Embora Lyla não fosse a melhor em artes marciais, o soco de Evelyn foi o suficiente para ela ficar surpresa.
— Você a ensinou a fazer isso?
— É claro. Mesmo que ela esteja com raiva, ela é do tipo que resolve no simples tapa. Não posso forçá-la a chutá-lo. Queria que batesse nele do jeito certo, pelo menos.
— Definitivamente me sinto mais revigorada. — Riu — Ela nunca viu lutas antes. Mesmo de relance, foi um soco e tanto.
— Albus fez com que o físico dela subisse para outro nível. Ela sozinha já é boa, imagina com os meus ensinamentos supergeniais e eficientes.
A mão de Evelyn doía, porém. Apesar de ter recebido treino de Zich, era uma dama que nunca havia lutado.
— Quer fazer o quê? Quer que eu mate ele? — perguntou Zich.
— Não quero mais ter nada a ver com esta coisa — respondeu ela, entrando na cabana.
— Sorte do cacete que a sua ex-noiva seja tão gentil. O que te fez querer usá-la e jogá-la fora?
Albus não respondeu, mas não por culpa. Ele estava teve medo de que Zich o matasse se dissesse as palavras erradas.
— Desembucha logo. Por que eu te mataria só por falar depois de tudo que fez? Se eu quisesse, teria feito isso há muito tempo.
— Já falei tudo — contou baixo antes de cuspir o sangue — Quero mais poder.
— Que amor por poder é esse?
— Aqueles que o desprezam são tolos ou ignorantes. Na realidade, nenhum de vocês pode sequer se aproximar do rei ou do príncipe para se libertar das acusações. Mesmo que consigam, em quem acha que acreditariam: ninguéns, ou o herdeiro de uma família marquesa?
— Acha que é o caso? — Sorriu — Tente, se puder, por favor.
Se Evelyn recebesse ajuda do pai, seria um pouco problemático para Albus, entretanto, a situação geral não mudaria. Não havia evidências de nada, e o pai dela a abandonaria. Ela seria capturada por aquela organização e oferecida como um sacrifício.
“Aconteça o que acontecer, eu mantive o contrato.”
— Para de sorrir, porra. É irritante.
Zich chutou o rosto do nobre e se virou com Lyla, saindo. Ensanguentado, Albus começou a rir feito um louco. Ele se perguntou por um momento se o matariam, contudo, apagou a preocupação.
“Depois ela volta!”
Desceram a montanha. Depois do bom soco, Evelyn se sentiu um pouco aliviada, apesar da dor continuar imensa e trêmula. Lyla andou abraçada a ela, enquanto eram seguidas por Zich. Chegaram à hospedagem deles na capital por volta do pôr do sol.
— O que vai fazer? Não vai apenas deixá-lo ir, certo? — perguntou Lyla, sentada na cadeira.
— Nem a pau.
— E por que fez um pedido assim para Evelyn? Não era vontade dela não matar Albus; ela agiu de acordo com o seu pedido.
— Antes disso… Evelyn, te acalmasse?
— Não ainda.
— Tranquilo. É compreensível. Além do mais, não é apenas uma traição por parte dele. É uma conspiração inteira dirigida a você e a sua família. Sei que você ama a sua família. Por sinal, fosse bem batendo nele hoje. Que tal, senhora Rouge? Por que não outro belo soco nele? E mais forte. Depois, você será vindicada de tudo pelas quais foi incriminada.
“É por isso que este evento foi o pontapé para o surgimento da Súcubo.”
— O que tenho que fazer?
— Nada muito difícil, estarei lá para te apoiar. Só me ajude um pouquinho. — Sorriu brilhantemente.
Quando Lyla explicou mais tarde, descreveu o sorriso dele como arrepiante.
Albus voltou para a sua residência mansão. Os servos estavam curiosos para saber por que ele saiu de repente, todavia, ninguém perguntou nada, até porque ele era conhecido por ser horrível. Ao retornar pro quarto, se sentou e ficou encarando a janela.
“Tudo acabou bem, não foi?”
De volta, se sentiu ansioso. E se os planos dessem errado mais uma vez por causa daquela variável estranha? O que aconteceria não estivessem satisfeitos?
“Enfim, tenho que esperar até que venham mais uma vez.”
Durante o dia, ele ficou na rotina normal, apesar de ser difícil para ele se concentrar. Felizmente, não teve que esperar muito.
— Albus Windpool.
Como antes, o “homem misterioso” evitou os guardas e entrou no quarto, frio e indiferente.
— Conseguimos proteger Evelyn Rouge.
— Aê! — Sem perceber, pulou da cadeira.
Ele ficou preocupado que pudessem ouvir, no entanto, pigarreando, não sentiu nenhuma presença do lado de fora.
— O contrato entre nós acabou?
— Isso.
— E se ela voltar à capital?
— Ela não vai.
— Que bom. — Se sentou de novo, bem mais à vontade — Esta será a minha última vez vendo você.
— Não.
— Tem outra coisa que preciso fazer…?
A figura jogou algo nele, e Albus pegou no ar. Era um livro com uma capa chique sem nada nada escrito dentro dele.
— O que é isso?
— Escreva como você controlava Evelyn Rouge e quais foram os seus pensamentos após ela descobrir o plano. Anote tudo o que vem à mente.
— Como assim?
— A razão pela qual o plano saiu do curso foi por causa das duas variáveis próximas a ela, mas principalmente por conta da sua manipulação não ter funcionado do jeito certo. Temos que descobrir o que deu errado.
— Faz sentido. Mas, acho que isso não está incluído em nossas condições contratuais.
Por mais que tenha dito com facilidade, estava muito nervoso a respeito da reação da figura. Se fosse ameaçado, poderia ser usado pela organização para o resto da vida. Entretanto, a apreensão dele chegou ao fim.
— Abra as últimas páginas.
— “Pessoas que você precisa matar”…?
— São cinco pessoas. Escreva os seus nomes e status, onde moram, e descrições exatas. Pode ser qualquer um.
— Vamos fazer um novo contrato. — Albus fechou o livro, sorrindo em satisfação.
Com o aniversário do rei chegando em breve, grandes e pequenos eventos ocorriam em Westillburd, até que chegou o dia. Os cidadãos do reino de Cronon levantaram os seus copos e desejaram a prosperidade do reino; os nobres iam e vinham de carruagem para participar da festa organizada. Numa das carruagens sendo preparadas, Zich estava acompanhando de duas pessoas.
— Terminaram de se preparar?
— Já, sim.
— Beleza. Voa, moleque!
— Sim, senhor! — Hans se sentou no assento do cocheiro.
O destino era o palácio onde todos os nobres estavam reunidos.