A maioria das pessoas estava reunida no centro da casa de leilões. Os tamanhos dos quadros de madeira lá eram maiores, fora as descrições mais detalhadas e preços elevados.
Leona leu com atenção as informações, porém, o que mais chamou a sua atenção foram os preços exorbitantes. Embora não soubesse muito do mundo humano, estimava os valores com as próprias medidas.
“Este é o preço de trezentas mil maçãs. Trezentas e cinquenta mil. Isso… um milhão de maçãs!”
A pele dela ficou cada vez mais pálida com os números. Ficou ainda mais pálida por serem os preços iniciais. Como havia participado de um leilão para vender as suas joias com Zich e Lyla, sabia o que significavam.
“Se a Lágrima do Lago está sendo leiloada aqui…”
Ela não seria capaz de comprá-la com o dinheiro e as joias que tinha. Entretanto, aliviou as preocupações.
— Acharam? — perguntou Zich. Lyla e Leona negaram — Que surpresa. Pensei que pelo menos a encontraríamos na sala central.
— Deixamos passar? — perguntou Lyla.
— Nem, procuramos três vezes cada. Se não encontramos, não deve estar aqui. Na segunda busca, até usamos mana, pô. Você pode mesmo sentir o tesouro aqui?
— T-tenho certeza — respondeu a elfa, meio chorosa.
— Então, vamos voltar por ora. Ainda pode haver uma descrição.
De repente, outra possibilidade surgiu na cabeça dele.
“Espere, não me diga que já está aqui.”
— Um mercado negro?
Lyla tinha ido ao quarto dele para discutir planos futuros.
— Sim. Não é o nome oficial, mas é assim que chamam. — Sentado na cadeira, bateu no cabo da Windur ao lado algumas vezes — Pode adivinhar que tipo de lugar é pelo nome, certo?
— Posso dizer que não é um tão bom.
— É semelhante à casa de leilões Tyroul, da maneira que exibe tudo o que é caro e valioso. Ele tem mais condições, como só ter o que é perigoso, ilegal, imoral e assim por diante.
— Em suma, são todos bens que o colocarão em risco se você for pego comprando.
— Perfeito. Não tenho certeza absoluta, mas há uma possibilidade de que a Lágrima do Lago possa ter ido para lá. Não sei se é porque é um bem roubado ou se tem outra razão. Não só será mais difícil participa, mas o preço será muito maior.
—O que você vai fazer agora? No fim, tudo é sobre dinheiro.
— A casa de leilões existe para esse fim; esse é o problema. — Encostou as costas, surpreendendo Lyla, que não esperava ele ponderando tanto.
— É tão caro assim?
— Muito. Mercadorias negociadas em segredo são bem mais caras do que as normais, já que têm o custo de risco. Mesmo que combinemos o dinheiro que Leona e eu temos, não poderemos comprar os produtos mais baratos dele.
— Pensei que você tinha uma solução.
— O que quer dizer?
— Você sabe, a solução para recuperar a Lágrima do Lago.
— Ah, aquilo?
“Era mentira também?” pensou ela. “Digo, nem ele pode ganhar uma imensa quantia de dinheiro em tão pouco tempo.”
— Claro que tenho.
— Como…?
— É só nós comprarmos.
— Você acabou de dizer que era muito caro. Onde pode conseguir o dinheiro?
— Nunca me preocupei com dinheiro desde que deixei a minha família.
Embora tenha se impedido de usar muito dinheiro no início de sua jornada, percebeu que era inútil fazer isso. Agora, ele gastava sem ligar tanto e acumulava fortunas pelos lugares.
Ela se sentiu aliviada ao ouvir que ele pelo menos tinha uma solução. Ao mesmo tempo, não pôde deixar de se perguntar.
— Então, se você pode comprar, qual é o problema?
— Bem, eu pensei que o mercado negro só se formaria por volta da era vermelha, já que o mercado negro de Tyroul era famoso naquela época.
De fato, o mercado negro operava em plena luz do dia como uma das principais casas de leilões do Tyroul… até que Zich o detectou no radar e o quebrou em pedaços.
