Splaaaaash!
Como se as nuvens que cobriam o céu estivessem dando um acesso de raiva que não se afastaria com facilidade, a chuva caiu. As gotas eram consideravelmente grossas e frias, cobrindo a vista e silenciado os arredores.
A maioria das pessoas não deu um passo fora de casa, e até aqueles que saíram logo voltaram para dentro depois de terminar suas tarefas. No entanto, alguns saudaram este tempo desagradável.
O gotejo derramado descia feito uma cachoeira na superfície de um capuz levantado. Mas dentro dele, um par de olhos brilhava feroz; Zich. Enquanto carregava Lubella, que também protegia a maior parte de seu rosto com outro capuz, olhou para uma casa.
— É realmente essa? — Ela perguntou sem muita confiança.
Depois de cuidar da estátua no porão de Sude, ele tinha definido seu próximo alvo. Já que tinha apontado um lugar sem uma única pista, ela ficou bastante surpresa.
Ele tinha certeza, contudo.
— Durante o dia, verifiquei as rotas que os guardas patrulhavam. Embora seja natural para eles patrulhar lugares importantes ou áreas onde poderíamos nos esconder, estavam patrulhando intensamente lugares onde não havia razão clara para fazer isso. Isso obviamente significa que eles estão escondendo algo importante na região.
— Você está dizendo que eles estão escondendo as estátuas de Bellu lá?
— Sim.
Ela assentiu. Não importava se foi convencida ou não, pois estava aceitando tudo o que ele dizia agora.
— Então vamos.
Enquanto a carregava, entrou na casa. A primeira coisa vista foi uma guarnição bem guardada que não tinha sido visível de fora. Contudo, ele sem dificuldades passou dela, nocauteando os guardas e removendo as armadilhas. Daí, depois de inspecionar o interior do local, encontrou uma sala secreta que nem a de Sude.
Ele era tão hábil em encontrar pontos escondidos que ela suspeitava de sua história de novo; mas independente disso, ele abriu a porta para a sala secreta. Dentro, havia a estátua de uma cabeça de peixe feia que tinham procurado desesperados.
— Está aqui.
— O que eu te disse? — se gabou — Esse pessoal é simples. E como têm muito a perder, são superprotetores demais e acabam revelando coisas sem querer.
— Ainda assim, eu não pensei que seríamos capazes de encontrá-lo tão fácil.
— E foi fácil? Colocaram muitas iscas, mas foi por causa das minhas habilidades que encontramos a estátua real.
Ele não parecia ter a intenção de esconder suas conquistas. Algumas pessoas podem tê-lo criticado por causa de sua falta de humildade, porém, como as habilidades dele estavam mesmo vindo à tona a partir desta crise na cidade, ela o elogiou sem hesitar.
— Isso é verdade. Você realmente é incrível.
— Ah, isso é meio embaraçoso.
Tinha se vangloriado apenas um momento antes, entretanto agora tentou ser modesto. Foi porque esta foi a primeira vez que recebeu um elogio tão verdadeiro.
“Geralmente, quando alguém se gaba, é seguido por todos os tipos de zombaria e ridicularização. Ou eles são recebidos por bajulação sem vergonha.”
Esse era o tipo de mundo o qual estava acostumado.
— Isso é o suficiente para me animar. Vamos terminar isso logo.
— É, vamos.
Interromper o ritual de se completar.
Tirou uma caixa de tinta e um pincel do punho.
— Senhorita Lubella, por favor.
— Sim.
Ela incutiu o poder sagrado de Karuna na tinta, fazendo a cor vermelha brilhar por um momento e depois voltar para sua cor original, antes de ele mergulhar o pincel na tinta e girar, parecendo até que faria uma obra-prima.
Lubella o observava por trás em silêncio.
— Isso realmente vai funcionar?
