Elena colocou mais força em seus membros. Ela mexeu os braços e as pernas, mas foi inútil. A corda estava muito apertada para desembaraçar apenas com sua força.
Ela tentou gritar, contudo o aperto em torno de sua boca emudeceu sua voz. Elena insistiu, mesmo que o fato de nada funcionar fizesse qualquer um desistir. Mesmo com o sangue escorrendo dos ferimentos no seu braço causado pela corda, a garota não parou.
Esperando que alguém pudesse ouvir seu gemido, tentou se localizar. O luar, a única fonte de luz, a fez sentir um nível mais profundo de pavor. Não havia ninguém além dos antigos prédios que não pareciam abrigar ninguém.
Ela continuou a soltar gritos abafados e se mexer. Foi nesse momento que notou uma sombra do outro lado da escuridão, a levando à certeza de que aquela sombra pertencia a outra pessoa. A tez dela se iluminou.
— O item está aqui? — indagou alguém com as mesmas vestes negras que seu sequestrador.
— Está aqui.
Seu sequestrador apontou para Elena. O outro simplesmente assentiu uma vez e se virou, somente para depois ela ser cercada por pessoas vestindo as mesmas roupas que os outros dois. Com isso, não importava o quão persistente fosse, ela não pôde juntar mais força.
O grupo passou pelas portas entreabertas do palácio e se dirigiu para fora da cidade. Então, passaram a correr mais rápido. Elena pensou que até a última lasca de esperança dentro dela estava desaparecendo.
De repente, a pessoa que a segurava vacilou, mas não a soltou. Era alguém com grande tenacidade, mas isso era tudo.
Com um grunhido de dor, a pressão que prendia Elena desapareceu. Seu corpo caiu para frente.
— Umph!
Como seu corpo estava amarrado, ela não conseguia nem ficar em uma posição defensiva. Se atingisse o chão assim primeiro, definitivamente receberia uma lesão crítica. Então ela fechou os olhos instintivamente.
Algo macio pegou seu corpo. Elena cuidadosamente abriu os olhos.
“Areia?”
Grãos finíssimos de areia acariciavam seu corpo.
A luz disparou, e ela fechou os olhos¸ acostumados à escuridão prévia.
Ela ouviu gritos. Ela não sabia o que estava acontecendo e piscou os olhos repetidamente para recuperar a visão.
— É melhor você ficar de olhos fechados por algum tempo.
As amarras em torno de sua boca desapareceram e Elena ouviu uma voz familiar. Com a boca livre, nomeou o dono da voz.
— Snoc?
— Parece ferida.
Koo!
Ela sentiu um toque suave e familiar nas mãos.
— Você é mesmo Snoc?
— Sim.
— Como…?
— Conversamos depois.
Snoc a ergueu e pulou bem alto, e uma adaga perfurou sua localização anterior.
Depois de algum tempo, Elena recuperou a maior parte de sua visão. Enquanto piscava os olhos lacrimejantes, olhou ao redor. Feixes de luz brilhavam à sua frente, e ela tinha certeza de que foram essas luzes que a cegaram momentaneamente. Seus sequestradores agora estavam cercados por essa luz e balançavam sob ela como animais encurralados.
“Senhor Hans?”
O flash de luz revelou o rosto da pessoa que fez as figuras vestidas caírem. Como Elena tinha visto Hans algumas vezes, não foi difícil para ela reconhecê-lo. A luz explodiu da espada que ele estava segurando. Com o céu noturno ao fundo, a luz brilhou e literalmente pisoteou as figuras vestidas com túnicas.
— Ah!
Elena gritou, pois viu um par de figuras vestidas penetrando o fluxo de teias de luzes que as protegiam e se dirigiram para ela e Snoc.
Era óbvio que o objetivo deles era Elena. No entanto, Hans não parecia mostrar muito interesse neles. Ele bombardeou apenas os inimigos à sua frente com luz.
Os inimigos pareciam estar ao alcance de seu braço agora.
Snoc colocou Elena ao lado dele e bateu no chão com os pés, explodindo o chão na frente deles. A areia e as rochas espalhadas atingiram os seus atacantes. Agora repletos de buracos, caíram.
“Ele fez mesmo isso?”
Elena sabia que ele era um contratante de uma besta mágica, mas não sabia que era capaz de fazer ataques poderosos com tanta facilidade. Ao mesmo tempo, Hans cortou de forma limpa os pescoços das figuras.
— Kwaaaaaaah!
Um grito alto de repente irrompeu entre as figuras. O estado de uma tornou-se estranho. Seu manto espaçoso de repente se apertou ao redor e, conforme o corpo crescia, o manto se rasgou. Seu capuz caiu e o rosto do homem foi revelado. No entanto, não era mais o rosto de um humano. Elena engoliu um grito que ameaçava sair; era realmente uma visão aterrorizante.
A figura à sua frente agora era muito maior que um humano, e era difícil até mesmo dizer que aquela coisa enorme ainda era humana. O enorme ser correu em direção a Hans.
Ele não precisava de ajuda? Elena se virou para olhar para Snoc, mas ficou chocada. Snoc tinha uma expressão tão indiferente, quase entediada no rosto, que a deixou constrangida por se preocupar com Hans.
— Realmente, esses caras nunca mudam.
Elena virou a cabeça para trás novamente em direção à forte colisão. A espada brilhante de Hans estava bloqueando o ataque do monstro. Mesmo que ele estivesse carrancudo e parecesse ter pequenas dificuldades, não estava sendo empurrado para trás.
