— É semelhante ao seu passado? — perguntou Zich.
Hans se encolheu, pois costumava atormentar Zich sempre que podia. Então ele lançou um olhar furtivo para o mestre, que não mostrou nenhuma resposta em particular.
— Eu não sei. Essa é apenas a informação flutuando por aqui. Mesmo que a história seja verdadeira, não simpatizo com ela.
— Seria estranho se você a ajudasse depois de dizer que ela é lamentável.
— Você me conhece muito bem — disse ele, sorrindo. A cara de descontentamento dela fez com que ele risse ainda mais.
— De acordo com os rumores, parece verdade que Elena ainda não despertou a sua mana. — Zich parou de rir. — Você disse que ela com certeza não tinha um nível que a impediria de despertá-la, certo?
— Sim. Como não é que o ambiente dela seja inadequado, alguma força externa deve estar a afetando. Sinto o cheiro de alguma coisa.
— Sim. Cheira muito a peixe.
— Mas existe tal método? Não conheço nenhum que possa selar a mana de uma pessoa sem que ela perceba.
Como nem mesmo Lyla sabia disso, era certo que era um método muito raro. Devido a isso, ele pensou na grande possibilidade de envolvimento dos homens de preto.
— Pense em todos os demônios que eles fizeram até agora, cada um com habilidades raríssimas. Considerando isso, não seria estranho se soubessem um jeito de selar o poder de alguém sem que a pessoa perceba.
— É verdade. Eu me pergunto de onde eles conseguiram essas coisas.
— Bem, você sabe que tem um lugar em mente.
Os dois se entreolharam. As suas vozes se sobrepuseram ao falarem ao mesmo tempo a mesma coisa: Clowon.
Ela assentiu.
— Não seria estranho que esse misterioso império antigo tivesse todas as coisas esquisitas deles.
— Também acho capaz que aquele cara esteja envolvido.
Lyla piscou. Como Hans e Snoc estavam ao lado dela, ele usou “aquele cara” em vez do nome, mas ela sabia a quem ele estava se referindo. Era Glen Zenard.
— Então, ele também está ligado a Clowon?
— Não é nada mais do que uma chance agora, mas acho que há um terreno claro para uma investigação mais aprofundada.
— Ah, se as minhas memórias fossem mais completas…
— Não tem por que você ficar frustrada com algo que você não tem culpa. Não faz sentido. Enfim, Walwiss Dwayne parece ter estabelecido um nome excelente para si com muitas grandes conquistas, mas não precisamos saber disso… A única coisa que devemos ter em mente é que ele se opõe ao sonho de Elena de estudar magia.
— Pensando melhor, é estranho que alguém de uma grande família faça negócios nas ruas. Não parecia que uma filha de uma família rica estava abrindo uma loja como passaporte ou interesse também.
Pelos palpites dela, era óbvio que Elena queria dinheiro. Zich também concordou.
— O fato de ela querer dinheiro significa que ela não pode usar a riqueza da família. E essa restrição geralmente se forma quando a pessoa quer fazer algo que a família se opõe.
— Deve ser por causa da magia.
— Aposto que Walwiss se opõe ao sonho inútil dela, enquanto ela quer teimosamente estudar magia com os próprios meios. É uma luta bem pitoresca pra uma família rica.
— Mas deve ser difícil para ela. Ela parecia angustiada.
Enfim, eles trocaram de assunto para o pai de Elena, Orland Dwayne.
— Você disse que ele era uma figura bastante famosa na torre mágica, não foi? Também ouvi dizer que ele era um provável candidato para ser o próximo líder da torre.
— É óbvio que ele se destacaria. O que me interessa é que ele encoraja Elena a estudar magia…
— Talvez ele seja apenas um pai que quer deixar a filha fazer o que quer.
— Pode ser o caso.
— Você não parece convencido. Tem alguma suspeita?
— O método para selar a mana de alguém sem seria uma tarefa fácil de fazer?
Foi uma pergunta inesperada, mas Lyla respondeu fielmente.
— Eu não sei, porque não tenho informações suficientes. Mas, não acho que seria uma coisa fácil.
— Sim. Se o alvo for a neta do mestre da torre mágica, que detém a maior autoridade da cidade, seria ainda mais difícil. Mas, se o culpado é alguém que a encontra todo dia, a tarefa seria muito mais simples.”
— De jeito nenhum. Será que…
— Sim. Pode ser que o culpado seja da família, como Walwiss ou Orland.
Ela não conseguiu refutar as alegações dele. A sua mente genial também concordou com a credibilidade das suas palavras.
— Como você disse, se um deles é o culpado, quem você acha que é?
— Ainda não tenho certeza disso. Ou Walwiss está impedindo ou Orland está apoiando o sonho dela. Precisamos de um pouco mais de informação.