Seus olhos tremiam um pouco ansioso, mas acreditava nele. Bem, não tinha escolha. Depois de ser traída por Sude e pelo vice-prefeito, era difícil para ela confiar nas pessoas, todavia não podia duvidar de Zich. Ele não estava a ajudando quando foi acusada de bruxaria e lutou contra uma imensa força como os Bellid com o simples propósito de fazer uma boa ação? Se não acreditasse nele, sentiria que não teria mais coragem de confiar nas pessoas. Porém, ainda havia uma diferença entre acreditar na pessoa e acreditar no conhecimento dela.
— Pronto.
— É isso?
Depois de se virar, ele colocou o pincel e a tinta de volta, e ela inspecionou com cuidado a estátua atrás dele. Foi inscrita com todos os tipos de linhas e formas de cima para baixo prováveis de serem círculos mágicos para dificultar o ritual e devolver a força vital para aqueles que a perderam.
Mas os olhos de Lubella estavam pregando peças nela?
As marcas na estátua não pareciam círculos mágicos normais que geometrizavam os princípios de poderes sagrados, magia ou todos os tipos de natureza ou milagres divinos. Por exemplo, não incluíam símbolos de astros; sóis, luas e estrelas; ou criaturas vivas; humanos, animais e plantas. Pareciam muito mais bagunçados, semelhantes às de uma criança que fez por diversão.
Eram, de fato, círculos mágicos que resolveriam seus problemas? Mesmo ela, que tinha conhecimento significativo e posição entre Karuwiman, nunca ouvira falar desse método antes.
— Por favor, encerre isso agora.
Ela assentiu com as palavras dele e derramou seus poderes sagrados na estátua. Precisava manter a fé nele, afinal, chegou muito longe agora para começar a duvidar, além de o ritual estar prestes a começar em qualquer momento agora.
— Podemos deixar a estátua assim?
— Não importa, já que teus poderes fluíram pelo porão. Quer a quebremos ou não, acabamos por aqui.
E ele saiu, dizendo algo sobre procurarem outras estátuas. Ela logo o seguiu atrás.
Pouco tempo depois, sentiu-se tola por duvidar dele. Após desenharem aqueles círculos mágicos de aparência boba na estátua e derramar o sagrado sobre, encontraram uma criatura inesperada.
— É um zumbi.
— Sim, é um zumbi.
Sob o manto da escuridão, tentavam encontrar mais uma, quando encontraram um zumbi. Não era estranho ver um na cidade com o ritual quase completo, contudo ela achou o zumbi estranho.
— Por que ele está assim?
Se aproximou deles enquanto cambaleava. Essa parte não era incomum, visto que muitas vezes se moviam de forma estranha, no entanto, os movimentos desse iam além do simples estranho; se movia parecendo que vestia uma armadura invisível, os movimentos rígidos ao extremo, restritos.
— Hm.
Zich se aproximou. De maneira parecida àquela de todos os zumbis, estendeu as mãos para arrancar a força vital de Zich e transformá-lo. Com os movimentos assim, estranhíssimos e lentos, não parecia ameaçador.
Zich bateu no pescoço do monstro. Era um procedimento simples, tipo bater na cabeça de um peixe morto.
— Está mais fraco.
— Mais fraco? Ele?
Uma boa notícia para ela, o que fez o seu coração bater mais forte devido às expectativas.
— Sim, definitivo. O que estamos fazendo não é inútil; olha só.
As suas palavras foram quase uma confirmação para ela, fazendo a dúvida dela se dissolver.
— Ah, graças a Deus! É um alívio!
Assim, ajoelhou-se e rezou para Karuna. Graças à sensação de que poderiam acabar com essa situação difícil sem um grande sacrifício, lacrimejou, feliz.
— Eu não sei como posso expressar meus agradecimentos.
Então, levantou abruptamente e agarrou as suas mãos. Não suportava ter duvidado dele antes.
— Sinto muito. Para dizer a verdade, duvidei de você.
