— Lyla…
Zich inclinou a cabeça, olhando as flores brancas florescendo na beira da estrada. Quando retornou seu olhar a Lyla, ela o evitou.
— Não é um nome falso óbvio demais? Os nomes daquelas flores é lyla.
— Virou crime ter o mesmo nome que uma flor?
— Faz sentido. — Admitiu friamente; não esperava que descobrisse sem esforço — Tudo bem. Tem algum lugar que você quer ir?
Ela permaneceu em silêncio, mas a maneira como continuava observando o ambiente fazia parecer que tinha algum lugar em mente.
— Eu… quero comer algo primeiro.
— Está com fome? Ah, sim, você ficou encarando os espetinhos. Não tem dinheiro?
— Não é da sua conta.
— É verdade. Eu já disse que pagaria por tudo. Vamos comer primeiro.
Havia pessoas paradas em uma longa fila na frente de barracas ao lado da loja de espetinhos. Diferentes tipos de comida tentaram os pedestres a experimentá-las.
— O que quer comer?
Ela lançou olhares furtivos para ele e, hesitante, deu um passo à frente. Ela foi a uma barraca um pouco longe onde vendiam suco de várias frutas.
— Escolha um — disse ele, olhando para uma placa de madeira escrita em letras tortas enquanto ela refletia sobre o menu.
— Este… — Apontou.
— Vocamel? Boa escolha. É doce e meio azedo. Peça dois, incluindo o meu.
Zich foi tirando dinheiro de sua carteira. Ela olhou para o letreiro por um momento e se aproximou.
— Bem-vindo! — Cumprimentou a dona da barraca, uma mulher na meia-idade.
— Poderia… — Levantou os dedos, nervosa — P-por favor, nos dê dois vocaméis…
— Aqui está o dinheiro — falou Zich.
— Por favor, um momento.
A vendedora diluiu a polpa na água com a concentração certa e, depois, ofereceu.
— Deveria beber logo.
O cheiro azedo, mas doce, da bebida era extremamente agradável. Depois de vê-lo bebendo, ela levou o copo à boca.
— Oh?
Não demorou muito para ela esvaziar o copo.
— O quê? É a sua primeira vez tomando isso?
Ela assentiu, hesitante.
— Vocamel é bom, mas tem melhores. Vamos visitar todas as barracas.
Eles devolveram os copos e foram ao próximo destino.
Os dois comeram um pouco de cada tipo das barracas para provar o máximo que pudessem, porém, as pequenas porções logo se acumularam e seus estômagos ficaram cheios.
— Quer mais?
— Estou bem. — A sua voz parecia mais relaxada do que antes.
— Perfeito. Então, vamos para um canto diferente?
— Aonde estamos indo…?
Ela levantou a guarda de novo e se encolheu com cuidado feito um pequeno animal. Zich não pôde deixar de sorrir.
— Vamos comprar umas roupas para você.
— Hã…?
— Suas roupas, ué. Realmente vai usar isso em um encontro?
O manto que a cobria da cabeça aos pés nem era o problema, e sim as roupas por baixo dele, que eram as mesmas de quando se encontraram. Não pareciam muito sujas ou velhas, entretanto, possuíam alguns rasgos.
— Não ligo para roupas.
— Eu ligo, então apenas me siga.
Eles chegaram a um distrito comercial onde estavam todas as lojas de roupas. Como esperado de uma grande cidade turística, havia muitas, e ele a levou a uma delas. Um jovem lojista os cumprimentou, e Zich entrou no centro da loja. Lyla vislumbrou os diferentes tipos de roupas.
— Quer comprar alguma?
Ela balançou a cabeça.
— Vamos lá, pelo menos uma. Ah, e também tire esse manto sombrio. Quem usa algo assim em um encontro?
— Isto é…
— Sim, sei que você é ridiculamente bonita, mas vai continuar andando por aí desse jeito?
Ao lado deles, a funcionária sorriu, pensando que eram um simples casal apaixonado. Mas, logo quando ela tirou o manto, os olhos da lojista se arregalaram, e mesmo Zich não pôde deixar de admirá-la mais uma vez. Cobria metade de seu rosto; com ele em plena exibição, os arredores pareceram se iluminar.
“Vai ser um encontro divertido.”
— Escolha uma e me dê isto — disse, tomando dela o manto. Embora ela tenha se encolhido um pouco, não o impediu e nem se moveu para pegar suas roupas.
— O quê? Não vai comprar nada?
— O namorado não deveria escolher algo, neste caso? — sugeriu a lojista.
— Soa bem também.
Ele foi para uma área onde muitas roupas de alta qualidade estavam penduradas. Então, se voltou para Lyla.
Nervosa, seu rosto estava rígido.
— Como você se recusa a escolher suas próprias roupas, tem que experimentar todas que eu escolher.
