A mansão do prefeito não mudou nada; continuava gigantesca e magnífica o suficiente para ser confundida com um palácio. Era um lugar que nenhum camponês sonhava em entrar. Mas era só um sentimento? A mansão de alguma forma parecia mais escura e sombria do que qualquer outro edifício desgastado na cidade.
Zich e Lubella pararam no quintal. Ao contrário de antes, confiantemente andaram em torno dele. Não havia ninguém fora da mansão de quem precisavam se esconder.
— Parece uma mansão fantasma.
— Uma casa é um lugar onde pessoas vivem. Se não há ninguém dentro, pode ficar bastante assustadora. Esse lugar é assim porque tem muito espaço inútil, dando essa impressão.
Todo o casarão estava vazio. Após o assassinato do prefeito, os guardas perderam a sua figura principal para proteger e foram os primeiros a sair. Então, a família dele, que sentia uma sensação sinistra da residência, mudou-se para outro lugar. Mesmo os criados não queriam ficar, e então a casa mais chique de toda a cidade ficou vazia.
— O vice-prefeito provavelmente fez com que isso acontecesse, já que ele está a usando como o centro de seu ritual.
— Acho que não seria exagero dizer que é o templo de Bellu.
— Sim, eu sei. Eles provavelmente cobriram todas as suas bases aí. Aposto que prepararam tudo o que têm para nós.
— Isso é uma notícia deliciosa.
Ela, tentando imbuir alguma confiança em si mesma, falou com alto astral, fazendo Zich sorrir.
— Mesmo que diminuíssemos muito o poder deles, ainda possuem muitas forças. O vice provavelmente terminou de restaurar aquela coisa chamada de “chave”. Em circunstâncias normais, teríamos recuado e chamado apoio, mas não temos muito tempo.
— Eu sei.
— Não podemos fazer nada sobre termos que resolver esse problema só nós dois. Não será fácil. Você está pronta?
Ela olhou para o cajado que segurava. Conseguiu ele quando foi escolhida à candidatura santa candidata e jurou que apostaria a sua vida por luz e justiça como alguém carregando a força e o nome de Karuna.
Lubella olhou para Zich, e ele pôde ver determinação em seus olhos.
— Estou preparada afirmou.
— Entendo. Mas não fique muito nervosa.
A determinação dela parecia muito exagerada, e ele bateu nos seus ombros.
— Mesmo que o vice-prefeito tenha a cidade sob seu controle, se nossa batalha criar uma grande comoção, tropas militares entrarão. Então, se jogarmos bem a situação, talvez consigamos que eles se juntem a nós. Também nos libertará de nossas falsas acusações ao mesmo tempo. A menos que sejam cegos, não nos atacarão imediatamente se nos virem lutando contra os mortos-vivos.
— Ah, tem essa possibilidade.
Mesmo se ela tivesse feito uma resolução firme, estava nervosa; mas ouvindo as palavras dele, afrouxou os ombros.
“Como esperado do senhor Zich.”
Ela acreditava nele e admirava as suas ideias por completo agora
— Então vamos avançar.
Com as palavras de sinal, os dois abriram os portões principais da mansão e entraram.
As portas da mansão nem estavam trancadas por um sistema simples. Isso sugere que, ao contrário da aparência exterior, o lugar estava completamente desabitado.
“As previsões de Zich estavam certas.”
E tinham certeza que os Bellid conspiravam no lado de dentro.
— Vamos aonde a estátua da cabeça de peixe está.
— Eu vou guiá-lo.
Lubella assumiu a liderança. Não precisavam se esconder que nem a última vez e chegaram ao destino em pouco tempo.
Clack!
Ele levantou a espada e abriu a porta.
Whoosh!
Em uma sala coberta de escuridão, um flash de luz disparou como flechas. Com considerável força e velocidade, foi apontado para o pescoço de Zich. Embora tivesse saído com grande impacto, perdeu seu alvo.
— Isso me surpreendeu — disse, após abaixar a cabeça de leve e desviar.
Diferente do dito pelo mesmo, o seu tom era calmíssimo; as palavras pareciam ter saído mais como costume do que surpresa genuína.
No entanto, não foi o fim dos ataques.
Wing! Wing! Wing!
Mais três flashes de luz surgiram.
Zich se afastou da porta.
— S-Senhor Zich! Você está bem?
Ela não foi capaz de ficar parada com os ataques repentinos e procurou Zich com os olhos e chegou perto dele.
— Estou bem. Não vou ser afetado por ataques desleixados assim — respondeu com minúscula atenção e analisou o cômodo — Mas, apesar disso, é estranho que eu não consiga sentir os golpes.
“Agora que mencionei isso…”
As habilidades sensitivas dele eram, no mínimo, incríveis, e ele se beneficiou bastante delas ao decorrer da vida. Por sinal, foi capaz de achar Lubella no beco dessa maneira.
“Há alguém que pode enganar as habilidades sensoriais dele?”
Ela começou a se sentir um pouco receosa.
Whoosh!
As criaturas que atacaram-os de dentro se revelaram.
— Demônios Sombrios? — disse ela, alto.
Podia entender agora. Demônios Sombrios eram monstros chamados de “a morte vinda direto das sombras do inferno”. Graças à sua furtividade incomparável, essas criaturas se aproximavam de suas vítimas sem um traço de som e as atacavam. Considerando isso, ela entendeu por que os flashes passaram pela percepção de Zich.
Tinha que elogiá-lo pelos reflexos que permitiram o seu escapa dos ataques, mesmo quando tentaram emboscá-lo. Todavia, nem com a pergunta dela sendo respondida a confusão sumiu. Na verdade, se aprofundou.
