— Incrível… — falou Leona, admirada observando as lutas de Hans e Snoc.
Golens, em especial aqueles formados de mithril, eram absurdos de fortes, e graças às habilidades mágicas de defesa, ataques de baixo nível não podiam danificá-los. Mesmo que tivessem demorado um pouco, a dupla pôde reduzi-los a pedaços no chão.
— Entendi! — Perguntou Lyla, ao limpar com ajuda de Snoc o núcleo vermelho, do tamanho de uma cabeça, de um dos golens — Pode pegar isso? Quero analisar mais tarde.
— Bota aí — respondeu Zich, entregando uma caixa mágica.
— Oh, é diferente da que você costuma carregar.
— Comprei na casa de leilões. Pode ficar com essa.
Pelo que ele ouviu, havia uma grande chance de que uma única caixa mágica não fosse capaz de lidar com todos os tesouros. Como ele já tinha muito dinheiro e conseguiria mais depois, comprou algumas sem hesitar.
— E aí, Snoc? Como tá com esses pedaços de mithril largados aí?
— É difícil, senhor. Usam muita mana e são chatos de controlar.
O mitril ao redor do braço dele fez ruídos tilintantes. Em comparação às pedras comuns que ele usava, o minério dificultava o seu movimento em partes.
— Tente misturar com terra ou pedras. Isso deve aumentar a sua defesa bem mais, mesmo que você apenas cubra a armadura de pedra. Pega esta outra caixa aqui também. Joga todo o mithril dentro dela e use quando necessário.
— Sim, senhor!
— Mas não é só isso aí não, viu? O que está fazendo?
— Perdão?
— Não vai pôr o resto?
Uma grande pilha, muito maior do que a quantidade que foi posta na caixa, estava no chão. Snoc olhou para a pilha e voltou a atenção para Zich, e então pegou um pouco mais. Devido à carranca do mestre, continuou a pegar mais e mais, até que tudo no chão sumiu.
— Isso aí. Foque em aumentar a sua capacidade através da prática. Que ideia foi essa de pegar só o que pode utilizar agora?
— Mas isso é… mithril, senhor.
Mesmo o garoto, que esteve preso dentro das minas a vida toda, já ouvira falar do metal centenas de vezes mais valioso que o ouro. Não tinha coragem de levar tudo para o treino.
— Porra, cebolinha, relaxa. É só dizer quando conseguir usar tudo que tem…
Passos pesados além da passagem.
— … Que eu te dou mais.
Olhos vermelhos brilhavam da escuridão. Outros golens apareceram.
Na queda dos golens, um monte de mithril caiu. Lyla pegou o núcleo que apareceu, enquanto Snoc jogava tudo na sua caixa mágica. E observando Lyla retornar ao seu lugar, Leona parecia meio batida.
— Não desanime, poxa. Não é as suas habilidades o problema — falou Lyla, tentando alegrá-la.
Porém, a expressão da elfa não melhorou. A razão do seu desanimo era porque não ajudava na batalha. Podia, sim, vencer um daqueles com um simples tiro da sua flecha cheia de mana. A questão era que Lyla queria os núcleos e ficaria irritada caso os quebrassem; quanto mais materiais ela tinha para testes, melhor seria para ela. Jogaram a tarefa para os dois servos e deixaram a pobre arqueira em paz.
Não apareceram muitos golens depois, mas como cada um era feito inteiramente de mithril, reuniram uma quantidade inimaginável do minério.
— Isso já é um tesouro, praticamente — disse Lyla, coletando um pouco para pôr na caixa mágica dela.
Pequenas passagens se estendiam de uma maior ainda à frente. Algumas, entretanto, desmoronaram conforme o tempo passava.
“Que lugar é este?” pensou Lyla, seguindo os companheiros por trás e verificando com cuidado cada parte da ruína. Uma parcela da culpa era da curiosidade, contudo, havia algo que continuava agitando as memórias dela. “Devo pedir para estudarmos isso aqui depois que tudo terminar? Tirando os meus pedidos para pular o treinamento, ele surpreendentemente aceitou todos os meus pedidos. Vou tentar perguntar a ele.”