A declaração a assustou.
— Ei, não fique com raiva. — Zich acenou com um garfo na frente dela.
Estavam em um restaurante extremamente sofisticado, então apenas quem era de alto status podia pagar. Contudo, ele tinha dinheiro mais do que suficiente para comer neste tipo de restaurante mais de uma vez.
Lyla virou a cabeça. Ela usava um vestido simples e refrescante e um grande chapéu de abas largas ao lado. Os saltos altos eram simples, mas elegantes. Era o traje turístico típico. A diferença entre sua roupa atual e o manto escuro que usava antes era impressionante.
— Se tivesse escolhido as próprias roupas quando mandei, isso não teria acontecido.
— Isso é motivo para brincar comigo como uma boneca…?
— Não. Já que você é bonita, fica bem em qualquer coisa. É por isso que fiquei mais animado do que o normal — Riu.
Ela parecia que ia pegar a faca na mesa e perfurá-lo a qualquer momento.
— E não fui só eu. A lojista também participou, e você não falou muito.
Quando ele sugeriu várias roupas para ela usar, a lojista ficou parada à distância. Todavia, depois que vestiu umas cinco diferentes, a atendente começou a participar aos poucos na escolha.
— Eu também deveria tê-la chutado antes de sair.
— Calma aí. Em troca, também te deixei me enfeitar por um tempo.
Para aliviá-la, irritadíssima após provar dez conjuntos diferentes, Zich trocou de posição com ela. A partir daí, ela empurrou todos os tipos de roupas para ele.
— Mas, realmente, aquela atendente era incrível. Ela não parou nem um pouco.
— Sim, aquela loja vai se dar bem.
Lyla tinha certeza de que o sorriso de negócios da lojista se transformou em um sincero enquanto compravam mais roupas.
— Mas peguei umas legais, então não foi uma experiência ruim.
Ele não estava mais usando suas roupas de viagem meio escuras, mas sim uma simples e elegante escolhida por Lyla. Além dela, compraram várias outras.
Não tiveram que esperar muito tempo para que a comida saísse. Surpreendentemente, se encaixam muito bem na atmosfera luxuosa do restaurante, uma vez que suas aparências eram esplêndidas. Acima de tudo, se misturaram com seus arredores, pois suas maneiras eram perfeitas.
Servindo uma taça de vinho para ela, ele começou as perguntas.
— Então, qual é a sua identidade?
— Até que enfim.
— Eu sabia que você não teria me contado no início. Fomos cautelosos um com o outro.
— Ainda estou com um pé atrás quanto a você.
— Sim, mas está bem melhor do que antes.
Ela tomou um gole. Antes, nunca teria tocado numa taça oferecida por Zich.
— Bebeu? Só para você saber, tá com veneno.
— Ai, céus. Você tem um ótimo gosto. Veneno muitas vezes aprofunda o sabor de uma boa taça de vinho. — Desta vez, quase engoliu metade de uma vez — Só estou me certificando. Não usou algum veneno barato, certo?
— De jeito nenhum. Por que eu faria uma coisa tão ridícula com uma beleza rara? É caro o suficiente para atender aos seus padrões. — Riu, cortando a carne — Mas realmente não quer responder à pergunta?
— Nadinha.
— Imaginei. — Enfiou uma grande fatia da carne ao molho na boca — Mas por que está me olhando assim?
— Você é mesmo o Zich?
— Não me lembro de mudar meu nome.
— Mudou seu sobrenome, certo?
— Para o quê? Moore?
— Também pode ser outro…
Ambos pararam de mexer nos seus utensílios e se encararam, como se estivessem tentando descobrir o que o outro estava pensando e que passado escondiam.
— Eu não quero muito dar uma resposta para uma mulher cheia de segredos.
— Que mesquinho.
— Senhorita, devo te dar um espelho?
— Um homem cheio de segredos não é encantador.
— Exceções existem. Não importa quantas falhas eu tenha, vivo exalando charme. Eu sou especial pra caralho.
— Um homem com pensamentos absurdos assim também não é encantador.
— De fato, sou maravilhoso e espetacular por poder superar todas essas falhas.
Parecia que faíscas estavam sendo disparadas em ambos os lados da mesa. Lyla soltou um suspiro antes de começar a comer de novo.
— Brave…
— Hã?
— Seu sobrenome. Se quiser mudá-lo, acho que Brave é melhor do que Moore.
— Zich Brave?
Ela deu a ele um sobrenome do nada. Ele olhou para ela com curiosidade, mas Lyla continuou comendo a sua carne sem dizer nada.
— Por acaso, é o seu? Está me pedindo em casamento? Quer que compartilhemos o mesmo sobrenome para que possa ficar comigo para sempre? Só para você saber, não sou tão fácil.
Ele falou com humor, porém, ela não respondeu e continuou a comer em silêncio.