— C-como?
O fato desses Demônios Sombrios colocados na sala com a estátua provou que Bellid os controlava.
“Pensei que o ritual perdeu parte do seu poder…”
Porém, essas criaturas eram a prova de que o ritual ficara ainda mais forte; pareciam, os Bellid, ter a habilidade de invocar monstros de nível avançado em vez de apenas os mortos-vivos.
Já que eram monstros especializados na furtividade, atacaram Zich em silêncio. Um deles pulou de frente, enquanto outros dois foram deslizaram à escuridão. E quando Zich demonstrou uma pequena vulnerabilidade, surgiram do chão e tentaram matá-lo.
O que surgiu da frente mirou na cabeça e levantou uma afiada e rápida foice.
Mas…
— Por que vai lutar cara a cara se o seu foco é assassinato?
Whoosh!
A espada de Zich era muito mais rápida do que a velocidade da foice. No momento que Demônio Sombrio o alcançou, a sua lâmina o decapitou.
Swish!
Os outros dois surgiram das sombras e tentaram atacar os pontos fracos. Ou, pelo menos, tentaram surgir.
— Não ousem!
Créck!
Mesmo guardando a espada, não perdeu o senso de equilíbrio e levantou um dos pés e pisou a cabeça de um dos demônios que tentaram sair.
Demônios Sombrios não tinham grande resistência, então seus crânios racharam que nem melancias sob o pé de Zich reforçado em mana. O último também morreu…
Slash!
Com a espada de Zich voando em sua direção, dividindo-o em dois.
Após matar os três, falou:
— Desgraçados, por que estavam balançando as foices sujas, afinal?
Lidaram com o perigo presente, mas a expressão de Lubella continuava a mesma.
— Senhor Zich! Como eles estavam aqui?
A voz soava cautelosa, entretanto, para a sua frustação, Zich respondeu calmamente.
— Os Bellid devem ter invocado eles.
— Como?! O ritual deveria ter perdido o poder!
— Bem, ele não perdeu.
— O quê!?
Não foi Zich quem respondeu. Lubella rapidamente se virou para achar o orador, mas antes que pudesse, uma vibração repentina tomou conda dos dois.
Vruuuuuuuuuuu!
A construção inteira tremeu que nem em um terremoto de alta magnitude. Ao cair dos quadros pendurados às paredes e decorações em pedaços, Lubella soltou um grito. A parede quebrou em partes, e Zich segurou a parceira prestes a cair. Até com as vibrações severas, ele manteu o equilíbrio.
— O-o que é isso?
— Parece ser a força do ritual.
— O ritual?
“Pensei que ele ficou mais fraco devido aos nossos esforços; ele também não foi adiado?” Todos os tipos de perguntas circularam pela cabeça dela.
— Como…
— Vamos sair primeiro. Segura!
Usando a mão direita, segurou a cintura dela. Daí, com a espada, empurrou a parede forte. A mana foi junto, e um grande barulho procedeu.
Crash!
As paredes da mansão quebraram sem dificuldades, e ele pulou do buraco.
Hooo!
Pousaram no jardim. Então, ele deu mais alguns passos para aumentar a distância da mansão,
Crash!
Não muito depois de terem escapado, o casarão desmoronou em um barulho enorme. Era um fim desastroso e decepcionante para o maior edifício da cidade, a casa do chefe da cidade: o prefeito.
Crumb!
No topo do desmoronamento, tudo afundou. Quase pareceu que o chão estava devorando o casarão.
Lubella observou o buraco o qual os escombros desapareceram e fixou somente ali, sem ligar pro resto. Ela tentou organizar o caos à frente dela, quando achou algo.
— A estátua de Bellu…
Ela pensou que a estátua estava zombando dela, pelo jeito “arrogante” que estava em cima das ruínas, pregando falsas esperanças.
Puff!
Algo surgiu do chão e foi atirado. Água, provavelmente do solo abaixo da mansão. Ela foi disparada para o céu e caiu feito chuva no buraco vazio, fazendo-o parecer uma fonte.
— Não é belo?
Ela escutou a voz que a respondeu de novo, o que a fez virar a cabeça.
— Vice-prefeito…
— Não desgosto deste título, mas creio que já seja a hora de me chamar pelo real nome, Lubella, a candidata a Santa Karuwiman: Allid Grotim.
— Não te dei a permissão de me chamar pelo último nome!
— Devo chamar-lhe pelo primeiro? Aine?
Ela cerrou os dentes, contudo ele não se sentiu intimidado e apenas riu baixo, incomodando-a. Ela suspirou profundo algumas vezes e acalmou a mente. Não era hora de ficar com raiva, pois precisava compreender a história toda.
— Foi você quem destruiu a mansão e fez a água subir?
— Claro. Este é o começo do ritual para o nosso grande deus Bellu.
— Você está mentindo…
A garganta dela ficou seca. Reprimindo a sensação incomoda dentro do coração, murmurou, embolando um pouco na língua:
— Seus poderes do ritual se toraram fracos. Então, a data dele foi adiada.
Grotim explodiu em risos, como se estivesse rindo de um tolo ridículo que acabara de ser enganado.
— Recebi relatórios de que vocês dois estavam trabalhando diligentemente para impedir o acontecer do ritual. Admiro sua fortitude e sinto muito em dar-lhes notícias desapontadoras.
Ao contrário do que disse, não parecia se desculpar. Pelo contrário, parecia se divertir com aquilo. E Lubella queria tampar os ouvidos e não ouvir as impiedosas palavras dele, mas não podia.
— Tudo que fizeram foi em vão. Não atrapalhou o ritual em nem uma fração sequer!