— Walwiss não é o mais provável dos dois? Ele está tentando impedir Elena de perseguir o seu sonho, afinal.
— Eu não sei. Não é como se eu não pudesse entender a decisão dele. Ele pode querer impedir que a sua neta ande por um caminho cheio de espinhos. É bastante comum traição entre os humanos. Eles me disseram que Orland vive separado deles, então também devemos investigar isso.
— Não falaram que a escola de magia de Orland é diferente da de Walwiss?
Como muitos tipos de magos se reuniam na torre, era inevitável que houvesse diferentes escolas de magia. Normalmente, os grupos eram formados com base na afinidade mágica natural do mago, e a competição surgia entre as diferentes escolas. Walwiss e Orland estavam em diferentes escolas de magia.
— Mesmo que o seu pai seja o mestre da torre — falou Lyla —, ele está em uma escola diferente. Pensando nisso, isso também é estranho.
— Nós também devemos olhar isso. Pode parecer um assunto pequeno, mas vai que seja uma pista importante mais tarde.
— Então, o que vamos fazer? Vamos continuar coletando informações?
— Temos que continuar — coçou o queixo —, mas não acho que haja muito sentido em eu continuar vagando, já que já ouvimos todos os rumores se espalhando pela torre e pelas lojas circundantes. A partir de agora, temos que descobrir coisas a partir dos envolvidos.
— Como?
— É só nos conectarmos à pessoa envolvida.
— Pessoa envolvida… quer dizer Elena?
— Uhum. Já sabemos o que ela está fazendo, e também entendi o que ela quer dos rumores que se espalham. É superfácil entrar nos corações dos seres humanos de baixa autoestima e ansiosos.
— Já percebeu como está soando que nem um vilão superdesprezível?
Caminhando um pouco para longe de Zich e Lyla, Hans e Snoc também assentiram de leve com a cabeça. Ele estava o mesmo de sempre: completamente imperturbável e confiante.
— Por que ficar surpresa? Mesmo que eu esteja fazendo coisas boas, não há um dia em que eu esqueça que minha personalidade é lixosa.
Lyla, Hans e Snoc não conseguiram abrir a boca. Se ele também admitiu isso, não havia mais nada que pudessem dizer.
— Ah, você também não pode dizer coisas assim para mim. — Ele pôs os braços em volta do ombro dela. — Não se esqueceu do nosso contrato, certo? Como esse assunto pode ficar entrelaçado com o meu passatempo, você obviamente precisa fazer o seu melhor para me apoiar.
Zich fez um sorriso brilhante ao ver o rosto de Lyla se contorcer de aborrecimento.
— Bem-vinda, amiga do lixo humano. O seu futuro é ser horrível como eu.
O cotovelo de Lyla bateu no estômago de Zich.
Por causa do seu sonho, a sua família brigou, mas isso não significava que Elena poderia desistir. Então, pegou os incompletos de novo e saiu às ruas mais uma vez, montando onde ficaria e sentindo os olhares nada favoráveis e gentis.
Ela se moveu com mais energia sob os olhares penetrantes. Como havia muitas coisas diminuindo a confiança dela, se tornou mais tímida e reservada, mas a sua personalidade original era forte ao extremo e firme. A razão pela qual pôde aguentar e continuar também foi devido a isso.
Como da última vez, ela arrumou os seus itens e esperou que os clientes viessem. Durante esse momento, ela abriu um livro grosso sobre magia para passar o tempo.
Alguns clientes iam ver os produtos às vezes. Havia alguns que demonstravam interesse nos simples, mas bem feitos objetos. Mas, assim que ela dizia que não eram artefatos, viravam as costas na mesma hora.
Quem fazia uma cara irritada e apenas saía eram as pessoas agradáveis; havia até aqueles que a xingavam e gritavam por que ela estava vendendo porcarias. Sempre que isso acontecia, os magos ao redor olhavam para ela com zombaria nos olhos.
Ela perseverou. Por seu sonho, poderia suportar humilhações e insultos.
O problema era que, mesmo com a sua firme determinação, não conseguiu vender os produtos.
“Acho que não posso mesmo fazer isso.”
Pensando melhor, mesmo ela não compraria as coisas dela. Por mais que se esforçasse, só conseguiu vender uma coisa até o momento.
Ela se lembrou do pessoal que comprou o item dela. Um dos homens do grupo era alto e bonito, e a mulher era a pessoa mais bonita que ela já tinha visto. E tinha outro, cuja espada possuía uma aparência cara, e até um garoto com uma besta mágica da terra. Foram os únicos que comparam algo dela.
— Olá. Está aqui hoje.
Elena estava tão perdida em pensamentos que não percebeu que novos clientes estavam na frente dela. Então, logo levantou a cabeça e ficou chocada. O mesmo grupo estava diante dela.