“Eles sabem quem são esses homens?”
Hans e o monstro colidiram. Elena foi incapaz de fechar a boca com a intensa luta na frente dela. Mesmo tendo visto demonstrações mágicas de magos experientes como seu pai e avô e também visto duelos mágicos algumas vezes, esta foi a primeira vez que testemunhou uma batalha feroz com a vida das pessoas em risco.
— Agora.
Koo!
O resto trabalhando com o monstro para atacar Hans receberam ferimentos ou se viram incapazes de se mover bem. Os que se saíram pior foram perfurados por pilares de terra e morreram de imediato.
Elena engoliu sua saliva. Ela sabia como Zich e Lyla eram incríveis, mas não achava que Hans e Snoc também fossem tão poderosos.
— Vão fugir mesmo?
De fato, aquelas pessoas pareciam pensar que não tinham chance de ganhar e estavam tentando se retirar.
Snoc moveu a mão. O chão se ergueu em um grande círculo ao redor das figuras vestidas. As paredes de terra eram duras e erguiam-se até a altura de três pessoas.
As figuras vestidas foram pegas de surpresa. As paredes estavam a uma altura que eles podiam pular, mas se o fizessem, uma enorme lacuna apareceria em seus movimentos; e lacunas como essa determinavam a vida ou a morte de alguém.
Estellade perfurou o peito do monstro. A luz de Estellade queimou todo o sangue que saiu do corpo do monstro e rasgou o monstro. Como as figuras vestidas haviam perdido seu poder mais forte, não havia como derrotar Hans e Snoc. No final, alguns deles tentaram formar um esquadrão da morte para deixar os outros escaparem. No entanto, com o cerco magistral de Hans, Snoc e Nowem, ninguém conseguiu escapar das paredes de terra. Depois de se certificar de que cada uma das figuras vestidas realmente estava morta, Hans e Snoc caminharam de volta para Elena. Ela olhou para eles se aproximando em transe.
— Está bem?
— Ah, sim. Estou bem.
Hans disse:
— Senhora Dwayne, você parece estar muito chocada. Porém, não temos lazer para continuar ficando aqui. Sinto muito, mas temos que nos mover imediatamente.
Fazia sentido que houvesse mais sequestradores por perto. Elena respirou fundo e depois de acalmar um pouco seu coração, assentiu.
— Sim, você está certo. Vamos para a mansão da minha família. Mesmo que eu não pareça, sou a neta do mestre da torre mágica. Meu avô e meu pai não vão deixar esse assunto passar.
— Não, isso não é possível.
Com a firme recusa de Hans, Elena arregalou os olhos.
— Uh… Ah! Sim, pode haver mais sequestradores escondidos no caminho para a mansão da minha família. Além disso, fui sequestrada lá, então acho que a mansão da minha família não é uma opção muito segura, já que meu avô não está lá agora. Então por que não vamos para a torre ou para a mansão do meu pai…
— Também não podemos ir a esses lugares.
— Então por que não vamos até onde está o amigo do meu avô? Se formos lá, tenho certeza de que conseguiremos ajuda…
Elena fechou a boca quando viu Hans balançar a cabeça. Então ela disse:
— Então senhor Hans, onde você está sugerindo que nós vamos?
— Já temos um lugar preparado.
— Eu não quero ser rude, mas não tenho certeza se o lugar que você quer que eu vá é mais seguro do que os lugares que mencionei.
— Sinto muito, mas não importa o quão seguros são os lugares que mencionou.
A atmosfera ficou estranha. Elena olhou para Snoc que fingiu estar focado em outra coisa, e Nowem também não encontrou seu olhar.
— Hum, vocês não vieram para me salvar…?
Hans transmitiu com firmeza a ordem que lhe foi atribuída:
— Senhor Dwayne, viemos aqui para sequestrar você.
Na mão de Hans, Estellade parecia se iluminar com suas palavras.
Depois que Zich brincou com o interrogador, não houve mais interrogatórios. Realmente parecia que ele faria oficialmente sua jogada depois de obter permissão para realizar torturas. Claro, Zich não estava nem um pouco preocupado com esse assunto. Por outro lado, seu maior inimigo agora era o tédio. Enquanto liberava sua mana e fazia um treinamento físico simples para lutar contra o tédio, de repente aguçou os ouvidos para o que estava acontecendo lá fora.
Sentiu uma leve agitação do lado de fora das janelas de seu quarto, bloqueadas com barras de ferro.
“Está feito.”
Zich sorriu. Hans e Snoc pareciam ter cumprido perfeitamente suas ordens.
“Já é hora de eu sair daqui.”
Mesmo que este lugar fosse confortável, Zich gostava de estar diretamente envolvido em seus planos e correr ativamente por aí. Então concentrou sua audição e começou a escutar as pessoas que se moviam perto dele. Não demorou muito para encontrar a conversa que queria ouvir.
— Já está sabendo? Ouvi dizer que a neta do patrão desapareceu.
Isso era exatamente o que ele queria ouvir e, felizmente, essa conversa estava acontecendo entre os guardas à sua frente. Zich bateu na porta.
— O quê?
Do outro lado da porta, um dos guardas gritou.
— É porque ouvi a conversa que houve entre vocês dois. Eu ouvi direito? Elena Dwayne desapareceu? —perguntou Zich, a voz solene.