— Uh, isso é um pouco decepcionante. Quantas pessoas você acha que seriam legais o suficiente para ajudá-la com a vida em jogo?
Zich piscou. E como os seus olhos não pareciam guardar nenhum rancor contra ela, Lubella caiu na gargalhada.
— Eu não duvidei de você, como pessoa. Não sei como te agradecer por tudo até agora. Mas eu tinha um pouco de dúvida sobre o seu método para dificultar o ritual. Embora eu tenha acesso a informações valiosas dos Karuwiman, eu não sabia sobre isso, e o método é…
— Porque é desenhar rabiscos ridículos e suspeitos que nem se parecem com círculos mágicos?
— Para dizer a verdade, foi isso. Sinto muito.
— Não há necessidade de se desculpar. Até eu me pergunto o que a pessoa que o fez estava a pensar. Não sei se devo chamá-la de gênio ou idiota.
— Eu acho que a pessoa é um gênio.
— Já que você acha isso, vou pensar o mesmo.
— Posso perguntar onde aprendeu?
— Ah, segredo.
Já que fora recusada antes, não se sentiu desapontada.
— Então, por favor, você deve me ensinar o círculo mágico mais tarde.
— Não se preocupe com isso. Vou ensinar a todos mais tarde. Claro, não vai ser de graça.
— Não importa. Para nós, esse círculo é inestimável, e a Igreja concederá praticamente tudo o que você pedir.
Talvez fosse porque viram o efeito de seus esforços, mas seus humores estavam muito mais brilhantes do que antes — apesar do fato de que ainda estavam sendo perseguidos e o vice-prefeito vivo e bem.
— Agora, só temos que cuidar de mais algumas estátuas. Então, o poder do vice-prefeito diminuirá uma quantia significativa, e poderemos atacar a mansão de novo. Mas temos que ter mais cuidado, pois aumentarão o número de guardas à medida que o número de estátuas diminui.
— Entendido. Mas como podem colocar tantas estátuas sem que um único boato se espalhe? Muitas pessoas deveriam ter desaparecido como oferendas.
— Eles provavelmente silenciaram as pessoas usando dinheiro e poder. Há muitas desculpas para escolher, tipo: “vamos ficar quietos por enquanto, já que as pessoas podem entrar em pânico”. Já que esta é uma cidade sensível à economia, deve ter funcionado bem.
Toda a verdade seria descoberta sem dificuldades se não fosse pela cortina política imposta, especificamente sobre o grupo Bellid. Na verdade, antes de tomar conhecimento do que estava acontecendo, até mesmo Zich pensou que o aparecimento dos mortos-vivos era um novo acontecimento, por conta da calmaria do povo.
— Mas não vai durar muito tempo. Vamos cuidar do resto das estátuas e salvar a cidade.
— Sim!
Sentindo-se esperançosos, desapareceram na escuridão da cidade mais uma vez.
Desde então, ambos encontraram mais algumas estátuas e repetiram o mesmo processo. E os seus resultados tornaram-se cada vez mais visíveis. No fim, alcançaram um ponto em que não conseguiam encontrar um único morto-vivo por toda a cidade à noite.
Claro, não significava que desapareceram por completo. Zich e Lubella podem ter perdido um vagueando em algum beco. Entretanto, no geral, puderam sentir que o número total diminuiu.
— Ok, então, vamos para a mansão do prefeito e destruir a estátua central lá. Se ela ainda existir, tudo o que fizemos será em vão. Só podemos atrasar o ritual, não o impedir.
— Onde você acha que está o vice-prefeito?
— Eu também não sei, mas ele provavelmente estará na mansão do prefeito. Já que aquele casarão é o centro deste ritual, aquele cara provavelmente não pode sair da área.
— Vamos lá quando, então?
— Existe uma razão para perdermos o nosso tempo? — olhou para a área onde ficava o edifício — Agora de noite.