Sem hesitar, Zich caminhou em linha reta. Apesar da imensidão do local, ele não se perdeu.
“Se bem que ele contou que veio uma vez.”
Antes de regredir, de fato, ele foi às ruínas, e por causa de Evelyn, que continuava o incomodando para procurar por tesouros. Como esperado, não havia mais quando ele chegou, mesmo com a ajuda de um guia que encontrou vários e o ajudou a entender a estrutura básica de lá.
Depois de derrotarem mais golens e entrarem mais, um grande portão de pedra apareceu diante a eles. De relance, aparentava ser importante, todavia, não havia detalhes gravados nas paredes, como na entrada.Ele deu um passo à frente, colocou as mãos na parede e a empurrou com força.
Crrrrrrrek!
A parede de pedra, que fora fechada por sabe-se lá quanto tempo, começou a se abrir devagar. Da abertura, um espaço pôde ser visto.
— Uau!
Todos, exceto ele, fizeram uma alta exclamação à vista.
Midas bebia com elegância o seu vinho, observando a vista panorâmica de Tungel de um terraço na casa de leilões central. Este terraço estava em um bar para os clientes se divertirem participando dos leilões, e também era o lugar favorito dele. Ele se sentia o deus do mundo.
“Não, não sou tão diferente de um deus.”
Os humanos eram animais movidos por desejos. Mesmo que tivessem o mais puro dos corações, cairiam de joelhos ao perderem tudo — era o que Midas acreditava. Além do mais, a maneira mais fácil de satisfazer os desejos das pessoas era o dinheiro.
“É incrível criar ouro para controlar os desejos dos outros.”
No entanto, o seu objetivo de se tornar o rei de tudo ainda estava no futuro. Havia muitas cosias que não foram de acordo com a sua vontade.
“Pensando nisso, não consegui controlar aqueles caras.” Franziu a testa. “Eu também deveria ter pego um tesouro similar à Lágrima do Lago daquela elfa. Ela deve ter mais coisas parecidas, com certeza. Acho que enviar armaduras não foi suficiente. Devia ter contratado pessoas qualificadas.”
Realmente, muitas coisas não foram de acordo com o planejado por ele. Ele se virou para sair do terraço, tomando um gole do vinho, que ajudava a disfarçar o leve amargo da sua boca.
“É melhor eu ir fazer mais ouro.”
Foi nesse momento que uma voz soou perto.
— Achei você.
— O quê? Quem se atreve a… — Ele ergueu as sobrancelhas, incapaz de esconder o desagrado. — Você…!
— Já faz um tempo, não é? Como esperado da pessoa que tem uma carruagem de ouro, você vive mesmo de forma diferente.
Embora Zich estivesse admirado pela grande quantidade de comida preparada, o seu tom estava um pouco desligado, soando mais como uma piada.
— O que você quer? — perguntou Midas, enchendo a sua taça com vinho raro e com um charuto na boca.
Os dois sentaram-se entre uma mesa cheia de comida. Antes de Zich chegar, o homem tinha a mesa toda para si e não havia ninguém próximo, pois sempre alugava todo o restaurante. O que sobrava ia para o lixo.
— Ah, sobre isso. — Sem pedir permissão, Zich pegou uma torta e começou a comê-la, fazendo as veias do rosto de Midas saltarem — Bem, me interessei pela sua oferta.
— Oferta?
— O tesouro que a elfa tem. Você sabe, o que é relacionado à Lágrima do Lago. Estou pensando em tirar dela. Está interessado?
Não havia como ele não estar interessada. Porém, Zich não era um oponente fácil, e nem era a sua primeira vez fazendo negócios com pessoas das sombras. Se ele demostrasse interesse de imediato, perderia o poder de barganha, então, de propósito, assumiu uma expressão desinteressada.
— O que quer dizer? Você não disse que não havia nada assim?
“Aposto que o plano dele não deu certo.” pensou.