o passar do tempo, algum com certeza se tornaria um cardeal, como aconteceu com ele próprio.
— E aí, espetacular senhor grande cardeal bellid? Está sentindo algo? — perguntou Zich, inclinado na estátua.
— Onde estão os malditos que causaram tudo isso…?
— E quem sabe? — Encolheu os ombros.Apesar de que todos os prisioneiros deviam ter escapado pela passagem secreta que Zich mostrou, não tinha por que contar.
“Mas eles realmente fizeram um bom trabalho.”
Ele estava preocupado que ainda estivessem sabotando os sacerdotes quando entrasse; no entanto, cumpriram sem erros o papel atribuído e desapareceram.
“Não. A julgar pelo estado dos corpos, será que se sentiram satisfeitos com a vingança?”
Talvez não tenha sido o seu conselho, e sim a vontade de se vingar que os fez sair.
— Fale — Tríslei o ameaçou com uma voz baixa sem saber que ameaçá-lo, de todas as pessoas, era inútil.
— Ficou puto por causa disso? Fizesse pior com o garotinho, e fiquei muito bravo quando vi. Acho que você não quer se responsabilizar pelas suas ações. Por que não falamos sobre a sua culpa nisso tudo?
— Virou a cabeça para a estátua — O grande Bellu! Ele deve ter testemunhado essa desgraça em primeira mão. Talvez possamos perguntar a ele quem é o responsável!
Zich se escondeu atrás da estátua e, diminuindo e engrossando a voz, imitou o deus.
— Hmph, pelo que vi, foi tudo por conta dele. Ele matou e brincou com a vida de um menino por absolutamente nenhuma razão, e um jovem próximo à criança ficou furioso e quis se vingar. Portanto, é de responsabilidade do cardeal Tríslei assumir seus erros.
Ele se afastou um pouco da estátua de Bellu e, ao ver como estavam para explodir com o menor toque, sorriu.
— Ouviram? Foi o que Bellu disse. Eu concordo com ele. Foi tudo sua culpa.
Após a barreira se romper, o conflito ficou a favor dos karuwimans. Os bellids, desesperados para se manterem firmes, tentavam resistir aos ataques de luz. Por isso, as pontes estavam sendo terminadas.
Tap!
Enfim, mais cavaleiros conseguiram atravessar o lago. Sem um único momento de hesitação, ergueram as espadas aos primeiros bellids que viram. A batalha no lago também continuou, agora com outro placar. A chance de sucesso deles era baixa, contudo, não planejavam deixar os karuwimans terem o templo sem lutar.
Craaaaash!
Foi à toa, pois um poder sagrado massivo explodiu o lago e varreu seus arredores feito uma tempestade, acabando com os cavaleiros e sacerdotes de azul.
— Você chegou, senhor. — Um cavaleiro karuwiman estalou a língua e se virou para o conjurador do ataque.
— A barreira se foi; energia suja de Bellu, que nos impedia, também. Não vamos mais ficar parados — disse Weig, atravessando a água.
— Você vai parar de comandar as tropas?
— O resultado já foi decidido. Um comandante não é mais importante, e outra pessoa pode assumir o comando a partir de agora. — Casualmente levantou a espada que recebeu do papa e pôs no ombro.
— O que quer dizer com “um comandante não é mais importante”? Como o comandante da força de ataque pode dizer algo tão irresponsável?
— Ah, falei errado. — Sorriu — Quero dizer que o meu papel como o maior cavaleiro se tornou mais importante do que o meu papel como comandante. Mas não se preocupe. Mesmo que a situação fique um pouco caótica, posso simplesmente varrer tudo.
O que ele disse foi incrédulo, todavia, o cavaleiro sagrado acenou com a cabeça e não o refutou mais. O Weig que conhecia era alguém que tornava o impossível em possível.De repente, outra pessoa passou pelas balsas. O cavaleiro virou a cabeça achando que outro havia chegado, quando congelou em choque.