— Foi perfeito eu ter considerado essa possibilidade. — Sorriu — Não podemos simplesmente deixa-lo, certo? Não importa como você veja, ele é administrado por gente ruim.
Eles foram à casa de leilões todos os dias para ver se a Lágrima do Lago foi adicionada à lista do leilão. Até perguntaram aos funcionários se havia um objeto daqueles lá, porém, todos negaram. Ao falharem no quinto dia, Zich se conformou com a sua ideia e reuniu todos no quarto dele.
— Tenho certeza que ela vai aparecer no mercado negro.
— O que é mercado negro? — perguntou Leona.
— Onde as pessoas leiloam coisas roubadas ou ilegais por um preço maior.
— E existe?
— Sim, senhorita Leona. Mal pude obter esta informação, mas tenho certeza de que o tesouro está sendo leiloado lá.
— V-vai ser caro?
— Como acabei de dizer, o mercado negro contém coisas ainda mais caras do que a sala de leilões central. Não apenas são duvidosos, mas se forem pegos vendendo e comprando, será perigoso para eles.
Mesmo com a explicação detalhada, ela não entendeu o risco do comércio ilegal. Entretanto, entendeu com clareza a parte do “ainda mais caras do que a sala de leilões central”, o que a desesperou.
— V-você disse que havia outra maneira, não foi?
— Claro, tem.
— Qual? — Os olhos da elfa brilharam.
— O leilão acontecerá de uma forma ou de outra. No fim, tudo acabará se comprarmos a Lágrima do Lago. Conheço um lugar com dinheiro o suficiente para pagar.
— É! É! — Ela assentiu tão ferozmente que parecia que cairia — Onde é?
— Vamos encontrar tesouros — respondeu ele, sorrindo.
— T-tesouros? — perguntou, surpresa. Logo voltou à empolgação — Você conhece um lugar com tesouros? Existem muitos tesouros lá?
— Pra caramba. É um número tremendo.
— Se formos lá, poderemos comprar a Lágrima do Lago mesmo?
— Com certeza.
A palavra “tesouro” a fez pensar em todo o ouro e joias preciosas nas masmorras que ela lia quando jovem. Devido à sua animação, ela não conseguiu ver todos os olhares atrás dela. Ninguém, sem exceção, pensou diferente.
“Não importa como você vê, ele parece um golpista.”
Depois da reunião, ele mandou todos de volta para os seus quartos, diferente de Lyla, que examinou ele com olhos suspeitos.
— Estou surpresa. A solução que você tinha o tempo todo era encontrar alguns tesouros?
— Por quê? Acha que menti?
— Você fala que nem um vigarista. O que vai fazer depois de enganar uma criança inocente por uns tesouros? Vai vendê-la?
— Pessoas que caem para golpistas comuns encontram fins assim.
— Quer dizer que você não é como eles?
— Sim. O que eu ganharia a vendendo?
Ele encolheu os ombros, arrancando um sorriso de Lyla. Apesar de ela não ter mudado o seu pensamento, não achou que era mentira.
— São informações do futuro?
— É claro. Se corrermos a toda velocidade por dez dias a partir daqui, chegaremos a uma montanha com ruínas antigas. Ouvi dizer que todos os tipos de bens valiosos eram encontrados lá. Não importa o quão alto seja o preço pela Lágrima do Lago, poderemos comprá-la se vendermos o que acharmos.
— Que alívio. — De repente, começou a rir — É sério, você fala como se fosse enganá-la. Não é engraçado que seja verdade?
— Falando desse jeito, parece. — Riu junto.
— Vou te deixar em paz. Como parece que tudo foi acertado, vou ter uma boa noite de descanso.
— E quem disse que não temos problemas para resolver?
— O quê? Tem mais? — Ela, que acabara de se levantar, se sentou de novo ao ver o rosto sério dele.
— Ainda não sei a melhor maneira de foder com a casa de leilões para que seja o papo da cidade.
— Pelos céus, Zich! — Ela jogou uma almofada nele.