Quase parecia que o tempo havia parado. Devia ser o que todos observando a cena irrealista de dúzias de cavaleiros fortes sendo despedaçados sentiam.
“Aqueles…”
Não era alguém conhecido, afinal, usavam vestes que cobriam os rostos. Porém, Hans reconheceu as roupas.
“É o pessoal que corrompe as pessoas! Nós os vimos nas ruínas!”
Eram inimigos de Zich e, por tabela, de Hans. Entretanto, ele não tinha certeza de que eram os mesmos, pois muitas vezes usavam roupas para se ocultar, e a aparência semelhante entre eles era somente uma coincidência.
“É este o pesadelo que virá?”
Do lado da pessoa na frente, monstros invadiram sem atacar ele e o resto, que apenas observou de braços cruzados feito comandantes do exército.
— Ah, porra!
— Impeçam-nos!
Cavaleiros correram em direção às muralhas e foram mortos sem piedade. A julgar pelas habilidades, os invasores poderiam ter os matado decapitando-os, mas preferiam meios sujos.
Os cavaleiros hesitaram em seus movimentos, com medo. Os monstros, com a vantagem numérica, exploravam essas fraquezas.
— Não fiquem sozinhos! Formem grupos e barreiras humanas! — gritou o capitão, reunindo os cavaleiros e soldados que puderam reagir a tempo.
— Socorro!
Cercados por uma multidão de monstros, que atacavam por trás, os soldados morreram primeiro. A seguir, os cavaleiros.
— Formação! Aguentem firme! Uma hora aparece uma oportunidade! Não se esqueçam de que temos civis atrás de nós!
O capitão mostrou forte determinação para não deixar os inimigos passarem por ele. Apesar dos seus apelos desesperados, uma luz sinistra de chamas explodiu de dois lugares, formando caminhos de fogo. Foi na segunda entrada de Violuwin.
“Outro inimigo!” Hans cerrou os dentes.
— Sênior! — chamou Snoc, se aproximando.
— A-aquilo!
— Pelo visto, há mais deles.
— Está ficando muito sério!
O exército estava claramente desmoralizado. Mais soldados surtaram, e o número de cavaleiros sacrificados aumentou. E isso não foi tudo. Eles ouviram passos leves pro lado das muralhas se dirigindo ao cambo de batalha que não eram dos monstros e nem das tropas militares.
A carranca de Hans se aprofundou ao ver mais pessoas usando as os mantos negros do primeiro grupo.
— São novos inimigos! Cuidado!
— Não cheguem muito perto daqueles com mantos! Eles não são normais!
Até o momento, os cavaleiros resistiram mesmo havendo mais monstros devido à sua força. Todavia, aqueles indivíduos quebravam esse equilíbrio, já que eram tão fortes quanto ou mais.
Embora Violuwin não estivesse localizada nas fronteiras do reino e o seu exército não fosse o mais forte, ainda tinha um considerável. O fato de entrarem em ação provou a força dos inimigos.
As linhas de frente continuaram a ser empurradas, podendo desmoronar a qualquer hora.
— Snoc!
— Sim!
Na vanguarda, viram uma dos de manto jogando uma espada no cavaleiro que estava contra monstros de ambos os lados, fazendo ele cair de bruços. Quando os monstros iam rasgá-lo em pedaços, uma luz brilhou, e os monstros correndo foram partidos ao meio e espalhados no chão.
— Hã?
Pou!
Alguém pousou ao seu lado. Com uma espada iluminada branca, se assemelhava a um salvador enviado dos céus.
— Você está bem? — perguntou Hans, tirando dele um aceno inexpressivo — Perfeito. Consegue se levan…
Claaaang!
Hans ergueu a espada e bloqueou o ataque repentino do forte assassino ameaçador, sendo empurrado para trás no processo. Se não tivesse a Estellade, com certeza seria derrotado.
O oponente recuou e foi atingido por feixes de luz em uma questão de segundos. Sem muita retaliação, foi rasgado e morreu.
— Ei.
— S-sim?
De boca aberta com a cena, foi só quando Snoc bateu no ombro do cavaleiro para entregá-lo a sua espada que ele voltou aos sentidos.
— Tenha foco. Precisamos de todas as pessoas que pudermos.
Koo!
Atordoado, o homem pegou a espada. Então Snoc seguiu Hans e correu, erguendo a terra em apoio à luz. A luz fatiava os monstros; a terra, esmaga. A maior parte da atenção na batalha estava nos dois.
Sem poder ficar parados, os assassinos se apressaram em direção a eles, atacando junto das variedades de monstros presentes.