— Senhorita Lubella, por que você está…
— Eu a chamei aqui.
O cavaleiro sagrado olhou para Weig, querendo perguntar se ele estava fora de si.
— Não me olhe assim. Até ela tem que passar por uma situação como esta em primeira mão. Como vai ganhar experiência?
— Sim, é verdade. Foi vontade minha, então não fique muito surpreso, senhor.O sorriso dela parecia iluminar a caverna escura.
“Ele parece se importar com ela como se fosse sua própria neta, mas, às vezes, é impiedoso até demais.”
No entanto, esse aspecto podia fazê-la parecer mais ainda com uma santa.
“A tenacidade dela também é incrível.”
Quem adivinharia que ele era um daqueles que costumava criticar o coração mole dela?O cavaleiro sagrado decidiu parar de pensar tão profundamente sobre o assunto e que deveria somente se concentrar em atacar e matar o máximo que pudesse, então correu em direção ao campo de batalha de novo.
— Vamos lá também. Temos que esmagar os bellids e encontrar o senhor Zich.
— Como ele deve estar? — perguntou Lubella, preocupada.
— Estamos falando do Zich aqui. Ele provavelmente está indo muito bem — respondeu antes de gritar para as forças aliadas: — Sigam-me!
Como se estivessem reencenando uma cena de um livro, rugiram e correram para a base dos bellids. Lubella também agarrou seu cajado com mais força e se misturou no calor da batalha. E assim, a luta fora do templo terminou com a vitória esmagadora dos karuwimans.
Com os cavaleiros de luz imundando o lcoal, destruíram os inimigos. Dava para ouvir o som do caos da sala de rituais.
— Vocês não têm que correr? As tropas karuwimans estão avançando. E eles têm Belri Weig, o estripador de bellids, entre eles.
“Estripador de bellids” — quando Zich ouviu pela primeira vez o título, se perguntou como um cavaleiro sagrado poderia acumular apelidos tão violentos. De tanto repeti-los, começaram a sair da sua boca com mais naturalidade.
Ninguém respondeu. Tríslei sequer fez algo além de apontar o indicador para Zich, fazendo os cavaleiros correrem em direção a ele.
“Parece que não planejam recuar.”
Por não estarem em um corredor, e sim uma sala ampla, ele foi cercado na hora pelas diversas lâminas sendo jogadas para ele com rancor e raiva. Ao invés de revidar, continuou a zombar deles.
Ele escapou da primeira, e, no momento seguinte, outra apareceu. Zich respondeu se mantendo perto da estátua de Bellu.
— Urgh!
Ao contrário da raiva assassina que exalava, Tríslei afrouxou a força do ataque para não danificar a estátua. Com facilidade, Zich desviou mais uma vez e ficou alternando entre lado e atrás da escultura.
“Esses fanáticos não podem danificar o ídolo do deus deles.”
Além disso, não era uma comum; era o centro do ritual que protegia o templo. Havia mais significados. E, a fim de enlouquecê-los, colocou os ombros nela.
Crash!
Ela explodiu de repente. Zich sentiu o ataque antes e escapou na hora, porém ela ficou em pedaços. Olharam para Tríslei, quem atacou, com rostos chocados.
— Assumirei o pecado, irmãos. Apenas se concentrem em matá-lo.Profundamente comovidos com o sacrifício do honorário cardeal, juraram matar Zich com a convicção.
Zich olhou ao redor. A escultura tinha desaparecido, e ele estava cercado. Havia uma passagem secreta, entretanto, os prisioneiros a usaram. Para que não fossem perseguidos também, não podia utilizá-la.
Aparentava estar em um beco sem saída, contudo, não teve medo.
“Devo encará-los com seriedade? Já fiz a maioria das coisas que queria. Agora, é só esperar.”
Embora estivesse na desvantagem, o tempo virou seu aliado. Era questão de minutos até que os karuwimans chegassem. Devido a isso, confiante, pegou a sua espada e encarou os oponentes se aproximando cada vez mais.