Por outro lado, ambos não prestaram atenção aos olhares e contornaram o campo de batalha salvando pessoas em perigo e matando quem aparecesse. Mesmo lutando, continuavam olhando para a pessoa da espada brilhante e a outra sobre uma parede de terra. Ao perceberem que foram os que antes bloquearam o portão, tiveram a mesma sensação nos corações.
Esperança.
Em um momento de desespero, não havia nada mais importante do que a esperança. De certa forma, aqueles dois estavam em sua trajetória para se tornarem os heróis com quem sempre sonharam. Os cavaleiros, soldados, os cidadãos e até os inimigos observaram os dois. Aquele quem destruiu o portão da cidade em específico também estava de olho neles.
Na câmara secreta onde a Estellade costumava estar, uma luz apareceu com duas pessoas caindo no chão: Zich e Lyla. Eles olharam para os arredores.
— Realmente conseguimos voltar — disse Lyla.
— Foi o que eu disse. Pensei que voltaríamos para o mesmo lugar.
— Está me dizendo que conjurou um feitiço de alto nível, como o teleporte, apenas confiando nos seus instintos?
— Não é magia. Não posso usar magia de teleporte. Só vim para onde estávamos porque esta espada e este lugar têm uma conexão especial.
— Como sabia?
— Por instinto.
Lyla olhou para a espada-galho na mão de Zich. Embora ele fosse o dono, nem ele sabia o que, de fato, era. Porém, era claro que havia algo muito especial nela.
Hans e Snoc não foram encontrados. Aparentavam ter voltado, como ordenado. Zich observou o teto baixo, sentindo o que estava acontecendo lá em cima.
— O que está fazendo?
— Tem algo acontecendo dentro da cidade. Uma batalha, e ela é enorme. Devem ter atacado. — Tirou os olhos do teto e continuou — Neste momento, não vou nem chamar de batalha, mas de guerra.
Foi surpreendente. Antes de serem teleportados, ele não conseguia sentir os caminhos porque a energia das ruínas antigas perturbava as suas habilidades sensoriais. Agora, além das ruínas, sentia toda a cidade de Violuwin.
Muitas coisas mudaram desde que partiram.
“Tem mais corpos.”
A julgar pelas roupas, eram do mesmo lado daqueles que perseguiram Lyla. Reforços, talvez.
“Hans e Snoc os mataram?”
Considerando a força dos indivíduos e o número, ele pensou que era muito improvável que os seus servos conseguissem vencê-los. Estavam vestidos, e Hans e Snoc não estavam no chão. Então o olhar dele mirou aonde a Estellade costumava estar, somente para não vê-la lá.
A possibilidade que passou pela sua cabeça o fez ir atrás de uma pessoa específica na cidade. Depois, a encontrou.
“Nem fodendo. É sério?”
Surpreendentemente, ele acertou.
— Ei, vamos sair daqui logo…
Ansioso para testemunhar esse desenvolvimento surpreendente em primeira mão, notou que algo estava errado com Lyla.
— O que aconteceu? Você está pálida.
— É por minha causa. Para me encontrar, atacaram toda a cidade — respondeu ela.
— Então, esses na cidade estão do mesmo lado dos que nos atacaram? Está dizendo que começaram uma guerra para te encontrar?
Ela assentiu. Era difícil acreditar que um grupo só faria tudo isso só por uma pessoa, algo que aconteceria em um conto de fadas. Poderia significar o quão loucos eles eram ou…
“Quão importante ela é para eles.”
Inquieta e mexendo os dedos sem parar, o seu rosto pálido indicava que realmente acreditava no que dizia.
— Aí, por precaução, vou te contar uma parada. — Pôs a espada nos ombros — Joga fora qualquer pensamento sobre como tudo isso é culpa sua. Não importa como você vê, aqueles arrombados desprezíveis são os culpados pelas ações de merda deles, não você.
Antes de ele regredir, ele também atacou cidades por razões ridículas e triviais. Contudo, nunca impôs a responsabilidade a outras pessoas. Claro, essa era a única coisa boa da mentalidade dele. Por não ter nenhum sentimento de culpa, era um lixo completo.
Lyla, com os olhos arregalados, olhou para ele, que estava apontando para o teto.
— Vamos vazar primeiro e procurar saber se estão mesmo mirando em você.
— Devem ser melhores e mais numerosos do que os que me perseguiram até aqui. Provavelmente, trouxeram força militar o suficiente para a tal guerra. O que está planejando fazer?
— Por mim, é tranquilo. — Sorriu — Eu sou invencível.
O peso da espada em seu ombro parecia extremamente confiável.